prólogo
— Mamãe, você acha que o papai vai gostar do presente que a gente comprou para ele? — Perguntou a pequena menina de doze anos, sorridente enquanto andava com sua mãe pelas ruas de Sokovia. Elas tinham acabado de sair de uma loja de presentes que tinha ali, haviam acabado de comprar um presente de aniversário para o Trainor mais velho.
— Claro que sim, querida. - respondeu a mais velha, também sorrindo em direção a sua filha. -Ele ama tudo o que compramos para ele. E com certeza,vai amar a nova blusa. - Heather assentiu.
Elas caminharam calmamente pelas ruas, que não estavam tão lotadas por conta do horário, era mais ou menos onze horas da manhã e muitas pessoas que viviam ali estavam trabalhando ainda ou almoçando.
As duas ruivas atravessaram a rua, olhando para ambos os lados, e caminharam pela calçada em frente a um grande prédio, um prédio residencial de cor esverdeado, onde ambas as duas moravam, mas então, de repente, um grande estrondo e tremor causou um abalo pela cidade, fazendo várias pessoas começarem a correr e gritarem. E então mais um tremor veio e seguido de vários outros, um mais forte que outro. A Trainor mais velha pegou a filha pelas mãos, num aperto forte e começou a correr rapidamente pela cidade, não olhando para trás. E novamente, mais um estrondo dessa vez mais forte que os outros, causou o desequilíbrio de todas as pessoas que estavam na rua, incluindo mãe e filha.
— Mamãe, eu to com medo. — Disse a pequena menina de apenas doze anos.
A Trainor mais velha apenas a encarou, olhando para todos os lados e então olhando para cima, onde o prédio atrás dela começava a cair.
— Heather, querida, eu quero que saiba que eu te amo muito. Eu e seu pai te amamos muito, okay? — Abraçou a filha fortemente. — Você nunca estará sozinha, eu sempre estarei ao seu lado.
— Promete? — levantou dois dedos de sua mão direita, levando em direção a sua boca e dando um beijo na mesma. A mais velha negou com a cabeça, ainda triste e fez o mesmo que ela, com sua mão esquerda, juntado a sua mão com a de sua filha e a entrelaçando.
— Apenas se me promete que ficará bem, querida.
— Por que está falando assim? Parece que você está se despedindo, mamãe.
A Trainor mais velha sorriu fraco pela esperteza da filha, a soltando do abraço e então olhou para cima novamente e empurrou a menina para longe. O prédio então que estava atrás da mãe de Heather e o da menina despencou, caindo en cima da ruiva e de outras pessoas.
— Mãe!? Mamãe!?— A menina gritou, correndo em direção aos entulhos, antes que alguém a parasse e segurasse. — Me solta, eu quero minha mãe!? Me solta!?
O homem com uma armadura de ferro, abriu o capacete mostrando seu rosto. — Eu não posso, criança. Não posso mesmo. Me desculpe. - O Stark pegou a garota com cabelos tão vermelhos como fogo e voou para longe, com a menina ainda em seu colo, a levando para um lugar seguro enquanto o restos dos Vingadores ajudavam os feridos.
O Tony desceu com a menina chorando em seu ombro, a colocando no chão e colocando no automóvel responsável em levar as pessoas inocentes para longe dali e da destruição que Ultron estava fazendo.
- Fique aqui, criança e não saia daqui, tudo bem? - a Trainor assentiu, com as lágrimas saindo por seus olhos. - Vamos achar seu pai, e poderá voltar para casa.
- Você promete? - perguntou ela.
Tony sorriu, assenriu. - Sim, criança. Logo ele estará com você, eu prometo.
Como o Stark estava errado naquele dia, nem ele e nenhum dos vingadores haviam encontrado o pai de Heather pois, naquele horário, ele estava trabalhando e seu corpo havia desaparecido após caírem dez andares em cima dele e de seus colegas de trabalho.
E que por culpa de Ultron e dos heróis de Nova Iorque a cidade de Sokóvia não existia mais depois daquele dia infeliz.
Tony tinha quebrado a promessa feita para a garota de apenas doze anos, ela tinha perdido tudo e havia ficado sozinha.
Três anos depois...
Heather então acordou com sua respiração rápida e ofegante, ela olhou para sua cabeceira, pegando o seu celular que estava em cima do mesmo e o desbloqueando para ver que horas eram exatamente, apesar dela ter certeza que era madrugada.
— Quatro horas da manhã, novamente. — Bufou, se deitando novamente em sua cama e olhando para o teto escuro de seu quarto.
Heather odiava ter pesadelos, odiava ter flashbacks daquele fatídico dia, ela odiava os heróis por serem culpados pela morte de seus pais, principalmente Tony Stark pois ela achava que teria conseguido salvar sua mãe se ele não tivesse a impedido. A Trainor suspirou, se sentando na cama e colocando seus pés cobertos por uma meia cinza aveludada, tocando no chão gelado do apartamento de sua tia, onde morava desde o "acidente", ela se levantou e foi em direção sua mesa de desenhos que tinha em seu quarto e de sentou, acendendo a luz de seu abajur e abriu seu caderno. Ela foi até as últimas folhas, onde se tinha folhas em branco, e pegou um lápis, logo começando a desenhar.
Heather fazia isso toda vez que tinha um pesadelo ou uma lembrança daquele fatídico dia, era como uma solução para tudo aquilo, ela começou a desenhar pequenas linhas, curvas e então começou a surgir um rosto e logo após um corpo. Ela começou a traçar um longo cabelo na direção do rosto, fazendo um cabelo ondulado e uma franja no molde de rosto de seu desenho. Heather sorriu de lado, logo continuando a desenhar.
Após algumas horas, a jovem Trainor ainda não tinha acabado seu desenho e havia dormindo encima de seu caderno. Ela acordou ao som de seu despertador, se arrependendo de não ter fechado sua janela pois o sol matinal batia em sua face. Bocejando, ela se levantou e indo para seu banheiro fazer suas necessidades e trocar de roupa, para mais um dia de aula.
Heather vestiu um moletom preto que tinha a frase "Hell was boring" estampada em seu centro, uma calça jeans também preta e seu tipico tênis da vans comum. Em seu rosto ela passou uma maquiagem básica, uma base leve sobre suas olheiras, um rímel e um protetor labial. Pegou sua mochila, que já estava arrumada deste o dia anterior, colocou em suas costas e saiu de seu quarto, logo descendo as escadas do apartamento e chegando na sala, vendo sua tia no sofá arrumando sua maleta de trabalho. Sua tia Rose era uma mulher de trinta e cinco anos, gerente de uma agência mediana de modelos de Nova Iorque, então não tinha muito tempo em casa.
— Bom dia.— Disse a adolescente, indo em direção a cozinha e pegando uma maça. Ela não comia nada diferente de uma fruta na manhã.
— Bom dia, Heather. Dormiu bem? - perguntou a Trainor mais velha, ainda encarando sua maleta em busca de algo.
Heather deu de ombros, dando uma mordida em sua maça e se sentando na bancada que dividia a cozinha da sala de estar do apartamento.
— O que está procurando dentro dessa maleta?
— A rotina mensal de um novo modelo que entrou na Agência, mas eu não a acho em lugar nenhum! — A Trainor mais velha bufou. — Você viu uma pasta amarela por aqui?
Heather terminou sua maça, logo jogando o resto na lixeira ao seu lado e desceu do balcão. Ela caminhou até a mesa ao lado do sofá, pegando a pasta que a tia tanto procurava.
— Aqui. Estava aqui ao lado, onde você a deixou na sexta feira. — A entregou. — Bem, já estou indo, tia. Bom trabalho.
— Boa escola, Heather. E não esqueça que hoje você tem estágio.
A ruiva revirou os olhos. — Como se eu pudesse esquecer do Stark algum dia de minha vida. — a garota foi em direção a porta, a abrindo e saindo em direção ao elevador do prédio, onde apenas tinha sua vizinha esperando. Ela a cumprimentou com a cabeça, por não ter muita intimidade e então entrou no elevador para o andar térreo.
Heather pegou seu celular de sua bolsa e seu fone de ouvido, o ponto em sua orelha e colocando em sua playlist de rotina, fechando seus olhos. Gostava de ouvir músicas não tão animadas e nem tão populares para as pessoas de sua idade, gostava de ouvir algumas músicas clássicas e algumas músicas que seus pais haviam a apresentado.
Fechou seus olhos aproveitando a melodia da música em seu ouvido.
Under the big top world
We all need the clowns
To make us smile
Through space and time
Always another show
Wondering where I am
Lost without you
A garota se lembrava de quando era menor, em sua antiga, em Sokóvia, e de quando era fim de semana, únicos dias que os mais velhos tinham folga de seus trabalhos, e de seus pais sentados num sofá vermelho cheio de emendas, de vários anos, e um rádio antigo onde tocava essa música da banda Journey.
A jovem adolescente se lembrava, para ser sincera de tudo sobre sua infância, seus pais, do tempo que morava na, já não existente mais, Sokóvia e o dia da morte do seus pais...
Heather suspirou, percebendo que seus olhos estavam prestes a ficarem cheios de lágrimas e também que, seu andar já havia chego. Passou as mãos por seus olhos, tentando amenizar a vontade de chorar ali mesmo e saiu em passos para fora do prédio, não querendo que ninguém a visse quase chorando e com seus olhos vermelhos, assim como seus cabelos.
———— 🕸 ————
Quando Heather chegou em sua escola, ninguém prestou atenção nela ou em si, todos seus colegas estavam focando em suas próprias vidas para focar nela. A garota estava acostumado e nem se importava com a sua, nas suas próprias palavras, "falta de importância", e para ser sincera, gostava de não ser o centro das atenções e ser invisível para todos.
Gostava de ser ninguém.
A Trainor caminhou em direção a seu armário, retirando seus fones e logo o abrindo para pegar suas apostilas, quando uma reportagem na televisão próxima a onde estava chamou sua atenção.
" Homem de Ferro ajuda a salvar uma família de três pessoas, alvos de um grupo terrorista ainda sem nome."
Heather leu o título da notícia, que a fez revirar os olhos e bater a porta do armário com força, atraindo a atenção de todos seus colegas perto dela.
- O que estão olhando? - os perguntou e logo todos pararam de a encarar, ela bufou, pegando suas coisas e saindo dali. Não estava com paciência e nem vontade de ver mais alguma notícia sobre os heróis salvando o dia, que na sua opinião, as pessoas estavam apenas feridas ou mortas por erros dos heróis.
Na opinião de Heather tudo era culpa dos tão famosos e amados heróis, tudo era culpa deles. Principalmente culpa dos vingadores e de Tony Stark, pois se não fosse eles, seus pais estariam vivos.
Era tudo culpa deles para a Trainor.
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