𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎┊𝟎𝟐𝟓
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Champagne. Além de simbolizar poder e glamour, contrastava perfeitamente com os olhos verdes e afiados de Amara. O vestido coberto por pequenas pedrarias reluzentes era justo ao corpo, indo um pouco abaixo dos joelhos, adornado de franjas da cintura para baixo, dando movimento e sutileza ao corte. O decote era valorizado por uma fenda funda em V, não exibindo mais do que o necessário, mas ainda provocante o suficiente para instigar imaginações. Amara optou por deixar os fios soltos, principalmente agora que eles estavam um pouco mais compridos, mas ainda beirando altura dos ombros com ondas volumosas. Antes que pudesse deixar o quarto, prendeu bem a cinta liga, e sorriu para sua versão arrebatadora. No século vinte havia aprendido a ser criteriosa com sua aparência e se tornado mais vaidosa do que esperava. Suspirou brevemente, tentou pensar no que aconteceria se Grace descobrisse com quem ela realmente passaria a noite, mas empurrou esses pensamentos para o fundo de um baú, sabendo que lidaria com a Burgess em outro momento. Com um casaco de pele em volta dos ombros, abriu a porta do quarto, unindo as mãos em frente ao corpo quando recebeu o olhar iluminado de Thomas.
Nem todo o luxo do quarto se comparava a bela mulher a sua frente. Thomas abriu um singelo sorriso notando minuciosamente cada detalhe que Amara parecia ter destacado propositalmente. O vestido da cor de champanhe brilhava com elegância, assim como fazia contraste com as madeixas escuras e soltas, emoldurando perfeitamente o rosto feminino e delicado. Thomas respirou fundo com a beleza de Amara, gostando principalmente do olhar, onde nenhuma nota dócil era presenciada facilmente. Não. Aquele olhar que o provocava era carregado de malícia e aventuras. Amara tinha muito a esconder, mas ele adoraria descobrir explorando-a como um mapa de tesouro. Ela era enervante, e negava a submissão que outras mulheres lhe dariam facilmente. Por esse e outros motivos, Thomas confirmaria com todas as letras que se sentia apaixonado, e falaria isso em voz alta se fosse preciso. Talvez dissesse isso a ela naquela noite, já que não tinha tanta certeza se teria outras chances como essas.
— Eu poderia ficar aqui e contemplá-la a noite inteira. — Ele tomou controle dos pensamentos, pronunciando as palavras lentamente.
— Incrível como sempre sabe o que dizer, claro, quando convém. — Ela deu um passo até ele. Seu perfume era forte, Thomas sabia que ela fizera aquilo de propósito. O odor avassalador de rosas era pungente, o enfeitiçando calorosamente. — Mas você me prometeu um passeio.
— E você terá. — Ele sorriu, erguendo o braço. — Vamos?
— Vamos.
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SMALL HEATH
O primeiro lugar a ser visitado foi o Garrison. Em algum momento, a notícia do incêndio do lugar chegará aos ouvidos de Amara, mas ela não o esperava se deparar com um novo ambiente mais requintado e tão... dourado. Era claro que Thomas daria uma aparência melhor a seu pub, assim chamaria menos atenção para o que não queria. A música alta anunciava a festa e isso se devia à soltura de Arthur, que encontrava-se animado do outro lado do bar rodeado de amigos e uma atraente mulher de cabelos escuros. Pelo modo que estavam agarrados, Amara supôs ser sua namorada.
— Hey, Amara! — Ouviu o nome ser dito. Arthur ergueu um copo no ar. A mulher ao lado fez a mesma coisa. — Bem-vinda ao novo Garrison.
— Obrigado. — Disse em resposta, aumentando o tom de voz para poder ser ouvida do outro lado.
Thomas abriu caminho na multidão festiva, levando Amara até uma mesa reservada, longe de toda a confusão e risadas altas. A deixou a sós por um momento para pegar uma bebida no balcão, o clássico uísque irlandês. Amara sorriu levemente tirando algumas lembranças do fundo da sua mente, era naquele lugar que tudo começara. No meio de todas aquelas pessoas e rostos, reconheceu um jovem adolescente, que arrumou a gravata como só um adulto faria. Finn, o mais jovem Shelby, que crescerá muito em poucos anos, apresentando agora uma aparência madura. O garoto se aproximou, abrindo um riso charmoso para a visita inusitada.
— Oi, Amara... Digo, Sra. Abbott. — Se atrapalhou por um instante, arrancando uma risada da mulher.
— Está tudo bem, Finn. Continuo sendo a velha Amara. Não precisamos ser tão formais.
— Então tem doces na sua bolsa? — Ele perguntou, bem-humorado. Amara soltou um riso nasal, negando.
— Não tenho, mas posso providenciar, ainda gosta de chocolates? — Perguntou. Finn acenou rapidamente em silêncio. Viu quando Thomas rasgou um caminho facilmente pela multidão. A garrafa do uísque foi deixada na mesa por ele, assim como dois copos.
— Finn, eu não quero ver você bebendo uísque. — Thomas o encarou.
— Não brigue comigo na frente dela. — As bochechas pálidas do garoto se tornaram vermelhas. — Amara, faz muito tempo que não vejo a Sarah, tem contato com ela?
— É claro. Sempre comemoramos os feriados juntas. — Disse animada. Thomas serviu dois copos de uísque, sentando-se perto da mulher. — Assim como você, ela mudou muito.
— Eu duvido. Ela deve estar pior que quando éramos crianças. — Comentou.
— Finn! — Thomas encarou o irmão mais novo. Não foi preciso muito mais que um aceno para Finn saber que deveria deixá-los a sós.
— Eu tenho que ir. Foi ótimo falar com você novamente, Amara. — Disse ao se despedir.
Amara bebeu um gole de uísque. Enquanto sua atenção estava presa no público, sentiu o olhar de Thomas queimar em sua pele. Ela o encarou, deixando que um riso sedutor deslizasse pelos lábios rosados.
— O Garrison ficou muito bonito. — Amara elogiou.
— É. Eu tenho pensado na aparência dos negócios.
— Você é um homem inteligente, Tommy. — Amara cruzou as pernas. Por um instante, Thomas deixou que seu olhar caísse para as pernas da mulher. — Pensando em absolutamente tudo. Sempre a um passo à frente da lei.
— Isso explica a personalidade do Kevin Mooney. — Disse. Amara arrumou a postura, piscando algumas vezes. — É, eu li seu livro. Não sabia que era uma ótima escritora.
— E aprendeu algo? — Ela se inclinou levemente sobre ele. Thomas sorriu de lado, também umedeceu os lábios antes de falar.
— Eu não quero ter o mesmo final. — Disse. Amara se afastou. Por um momento uma nuvem densa pareceu pousar sobre as feições do cigano. Ele estava sendo sincero e realmente preocupado. Amara levou a mão para a de Thomas, chamando sua atenção.
— Não precisa ter.
— Quando desejamos muito uma coisa, o esforço não pesa tanto. — Thomas citou uma das passagens do livro. Não sabia que aquela frase estaria fazendo tanto sentido no seu atual momento. Amara sorriu sem mostrar os dentes.
— Nunca imaginei que ouviria algo do tipo sair dos seus lábios.
— Kevin e eu somos parecidos em muitos pontos. — Thomas disse. — Mas eu não tenho medo só de morrer, Amie, eu também tenho medo de perder meu poder.
— Vocês são gananciosos. — Amara desviou o olhar para o copo de bebidas. — Mas não julgo, eu me tornei algo parecido e não me arrependo.
— Eu tenho orgulho do que se tornou. — Ele puxou o rosto na mesma direção que a dele. Amara piscou com ternura. — Você sim, tem cartas nas mangas. Eu não me canso de ser surpreendido por você. Até quando você matou Campbell e deixou que a culpa caísse para meu lado.
— Uma mulher faz o que é preciso para sobreviver. — Respondeu. — E a ideia foi toda sua. Precisava ver o modo que aquele filho da puta tremeu na minha frente. — Ela sorriu de modo ardiloso. — Eu me senti vingada, agora sei o que você sente quando faz o que faz. É excitante ter poder nas mãos, Tommy. Eu gostei de me sentir poderosa e garantir meu bem-estar.
Thomas não podia discordar. Também sabia muito bem até onde a mulher poderia ir pelo seu bem-estar pessoal. Matar, no entanto, era algo que ainda não combinava com ela, ou talvez, Thomas não gostaria de enxergar isso em uma pessoa como Amara. Ela era a parte boa que lhe restava e jamais deveria se corromper. O olhar do Shelby pousou sobre a aliança que ela ainda usava. Aquele pequeno símbolo o incomodava. Imaginar Amara nos braços de outro homem, compartilhando o corpo de maneira íntima, era demais para ele. Thomas não negava que sentisse ciúmes, mas agora, sabia que a teria novamente e não importava quanto esforço teria que fazer. Lentamente, quebrava o gelo que formava ao redor da Abbott, sabendo estar muito próximo de ter o coração dela.
— Seu falecido marido foi um homem de sorte. — Conseguiu dizer, ainda que a palavra marido o incomodasse. Amara limpou a garganta antes de encolher os dedos.
— Ele foi. — Soou melancólica. De todas as emoções que gostaria de sentir naquela noite, tristeza não era uma delas. Amara ergueu o queixo, contemplando a beleza do Shelby ao seu lado, desviando o assunto de Richard. — Eu batizei a égua de Vega seguindo o velho costume do meu pai. Ela é um animal incrível, dócil e inteligente. May é uma boa treinadora.
— Eu sei que é. — Thomas relaxou um braço ao redor do ombro dela, trazendo-a sutilmente para seu lado. — Sei que Vega vai levar o melhor prêmio.
— Sobre o dia da Derby. — Amara abaixou o tom de voz. O abraço de Thomas era confortável e ela não se afastaria. — O que realmente pretende fazer? Não adianta esconder nada de mim, Shelby, tem algo incomodando você. Eu sei.
— Amie, eu prometi a mim mesmo que deixaria você fora desse mundo. — Thomas travou o maxilar.
— Não tem como me deixar longe disso. Não depois do trato que eu fiz com a Grace. — Falou. — Que obviamente não irei cumprir. — Completou.
Por um momento, as pupilas de Thomas se dilataram enquanto o estômago revirou com o nome citado. Tentou disfarçar inutilmente seu incômodo, mas de uma hora para a outra sentiu-se inquieto por saber que Grace e Amara tiveram algum contato.
— Que trato? — Perguntou Thomas.
— De me manter longe de você até o dia da corrida. — Amara cerrou os dentes quando finalizou a frase. Thomas passou a mão pelo rosto.
— Por que ela pediria uma coisa dessas?
— Grace acredita que eu sou uma distração para o que você realmente tem que fazer. — Amara levou a mão para a de Thomas. — O que você tem que fazer nesse dia, Tommy?
— Algo sério. Do interesse dela e dos fenianos. — Disse. O olhar preocupado que recebia o incomodava, mas Thomas não gostaria de envolver Amara em seus problemas mais do que ela possivelmente já estava.
— Algo que pode te matar? — Perguntou lentamente, temendo pela resposta.
— Talvez. — Um suspiro esvaziou o pulmão do gângster. — Por isso deve ser feito em local público.
— Ah! Meu Deus! Tommy, você vai matar uma pessoa. — Aquela afirmação só fez com que o coração de Amara disparasse. Ela alcançou o copo de uísque, bebendo tudo de uma vez. — Isso pode ser perigoso, você pode acabar morrendo.
— Eu não pretendo morrer, Amie. — Ele segurou o queixo da mulher. — Eu vou estar em Epsom quando Vega ganhar a corrida. Vou estar ao seu lado e vamos comemorar bebendo a mais cara bebida que o dinheiro pode comprar.
— Isso é mais que uma promessa. — Disse ela. — O meu acordo com Grace foi feito para tirar a Polly da prisão. Aquela mulher é tão ruim quanto Campbell. Eu deveria ter deixado que o John a matasse naquele beco.
— Eu sei. — Thomas acenou. Puxou o rosto de Amara, juntando as testas sutilmente. — E vou cuidar dela quando tudo acabar.
— Eu acho que posso fazer isso. — Amara sorriu levemente. — Aliás, é minha culpa ela ainda está viva.
Thomas não disse mais nada, ao invés disso tomou os lábios de Amara em um beijo suave. Com a mão presa na nuca, inclinou o rosto feminino para poder aprofundar a intensidade, deixando claro o que realmente queria e estaria disposto a fazer naquela noite. Amara permitiu que a língua de Thomas invadisse sua boca, enquanto sentia algo poderoso e excitante tomando de conta do próprio corpo. Ambos sabiam que aquele momento era algo mais do que apenas a junção de dois lábios. Muito mais do que os desejos reprimidos de dois adultos. Aquela era uma declaração feita silenciosamente dos amantes, beirando os riscos para ficarem juntos. Deixando que os desejos falassem mais alto que a razão. Thomas se afastou de Amara, mesmo sob seu próprio protesto. Aquela noite ainda estava começando.
— Gosto como suas bochechas ficam vermelhas sempre que beija. — Amara comentou, raspando sutilmente os lábios nos de Thomas. — Eu senti falta disso, é difícil confessar em voz alta.
— Não parece demonstrar da mesma forma. — Ele brincou. — Eu quero saber se você me permite mostrar meu outro lado, aquele que não cheguei ter a chance de apresentar quando nos conhecemos. O mesmo que eu acreditei que não existia mais aqui dentro.
— Sim. — Ela o puxou para um beijo rápido. — Thomas Shelby, essa noite eu permito tudo a você.
— É bom ouvir isso. — Sorriu. — Eu quero levá-la a outro lugar. — Disse de modo animado. — Tenho ingressos para uma peça teatral. Ela vai começar em algumas horas.
— Peça teatral? — Amara inclinou o rosto.
— Eu quero surpreender você. — Ele disse. Amara sorriu com empolgação.
— Tudo bem, mas antes eu quero dançar. — Ela se animou ao levantar-se da cadeira que estava.
Thomas a seguiu com olhar, não pensaria em se opor, principalmente quando Amara o desafiou silenciosamente. Ela sabia usar muito bem suas armas femininas, e sem muito esforço. Bastou um riso de lado e olhos brilhantes para que o Shelby se levantasse do lugar que estava e a puxasse calorosamente para o meio do salão. E embora alguns outros casais se unissem para dançar, Thomas havia se rendido apenas a mulher a sua frente, mantendo-a bem presa em seus braços enquanto conduzia os passos de dança. Por um momento, as demais pessoas desapareceram para que o lugar se tornasse maior para o casal principal. Amara foi puxada para mais perto de Thomas, percebendo que o tempo ainda não parecia ter chegado-lhe. O rosto bem-marcado ainda continuava da mesma forma que ela o conhecera. Os lábios, que agora se encontravam levemente curvados para o lado de forma sedutora, ainda eram tão convidativos quanto antes. Thomas Shelby era atraente e muito quente. O verdadeiro diabo de Small Heath.
O perfume feminino se acentuou no momento em que Amara pousou o rosto no ombro de Thomas, fechando os olhos por um curto instante. Tudo que ela queria naquele momento era que ele ficasse bem, e que a tarefa que deveria fazer em Epsom, não o roubasse dela. Após tanto tempo, Amara sabia que não valeria a pena mentir para seu próprio coração ou esconder o que começava a sentir com mais força. Sua viagem ao passado não fora em vão, e embora sentisse falta dos entes deixados no futuro, não conseguiria dizer adeus aos amigos feito nessa época ou de abandonar quem possivelmente era o verdadeiro dono do seu coração. Amara voltou a encarar Thomas, percebendo no olhar do cigano o verdadeiro esforço que ele estava fazendo, tendo certeza de que ele merecia ser salvo.
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LONDRES
Os lugares que Thomas comprou eram privilegiados, dividindo espaço com pessoas da alta sociedade. O camarote ficava no segundo andar do teatro, composto por cadeiras confortáveis, além de comida e bebida em abundância. Amara encarou a plateia no andar debaixo, vagando o olhar até parar no palco, onde dois atores contracenavam. O folheto em suas mãos dizia um pequeno resumo da peça:
"O diabo, cansado da sua vida solitária no inferno, resolve subir ao mundo dos humanos para se entreter e capturar mais algumas almas. É nesse momento em que ele se depara com um anjo enviado por Deus para que o impeça de continuar as aventuras na terra. O diabo estava convencido de que manipularia facilmente o doce anjo e o corromperia facilmente para o seu mundo. Contudo, a paixão por aquele anjo o golpeou sem piedade, fazendo com que o diabo abrisse mão do submundo e tentasse novamente o perdão do pai para poder viver no paraíso ao lado do anjo."
Era um roteiro de tirar o fôlego, com interpretações profundas e melancólicas. Amara encarou Thomas ao lado. Embora ele tentasse parecer confortável no meio daquelas pessoas, ainda era claro que preferia estar no Garrison com sua gente, mas o Shelby parecia se esforçar para ter uma noite perfeita.
— São belos lugares. — Ela comentou. Sua atenção se prendeu rapidamente a um garçom, enquanto servia duas taças com espumante.
— Eu sabia que iria gostar. — Thomas pegou uma taça, erguendo-a. — Sabe fazer brindes?
— Que você passe longas horas no paraíso antes que o diabo perceba que fugiu do inferno. — Amara brindou.
— Ultimamente tenho ido do céu ao inferno muitas vezes. — Thomas bebeu um gole do espumante. O sabor adocicado e leve não caía em seu gosto, ainda preferia o velho e bom uísque irlandês.
— Tenho certeza de que hoje será a vez de subir até o céu. — Ela lançou uma piscadela a ele, antes que voltasse a atenção a peça.
Ser provocado publicamente o excitava. Viver em meio ao caos e perigo era natural para o cigano, assim como ele jamais negaria uma aventura em busca do prazer. Thomas passou a língua entre os lábios, checando rapidamente a sua volta. Além dele e sua adorável companhia, o camarote também contava com a presença de um banqueiro e sua esposa, mas ambos pareciam submersos na encenação, não dando tanta importância a outras pessoas. Amarrar o cadarço do sapato foi um disfarce sutil para fazer o que realmente queria. Sua atitude audaciosa fez com que seu corpo acendesse rapidamente. Ao tocar a panturrilha de Amara, deixou que os dedos deslizassem sutilmente para cima, indo lentamente em direção a parte mais calorosa da mulher.
— O que está fazendo? — Amara puxou o ar para os pulmões, ligeiramente atônita quando os dedos do cigano invadiram o meio das suas pernas.
— Está de cinta-liga, sabe que isso me deixa louco. — Thomas murmurou quando sentiu o tecido macio e fino.
Seu dedo indicador circulou em volta da peça íntima feminina. Amara reprimiu um gemido, levando a bolsa para cima das coxas e torcendo internamente para que o casal ao lado não notasse a atitude do seu companheiro. Contudo, ela não o impediria, aquele toque era tudo que precisava. Era a vez d'ela subir ao céu naquela cidade infernal. Thomas deixou um beijo sobre o ombro de Amara, enquanto seus dedos a estimulavam por cima do tecido. A atenção do Shelby se prendeu à forma que a mulher reprimia os gemidos com as ondas de prazer que recebia por meio dos dedos dele. Thomas sabia que logo ela desabaria e ele estaria lá para ampará-la.
— Isso faz parte do seu plano em me impressionar? — Amara perguntou entredentes. Thomas não respondeu, mas intensificou os movimentos. — Tommy...
— Você vai gozar no meu dedo. — Aquilo soou como uma ordem. — Já tá tão molhada.
Amara mordeu os lábios com força. Estava completamente vulnerável ao toque habilidoso de Thomas em volta do seu clitóris. Não demorou para sentir os sentidos embaralhar, enquanto lançava o rosto para cima e revirava os olhos com prazer. O orgasmo veio forte e molhado, trazendo leves contrações e formigamentos pelas partes mais sensíveis do seu corpo. Amara podia jurar que toda sua excitação escorreria pelas pernas se ela ousasse se levantar daquela cadeira.
Thomas a invadiu ao afastar a peça íntima. Ele queria prová-la, saber se o sabor dela ainda era o mesmo depois de todos os anos. Amara se permitiu soltar um gemido quando um dedo de Thomas e a orquestra da peça agiram no mesmo momento. De alguma forma, ambos pareciam conectados, atiçando nela, alguns sentidos adormecidos. Dois dedos entraram e saíram suavemente. Thomas aproximou o rosto para o dela, deixando beijos leves pelas maçãs vermelhas e pescoço. Era perigoso masturbá-la em público, mas o proibido era sempre mais prazeroso.
— Você se tocava? — Perguntou em um sussurro. Amara mordeu o canto interno da boca, apertando a beira do vestido quando Thomas a penetrou com mais um dedo. Mesmo que já parecesse o suficiente, ela queria algo mais grosso que aquilo para suprir o desejo que sentia.
— Sim. — Respondeu em um suspiro.
— Você pensava em mim quando se tocava? — Ele a provocou com os lábios. Mordeu sutilmente a orelha dela, enquanto seus três dedos trabalhavam habilidosos por baixo do vestido.
— S-sim. — Respondeu, ofegante.
— Era só o que eu precisava ouvir. — Ele se afastou, tirando os dedos rapidamente. Amara protestou com um gemido chateado assim que sentiu um vazio instantaneamente. Seu olhar se prendeu a Thomas e a forma que ele lambia lentamente o que havia na ponta dos dedos. — Ainda é como eu lembrava. Vamos!
Thomas não esperou por uma resposta. Amara foi puxada da cadeira antes que pudesse dizer algo. Os passos largos e apressados do Shelby abriam caminho facilmente pelas pessoas, atravessando corredores e descendo escadas, indo em direção a uma parte mais simples do teatro. Amara se comparava a uma pequena pluma sendo levado por uma intensa ventania — Era sempre assim que se sentia perto do Shelby. Levou alguns minutos até que Thomas abrisse uma porta e se certificasse que ninguém o incomodaria ali. Amara não teve tempo para checar, mas deduziu que o pequeno espaço não passava de um armário de vassouras em uma área onde somente funcionários deveriam ter acesso.
Praguejando de forma baixa por perder as rédeas, Thomas a beijou novamente, dessa vez, mais feroz, enquanto ambas as respirações ofegantes se misturavam de forma alta naquele cômodo. Amara levou as mãos para o paletó masculino, deslizando-os para baixo no mesmo momento em que suas pernas eram erguidas para ser acomodada no colo do Shelby. Pararam apenas por um único momento, para recuperarem o fôlego e voltarem a se despir ligeiramente. Amara sentia no beijo de Thomas uma vontade desenfreada de desejo e tesão acumulado, sendo facilmente rendida a mesma coisa, querendo mais do que tudo que ele a invadisse de maneira selvagem.
Thomas a pôs no chão, retirando o vestido caro com habilidade. Se vislumbrou com a peça íntima e provocadora que a mulher usava. Se ajoelhou deixando beijos pela barriga e coxas, ignorando a dor que sentia com os puxões de cabelo que levava. Erguendo o rosto, ele a contemplou por um instante antes que afundasse o rosto no meio das pernas. O sabor era inconfundível, assim como o calor que sentia ao ter o rosto apertado entre as coxas torneadas. Thomas a sugou com vontade, experimentando-a como uma fruta exótica. Amara mordeu os lábios com força, fechando os olhos enquanto seu sexo era estimulado por uma língua quente e veluda.
— Eu gosto de ver você de joelhos. — Comentou, mesmo ofegante.
Thomas ergueu o rosto, prendendo o olhar no dela. Sua língua percorreu o caminho de cima abaixo, permitindo que a excitação feminina invadisse sua boca como mel e escorresse pelo queixo.
— Eu poderia fazer isso a noite inteira, se permitisse. — Respondeu ao se afastar brevemente.
— Eu permito.
Amara percorreu as mãos pelas costas do Shelby, implorando internamente para que ele não parasse de chupá-la. Thomas ergueu uma perna, facilitando que seu rosto se encaixasse melhor no sexo feminino. Ele permitiu que a língua explorasse cada canto e textura que podia, sentindo a própria ereção pulsar na calça. Amara se contorceu inquieta, apertando cada vez mais os lábios ao sentir que seu orgasmo estava prestes a chegar. Mais uma vez viu o mundo ao seu redor parar, sentindo somente as batidas do coração em seus ouvidos e as pernas tremerem, mal suportando o próprio peso.
Thomas se levantou, dessa vez, beijando-a de forma quase insaciável, se deliciando ao ouvir gemidos escaparem dela. Rapidamente, a levantou do chão e a confinou contra a parede. Ignorou quando algo caiu ao seu lado. Amara foi rápida em abrir a braguilha da calça, estimulando o comprimento que saltou em sua direção duro e quente. Thomas gostou da breve masturbação, o toque suave dela era enlouquecedor. Amara sabia que teria tempo para experimentá-lo em outro momento, já que agora, tudo que queria era senti-lo duro dentro dela. Thomas a penetrou lentamente. Ainda se lembrava bem como a mulher era apertada. Ele arfou sentindo seu pau abrir um caminho até o fim, encaixando-os de vez.
Amara não se importou em ter suas costas pressionadas contra a parede. Suas pernas e braços estavam em volta do gângster como serpentes, e ela não o soltaria tão facilmente. As estocadas se tornaram altas da mesma maneira que os gemidos. Amara não se importava se o espetáculo que estava acontecendo dentro daquele cômodo chamasse atenção, principalmente por ela ser a grande estrela da noite. Thomas fechou os olhos por um momento, deixando que a sensação amistosa que sentia embaixo se transportasse para todo o corpo.
Ela aumentou o ritmo, entrelaçando ainda mais as pernas em volta da cintura de Thomas. Pelo que parecia, não importava o quanto ele estivesse enterrado até o fundo, ainda não era o suficiente. Thomas cedeu ao pedido silencioso, acertando um tapa na bunda dela quando deu seu melhor naquele momento. Amara era insaciável e ele jamais se cansaria de servi-la.
— Era sua intenção desde o começo me foder em um armário? — Amara cravou as unhas no ombro de Thomas. Sua voz saiu pesada. Sentia o suor escorrer do seu cabelo para o pescoço, mas não se importou, principalmente por ver que Thomas se encontrava na mesma situação.
— Não, mas é difícil me controlar perto de você...
— Bem, eu aprecio então todas às vezes que conseguiu guardar seu precioso pau nas calças estando ao meu lado. — Sorriu maldosa. Thomas apertou os olhos.
— Ah! — Arfou de prazer. — Cale a boca. — Disse antes de colocar os próprios lábios dos dela, empurrando-a contra a parede novamente.
Mantendo o ritmo, Thomas a estocou com mais força, ainda mais fundo e da forma mais selvagem que podia. Amara abriu os lábios, mas não soube emitir qualquer ruído quando ondas de prazer a tomaram novamente, afundando-a sem piedade em um mar de clímax intenso e gostoso. Diferente dela, Thomas emitiu um gemido grutal, derramando o próprio leite fora, escorrendo pelas pernas femininas quando alcançou seu prazer. Mesmo quando ambos pareciam ter parado e ainda se recuperavam do intenso orgasmo, ainda permaneceram juntos. Amara ainda estava bem presa a Thomas, sentido que ele era como sua âncora, estacionando-a em um mar de sensações e prazeres que ela há muito tempo ansiava sentir.
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Amara sentia todos os membros do corpo pesados como chumbo. Sair daquele armário um pouco descabelada e com roupas amarrotadas foi mais fácil do que ter que cruzar com uma multidão ao fim do espetáculo. Thomas a puxou pela mão, se divertindo com as feições suaves que recebia dela, e se agradando principalmente das bochechas ruborizadas e pupilas dilatadas. Minutos depois, ambos estavam no carro, ainda trocando beijos e carícias, enquanto faziam o caminho de volta para casa.
Era começo da madrugada, mesmo assim o hotel ainda era movimentado. No quarto que estava hospedada, Amara deixou a bolsa sobre a mesa, enquanto passava a língua pelos lábios ainda sentindo o beijo do cigano.
— Obrigado por me acompanhar até aqui. — Ela deu um passo até ele. — Eu gostei muito do passeio, principalmente do espetáculo.
— Nossa noite não precisa acabar agora. Ainda tenho alguns minutos no paraíso. — Ele a puxou para mais perto, segurando-a firmemente pela cintura. Amara sorriu de lado.
— E o que ainda quer fazer? — Ela o provocou.
— Muitas coisas. — Ele a beijou levemente. Amara sorriu de lado, permitindo que os lábios de Thomas deixassem beijos estalados em seu pescoço e colo.
— Que coisas? — Ela se afastou brevemente.
O olhar do cigano pousou sobre ela como um leão faminto por sua refeição. Amara se distanciou, tirando primeiro seus saltos, seguido do casaco.
— Podemos trepar nessa mesa e depois na varanda.
— Na varanda? — Ela sorriu, maliciosa. — Não quero ser presa.
— Podemos ir para o quarto e terminar na sua cama. — Ele deu um passo até ela.
— Você tem a incrível habilidade de trepar a hora que quer? — Perguntou. Thomas sorriu ao confirmar aquilo em silêncio. — Gosto disso.
Com a voz áspera e sedutora ele disse.
— E você é insaciável. Essa também é uma habilidade que eu aprecio.
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Ainda estava longe de amanhecer, mas Thomas sabia que seu tempo no paraíso estava se esgotando. O peso sobre seu peito foi deslocado para o outro lado. Amara ainda dormia profundamente enrolada nua entre lençóis brancos. Sem fazer movimentos bruscos, Thomas saiu da cama, sentindo os pés descalços protestarem no piso gelado. Um vagaroso sorriso fluiu nos lábios do Shelby ao encarar sua amada na cama. Já era tão óbvio que ele finalmente tinha conseguido o que queria, que se perguntou se aquilo não passava de um mero sonho. No entanto, agora precisava ser cauteloso para não a perder novamente, e sabia que algo ainda os impedia de ficarem verdadeiramente juntos. Por esse motivo, vestiu sua calça rapidamente e caminhou até o telefone na sala.
Não se importava se era tarde da noite e que provavelmente Grace se encontrava dormindo há uma hora dessas, mas o que ele precisava falar não poderia esperar. Demorou poucos minutos até que uma voz pesada atendesse do outro lado da linha.
— Quem é? — Perguntou.
— Eu estive me preparando para todos os seus truques, Grace. — Thomas disse. — Sei que tem colocado homens para vigiar minha família, e agora sei que quer me manter longe da Amara.
— Thomas? Mas que inferno, são quatro horas da manhã. — Grace praguejou do outro lado da linha.
— Talvez tenha colocado homens para vigiar Amara, então eu estou ligando para dizer pessoalmente que eu passei a noite com ela e irei amanhecer também. — Disse, deixando que seu tom suave e ameaçador chegasse ao outro lado da linha.
— Você está com ela...
— Saiba que se a envolver em qualquer perigo, eu matarei você da mesma forma que Campbell foi morto, e eu não ligo que seja uma mulher. — Abaixou o tom de voz. — Quero que saiba também que a única forma de me deixar longe dela é me levando preso ou me matando. Caso contrário, eu nunca me manterei longe da Amara, nem para fazer seus gostos. Agora, espero que tenha uma boa-noite de sono Sra. Burgess, nos vemos na corrida.
Thomas não esperou por uma resposta. O telefone foi desligado rapidamente. Desviando o foco do aparelho, ele voltou ao quarto, encostando-se no batente da porta para admirar a bela mulher. Amara girou entre os únicos três travesseiros que havia sobrado na cama, deixando que o lençol escorregasse do seu corpo. Thomas sorriu levemente com a melhor visão que podia ter naquele momento. Os seios pequenos e firmes atraiam sua atenção. Ele ainda se recordava de momentos atrás, onde podia tê-los na boca ou cabendo perfeitamente em suas mãos. Amara tinha uma beleza magnífica, acentuada cada vez com o passar do tempo. Thomas sabia que era um homem de sorte por tê-la só para ele. A única coisa que podia pedir aquela altura era que ele tivesse o mesmo valor para ela.
— Tommy... — Amara murmurou. Abriu lentamente os olhos, lutando ainda contra o sono pesado.
— Eu não fugi. Ainda estou aqui e vou ficar. — Ele respondeu ao caminhar até a cama, juntando-se a ela. Puxou o lençol para cima, enquanto trazia o corpo feminino e curvilíneo para sua direção. — E pretendo fazer isso por muito tempo.
Acho que não tem forma melhor de começar um ano novo do que com um capitulo assim hahaha
Trago boas notícias a vocês, para quem me acompanha no twitter sabe que eu já concluir essa obra em OFF por isso teremos capitulo novo TODO DOMINGO, já anotem aí na agenda de vocês. Espero que estejam gostando da fanfic, ainda tem muita emoção para rolar por aqui.
E ainda não acabou, lancei um teste de personalidade e para fazer basta ir no meu perfil e acessar o link que está no meu mural ou no fixado do twitter para saber qual personagem de Dobra no tempo você é mais parecido, mas me contem viu! Eu tirei a Sarah hahaha.
Depois desse cap a raiva pela Amara passou? Falei pra ter paciência com a gata, ela não tava com nenhuma raiva do Thomas, apenas assustar com real objetivo dela.
Capitulo postado dia (02/01/2022), não revisado.
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