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𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐃𝐎𝐙𝐄
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𝐎 𝐈𝐍𝐈́𝐂𝐈𝐎 𝐃𝐀 𝐅𝐄𝐋𝐈𝐂𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄
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ILHA DE CHIPRE; 35°08'N 33°28'.

ARLO E STARLA NUNCA HAVIAM SAÍDO DO OLIMPO ATÉ AQUELE FATÍDICO DIA, e eu, como uma deusa, também nunca havia ido até ali para obter a segurança de meus pais até que soubesse o que realmente fazer, nunca teria tido uma ação tão humana quanto essa se correr para os braços daqueles que me deram a vida, mas, a princípio, existe de fato uma primeira vez para tudo.

As duas crianças ficaram absolutamente admiradas com o vasto mar a sua frente, Tálassa, em sua forma humana, aguardava pacificamente ao lado de Urano, ambos com olhares ansiosos que demonstravam estar desacreditados que finalmente conheceriam os seus netos. Meus pais não eram a personificação de um casal exemplar, eles sequer foram um casal em algum momento da história, da mesma forma que também não eram exemplos de bons pais e talvez por isso eu tenha sido falha com Eros, mas acredito que todos estejamos tentando fazer diferente dessa vez.

── Realmente tenho um gene fabuloso. ── Urano gabou-se, fazendo meus olhos revirarem e as crianças rirem. ── A minha mais bela filha com os meus mais belos netos.

── Não fale assim, nem tudo é sobre beleza. ── Tálassa interveio, batendo levemente em seu peito e deixando seus longos cabelos escuros baterem em seu rosto ao tomar a frente e agachar-se em suas frentes. ── Vocês são as crianças mais adoráveis que já conheci.

── Quem são vocês? ── Arlo perguntou, demonstrando sua curiosidade infindável.

── Somos os seus avós! ── Urano explicou. ── Sou Urano, o deus dos céus. ── apresentou-se com as mãos erguidas para o alto.

── E eu sou Tálassa, a deusa do mar. ── a mulher sorriu amplamente e docilmente, mostrando o vasto oceano atrás de si. ── Sua mãe nascerá de mim.

── Com ajuda minha. ── Urano acrescentou, outra vez revirei os olhos. ── E ela nunca foi uma criança.

── Isso é bom, me poupou de ouvir essa história. ── murmurei, eles riram.

── Por que não vão com Urano até a margem, hum? ── Tálassa sugeriu com um sorriso. ── Quero muito conversar com a mãe de vocês.

Então não houve uma resposta, Urano somente os pegou com delicadeza pelas mãos e juntos foram para a margem do mar, onde havia areia e conchas diversificadas para recolher, os encarei por alguns minutos, os três riam e estavam verdadeiramente felizes e eu gostaria de ter tido a chance de recolher conchas com o meu pai também, mas como Urano disse, eu realmente não tive a chance de ser uma criança.

── Você o matou? ── olhando para a mesma direção que eu, Tálassa perguntou.

── Não se mata o deus do fogo com fogo. ── retruquei.

── Ele é filho dele, como fará se um dia ele te questionar porque tentou matar o pai dele?

── Acho que ele ficará triste por eu realmente não ter feito. ── murmurei.

── Afrodite! ── a mulher reprimiu-me, suspirei. ── Você não é como aquela família, você não deve ter ódio em seu coração e não pode desejar que o pai de seu filho seja morto.

── Você nunca desejou que o pai de sua filha fosse morto? Nunca desejou vingança por ter sido fecundada sem ter dito sim ou não?

O silêncio se fez presente entre minha mãe e eu, sabendo que a ideia de matar um homem já passou pela mente de toda e qualquer mulher, deixei que o sentimento fosse sentido por ela.

── Sim! ── admitiu mantendo seu olhar imponente, mas em um sussurro. ── Principalmente quando você já nascerá adulta e sendo arrancada de mim, não tive a oportunidade de ser sua mãe.

── Então você sabe que eu mataria por eles e não sentiria remorso.

── Eu sei! ── sussurrou outra vez. ── Pois eu também mataria por você e nunca sentiria remorso.

Naquele instante, pela primeira vez, senti a verdadeira sensação de como era ser amada por uma mãe e um pai, vendo aquela mulher dizendo que mataria por mim e aquele homem brincando feito crianças com os meus filhos, de repente eu entendi tudo o que Pietro e Wanda me diziam sobre ter uma família, finalmente havia entendido aquele sentimento que me fazia ter a certeza que mataria alguém somente para proteger eles. É assim que alguém que tem uma família, mesmo que não funcional, se sente?

── O que vai fazer agora, criança?

Tálassa perguntou-me, a olhei com atenção e um pequeno sorriso puxou os cantos do meu lábio.

── Vou voltar para a terra e torcer para que meu lar ainda seja meu. ── contei de forma completamente decidida, ela sorriu.

── Só de mais algum tempo para o velho Urano, ele parece realizado ao lado dos netos. ── Tálassa pediu, sorri também e concordei. Sua mão foi de encontro à minha e ela logo a apertou com carinho. ── Estaremos aqui por você pela eternidade, Afrodite, nunca se esqueça que os mares e os céus fazem parte de você.

── Não vou, prometo! ── sorrimos, logo ela me puxou em direção a eles.

── Esse é somente o início da felicidade, minha criança!

Concordei, o sorriso grandioso não deixava meus lábios se fecharem e minha mandíbula já estava dolorida, mas depois de tanto chorar, sentir um mínimo desconforto por tanto sorrir me parecia um prêmio gratificante a ser recebido.