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𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎┊𝟎𝟑𝟓

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Estava escuro. O nevoeiro era tão espesso que Thomas podia senti-lo tocar em suas bochechas como fantasmas. O som e a visibilidade estavam abafados devido à névoa. Thomas estreitou o olhar, vendo uma rua elevar-se diante seus olhos. Ele deu passos para frente, mas escorregou nos paralelepípedos molhados pela garoa. Foi então que ouviu uma voz. Era familiar, embora ele nunca a tivesse ouvido. O que ela dizia era quase incompreensível. Ele gritou de volta, mas sua voz estendeu-se em um eco que diminuiu gradualmente com os segundos.

Thomas acordou em um salto. O suor escorria pelo rosto e banhava o corpo. A dor de cabeça o atingiu logo quando a luz do dia quase o cegou, atravessando as cortinas sem piedade. Sentando-se na cama, percebeu estar sozinho no quarto, mas no andar de baixo havia movimentação. O homem sentiu o gosto amargo na boca, costumava sentir isso quando o perigo estava por perto. Um sinal de mau agouro. Agora que havia sofrido uma tentativa de homicídio, não poderia confiar em mais ninguém.

Após um banho demorado, ele desceu para o andar de baixo. A mesa estava posta com um reforçado café da manhã, mas o Shelby não sentia fome. Ainda estava anestesiado da noite passada, onde viu o pai morrer em seus braços e provavelmente, ser enterrado sem qualquer cerimônia ou identificação. Thomas daria a notícia aos irmãos quando voltasse para casa, mas sabia que a morte não faria tanta diferença a eles. Arthur Shelby Sr. estava morto há muito tempo. Helena surgiu na outra entrada da sala de jantar; uma que dava acesso somente para os funcionários. Thomas franziu o cenho, era como se ela o esperasse para aparecer. O riso da garota cresceu nos lábios rosados, ela estava corada e isso o incomodou. Amara estava certa quando notara as segundas intenções na jovem criada, algo que nele começava a causar repulsa.

— Sr. Shelby, tomei a liberdade de preparar seu café. — Ela passeou o olhar pela comida. Thomas piscou, vendo ser comida típica do seu país — O café inglês é bem mais gostoso que o americano. Acreditei que fosse fazer bem ao senhor depois de uma noite difícil.

— Eu não tenho fome. — Ele dispensou o comentário.

— Nem vai tocar nas torradas? — Ouviu a garota dizer. Thomas encarou diretamente ela.

— Onde está minha esposa? — Perguntou. Helena mexeu os dedos de modo inquieto. Os olhos castanhos ficaram ainda mais escuros.

— No escritório. Ela pediu para não ser incomodada. — Falou de modo seco. Thomas ergueu as sobrancelhas com a maneira fria que a garota agiu.

— Helena... — Ele deu um passo para frente. Estudou a jovem meticulosamente. — Há quanto tempo trabalha aqui?

— Desde os dezessete, senhor. — Ela limpou a garganta. — Meus pais já trabalhavam para o Sr. Abbott antes dele morrer. Eu vim para o palacete algum tempo depois.

Thomas esfregou a orelha. Estava inquieto. Ergueu o olhar novamente. Ela era só uma garota, tentou se convencer disso.

— Senhor Shelby, eu cuidei das suas roupas que estavam completamente sujas de sangue. Elas já estão lavadas e passadas. Seus sapatos também estão bem escovados e engraxados. — Helena deu um passo para frente. Thomas limpou a garganta. — Posso servi-lo em mais alguma coisa? — Ergueu uma sobrancelha, prestativa. Ele conhecia bem aquele olhar, mas seu interesse era o oposto do que a jovem desejava.

— Sabe me dizer se contrataram alguém recentemente? Alguém frequenta esse lugar além da minha esposa? — Thomas perguntou. Helena trocou o peso da perna. Olhos azuis e intensos queimavam na direção da menina.

— Não que eu saiba, senhor. Eu sou só uma criada. — Ela piscou de modo inocente. Thomas desviou o olhar para a janela. — Posso saber o motivo dessas perguntas? — Quis saber.

— Não. — Ele respondeu, rude e seco. — Volte aos seus afazeres.

Helena acenou e se retirou. Thomas suspirou exausto antes de dar passos em direção ao escritório. Com duas batidas, ouviu um leve entre ser dito de modo abafado. Thomas levou as mãos para o bolso assim que entrou. Amara usava óculos enquanto assinava papéis. O cabelo estava preso de qualquer forma por uma lapiseira, mesmo que uma mecha escura insistisse em cair sobre seu rosto. Com uma sutileza impressionante, ela os tirou, mas ainda continuava com a caneta em mãos. Seria belo vê-la trabalhar, se ele não soubesse que essa era a forma que ela buscava para esquecer os problemas.

— Achei melhor não o acordar, sei que demorou para dormir. — Falou. Thomas esboçou um rápido sorriso a ela. No entanto, a atenção estava sobre os papéis. — Também mandei que preparasse seu café da manhã favorito. Você me parece mais magro que o de costume.

Thomas ergueu o olhar. Não foi exatamente isso que ouviu segundos atrás.

— Disse que não queria ser incomodada. — Ele franziu o cenho.

— Eu nunca disse isso, Tommy. — Amara encarou o marido.

O olhar do Shelby era suspeito. Thomas piscou enquanto assimilava tudo. O silêncio no escritório era perturbador. Antes que Amara pudesse falar, Thomas se adiantou pegando os documentos sobre a mesa.

— Quem os mandou? — Amara descolou os lábios com a pergunta do marido.

— O Andrea me mandou. São as questões financeiras do Hipódromo. — Ela gesticulou. — Pelo que vi, temos gastado muito com rações e treinadores, mas tem algo que não está batendo nessas contas.

— Ele esteve aqui?

O olhar de Thomas pesou sobre os ombros de Amara.

— Sim, ele esteve, mas não foi hoje. — Falou após um suspiro.

Thomas engoliu o sabor amargo da bile. Se Andrea esteve naquela casa, como Helena não saberia? Poderia haver explicações óbvias para isso, ao qual Thomas procuraria as respostas urgentemente. Seu olhar caiu para os papéis. As questões do Hipódromo eram responsabilidades exclusivas de Amara e Michael, mas o cigano entendia bem para saber que aqueles valores eram exorbitantes demais para rações e treinadores.

— Thomas! — Amara chamou. Preocupada com o silêncio do marido.

— O que ele disse para você? — Thomas largou os papéis sobre a mesa.

Amara ergueu o queixo, tentando desvendar o marido.

— O que você quer saber? — Questionou ela.

— Eu acordei com uma certa intuição. — Thomas possuía uma expressão rígida. O preto havia tomado de conta de todo o azul dos seus olhos

— Que intuição? — Ela se levantou da cadeira.

— Que Andrea é quem quer matar você! — Falou exasperado, porém, seguro.

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Após a acusação, Thomas saiu do palacete sem dar muitas explicações à esposa. Amara sentiu o mundo desabar diante seus olhos, afundando ainda mais na cadeira que antes pertencia a Richard. Se Andrea quisesse matá-la, então teria feito isso há muito tempo ou quando esteve no palacete. Mas muito provavelmente, ele estava esperando o momento certo depois do primeiro ataque, algo que planejara minuciosamente. Queria poder ir atrás do marido e tirar a real prova de tudo isso. Confrontar Mancini com unhas e garras como já deveria ter feito há muito tempo. No entanto, estava limitada. Thomas não deixaria que ela saísse daquela mansão para o perigo e por isso partiu sozinho.

— Sra. Shelby. — A voz suave de Helena a despertou longos minutos depois. A criada carregava uma bandeja com uma xícara e bule. — Vi como o senhor Shelby saiu, supus que estivesse precisando de algo. — Amara ergueu o queixo em silêncio, observando a criada dar passos em direção a ela. — Chá de gengibre e limão, o seu favorito.

Amara não respondeu. Helena foi cuidadosa ao afastar os documentos e servir o chá em uma xícara. Uma pequena fumaça subiu da bebida quente, atingindo diretamente as narinas da Shelby. O odor era diferente. Amara não sentia o suave perfume cítrico do limão com o gengibre, mas sim, uma fumaça queimando os pulmões como ácido. Também havia fatos que Helena jamais deveria saber. Foi então que tudo realmente pareceu fazer sentido.

— Beba comigo. — Amara estudou a reação da garota.

— Eu não gosto de chá, senhora. — Ela sorriu sem graça.

— Eu não perguntei se você gostava. — Disse tão afiada quanto uma lâmina. Empurrou a única xícara na direção da garota. — Beba um gole e depois eu beberei também. Não há nada o que temer, sim?

— Já que insiste. — Helena rangeu os dentes.

A criada puxou a xícara com cautela. Amara pode jurar ver os dedos da garota tremerem.

— Eu me pergunto, como sabe que gengibre e limão é o meu chá favorito? — Amara questionou ao se inclinar para frente. O tom de voz era calmo, embora ela queimasse por dentro. Helena parou a xícara antes de chegar aos lábios.

— Acho que li em alguma revista. — Sorriu ao dar de ombros. Amara sorriu também.

— É, acredito que sim. — Confirmou com cinismo. — Beba.

A última palavra saiu como ordem. Helena respirou fundo. Foi então que tudo ocorreu rápido. A criada derrubou a xícara no chão. Amara se assustou, se levantando para ver o quanto aquele chá havia estragado o tapete egípcio. Em um porta canetas, puxou um abridor de cartas afiado, escondendo sob a manga do vestido.

— Senhora Shelby, eu sou tão estabanada. — A garota se ajoelhou, catando todos os cacos de cerâmica. Usava um ar de desculpas, mas não muito convincente. — Irei limpar tudo. Me perdoe.

— O que tem no chá? — Amara parou ao lado dela. Helena ergueu os olhos, curvando os lábios em um riso cruel.

— Gengibre e limão. — Falou.

Pontos escuros surgiram na visão de Amara, fazendo-a se apoiar na mesa. Aquela era uma sensação anormal, a mesma que sentiu quando esteve na presença de Andrea. Não era um bom sinal. Helena se levantou do chão, observando a pele da outra mulher ir de bronzeado para um tom pálido assustador.

— Senhora?

Amara piscou se recuperando do mal-estar. As mãos foram ágeis em segurar o pescoço da garota com força. Helena rangeu os dentes, tropeçando nos próprios pés enquanto ia ao chão violentamente. A criada ficou imobilizada, não reconhecendo o olhar flamejante da mais velha. As mãos finas de Amara se fecharam em volta do pescoço esguio da garota, impossibilitando a passagem de ar.

— O que tinha no chá? — Amara perguntou irritadiça.

— Senhora Shelby. — Helena sufocou. — Por favor.

— Foi o Andrea que mandou você me envenenar? — Amara aproximou o rosto para o da garota.

A face branca de Helena se tornou roxa e os lábios azuis. Amara se afastou dela quando percebeu que não receberia respostas se a matasse logo. A criada tossiu com força, ainda sentindo a pele queimar dentro e fora devido os dedos da outra.

— Diga! — Amara gritou.

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Thomas saltou do carro antes mesmo que ele parasse. A fachada do Pacific Modern Diary era chamativa e o prédio estava localizado na área comercial de Boston, alguns minutos longe do palacete. Ali era onde as notícias saíam para a América e onde jornais eram fabricados. Antes que desse passos para dentro do lugar, virou-se para o motorista e mandou que voltasse para casa. Thomas sabia que iria demorar ali. As portas duplas foram empurradas com força. O Shelby passou pela primeira sala, onde uma mulher o acompanhou dizendo que precisava de autorização para entrar na próxima porta.

"Eu sou Thomas Shelby!"

A frase foi dita alta e de modo claro, fazendo com que a secretária encolhesse os ombros e voltasse rapidamente para a mesa de onde não deveria ter saído. Thomas abriu caminho facilmente pelos corredores. Se questionava como havia sido tão idiota ao ponto de não percebe isso antes, mas era claro que Mancini queria Amara morta e isso poderia envolver diversas questões, inclusive, fortuna. Invadiu a sala que Andrea estava. Havia mais dois homens na companhia de Mancini. Thomas percorreu o olhar para os rostos assustados com a sua presença ilustre.

— Saíam! — Thomas ordenou, enquanto apontava para a porta.

— Senhor Shelby, posso saber o que faz aqui? — Andrea questionou com um riso nos lábios.

— Eu já disse para saírem! — Ele bradou. Os homens se entreolharam, saindo às pressas logo em seguida.

Thomas puxou a cadeira e sentou-se. Andrea arrumou a postura do outro lado da mesa, ansioso para o que Shelby tinha a dizer.

— Confesso que esperei que fosse a Amara que viesse aparecer aqui.

— Estava esperando por ela? — Thomas trincou a mandíbula.

— Ah! — Andrea suspiro. — As mulheres têm um dom especial em nos deixar loucos e apreensivos. Com a Amie não seria diferente. Ela é tão imprevisível e manipuladora, quando quer, é claro.

— Amie. — Thomas repetiu o apelido quase em um sussurro, sentiu ânsia na forma que o homem se referia a Amara. Lembrou-se da raiva que sentia de Mancini. Sua implicância com o italiano ultrapassava qualquer limite de ciúmes e só o tolerava devido à esposa, de qualquer forma, Andrea era o segundo nas empresas Abbott e responsável por toda a papelada difícil - algo deixado por escrito pelo próprio Richard Abbott, não era como se simplesmente pudessem desligar-lo dos negócios. Andrea e Amara estavam acorrentados um ao outro. No entanto, agora, quando as peças pareciam se encaixar, Thomas não se importaria em deixar uma bala cravada no crânio do homem que um dia se deleitou do prazer de sua esposa. — O que tem em mente agora?

— Hum... — Andrea desviou o olhar para os papéis na mesa. — Tenho muita coisa para fazer e uma delas não é conversa com você, Thomas Shelby.

— Então podemos encerrar essa conversa agora mesmo. — Thomas levantou-se da cadeira. Puxou de dentro do sobretudo uma arma.

— Senhor Shelby. — Andrea primeiro sorriu, mas logo ergueu a mão em um sinal de rendição. No entanto, não acreditava que o fim dele estaria ali, sob a mira daquela arma nas mãos de um maldito cigano. — Quem você pensa que é para vir aqui, no meu jornal, me ameaçar?

Seu jornal? — Thomas destravou a arma. A raiva o corroeu de dentro para fora. — Eu sou o marido da mulher que você tentou matar. Eu sou o homem que você mandou que atirasse ontem à noite.

Andrea sorriu como se estivesse vendo um espetáculo de teatro ou um filme engraçado.

— Isso é alguma brincadeira? — Mancini perguntou, abismado.

— Eu pareço estar brincando? — Thomas ergueu uma sobrancelha. Andrea ponderou a pergunta.

— Ah! Thomas Shelby. — Andrea desviou o olhar para além do gângster, diretamente para a porta. — Parece que você chegou no clímax da história, mas garanto que não será você que terá um final feliz.

A porta foi aberta. E o que seguiu pegou Thomas de surpresa. Dois homens atiraram na em sua direção, um dos disparos o atingiu no ombro, enquanto outro se perdeu na sala. O sangue espirrou para as paredes e a dor foi latejante. Thomas gritou quando a bala abriu caminho no músculo, saindo pelo outro lado. Andrea pulou da cadeira quando o Shelby atirou na direção dele, mas atingiu um quadro, deixando um buraco profundo. Thomas chutou o primeiro homem, mas algo o atingiu na nuca, deixando-o inconsciente. Andrea arrumou a gravata do paletó, recuperando sua postura rígida e graciosa. Então deu passos até o Shelby.

— Sempre me falaram sobre o gênio de Thomas Shelby. — Andrea estalou a língua. Observou Thomas com desgosto. — A maldita mania de grandeza. O homem mais temido de Birmingham — Mancini sorriu com escárnio, então encarou os homens. — Mande um recado para a Sra. Shelby, ela vai gostar de saber onde o marido está. É claro, se ela ainda estiver viva. — Andrea falou antes de se retirar do escritório.

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Helena se achava acima da média das demais garotas da sua mesma idade. Era bonita, embora tivesse tido o azar de nascer em uma família pobre, assim pensava. Os olhos castanhos escuros combinavam com os fios lisos da mesma cor, sempre presos em um penteado que levava horas para ser feito. O rosto era limpo e com traços quase perfeitos, além de um sedutor sorriso. Por ser filha de uma cozinheira, aprendeu cedo a fazer comidas gostosas não só para agradar seus mestres, mas como para conquistar um bom marido. Helena sonhava em ter muito mais do que tinha até agora. Ela não queria ser tratada como uma empregada pelo resto da vida.

Quando passou a trabalhar no palacete do falecido Abbott, teve um pequeno vislumbre do que poderia ser dela um dia. Era claro que nada na vida era conseguido de modo fácil, mas Helena estava preparada para dar o que tinha para ter uma vida abastecida de riquezas. Conheceu Andrea Mancini há alguns anos. Ele era charmoso e um belo partido, mas ao que parecia, seu coração pertencia a outra ou na pior das hipóteses, a ninguém. Em muitos momentos íntimos ela o ouviu chamar por um nome, que só de ser pronunciado com força e prazer, lhe dava aflição. Helena gostaria de saber que tipo de bruxa Amara Shelby era. Além de ter herdado toda a fortuna e os bens do velho Abbott, ainda se casara com um homem rico e possuía um grande império. Foi então que Helena desejou ser tão poderosa quanto a Shelby, e ter seu nome chamado na boca dos homens que ela levava ao delírio.

Mancini foi o primeiro homem que a conheceu intimamente, assim como o único que estendeu a mão para que a garota de sonhos grandes pudesse chegar mais alto. Helena gostaria de se odiar pelo que iria fazer, mas Andrea tinha um plano bem bolado, embora fosse algo quase suicida. Por um momento, supôs que não fosse conseguir fazer o que havia sido destinada, principalmente quando se deparou pessoalmente com Amara e sua invejável segurança pessoal. Nada parecia atingir aquela mulher. No entanto, seu pecado ferveu um pouco mais quando ela trouxe uma pessoa junto. Thomas Shelby era a prova que tudo poderia valer a pena no final. A jovem estava segura de que seus charmes e dotes deixariam o homem rendido aos seus pés.

Contudo, Helena estava errada e não suportava o fato do senhor Shelby ter olhos apenas para uma mulher. Aliás, que tipo de homem ele era?

Algo no interior de Helena desmoronava ao estar perto daquele homem. Ele era bonito em todos os sentidos. Por um momento julgou que nenhum outro homem pudesse ser tão atraente quanto Andrea, mas estava errada. Thomas Shelby era dono de uma aparência perigosa e que a excitava. Os olhos azuis como o mar brilhava de modo perigoso sempre que ele sorria, enrugando levemente o canto do olhar. E claro, os lábios cheios e bem definidos faziam Helena suspira como uma adolescente apaixonada. Thomas não era gentil com aqueles que não possuía intimidade, isso parecia caber somente a sua esposa. No entanto, sempre que ele falava com ela, escolhia um tom suave e educado. Ela se achava especial por isso.

Helena suspirava as noites enquanto se imaginava passeando as mãos pelos cabelos macios e escuros do Shelby, da mesma forma que presenciara a esposa dele fazendo. Também deduzia qual era o sabor do beijo dele teria e, principalmente, como seria tê-lo dentro dela. Era claro que tudo isso estava limitado a uma pessoa: Amara Shelby e isso queria dizer que Helena só teria o caminho livre para os braços de Thomas se a esposa dele morresse. Ela iria garantir isso por si mesma.

— Amara, acredito que está cometendo um engano. — Helena deixou que uma lágrima escorresse pelo rosto.

— Não me chame de Amara, é senhora Shelby, vadia — Amara empurrou a garota para o divã. — Me diga o que sabe e talvez eu poupe esse seu rostinho.

Helena se encolheu. Não tinha como pensar em uma saída.

— Foi o Andrea! A ideia do chá foi dele! — Falou. Amara prendeu o ar nos pulmões, dando um passo para trás.

— O que mais foi ideia dele? — Amara tentou controlar a voz, mas estava ciente que logo perderia o controle. Helena piscou ao derramar algumas lágrimas pelo rosto.

— Matar você. A ideia foi dele, desde o começo. — Helena fungou. — Ele me perguntou o que eu queria, e eu disse: ser rica, como você. Andrea sabe muito bem como manipular as pessoas. Ele também me seduziu e disse que você fora do caminho dele, eu poderia ter o que quisesse e quem quisesse.

Amara sentiu a garganta arranhar e o sabor da bile subir para a boca. Como ela pode ter sido tão idiota de não desconfiar de Mancini? Por muito tempo o viu ao lado dela, sempre a monitorando e ajudando com papeladas difíceis. Também era do conhecimento de Amara que Andrea tinha um lado ambicioso, e pelo que parecia, esse lado estava falando mais alto. Matá-la poderia ser a forma que Andrea havia buscado para ter o controle dos negócios de Richard, aquele que o Mancini nunca aprovou que ficassem totalmente nas mãos dela. No entanto, Andrea ia precisar se esforçar muito mais para ter o controle das ações do falecido Abbott e matá-la seria muito mais difícil.

— Você era informante dele? — Amara encarou a garota.

Sim. Ele também sempre vem aqui porque eu permito que entre. — Helena não chorava mais. Seu tom de voz havia mudado para seco. Por um instante, Amara deixou de enxergar uma garota simples para ver a verdadeira face dela. — Depois que sua morte não saiu como o planejado e o assassino pago por Andrea sumiu, ele tratou de pensar em outro plano. Foi então que vocês vieram para cá e eu disse a ele cada passo que vocês davam. — Ela se sentou ereta no divã, quando a Shelby permitiu. — Minha intenção nunca foi matar o Thomas, eu tenho planos para o Sr. Shelby, penso que podemos fazer um bom casal. — Helena suspirou de modo patético para Amara. — Mas o Andrea queria tirá-lo do caminho também. O pai do Thomas levando os tiros no lugar do filho foi até bonito. Ainda lembro daquele velho me entregando a carta para o encontro, como se eu não fosse ler antes ou avisar o Andrea sobre o encontro.

— Sua vadia! — Amara deu um passo para frente. — Você realmente acreditou que eu não fosse notar seu interesse pelo meu marido? E você não passa de uma tola em acreditar nas promessas do Andrea!

— Você e seu marido se acham espertos, mas caíram na teia dele. — Helena ergueu o queixo. — Mas o alvo não é o Thomas, Andrea prometeu deixá-lo vivo, talvez só um pouco machucado. É você que deveria estar morta.

— O que mais você sabe?

— Que talvez você não passe de hoje!

Amara arregalou os olhos quando Helena avançou sobre ela com um caco afiado de porcelana. A jovem era uns centímetros mais alta que a Shelby, mas não tão graciosa com ataques. Amara foi empurrada para a mesa, mas foi rápida em puxar o abridor de cartas de dentro manga do vestido. O punho ergueu a ponta fina no ar, no mesmo momento que a Shelby usou a perna para chutar a garota para longe. Helena rangeu os dentes com a dor que sentiu no estômago, mas não perdeu o equilíbrio.

Com um golpe rápido, Amara tentou acertar a garota, mas ela foi mais rápida em se desviar. Ambas respiravam ofegante, se encarando em uma distância quase mínima. Amara segurou firme o abridor, sentindo os dedos queimarem em volta do cabo de madeira. Helena era só uma garota estúpida e gananciosa, mas ainda era uma menina. Amara não sabia se matá-la poderia ser adequado. Mas considerando que a outra não tinha nada a perder, e a horas atrás estava decidida a matá-la envenenada, decidiu avançar com o abridor. Helena gritou de modo estridente quando a lâmina fina atingiu o braço.

O sangue inundou a visão de Amara, que abriu os lábios ofegantes de modo quase orgulhoso pelo corte que fizera. No momento de fraqueza da adversária, a Shelby a empurrou contra o grande globo terrestre, fazendo com que a garota e a peça fossem ao chão em um barulho alto e estridente. Amara engoliu em seco, dando passos cautelosos até a menina. Helena chorava de modo baixo, encolhida sobre os cacos do globo, deixando o chão ainda mais manchado com um vermelho bordô. Amara apertou o cortado entre os dedos ao ajoelhar-se.

— Você é uma marionete nas mãos do Andrea! — Cuspiu as palavras. — Ele usou você e agora vai acabar sem nada. Seus pais são pessoas boas e não merecem a filha que tem. — Amara moveu o cortado para a jugular de Helena. — Você escolheu seu destino, garota.

— Não! — Ela suplicou em meio a dor. — Se me matar, não vai saber o próximo passo do Andrea.

— Eu não confio em você.

— Mas deveria. Eu sei o que ele pretende fazer. — Ela engoliu o sabor do sangue. — Ele queria que o Thomas agisse com raiva, e deve ter caído em mais um plano dele. Seja onde o senhor Shelby estiver, deve estar correndo risco de vida.

Amara estudou as feições de Helena. Mesmo em meio ao choro, ela não parecia estar mentindo. No entanto, era difícil de acreditar em qualquer palavra que saísse de uma possível assassina.

— Onde Andrea está? — Amara perguntou.

— A essa altura, no jornal, se preparando para receber o Thomas e levá-lo para outro lugar. — Helena arfou quando Amara colocou o peso do corpo sobre o dela. — Eu ouvi a conversa de vocês. Vi quando o Thomas saiu. Eu o avisei e foi então que recebi a ordem para envenená-la.

A confissão fez com que Amara sentisse mais vontade de cortar a garganta da garota. Porém, se conteve.

— Para onde ele vai levar o Thomas? — Amara empurrou o cortado na garganta da garota.

— É um abatedouro desativado, fora da cidade...

Amara se assustou quando batidas pesadas na porta invadiram a audição dela. O coração estava acelerado. O medo de perder Thomas e a própria vida estavam caminhando na mesma corda.

— São eles... — Helena falou como se soubesse exatamente quem se encontrava do outro lado da porta.

— Eles quem, porra?

— Não tem mais tempo. — Helena tentou se mexer embaixo de Amara. — Precisa confiar em mim, então pode dar um fim nisso, mas não me mate, tem que prometer.

— Eu não prometo nada a você. E se eu ou meu marido morremos hoje, você também morrerá. — Amara sibilou as palavras, saindo de cima da menina.

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HORAS DEPOIS

O lugar era úmido e com um odor forte. Os passos faziam ecos cada vez que colidiam com o chão molhado e quase irregular. Andrea calçou as luvas de couro para suportar o frio. Estava longe da cidade de Boston, em um abatedouro de porcos desativado devido a uma inspeção há muito tempo. Do mezanino, viu quando a porta da fábrica foi aberta e quatro figuras surgiram em formas de silhuetas através da luz do lado de fora. A figura do meio era mediana e tinha passos mais graciosos que os demais. Logo atrás dela, as figuras maiores e masculinas seguravam uma pessoa pequena, arrastando-a para frente contra vontade.

Descendo as escadas, Mancini chegou ao andar debaixo. O primeiro rosto que viu foi o de Helena, fazendo-o sorrir secamente. Algo a mais chamou sua atenção na garota, ela estava ferida.

— Querida, o que aconteceu? — Ele questionou. Helena olhou por cima do ombro.

— Ela é difícil de matar. — Caçoou. — Que bom que seus homens chegaram bem a tempo, ela iria me matar. — Apontou para os ferimentos que manchavam seu uniforme. — Veja só!

— Pelo visto não deu o chá como eu mandei. — Andrea deu um passo na direção de Helena, que se encolheu com o olhar raivoso do homem. De todos os olhares que recebia dele, aquele era o que mais a assustava.

— Ela desconfiou. — Helena quase gaguejou. — E depois disso me atacou.

— Amara sempre foi difícil na queda. — Andrea encarou a outra mulher. Amara parecia desacordada nos braços dos capangas. — O que aconteceu com ela?

— Eu consegui ganhar a luta e atingir ela com um abajur. — Helena sorriu de lado. — Ela não é tão difícil na queda quanto parece.

Andrea sorriu. Deu um passo até a menina. Estava machucada, muito machucada. Pelo visto, a briga com Amara Shelby não havia sido fácil. Andrea desviou o olhar para o machucado no braço dela, onde um curativo malfeito deixava o sangue manchar.

— Seus pais viram tudo isso? — Andrea perguntou, mas não estava preocupado.

— O palacete é muito grande. — Ela se encolheu com o toque áspero do couro. — A cozinha que minha mãe trabalha fica abaixo da sala de refeições. Meu pai também não estava em casa quando saímos. Duvido muito que qualquer outro empregado tenha visto.

— Ótimo, assim não precisamos dar muita explicação. — Andrea levou uma mão para o rosto da menina. — Helena, foi muito bom ter sua ajuda, mas agora eu posso seguir em frente sozinho.

A garota uniu os lábios em uma linha rígida. Andrea deu um passo para trás, se virando em seguida.

— Do que está falando? — Ela perguntou alto, fazendo com que a voz ecoasse pela fábrica vazia.

— Que seus serviços para mim já estão terminados. — Mancini se virou para Helena. As feições da garota eram ávidas. Os olhos castanhos pareciam muito mais escuros e desesperados do que ele se lembrava. — Você não é mais útil para mim, benzinho.

Ele quis sorrir, mas faria isso em outro momento. Um grito de socorro vindo do andar de cima fez com que Mancini rangesse os dentes com raiva. Helena deu um passo para frente como se quisesse protestar, mas Andrea foi mais rápido. O que seguiu pegou todos ali de surpresa, menos Mancini. Esse tinha um riso charmoso, embora cruel, nos lábios. O estrondo do disparo ecoou pela fábrica. O sangue e massa cefálica voou em direção às outras pessoas. Helena caiu no chão já sem vida. Foi então que Amara finalmente ergueu o rosto, sentindo o coração bater forte enquanto o medo percorria cada canto do seu corpo.

Os problemas daquele dia só estavam começando.

Depois de muito estresse por conta dos plagios que a fanfic vem sofrendo, o capitulo veio rs. Eu falei que essa parte era só eita atrás de vish HAHAHA e a carga emocional é bem grande e espero que isso esteja chegando até vocês.

Me sigam no twitter onde liberei umas headers com frases da fic: istreff1 e me sigam na minha segunda conta aqui do wattpad onde geralmente posto contos rapidinhos: Istref1 

Capitulo postado dia (27/02/2022), não revisado.

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