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𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎┊𝟎𝟒𝟏

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Amara não dormiu. Deitada na cama, onde encarava o teto de gesso machado devido à umidade, ela passeou a mão sobre a barriga cujo uma pequena saliência aparecia ainda muito timidamente. Era ainda uma novidade saber que carregava mais uma vez uma criança, mas a sensação sempre seria indescritível e com descobertas novas. Ela sorriu, sentindo uma lágrima escorrer pelo rosto, dessa vez era felicidade e esperança, algo que a fez ficar acordada até que amanhecesse novamente. Também deveria se acostumar ao fato de se emocionar facilmente agora. Ao meio-dia se aprontou rapidamente e pediu forças ao destino para enfrentar o combate contra Mancini. No pulso carregava a pulseira dada por Polly, usando-a como símbolo de proteção. No pescoço usava o colar presenteado por Thomas no Natal, além de uma peça belíssima, era um meio dela lembrar-se que ele estaria por perto.

"Mesmo que não me veja, eu estarei perto de você". Essas foram as últimas palavras ditas por Thomas a ela.

Elisa a esperava na frente do automóvel, sorrindo de modo sedutor. Amara entrou logo depois dela no carro, partindo de Small Heath segundos depois. O percurso foi rápido, em poucos segundos Isaiah estacionava o carro sob as sombras de uma imensa árvore. Estavam em um bairro industrial. Um conjunto habitacional da classe mais baixa de Londres, aqueles que padeciam no pauperismo. Os prédios de tijolos marrons eram mal cuidados e estavam pretos devido à quantidade de lodo. O lugar estava mergulhado em um silêncio apavorante, quase como se não houvesse habitantes ali. Amara tomou fôlego, sentindo a arma no coldre da perna a incomodar levemente. Brevemente se perguntou se ir àquele encontro teria sido uma má ideia.

Agora era tarde demais.

Elisa deu os primeiros passos, enquanto ambas se afastavam cada vez mais do carro.

— Parabéns pelo bebê. — Elisa cortou o silêncio. — Não é um bom momento para isso, mas espero que seu filho fique bem.

— Obrigada, Elisa. Thomas e eu esperamos o mesmo.

— Esqueci de elogiar seu colar. Você tem bom gosto. — Observou.

— Obrigada novamente. — Sorriu levemente. — Foi um presente de Natal do Tommy.

— Sinto saudades de receber presente dos Shelby. Quer dizer, de um Shelby. — Elisa a encarou de lado. Amara ergueu uma sobrancelha, curiosa. — O Arthur. Até porque, nenhuma mulher era boa o suficiente para conseguir o coração do Thomas, somente a atenção dele por alguns minutos na cama.

— E aposto que você usou muito bem da atenção que ele te deu. — Amara tentou não soar amarga, mas não obteve sucesso. Elisa sorriu, adorava ver o ciúme maquiado em forma de sarcasmo na mulher.

— Não precisa ficar com ciúmes, Thomas e eu nunca daríamos certo além do que fazíamos na cama. — Declarou Elisa. Amara passou na frente quando subiu alguns degraus para o segundo andar. — Mas você e ele parecem ter sido feitos um para o outro.

— Você nem imagina. — Amara ergueu brevemente as sobrancelhas. — Ouça, quando você sugeriu tirar na moeda... estava realmente flertando comigo ou era um truque para ver até onde a paciência do Thomas iria?

— Um pouco dos dois. — Elisa respondeu. — Você é uma mulher atraente, e não menti quando disse que apreciava chás femininos. Aposto que não sou a primeira pessoa que faz um convite indecente a você. E claro, gosto de provocações. Aborrecer Thomas Shelby é meu novo passatempo favorito.

— Seus passatempos são bem peculiares. — Amara franziu o cenho com aquela afirmação.

— Olha o que estamos fazendo. — Elisa disse logo atrás. — Agora sei por que ama tanto o Thomas, ele exala uma mistura enlouquecedora de adrenalina e perigo, e claro, é capaz de dar boas rodada de sexo selvagem depois de um dia cheio. — Amara a encarou por cima do ombro. Elisa sorriu. — Sempre gostei disso. — Ela se aproximou, prendendo a mão em volta do pulso fino da Shelby. — Mas eu gosto bem mais de você. Somos parecidas, sempre vamos confrontar o perigo pessoalmente para nos sentirmos vivas.

— Falando assim até acho que temos tendências suicidas. — Amara suspirou. — Eu estou grávida, Elisa, e não quero expor meu bebê a tantos perigos, mas percebi que não tem como fugir deles. Eu preciso lutar, faço isso pelo meu filho.

Elisa acenou levemente.

— Boa motivação. — A Romero deu de ombros. — Eu faço pelo pagamento e diversão. Fico estranhamente excitada quando vejo um homem morrendo.

Somos movidos por motivações. Sua motivação é sempre essa? Matar e matar? — Perguntou. — Não pensa em ter um pouco de sossego e paz? — Amara se virou completamente para ela. Elisa mordeu o canto interno da boca.

— Ainda tenho uma vida inteira pela frente. — Disse ao desviar o olhar para o além.

— Por que não deu certo com o Arthur? — Amara quis saber. Elisa voltou a atenção a Shelby, incomodando-se com a curiosidade da mulher. Essa era com certeza uma das suas características mais marcantes.

— Porque eu só fico atrás de um homem se estiver no meio de um tiroteio. — Soou ríspida. Amara piscou perplexa, sentindo o perfume doce da mulher ser deixado ao seu redor quando ela passou. Talvez ela merecesse aquela resposta. — Vamos! — Chamou de uma maneira tão dura que Shelby não fez outra coisa a não ser obedecer.

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Thomas estava inquieto enquanto esperava que os Peaky Blinders formassem uma roda em volta de um mapa aberto sobre um caixote. Arthur checou a arma uma última vez, assim como John. Finn ficará de fora, mesmo que tenha insistido para participar do grande confronto. Era claro que Polly não deixaria que isso acontecesse, assim como nenhum de seus irmãos mais velhos. Thomas limpou a garganta, repassando o plano uma última vez.

— Nesse momento, Amara deve estar na porta da Sra. Smith com Elisa Romero. — Ele falou. — Prestem atenção, é muito provável que um sinal seja feito para que os homens de Mancini saiam de seus esconderijos e as ataquem. Mandei o Isaiah com elas, para que ele nos avisem enquanto elas estiverem do lado de dentro.

— Atenção, nada de ferir os civis, apenas os italianos de merda. — John falou de modo autoritário.

— E protejam a Amara o quanto puderem. — Thomas completou. — Os rifles estão nos carros e todos já sabem onde devem se manter. Quando receberem meu sinal, abram fogo.

— Thomas, você está bem? — Arthur perguntou assim os Peaky Blinders partiram.

Thomas tirou o cigarro da boca, apagando com a ponta do sapato.

— Sinceramente? Não me sinto confortável com a ideia da minha esposa grávida presenciar isso pessoalmente. — Falou. Arthur acenou, entendia bem pelo que o irmão estava passando. — Esses homens não vão parar, Arthur, não até pegamos todos. — Ele se virou ao irmão mais velho. — Eles vão tentar matar todos nós em um momento ou em outro, então temos que fazer isso. — Aumentou o tom de voz. — John, vamos!

— Se preparem, soldados. — John sorriu ao abrir os braços. Ele estava animado. Gostava da emoção de pegar em um rifle e mirar para a cabeça de um inimigo e não para um pato no céu, como vinha fazendo nos últimos meses. — Thomas, você ainda sabe qual lado da arma se coloca uma bala?

— É claro que ele sabe! — Arthur saiu em defesa do irmão, enquanto o trio se aproximava do carro. — Somos a porra dos Peaky Blinders. Sempre vamos ser!

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Antes que Amara pudesse bater na porta, ela se abriu. A Shelby prendeu a respiração quando uma mulher de meia-idade colocou o rosto para fora. Os olhos escuros estavam assustados, como alguém que estava prestes a fazer algo ruim. Edith parecia ter sido maltratada pelo tempo, principalmente após a morte da única filha.

— Olá, senhora Smith. — Disse Amara. Edith abriu um espaço maior, desviando o olhar rapidamente para a companhia da Shelby. Era uma mulher jovem e com um riso falso nos lábios pintados de cor escura.

— O convite era só para a senhora. — Edith quase murmurou aquelas palavras. Amara trocou o peso da perna.

— Eu sei, mas achei melhor trazer uma amiga. Essa é Elisa Romero. — Apresentou. Elisa acenou rapidamente.

Edith as estudou demoradamente, tanto que a Romeiro soltou um denso ruído.

— Por que não entramos? Está fazendo frio aqui fora. — Elisa passou pela porta sem ser convidada. Amara entrou em seguida forçando um sutil sorriso a Edith.

O cômodo principal era pequeno. Uma cozinha dividia espaço com a sala de estar. Tudo era modestamente iluminado. Amara deixou a bolsa sobre uma mesa bem montada com lanche. Elisa sentou-se em uma cadeira, puxando um cigarro que fumasse. Edith as encarou, principalmente a mais atrevida da dupla.

— Você não se importa se eu fumar? Não é? — Elisa estreitou o olhar para os de Edith. Amara quase revirou os olhos.

— É claro que não. — Edith disse entredentes. Ela se virou para a Shelby, que ainda encarava cada móvel do lugar em pé. — Gostaria de fumar também, Sra. Shelby?

— Não se preocupe comigo. — Amara suspirou. Puxou uma cadeira e sentou-se à mesa. Edith fez o mesmo.

O silêncio apossou-se do lugar por alguns segundos, antes que o tilintar das xícaras fizessem uma sutil acústica. Amara engoliu em seco ao ver o chá encher sua xícara. Ela ainda se lembrava da tentativa de envenenamento há três meses.

— Primeiro quero agradecer por vir, Sra. Shelby. — Edith falou ao empurrar uma xícara de chá.

— Por que foi ao escritório do meu marido ao invés de ir ao meu? — Amara quis saber. Elisa fixou os olhos de gata na mulher mais velha.

— Eu sei como é uma pessoa ocupada. — Explicou. — E também sou nova da cidade, não sei onde fica o jornal ainda, por isso foi mais fácil ir até o Sr. Shelby, todos conhecem ele.

— Assim como todos me conhecem também. — Rebateu Amara. A antiga cozinheira limpou a garganta.

— Vai morar em Birmingham? — Elisa perguntou. Edith a encarou como se ainda reprovasse sua presença ali, o que fez com que o sorriso da Romero crescesse em forma de provocação.

— Sim, acredito que sim.

— Onde está o senhor Smith? — Amara olhou para os lados. A mulher parecia viver sozinha ali.

— Ele... — A Sra. Smith encolheu os ombros. Demorou alguns segundos para que ela voltasse a falar. — Ele morreu. Na verdade, depois da morte da Helena ele se encontrou em uma profunda tristeza. Um dia cheguei em casa e o encontrei morto, enforcado na varanda.

Amara sentiu um sabor amargo subir para a boca, assim como uma sensação ruim, mas não por conta da gravidez, mas por culpa. Era difícil não se sentir um pouco culpada pela família que havia destruído, mesmo que a maior parte das tragédias tivesse vindo da própria escolha da filha daquele casal.

— Eu sinto muito. — Falou, sincera.

— Primeiro uma filha, depois um marido. — Edith fungou. — Vim para cá para recomeçar novamente.

— Foi uma viagem longa, teve ajuda de alguém? — Elisa perguntou ao soprar a fumaça do cigarro para cima.

— Está querendo dizer algo, querida? — A mais velha ergueu o rosto. Elisa sorriu com o termo usado.

— Só por curiosidade, querida. — Ela falou.

— É uma viagem longa, cara e cansativa. Poderia ter nos procurado depois da morte do seu marido, Thomas e eu daríamos todo o apoio para você, assim como tudo que precisasse. — Amara tentou quebrar o contato visual de Edith e Elisa.

— Eu estava com raiva. — Confessou. — Eu só sabia sentir ódio de você e seu marido. Deus só me abençoou com uma única filha e devido a vocês, ela se foi.

— Thomas disse que você queria me perdoar. — Amara se afastou lentamente da mesa. — Mas não é por isso que nos chamou aqui, é?

Edith engoliu em seco, levantando-se da cadeira. Elisa se preparou para qualquer movimento suspeito da mulher. A senhora Smith abriu a janela, deixando que um vaso com flores secas caísse para o lado de fora do prédio. Um sinal. Amara levantou-se em um salto, assim como Elisa. Ouviu-se um barulho de carro e tiros do lado de fora.

— Por que me chamou aqui, Edith? — Amara aumentou o tom de voz. Um frio percorreu o seu corpo quando a mulher se virou para ela.

— Porque eu jamais a perdoaria por matar minha filha! — A mais velha gritou. — Você e seu marido devem morrer, assim como qualquer um que se aliarem a vocês. — Desviou o olhar para Elisa.

— Pobre coitada... — Elisa cuspiu as palavras.

Edith havia tido muito tempo para entender quem eram os verdadeiros culpados pela morte de sua única filha. Andrea era o único que a ajudara depois de tantas perdas, principalmente quando os Shelby preferiram esquecer sua existência. Quando Mancini bateu em sua porta logo após a morte de seu marido, ofereceu-lhe uma solução para seus problemas: vingança. E ela acatou, sabendo que tudo na vida era pago na mesma moeda.

— Seja o que o Andrea tenha dito a você, ele mentiu. — Amara deu um passo audacioso. Não era difícil deduzir que o antigo advogado estava por trás de tudo. — Ele matou a Helena, e não eu ou o Thomas. Sua filha também não era a pessoa que você pensava ser. Ela tentou me matar. E era amante de Mancini!

— Você está mentindo! — Edith bradou. Olhou através da janela, como se esperasse por alguém.

— Sua filha da puta! — Elisa gritou ao puxar a arma que escondia no casaco. — Quem está esperando?

Edith sorriu de maneira diabólica. Foi então que Amara percebeu o que de fato estava ocorrendo ali. O convite não era uma armadilha para capturá-la, mas sim para tirar ela e Thomas de um lugar mais importante, fazendo com que assim outras pessoas ficassem mais vulneráveis a um ataque. Mancini havia sido claro: Amara e Thomas seriam os últimos a serem mortos.

Amara não era o alvo daquele dia, o que levava acreditar que Michael, Polly ou até mesmo Ada, ou Finn estavam correndo perigo onde quer que estivessem. A Shelby sentiu o ar falta nos pulmões, mas não antes que desviasse do caminho quando a mulher mais velha correu em sua direção. Elisa foi rápida em erguer o pulso e disparar a arma. O que veio a seguir aconteceu em câmera lenta diante os olhos de Amara. Os cabelos escuros de Edith chicotearam no ar no mesmo instante que a bala atravessou sua testa. Ela foi ao chão, com os olhos abertos. A face congelada do seu último ato de fúria.

— Elisa! — Amara gritou.

— Sem ressentimento, amor, a desgraçada ia matar você. — A Romero estava ofegante, enquanto puxava Amara para fora.

Ambas saíram rua afora. Ofegantes e nervosas devido ao que aconteceu na casa. Elisa ergueu o pulso para o alto, fazendo com que algumas cabeças curiosas saíssem de seus esconderijos. Amara quase se atrapalhou ao ter que descer as escadas correndo de volta para o carro. Um misto de emoções fazia com que seu coração bombeasse o sangue mais rápido. No fim da rua Thomas pulou de uma janela, com a face vermelha devida à corrida que dava até às mulheres.

— Ouvi um disparo de dentro do prédio. — Falou ele, ao se aproximar.

Thomas não esperou por uma explicação. Segurou os ombros da esposa, procurando qualquer machucado ou algo parecido. Tudo parecia silencioso no bairro até que um disparo chamasse sua atenção e um carro saísse em disparada do outro lado da rua. Mesmo que os tiros dos Peaky Blinders tivessem acertado a lataria, não havia sido o suficiente para parar o veículo. Amara abriu os lábios, tomando fôlego para falar algo.

— Ele armou isso para pegar outros, Thomas. Não somos os alvos, mas algum outro membro da família. — Amara disse ainda ofegante. — Temos que ir atrás do Michael e da Polly, eles estão em perigo.

— Porra! — O cigano gritou com raiva. Uma veia saltou em seu pescoço. — Elisa, Isaiah, tomem de conta dela, a levem para Small Heath. Eu vou para o jornal em busca do Michael e da Krishna. — Amara abriu os lábios, falaria que iria junto, mas o Shelby se adiantou em dizer antes. — E isso não é discutível, só me obedeça!

Amara recuou um passo, encostando-se no carro. Adiante John e Arthur sugiram. Thomas apontou para eles.

— Verifiquem se a Polly, Finn e Ada estão bem! — Ordenou.

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PACIFIC MODERN DIARY — LONDRES

Meio-dia era o horário mais calmo no jornal, e isso significava que o lugar ficava mais vazio para que amantes audaciosos pudessem se aventurar em salas desertas. Krishna sorriu quando Michael a empurrou para dentro do escritório vazio. Ele foi rápido em tirar o paletó, depois a gravata. Krishna sentou-se sobre a mesa e ergueu uma perna, deixando que o vestido subisse e revelasse até onde sua meia-calça rendada ia. Em seu dedo, a aliança de casamento brilhava menos que o olhar do noivo. Quando pensava que logo se tornaria uma Gray sentia um misto de emoção se forma no estômago e tão boba quanto uma adolescente apaixonada. Ela gostava dessa sensação, assim como olhar que recebia do futuro marido, sabendo que o teria para todo sempre.

— Temos que ser rápidos. — Ela falou. — Se chegar alguém aqui, estamos mortos.

— Não vai chegar ninguém, Kris. — Michael a garantiu.

Ele deu um passo afoito até ela. Seus lábios tomaram o da mulher rapidamente. Michael gostava do sabor doce dela, assim como se sentia rígido a cada gemido involuntário que Krishna soltava entre as carícias que ele não se cansava em dar. Ela era tímida e não tão escandalosa, mesmo assim a indiana não escondia seus desejos e ambos sempre alcançavam o clímax rapidamente. Michael ainda se lembrava da primeira vez dela, que também fora sua primeira vez. Ambos eram inexperientes, mas sabiam exatamente como se dar prazer.

O beijo aumentou à vontade de estarem unidos intimamente. Krishna deixou que a manga de seu vestido caísse para os ombros, enquanto os lábios do Gray traçaram um caminho molhado e selvagem pelo pescoço e busto. Não era a primeira vez que faziam isso no escritório, mas também era um acontecimento recorrente, aliás, não era ético fazer sexo no trabalho, embora fosse o ápice do erotismo para os jovens.

— Espera. — Ele se afastou sob o próprio protesto. — Não é errado fazer isso antes do casamento? Não quero desrespeitar as suas tradições.

— Caso não tenha percebido, não é como se não tivéssemos feito isso antes, Michael. — Ela falou. — Vamos logo. — Apressou, puxando-o de volta para um beijo.

O cinto foi aberto rapidamente, assim como a peça íntima feminina foi empurrada para o lado. Krishna foi empurrada contra a mesa, não se incomodando em ver vários papéis indo ao chão. O barulho da mesa era alto enquanto Michael mantinha um ritmo constante, apertando cada vez as coxas marrons em volta do corpo. Ele estava embriagado de prazer, indo cada vez mais fundo na fenda apertada.

Krishna estava entregue ao prazer, mas foi puxada subitamente do paraíso para a realidade ao ouvir um barulho abafado vindo do lado de fora.

— Eu ouvi algo. — Ela falou ao encarar por cima do ombro do noivo. Ele arfou.

— Eu também, era a mesa rangendo. — Explicou. Krishna negou com a cabeça, o barulho que ouvira não era a mesa.

— Michael, tem algo acontecendo lá embaixo. — Ela o empurrou para fora. O Gray passou a mão pelo rosto.

— Não tem quase ninguém no jornal... — Ele falou.

Outro barulho pareceu ecoar mais alto. Era um tiro. Michael virou o rosto da direção da porta, dessa vez, assustado. Se vestiu às pressas, enquanto corria para trás da mesa procurando pela arma escondida na última gaveta. Sua cabeça repetia a palavra 'merda' até que ela saísse pelos seus lábios de maneira eufórica. Krishna pulou da mesa quando viu uma sombra por baixo da porta, e antes que pudesse alcançar o noivo, foi surpreendida por um estrondo.

— Ah! Não me digam que eu estava interrompendo algo... íntimo? — Mancini brincou com o cigarro preso nos lábios. Andou com a ajuda de uma bengala para dentro da sala. O chapéu estava sobre a cabeça, com pingos de sangue. Ele olhou diretamente para a secretária, que se encontrava assustada e com bochechas vermelhas. — Krishna, nunca imaginei vê-la em tal situação. Sempre a achei tão recatada e bondosa. — Deixou que olhar caísse pelo corpo da jovem mulher. O vestido cor de mel estava até a altura do ombro e seus cabelos longos e lisos se encontravam desalinhados.

— Não fala com ela, seu filho da puta! — Michael ergueu a arma.

Andrea sorriu vitorioso. Em parte, ele estava se divertindo por está mais uma vez um passo à frente de Thomas Shelby e sua gangue fracassada. Mancini sabia do ódio que gerava naquelas pessoas e que só o deixava mais entretido. Raiva motivava a guerra e ele só queria ver até onde os Shelby poderiam ir.

— Atira. — Mancini abriu os braços, encorajando o jovem.

Michael retirou a trava e apertou o gatilho, mas um pequeno barulho denunciou que nenhuma bala se encontrava no tambor. Porra, praguejou para si mesmo.

— Mais cedo eu mandei uma pessoa vir aqui e retirar todas as balas. Eu sabia que estariam a sós quando Amara e Thomas partissem para o outro lado da cidade esperando por um ataque meu. — Disse Andrea, ao retirar de dentro do paletó algumas balas, jogando-as para o chão. Krishna deu passos para trás, procurando a proteção de Michael. — Agora é minha vez. — Andrea sacou uma arma.

— Não machuca ela! — Gritou quando viu a arma ser apontada para Krishna. — Eu estou aqui, eu sou da família Shelby, deixe ela fora disso. — Michael se colocou rapidamente entre Krishna e Andrea. O italiano sorriu.

— O que o amor não faz, não é? — Caçoou. — Minha mãe sempre me dizia: só o amor é capaz de dobrar um homem. Acho que ela tinha razão, mas eu acredito que vingança possa fazer isso de uma forma mais intensa.

— Por que está fazendo isso? — Krishna perguntou. Andrea limpou a garganta.

— Amara já me tirou algumas coisas, está na hora de eu tirar dela algumas também. — Destravou a arma. Michael engoliu em seco. Pensou em agir, mas saberia que perderia a luta, Mancini não estava a sós, outros dois homens se encontravam na porta do escritório. — Últimas palavras, Gray?

— Vai para o inferno! — Michael disse entredentes. Mancini deu de ombros com riso de lado.

— Eu já vim de lá. — O dedo deslizou para o gatilho.

Michael manteve os olhos firmes em Andrea, sentindo a unha da noiva perfurar seu braço pelas costas. Ele não iria pedir por ajuda divina, e se fosse para morrer no lugar da mulher que amava, então faria isso com honra. Krishna fechou os olhos quando pensou ter ouvido um disparo. No entanto, não foi isso que aconteceu. Ela voltou a abrir os olhos novamente quando uma risada saiu da boca de Andrea. Michael estava gelado, e tremia.

— Que dia de sorte, garoto. — Andrea checou o estado da arma. Não havia mais balas. Ele mancou para a porta novamente, com um riso cínico nos lábios. — Fale para o Thomas e a Amara, que sua sorte te poupou de uma morte, mas eu ainda irei atrás dos outros. A sorte não vem para todos. Arrivederci.

Quando Andrea se foi levando com ele toda a tensão do ar, Michael caiu de joelhos no chão. Krishna o acompanhou, abraçando o futuro o marido tão forte que facilmente o deixaria sem ar. Ele havia sido poupado de uma morte, mas sabia que Mancini não pararia e a última coisa que o Gray queria naquele momento, era colocar a vida da sua futura esposa em perigo.

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Thomas atravessou a porta do jornal. A movimentação do lado de fora já explicava o que havia acontecido do lado de dentro. Os policiais estavam por todos os lados, enquanto fotógrafos registravam o momento. Felizmente Amara não o acompanhará, pois, certamente passaria mal ao ver dois corpos estirados no meio do lugar. Seu jornal havia se tornado vermelho, escorrendo sangue inocente. Aquilo tudo só significava que Mancini havia voltado mais esperto do que antes. Um flash quase o cegou. Thomas estava acostumado à imprensa insistente, mas naquele momento se sentiu à beira de provocar um escândalo ainda maior. Adiante avistou Michael, tão pálido quanto um papel.

— Sr. Shelby, precisamos falar com você ou com sua esposa. — Um policial cruzou o caminho de Thomas.

— Depois. — Passou pelo militar com um rápido empurrão.

Michael ergueu o rosto ao primo, que caminhava em sua direção com passos pesados e rápidos.

— Michael, o que aconteceu? — Thomas perguntou. Estava rouco como se tivesse gritado horas antes. Assim como a face estava vermelha e os olhos azuis possuíam pupilas dilatadas e escuras.

— Não parece óbvio? — O Gray estava ofegante e cansado de dar sua versão do que acontecera. — A arma dele não tinha mais balas, ele me poupou, mas acredito que não irá durar. Ele vai atrás dos outros.

Thomas arrancou a boina que usava. Estava com raiva o suficiente para socar uma parede, mas precisava por a mente em ordem e agir com sabedoria. Ofegante ele encarou Krishna e seu semblante nada saudável.

— Você está bem? — Desviou o olhar preocupado de Michael para a jovem mulher.

— Por alguns segundos achei que fosse morrer ou ver meu noivo morto na minha frente. — Krishna fungou. Thomas rangeu os dentes. — Então, não, eu não estou bem, que porra! — Ela respirou fundo. — Amara, onde está?

— Segura, ela está segura. Não tem com que se preocupar. — Thomas falou.

— Não, Tommy, ninguém está seguro. — Michael cruzou os braços. Por cima do ombro do primo viu os corpos serem ensacados e levados por maqueiros. — Ele vai voltar e eu não vou por minha vida ou da minha noiva em perigo.

— Eu entendo você. — Thomas levou a mão para a cabeça, sentindo-a latejar. Seus problemas só aumentavam. — Quem eram?

— Um redator e um entregador de jornais. — Foi Krishna que respondeu, ainda lutava contra as lágrimas.

— Eu vou resolver isso. Eu prometo. — Thomas não aliviou as emoções, mas ergueu o queixo e enfrentou outra onda de problemas ao caminhar até os policiais e a imprensa.

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SMALL HEATH

Amara sentiu o suor gelado percorrer o corpo, mesmo que não sentisse calor. Sentou-se em uma cadeira quando Elisa surgiu com uma bandeja com xícaras e um bule, aquela era sua forma de retribuir um favor por ser bem cuidada pela Shelby quando fora uma vítima de Mancini. Mesmo que quisesse tomar algo, Amara não sentia sede ou fome, não enquanto Thomas desse notícias de Londres. Sua cabeça latejava devido aos ocorridos de horas antes. Uma mulher havia morrido em sua frente e provavelmente, acreditando no errado por pura ingenuidade. Quando a porta foi aberta, Amara se levantou da cadeira. Era Polly, com um semblante para poucos amigos.

O olhar da Gray fincou rapidamente em Elisa, mas logo foi desviado para Amara. Não era saudável vê-la naquele estado aterrorizado. Com passos largos ela alcançou a Shelby, abraçando-a com força. Momentos antes recebera uma ligação do jornal, tendo a pior notícia que uma mãe poderia receber. Michael havia sido o alvo de Mancini, mas poupado por alguma graça divina.

— O Thomas, ele não chegou até agora... — Amara sentiu o coração acelerar. Então voltou a se sentar, ainda tremendo de preocupação.

— Ele está bem. Mancini estava no jornal. — A mais velha respirou fundo. — Ele matou duas pessoas. — Polly deu a notícia. Amara sentiu o sabor da bile subir para a boca e as pontas dos dedos adormecerem. Aquilo era o pior dos seus pesadelos. — Ele poupou o Michael e a noiva.

— Quanto mais tempo passa, mas eu acredito que essa guerra nunca terá um fim! — Amara falou. Exasperada.

— Homens não têm inteligência estratégica para conduzir uma guerra. Eles são motivados pelo ódio e isso os leva à derrota. — Polly falou. — Thomas e você estão agindo com ódio. Vocês devem agir com sabedoria se quiserem vencer o italiano.

— O que sugere? — Elisa se manifestou. Erguendo uma sobrancelha. Polly caminho até uma cadeira.

— Nós não temos chances, meu bem. — Polly disse quase em um sussurro. — Subestimamos esse homem.

— Não. — Amara negou. — É ele que está nos subestimando, Polly.

— Seja o que for acontecer, eu quero meu filho longe disso. — Polly estava sendo severa. Amara não a julgava, agora que carregava um filho, pensava nele antes de si mesma. Se ela tivesse uma chance, também o manteria longe dos problemas da família. — Vou mandá-lo embora, ele pode levar a noiva. Vai ser melhor tê-los longe.

— Acha que o Andrea não vai achá-los? — Elisa se colocou na frente das mulheres.

— Eu tomei a liberdade de fazer um acordo com o Aberama Gold. Ele vai levar meu filho e a noiva para um lugar seguro. Talvez eles até se casem entre os ciganos. — Polly não se agradava da decisão, mas seria o melhor para eles. — O importante é não tê-los aqui, no meio da guerra.

Amara fechou os olhos, pedindo por forças.

— Eu acreditei que seria mais fácil. — Ela murmurou as palavras. — Eu estava errada. Por minha causa Arthur quase morreu sem ver o filho. Por minha causa o Michael quase morreu. E eu não quero pensar nas outras três mortes que ocorreram hoje.

— Não há como controlar tudo, meu bem. — Polly estendeu uma mão para tocá-la. Amara suspirou, afastando a vontade de chorar. — É melhor não se aborrecer mais, isso não fará bem ao seu filho.

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Já era tarde da noite. Anúbis estava inquieto à espera do dono na porta da casa. Amara espiou pela janela o carro de Thomas parar, fazendo com que parte das suas preocupações cessassem. Alguns Peaky Blinders o cumprimentaram, abrindo espaço para ele passar pela porta. Amara deu passos rápidos pelo corredor, descendo as escadas depressa ao ponto de pular sobre o marido. Thomas cheirava a suor, nicotina, uísque e o clássico perfume forte masculino. Uma orquestra de odores que jamais haviam incomodado Amara. Ele a abraçou de volta de modo apertado, respirando pesadamente no espaço do pescoço da esposa. Diferente dele, ela cheirava a banho e o clássico perfume de rosas, mas parecia tensa.

— Você demorou tanto. — Amara se afastou.

— Eu sei. As coisas em Londres estão complicadas. — Ele segurou o queixo da mulher. Deixou que os olhos verdes e serenos o acalmasse. — As mortes. Os jornais concorrentes estão fazendo questão de falar sobre isso. Eu quero resolver tudo, não vou deixar que se exponha na situação que se encontra. Não quero que meu filho e você sofram mais estresse do que já sofreram.

— Nós vamos ficar bem. — Ela se referia aos três. — E também não posso me esconder para sempre deles. — Raspou os lábios nos de Thomas.

— Você foi muito corajosa hoje. — Thomas passou a mão pelo cabelo dela. Amara acenou. Sua face transmitia cansaço e tristeza, algo que incomodava o Shelby. — A morte da Sra. Smith não foi sua culpa.

— Poderíamos ter terminado aquela conversa de outra forma se ela estivesse realmente disposta a saber da verdade. — Ela se afastou. A lareira estava acesa, mas incapaz de aquecer o frio interior que Amara sentia. — Você mesmo disse, são tantas mortes. Algumas necessárias, outras nem tanto...

— Isso tudo vai passar, e nosso filho não vai crescer no meio disso. — Thomas deu um passo largo até a mulher, abraçando-a por trás. Amara suspirou, entregue ao aconchego que só o marido poderia dar. — Sair na rua e saber que não posso voltar é um pesadelo que passo diariamente.

— Eu também. — Amara escorregou a mão para a barriga. Thomas fez o mesmo. Ainda era cedo para sentir qualquer sinal do bebê. — Somos eu e você protegendo nosso filho do mundo.

Abraçados em meio ao silêncio suntuoso, Thomas acreditava que o fruto do amor deles, que crescia no útero da mulher que ele escolhera amar, era a esperança de que dias melhores chegariam. Amara sabia que viver o medo, o perigo e até mesmo a insegurança de agora eram necessários para que não só os deixassem mais fortes, mas preparados para outras situações que viessem enfrentar. Logo esses sentimentos malignos seriam substituídos por sensações felizes com a chegada de uma criança. Eles tinham fé nisso, e sabiam que poderiam apoiar-se um no outro. Como já bem sabiam, um dependia do outro, como botes salva vidas.

Esse foi o especial 200k de visualizações de Dobra no Tempo, e como já sabem, sou muito agradecida por cada leitor que a fic ganhou nesse 1 ano aaaaaaa muito obrigado por tudo, por isso ainda vamos ter muito conteúdo por aqui como avisei no capítulo atrás.

Capitulo postado dia (03/04/2022), não revisado.

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