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𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎┊𝟎𝟐𝟑

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Polly foi surpreendida pela visita inesperada do filho, mas se sentiu insatisfeita por Amara não o acompanhar. Alguns poderiam dizer que a Shelby endurecida pela vida tinha se rendido à maternidade novamente, coisa que Polly não poderia negar. Há muito tempo o prazer de ser mãe havia sido roubado dos seus braços com um ato injusto e cruel, e agora, ela não pouparia esforços para mimar o filho e fazer dele uma pessoa honesta — tudo sem renunciar à liberdade que ele deveria ter. Um riso bondoso surgiu nos lábios de Michael, enquanto via o modo cuidadoso que a mãe recém-descoberta tinha em cortar o sanduíche de mortadela. Era estranho chamar outra mulher de 'mãe', mas já estava se habituando. Crescido em uma família de fazendeiros, o jovem carregava lembranças fragmentadas onde sua mãe adotiva alegava serem besteiras, e foi assim até o início da fase adulta. Quando Thomas Shelby apareceu em sua porta, tudo passou a fazer sentido. Michael entendeu de vez as memórias e reconheceu o rosto da mãe biológica quando pôs os olhos nela. Infelizmente ou não, sua família biológica trabalhava com coisas bem diferentes do que o garoto esperava, e talvez esse fosse o real motivo de tantos segredos guardados por um longo tempo.

— Ainda não me conformo que ela não tenha vindo. — Polly disse, referindo-se a Amara. Estava chateada, mas contente por ver o filho novamente. — Quando ela irá aceitar meu convite? Será que é tão ocupada assim?

— A Sra. Abbott teve que visitar a Sra. Carleton, que está treinando uma égua. — Michael explicou. Ainda era cedo quando sua chefe partiu para a mansão de May Carleton, deixando claro que não tinha horas para voltar e que Michael poderia ter o dia livre para fazer o que preferisse.

— Agora ela está envolvida com corridas também? — Polly ergueu uma sobrancelha. Se sentou em uma cadeira ao encher duas xícaras com chá.

— Sim. — Michael sorriu.

— Então, como é trabalhar para ela? — Perguntou, curiosa. — Ela tem sido bondosa com você? Me conte tudo.

— Bem, não é mais fácil do que seria trabalhar para o Thomas. Ela é exigente, muito, eu diria. — Suspirou um pouco deslumbrado. — Mas ela é boa com negócios, mesmo quando se arrisca com eles. Quando estou na companhia dela nunca sei o que pode acontecer. Amara é um pouco impulsiva e não gosta de ser contrariada. No geral, tem sido um aprendizado, eu tenho muito o que aprender com pessoas assim. Eu gosto dela, de verdade, achei que isso fosse impossível de acontecer, a Sra. Abbott parece fechada.

— Mas não deixe que o poder suba para a sua cabeça — Polly alertou, percebendo como os olhos do filho brilharam por alguns segundos. — Ou que confunda suas obrigações com sentimentos pessoais.

— Mãe, às vezes sinto que caí em algo planejado. — Comentou. Polly limpou a garganta. — Amara parece conhecer muito bem a família Shelby. Ela é amiga da prima Ada e parece ter algo pessoal com o Tommy, eu vi como eles se trataram no leilão. Você me mandou procurá-la, eu entendo que ao lado dela estarei melhor, mas às vezes penso que fez isso só para mantê-la por perto.

Polly bebericou o chá, após isso prendeu a atenção sobre o lanche na mesa.

— Amara se tornou uma mulher influente, e com bastante poder nas mãos. — Disse pensativa e segura das próprias palavras. Polly havia tido tempo suficiente para aprender que Amara não era uma ameaça, e sim uma possível solução. — Ela pode facilmente manipular as pessoas ao seu redor. Também é a única que pode colocar Thomas Shelby de joelhos sem muito esforço, basta ter interesse para isso. Tê-la por perto é bom, eu espero.

— O que quer dizer? — Michael abandonou o pedaço de sanduíche. — Que tipo de pessoa ela é para colocar Thomas de joelho?

— Ela é a mulher que vejo nas cartas. A única que pode salvar seu primo dele mesmo. — Polly desviou o olhar para os anéis. — Pena que eu soube disso tarde demais. Eu não deveria ter sido tão dura com ela, mas Amara sempre foi e será um enigma para todos.

Michael uniu as sobrancelhas confuso com as palavras da sua mãe. Sentiu um sabor amargo na boca ao saber que Amara era a única que poderia salvar Thomas, mesmo que não entendesse bem o sentido daquelas palavras. Realmente seu envolvimento com a Sra. Abbott possuía um significado maior do que esperava, algo planejado por sua mãe. Michael percebeu que Polly era balança da família Shelby, mantendo cada membro na máxima sintonia possível ou pesando sempre para o lado que os favorecesse.

— Então agora que ela está aqui, o que pretende fazer? — Michael estreitou o olhar.

— Eu tenho planos, mas só o destino saberá o que fazer. — Murmurou as palavras.

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O tempo passou depressa. Era quase noite quando Michael ouviu batidas insistentes na porta. Polly estava distraída em frente a lareira, enquanto tricotava um casaco ao filho, completamente imersa em seus pensamentos a respeito de tudo que estava acontecendo à sua volta. A Gray começava a gostar do bairro que estava, além disso, a casa que vivia era mais espaçosa e aconchegante que sua antiga casa em Small Heath, cujo dividia espaço com o local de apostas. Depois de tudo que passara, a única coisa que Polly queria dar ao seu filho era um lugar digno para viver.

— Com que ordens? — Polly ouviu Michael rugir da porta. — Sob qual acusação?

Não teve tempo para ir até lá. Três policiais surgiram em seu campo de visão, puxando-a do sofá grosseiramente, destratando-a em seu próprio lar. Polly não soube como reagir, às agulhas que estavam em suas mãos, juntamente com o casaco, foram ao chão. Aquilo a pegará desprevenida. Seu coração deu batidas fortes dentro do peito, enquanto sentia todos os seus medos virem à tona.

— Larguem minha mãe! — Michael avançou sobre os policiais. Foi impedido de acertar um soco no rosto de um dos homens quando foi imobilizado na parede.

— O que está acontecendo? — Polly perguntou surpresa, embora não pudesse disfarçar o medo em sua voz. Foi preciso ver o filho ser maltratado para que seu instinto protetor falasse mais alto, avançando contra os policiais com tapas e chutes. — Larguem meu filho!

— Elizabeth Pollyana Gray, você está presa. — Um policial a segurou, sendo ágil em prender as mãos da mulher em uma algema. — Se você reagir, será pior.

— Não! — Disse ela, alarmada.

— Sob qual acusação? — Michael perguntou alto. Sua garganta ardia devido seus gritos, mas ele não pararia até que fosse respondido.

— Eu vou ficar bem, Michael. — Polly disse antes de ser arrastada como um animal para fora de casa. — Chame ajuda. Eu vou ficar bem!

Michael abriu caminho entre os policiais. Não era possível que um reforço tivesse sido chamado para levar uma mulher de meia-idade para a cadeia. Polly foi jogada dentro da viatura, gritando palavras cujo seu filho do lado de fora não conseguia ouvir. Michael cerrou os dentes, ofegante. Todos do bairro pareciam parar para entenderem o que estava acontecendo. Ele viu quando uma mulher loira e bem-vestida se aproximou. O riso maquiavélico estava pintado em seus lábios, fazendo com que uma fúria crescesse ainda mais dentro do peito do jovem advogado.

— Você é Michael Gray? — Ela perguntou. Michael puxou o ar para os pulmões, confirmando em silêncio. — Ótimo, diga ao Tommy Shelby que o império dele está prestes a ser derrotado caso ele não faça o que foi mandado.

— Por qual acusação minha mãe está sendo levada? — Michael deu um passo ameaçador. Grace não se moveu, ainda se divertia internamente com a fúria dos Shelby. Eles eram todos iguais.

— Por qualquer um que eu quiser. — Sorriu. — Não esqueça de passar meu aviso, garoto.

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— Você deve olhar no fundo dos olhos do seu animal, assim ele saberá que você se importa com ele, passará confiança e respeito. — A voz de Richard era rouca e serena. Amara obedeceu ao encarar Lestat profundamente. O animal recém-chegado era arisco e quase indomável, mas de uma beleza avassaladora. Sem dúvidas, o melhor presente que já ganhara de Richard.

O cavalo bateu as patas frontais no momento em que sua crina branca foi acariciada. Amara tentou demonstrar e passar confiança e carinho, aliás, eles não eram tão diferentes dos humanos. Cavalos respondiam aos seus donos se fossem bem tratados. Eles precisavam se sentir amados e seguros para poderem cooperar e se tornarem tão leais quanto os cães.

— Acho que em poucos meses ele vai ser dócil. — Comentou ela. Richard levou as mãos para o bolso do casaco, contemplando Amara com o belo animal. Sabia que não erraria no presente. A jovem mulher não escondia o apreço por cavalos e ele daria qualquer coisa a ela só para poder ver um sorriso jovial e sincero, acompanhados de olhos brilhantes e alegres como de uma criança.

— Sim, mas é melhor não tentar correr com ele antes que o dome completamente. — Alertou.

— Tudo bem. Obrigado pelo presente Richard. — Amara o encarou. O riso aberto da mulher fez o interior do homem aquecer de maneira orgulhosa. — Você tem sido como um pai para mim.

— E você como uma filha, sabe disso. — Ele deu um passo até ela, deixando um beijo leve e afetivo nas madeixas escuras.

Amara piscou novamente ao encarar a égua à sua frente. Vega, Amara a nomeou assim, igualmente a estrela mais brilhante da constelação de Lira, e uma das estrelas mais brilhantes do céu noturno. Seguiu o velho costume do pai, com certeza ele ficaria orgulhoso em saber quem ela tinha se tornado durante todo esse tempo. A égua estava sendo bem tratada na enorme mansão de May, recebendo o mais caro e moderno adestramento que Amara podia pagar. A Carleton estava segura de que Vega ganharia a corrida de Epsom, deixando seus concorrentes para trás.

— O que está fazendo? — May se aproximou de Amara, percebendo como a mulher parecia hipnotizada com os olhos escuros da égua.

— Tentando mostrar confiança e fazer amizade. — Amara murmurou. Vega piscou de modo cauteloso, dando um passo para frente, pedindo por mais cafuné. — Ela é dócil, não vai dar tanto trabalho, até fico com dó em a pôr para correr. No entanto, tenho certeza de que ela vai conseguir um bom lugar na corrida. — Disse. May cruzou os braços, vendo a intimidade surgir entre o animal e a mulher. Amara sorriu satisfeita, deixando um leve beijo no animal. — Acho que consegui.

— Tem algo que não consiga? — May sorriu de lado quando os olhos brilhantes de Amara pousaram nela. — Você conseguiu ganhar essa égua de Thomas Shelby, você consegue qualquer coisa que quiser.

— Eu dei meu lance e ele não conseguiu cobrir. — Amara se afastou do animal, dando passos para fora do estábulo. — Foi assim que a ganhei, e não por bondade do Shelby.

— Posso entender que tipo de amizade tem com aquele homem? — May ousou perguntar. Amara puxou o ar para os pulmões, virando-se para a treinadora. — Percebi como se trataram depois do leilão, pareciam bem íntimos, como se já se conhecessem bem.

— Thomas e eu tivemos algo há alguns anos. — Disse.

— Mas não parece ter ficado no passado. — May deu mais um passo.

— Você o conhece? — Amara perguntou.

— O suficiente para saber que ele não faz coisas boas. — May sorriu de lado. Há um tempo tivera a oportunidade de conhecer Thomas durante suas idas ao leilão. E descoberto da pior maneira que ele era o responsável pelo incidente que levou a morte de seus agentes pelas mãos dos terríveis Peaky Blinders. — Não sabia que tinha contato com esse mundo.

— Há muitas coisas que não sabe sobre mim, May. — Amara soou direta.

— Tem razão. — May deu mais um passo. Contemplando Amara dos pés à cabeça.

Quando May foi contatada direto da América, esperou que estivesse fazendo negócios com uma mulher mais velha do que realmente esperava. Era sempre isso que remetia aos seus pensamentos quando ouvia o sobrenome Abbott ser pronunciado. May não havia tido chances de conhecer pessoalmente Richard Abbott, mas sabia que estaria fazendo bons negócios com a viúva dele. Mas foi ao ser apresentada a uma jovem mulher de olhos brilhantes e gananciosos, que a Carleton percebeu que algo maior do que pretendia fazer estava surgindo diante dos seus olhos. Amara era jovem, aventureira, e segura de que tudo que quisesse, teria sem problemas. May não esquecera da pequena jogada da Abbott contra um gângster perigoso, fazendo perceber que Amara derrubaria quem fosse possível para ter o que quisesse. Naquele momento, May sentiu o fôlego faltar em seu peito, deixando-a mais excitada por estar fazendo finalmente negócios com uma mulher a sua altura.

— Acho que teremos muito tempo para nos conhecermos melhor. — Sorriu, paqueradora. Amara fez o mesmo, sentindo uma brisa gelada levar seus fios soltos para trás. — É quase noite, você vai ficar para dormir aqui? É o que as pessoas geralmente fazem.

— Por que não? — Amara inclinou levemente o rosto. Umedeceu os lábios ressecados pelo frio antes de voltar a falar. — Você tem uma casa bem grande.

— Sim, às vezes é solitário viver aqui. — Disse de modo sincero. — Não se preocupe, eu lhe darei um mapa para não se perder durante a noite, caso saia do seu quarto.

— Sempre dá um mapa para seus convidados? — Amara questionou, bem-humorada.

— Só para as pessoas especiais. — May girou os calcanhares para a mansão. — Vamos?

Amara assentiu, passando na frente, deixando que seu perfume pairasse no ar. May percebera como ela mudava rápido suas feições de orgulho para suaves e joviais. A Carleton interpretava aquilo como algum personagem, deduzindo que talvez, Amara tivesse passado por coisas ruins ao ponto de endurecê-la. No entanto, uma coisa May Carleton não podia negar, era difícil manter os pensamentos em ordens ao estar na presença daquela mulher. De certa forma, a postura frígida a deixava ainda mais atraente e difícil de resistir.

— Você não vem? — Amara a chamou já com uma certa distância.

— É claro. — May deu passos, alcançando Amara em poucos segundos.

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O calor da lareira aquecia as mulheres por fora, enquanto o uísque irlandês fazia isso por dentro. A noite ainda não tinha chegado, mas o sol já não brilhava tanto entre as nuvens carregadas. Amara contou sobre sua vida ao conhecer Richard, e como principalmente teve a brilhante ideia para o jornal. May também decidiu abrir seu coração ao contar sobre o falecido marido, compartilhando com a visita, os sentimentos que a viúves trazia. Ambas sabiam muito bem as dores que carregavam no peito e eram compatíveis em muitos pensamentos.

— Sra. Carleton, o telefone tocou. — Um serviçal surgiu na sala. May a encarou por cima do ombro.

— Tudo bem, irei atender. — Respondeu.

— É para a Sra. Abbott, é de um homem chamado Michael. — Disse o serviçal. Amara ergueu o queixo, apreensiva.

Amara se levantou da cadeira em um salto. Seus passos foram rápidos ao chegar no telefone pendurado na parede do corredor principal.

— Michael? Sou eu. — Disse ao posicionar o telefone na orelha. Ouviu um suspiro doloroso do outro lado, embora a voz parecesse furiosa.

Levaram ela, Amara, levaram minha mãe presa. — Ele disse. Amara se encostou na parede ao sentir tudo ao seu redor girar com a notícia nada boa.

— O quê? Por qual motivo? — Foi a única pergunta que conseguiu elaborar.

Ela não disse. — Amara ouviu um chute ser dado do outro lado. Michael voltou atenção ao telefone novamente. — Ela só levou minha mãe. E-eu não sei o que fazer, você precisa me ajudar, eu peço por favor, me ajude!

— Michael... — A mulher se mexeu inquieta. Um suspiro cansado saiu das suas narinas. — Eu estou voltando para Londres, me encontre no hotel, vamos resolver isso. — Amara tentou soar calma, mesmo que seu interior parecesse desmoronar.

Tá, tudo bem. — Ele confirmou, encerrando a ligação.

Amara permaneceu estática por poucos segundos. Seus pés a levaram de modo automático até a sala de visitas, onde o olhar preocupado de May pousou sobre ela pesadamente.

— Aconteceu algo ruim? Você está pálida. — May observou, levantando-se da poltrona.

— Eu preciso voltar para Londres. — Respondeu. — Agradeço a hospitalidade, May, mas agora eu tenho que ir.

— Tudo bem. — May cruzou a sala. Ela estava perto, tão próxima que Amara pode ver os olhos castanhos brilharem levemente. — Consegue dirigir nessa situação? Você não parece bem.

— Eu vou ficar. — Amara esboçou um sorriso tranquilizador. — Adeus.

— Adeus.

Amara alcançou as coisas sobre uma mesa, partindo em direção ao seu veículo. Enquanto dirigia, via seus pensamentos entrarem em conflito ao tentar deduzir o que estava acontecendo. Era realmente difícil ficar longe das confusões dos Peaky Blinders, mas dessa vez, sentia que Thomas e sua família provavelmente haviam ido longe demais.

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BIRMINGHAM

Por um momento, Thomas viu tudo à sua frente escurecer com a notícia que recebia de Lizzie, sua secretária. Dois golpes e um único dia era quase demais para o que podia suportar. Não pensou duas vezes em pegar o carro e dirigir até a igreja. A noite chegou fria, mas o coração do cigano ainda se encontrava mais rígido que gelo. Com um empurrão forte, abriu as portas da igreja, dando passos largos e barulhentos em direção a mulher que o aguardava pacientemente em um dos bancos de madeira.

— O que você tem na cabeça, hein? — Thomas perguntou. Seu tom de voz saiu alto, fazendo ecoar pelo salão. — Que porra você tem nessa sua cabeça?

— Eu agradeceria se pudesse controlar essa sua língua suja de cigano. — Grace lhe lançou um olhar amargo, enquanto arrumava a postura no banco e fazia o sinal da cruz.

— Você me prometeu proteção. — Thomas tentou controlar a voz. Suas mãos se fecharam em torno da barreira de madeira que o impedia de alcançar Grace, estavam tão firmes que os nós surgiram rebeldemente. — Tínhamos um acordo!

— Thomas, querido, você deveria saber que as coisas têm saído um pouco de controle. — Grace disse. Thomas se afastou, controlando a respiração ofegante. — No seu ramo, principalmente.

— Você me prometeu a maldita de uma proteção e na primeira oportunidade leva meu irmão e minha tia presos. — Thomas apontou um dedo para Grace.

— Querido, eu não prometi nada a você. — Ela sorriu, testando até onde Thomas iria se controlar. — E eu não tenho culpa se seu irmão retardado decidiu atacar um homem poderoso em Londres ou da sua tia está desviando seu dinheiro para uma conta fantasma.

— Não mente para mim! — Thomas deu um passo, ficando a poucos centímetros de Grace. — Não venha se sentar nesse maldito banco da sua igreja e mentir para mim. Quem ajudou você, hein? Foi o Sabini?

— Eu não me envolvo com esse tipo de pessoa, um gângster em meu pé já é mais que o suficiente. — Grace levantou-se. Thomas tinha as feições transtornadas, suas pupilas estavam dilatadas e sua respiração era ofegante. — É melhor controlar suas emoções, ou sairei daqui sem resolvemos nada.

Thomas engoliu o sabor amargo da bile. Deu alguns passos para trás, passando a mão pelo rosto.

— Bem melhor! — Grace inclinou o rosto. — Vamos ver o que posso fazer. Seu irmão está em uma cela fedorenta com homens ainda piores do que ele, mas as acusações contra ele são fortes e eu não tenho dúvidas que dessa vez o destino dele seja a forca.

Thomas girou os calcanhares ao ouvir a palavra forca, encarando a mulher.

— Sua tia, bem. — Grace sorriu. — Tem desviado uma quantia alta de dinheiro para uma conta fantasma em Londres, e ela confessou o crime.

— A Polly nunca faria isso. — Thomas disse baixo e entredentes.

— Com a motivação certa ela faria, e hoje eu conheci a causa disso. — Grace suspirou. — Então o que temos aqui. Seu irmão pode pegar pena de morte e sua tia pode pegar dez ano de prisão e só para finalizar, sua companhia inteira está um caos, pelo que parece, você não é tão bom nos negócios quanto pensa.

— Fala logo o que você quer.

— O que eu quero? — Grace abriu a pequena porta de madeira, dando um cauteloso passo até Thomas. — Eu não entendi.

— Eu já disse que vou matar aquele homem, e o que mais você quer? — Thomas se inclinou levemente na direção de Grace, levando as mãos para trás das costas.

— Ah, querido. — Grace soltou um leve sorriso. Desviou o olhar para a gravata de Thomas, arrumando-a delicadamente. — Eu não tenho garantia de que vai fazer esse serviço para mim. E depois de saber que uma certa pessoa voltou, cheguei a uma breve conclusão de que talvez nossos negócios possam ficar um pouco... estremecidos. — Ela ergueu o olhar, aproximando o rosto para o de Thomas. Os olhos azuis e frios a encaravam inexpressivos. — Então eu pensei, ameaçar sua vida não é o suficiente, você não parece ter medo de morrer. Mas a vida daqueles que você ama pode ser um belo gatilho para garantir que você vai me obedecer. Eu precisava ter poder sobre você e acredito que agora conseguir. Tenho seu irmão e a sua tia, e se não fizer o que combinamos, terei a sua irmã, Ada, e claro, a sua querida Amara. — Grace sorriu de lado, percebendo como Thomas parecia perde o fôlego de vez. — Estou à sua frente, Thomas, eu sei que você faz todos os dias, com quem se encontra e com quem fala, às vezes consigo ler até seus pensamentos. — Piscou para ele. — E como o Campbell costumava me dizer desde que eu era uma menina, para fazer com que os cachorros te obedeçam é preciso ameaçar de vez enquanto.

Grace deu um passo para trás, erguendo a mão direita para acenar para Thomas, antes de partir. Depois que a porta bateu atrás dela, Thomas voltou a respirar, socando o ar inúmeras vezes até que atingisse um banco de madeira, fazendo-o parar para sentir a dor. Campbell poderia ter morrido, mas deixou uma cria treinada para infernizá-lo. Usar sua família para garantir algo era golpe baixo. Usar a mulher que ele amava chegava ainda ser pior. No entanto, o Shelby traçou novos planos e sabia que Grace era uma pessoa facilmente guiada pela raiva. Ele não perderia essa guerra ou as pessoas que amava.

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Michael não soube explicar o que acontecera tão repentinamente, e imaginar os motivos que poderiam ter levado sua mãe aquela prisão o intrigava, sabendo muito bem no que a colocara. Amara sentia sua cabeça latejar ao tentar assimilar o recado que ele deveria dar a Thomas, assim como a mensageira. As características da mulher dada pelo advogado faziam o coração dela errar algumas batidas. O que poderia ser uma coincidência, poderia também ser certo: Grace estava de volta para ferrar com os negócios de Thomas.

Amara mal esperou amanhecer novamente, aliás, não havia dormido a noite inteira. Enquanto se via em uma insônia quase depressiva, pensou em puxar o telefone do gancho e ligar para Thomas e entender melhor o que de fato estava acontecendo, mas desistiu, sabendo que muito provavelmente, ele tinha problemas para resolver.

Michael a acompanhou até a delegacia de Birmingham. Amara não pôde deixar de torcer o nariz ao esperar na porta sua autorização para entrar e falar com a autoridade daquele lugar. Estava disposta a pagar a fiança de Polly Gray, não se importando com o valor. Embora demonstrasse calma e serenidade, Amara estava apreensiva e tremia por dentro, assim como seu advogado andava de um lado para o outro, mordendo a ponta do dedo com inquietação.

— Amara Abbott, tem autorização para entrar. — Um policial disse ao surgir do outro lado das grades dos portões.

— E quanto a mim? É minha mãe que está lá dentro. — Michael deu um passo até as grades.

— Terá que esperar aqui fora. — O homem disse, não dando tanta atenção a Michael. Seu rosto se virou para Amara, chamando-a com um aceno. — Vamos.

— Michael, eu vou tirar sua mãe daqui. Eu prometo. — Amara tentou confortar o jovem advogado, mesmo não estando tão segura se conseguiria isso tão facilmente.

Foi guiada em silêncio para dentro da prisão. Amara evitou encarar ao seu redor enquanto era levada por um corredor diferente do que pretendia, por um momento pensou em perguntar se era realmente aquele lado que ficava as celas, no entanto, sua pergunta se desfez quando o policial parou em frente a uma porta, abrindo-a em seguida. Com um aceno, Amara entendeu que deveria entrar na sala. Relutante, a mulher deu um passo para dentro, deixando que olhar se fixar na figura esguia e feminina sentada do outro lado de uma mesa. Tudo que ela podia falar naquele momento, optou pelo silêncio.

— Amara Abbott, achei que nunca fôssemos nos encontrar pessoalmente. — Grace sorriu. Amara ergueu uma sobrancelha, não demonstrando nada em seu rosto além de indiferença e segurança.

— Eu não tenho nada para falar com você. Polly Gray, onde ela está? — Amara perguntou.

— Eu acreditei que agiríamos como mulheres maduras quando nos encontrássemos. Fiquei surpresa por saber que era você que estava lá fora, então vai servir para o que eu preciso. — Grace se levantou da cadeira. Amara a acompanhou com o olhar enquanto a loira dava a volta na mesa. — Ainda lembro das suas palavras quando não deixou que o John atirasse em mim. 'Você vai me agradecer futuramente por isso'. Quem diria que agora estaríamos aqui e eu logicamente estaria realmente agradecendo por você ter me dado a chance de voltar a essa cidade e terminar o serviço de Campbell. — Deu um passo para frente. Amara ergueu o queixo, fechando a mão em um punho. — Obrigada, Amara, por permitir que minha vida não acabasse naquele beco fedido, pelas mãos de um Peaky Blinders. Espero que não esteja arrependida do que impediu naquele dia.

— O que você quer aqui, Grace? — Amara aliviou as expressões, não entregando o que a mulher a sua frente queria.

— Ah, você e sua curiosidade. — Sorriu, lembrando vagarosamente de uma das características mais marcantes de Amara. — Eu só voltei para limpar a cidade de criminosos, mesmo que esteja trabalhando com um.

— Pelo visto você ainda acha que pode fazer tudo. — Foi a vez de Amara sorrir, trocando o peso da perna. Sua paciência parecia estar indo pelo ralo, mas se esforçou em não entregar o jogo.

— É claro que posso, inclusive, tenho Thomas Shelby no meu bolso, posso usá-lo da forma que quiser. — Disse asperamente. Amara rangeu os dentes, unindo as sobrancelhas, demonstrando uma ligeira confusão que agradou a Grace. — Ah, ele ainda não teve tempo de contar a você que estamos trabalhando juntos? — Questionou. — Achei que você fosse o amor da vida dele, mas pelo visto ele ainda não confia em você o suficiente para contar tudo. Porém, deve saber que sim, estamos bem próximos.

— O que o Thomas faz ou deixa de fazer não é do meu interesse. — Disse ao recuperar a postura. Amara deu um passo para frente, estreitando o olhar. — Estou aqui por outro motivo, vim pagar a fiança de Polly Gray.

— Ah, claro. Ela acabou de passar por um interrogatório. — Grace estalou os dedos lembrando-se dos tapas que havia desferido no rosto da mais velha. — Não sabia que estava tão disposta a salvar aquela cigana. — O olhar de Grace pousou sobre alguns papéis na mesa, antes de puxá-los e lê-los silenciosamente. — Tenho aqui um pedido de revogação de prisão e só precisa de uma assinatura para que a Polly saia da cadeia em algumas horas.

— Sua assinatura. — Amara disse entredentes. Era claro que Grace tinha uma carta nas mangas pronta para usar. O que ela pediria em volta, era o que intrigava Amie.

— Esse seu olhar é bem parecido com o que recebi ontem quando o Thomas me encontrou. — Comentou. Amara suspirou impaciente, deslocando o olhar para o outro canto da sala, pousando sobre algumas fotografias emolduradas apenas para não encarar a mulher à sua frente. Grace parecia fazer questão de reforçar o quanto estava próxima de Thomas, algo que não abalava Amara em nenhum sentido, provavelmente, o Shelby a odiava tanto agora quanto no passado. — Raiva, é isso que leio em seus olhos. Um pouco de rebeldia também.

— O que quer para assinar esse papel e libertar aquela mulher? — Amara cruzou os braços, não conseguindo mais suportar todo aquele diálogo. — Dinheiro? Eu posso pagar.

— Eu sei que pode. — Grace inclinou o rosto. — Mas eu não faço questão disso, talvez não saiba, mas meu falecido marido era bem rico.

— Então se casou e ficou viúva? — Amara perguntou antes de emitir um sorriso nasal. — Coitado dele, dá para ver que não foi um sujeito de muita sorte.

— Não foi só você que fez uma vida na América. — Foi a única coisa que ela respondeu.

— Grace, podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil. — Amara deixou que sua voz se tornasse única na sala, reunindo toda sua confiança para depositar na liberdade de Polly. — Eu poderia passar o dia inteiro conversando com você se tivesse estômago para ouvir sua voz, mas sou uma pessoa ocupada. Lá fora tem um filho desesperado por uma mãe levada de casa como uma criminosa perigosa. E em algum lugar desse prédio tem uma mulher presa injustamente, e sendo torturada para os seus próprios objetivos.

— Estou aqui me questionando, por qual motivo eu faria esse favor para você? Sabe, nada vem de graça, deveria saber.

— O que você quer? — Amara questionou. — Informações? Quer saber sobre o que Thomas Shelby e sua organização realmente fazem? Quer saber o que realmente vim fazer nesse país?

— Isso ficou no passado, Amara. — Grace disse. — Talvez o que eu queira é algo mais simples e fácil de ser feito.

— Então diga.

— Fique fora do caminho de Thomas Shelby! — Grace endureceu o tom de voz. — Você na cidade pode dificultar um pouco os meus planos, como dificultou na primeira vez que pôs os pés em Birmingham.

— Você acha que eu sou uma ameaça? — Amara sorriu de maneira áspera.

— Eu sei o seu valor para o Thomas. — Grace deixou os papéis na mesa. — Então, fique longe dele até o dia da corrida da Epsom.

— O que vai acontecer em Epsom?

— Não é da sua conta, querida. — Grace gesticulou com as mãos. — E então, temos um acordo?

— É só isso? — Amara suspirou ao perguntar aquilo. Não era o tipo de acordo, se assim podia chamar, que gostaria de fechar naquele dia. Mesmo relutante, Amara acenou lentamente, mesmo que tivesse outros pensamentos em mente.

— Eu sabia que iria cooperar. Amara Abbott é realmente uma mulher de negócios. — Grace puxou uma caneta, a posicionando sobre o papel.

Em questão de segundos, um nome foi deixado sobre a folha em uma letra cursiva. Grace encarou novamente Amara, que diferente dela, não parecia tão saudável depois do acordo que acabara de fazer, mas agora não tinha volta. Amara deveria ficar longe de Thomas Shelby até ele cumprir sua missão na corrida. Caso contrário, Grace cuidaria pessoalmente da mulher que havia assassinado Campbell.

Postando o capítulo hoje para aliviar o estresse do pós-ENEM pq que sei que vários leitores da fic fizeram. Também quero deixar minhas palavras de apoio a vocês: Sei que a prova não foi fácil, mas vocês são muito mais que uma nota. Eu parabenizo TODOS que fizeram a prova, eu acredito muito em vocês, tenho fé que vão conseguir uma boa nota para entrar em seus cursos e se tornarem profissionais que nosso país merece.

No capítulo passado eu agradeci pelos 60k de visu da fic e hoje agradeço pelos +70k, vocês são incríveis e não sabem como cada comentário, voto e leitor novo me tira um pouco do meu pico de estresse e ansiedade. Muito obrigada ♥

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Capitulo postado dia (22/11/2021), não revisado.

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