➛ A coroa
♛🌹 Reino das Rosas 🌹♛
Apesar da delicadeza aparente, com espinhos finamente desenhados no ouro negro e das pequenas pedras de rubi salpicando sua extensão, a coroa que Vitória carregava era absurdamente pesada. Enganava-se quem pensava o contrário. Ela, no entanto, jamais deixaria transparecer esse fardo. Seus movimentos eram calculados, o queixo mantido erguido. Inclinar a cabeça, mesmo que ligeiramente, significaria deixar a coroa cair, e isso era algo que jamais permitiria.
Envolta em um vestido negro com detalhes escarlates, Vitória permanecia em silêncio, contemplando o reino além das majestosas janelas do castelo. Seu olhar parecia distante, mas sua mente estava afiada, em constante alerta.
- Mas vossa majestade, a soberana não pode fazer isso! O falecido rei, nosso pai, se reviraria no túmulo se soubesse dos seus planos! - A voz de Samantha rompeu o silêncio, carregada de indignação.
Vitória sorriu, um gesto sereno e imponente.
- Querida, eu faço o que eu quiser. Eu sou a rainha. - A simplicidade de sua resposta era como um golpe. Não se importava em elaborar argumentos. Ela não precisava.
- Não é assim que as coisas funcionam! - insistiu Samantha, com os punhos cerrados, as unhas ficavam-se na palma de suas mãos delicadas. - Fala pra ela, Will! Ela tem que seguir os planos de governo do papai!
Vitória, sentindo sua paciência se esvaindo, virou-se lentamente para encarar a irmã mais nova. Seu semblante, embora calmo, trazia uma ameaça silenciosa.
- Samantha, primeiro, refira-se à memória de nosso falecido e "amado" pai como "sua majestade". Segundo, já foi dito, e repito: eu faço o que achar melhor para este reino. E se alguém discordar de meus planos - ela lançou um olhar gelado a Will -, que o faça em silêncio, antes que perca a cabeça.
O rosto de Samantha, tão jovem e cheio de vida, tingiu-se de um vermelho profundo, suas bochechas antes rosadas agora queimavam de raiva. Incapaz de conter a frustração, virou-se e deixou o salão sem outra palavra, os passos ecoando pelo corredor vazio.
No entanto, por trás de sua fachada de obediência, Samantha alimentava sonhos de grandeza. Durante anos, fingiu desinteresse pelo matrimônio, mas, em segredo, ansiava pelo dia em que seu noivado se tornaria uma gloriosa cerimônia real. E agora, vendo que sua irmã não dava a devida prioridade à aliança entre os reinos, ela lutava, incansavelmente, para que os planos do pai fossem cumpridos, mesmo que desconhecesse a maioria deles.
- Ela não pode adiar nosso casamento assim... Isso trará consequências terríveis! - desabafou Samantha em seu quarto, dirigindo-se à dama de companhia, com os olhos ardendo de frustração.
- Com certeza, não pode. Se vossa majestade estivesse casada, sem dúvida já teria assumido o trono no lugar dela - respondeu a criada, esboçando um sorriso astuto. Seus olhos brilharam quando ela puxou algo debaixo do avental. - Mas esqueça isso, milady. O pombo trouxe algo que lhe agradará.
Com o coração acelerado, Samantha pegou o envelope amarelado e, com os dedos trêmulos, quebrou o selo real. O perfume das rosas que o príncipe lhe enviara parecia impregnar o papel, e o coração da jovem princesa bateu mais forte enquanto lia.
❝ Minha querida Samantha,
Espero que tenha recebido minhas rosas.
Ansiando pelo dia em que poderei vê-la novamente,
Rogo para que os deuses protejam nosso laço,
Mesmo que sua irmã, vossa rainha, tente nos separar.
Com amor, seu príncipe.❞
Samantha sorriu, um sorriso que não mais refletia sua inocência, mas era carregado de promessas.
- Eu vou me casar... - murmurou para si mesma, com uma determinação fria e implacável. - Nem que, para isso, minha irmã precise perder o trono.
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