Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎┊𝟎𝟐𝟐

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

Amara sabia que suas questões na Inglaterra estavam indo mais além do que planejara. Depois do encontro com Thomas Shelby, e da intensa competição que tinha se envolvido com ele, focou a mente no que deveria fazer. Aliás, nem Thomas ou qualquer outra pessoa deveria ficar entre ela e seus objetivos naquele País. Era cedo quando encontrou Alfie, colocando em prática suas obrigações no bairro dominado por judeus. O prédio que comprara era bem localizado, ficando às margens de um canal de águas turvas. Segundo Solomons, aquela localização era disputada e Amara sabia bem o motivo. No entanto, suas pretensões iam além de um bom desvio de mercadorias contrabandeadas. Seus negócios não envolviam nada ilícito, embora estivesse negociando com um gângster. A Abbott via naquele prédio de três andares, construído de tijolos marrons, a primeira sede do seu jornal. Sabia que seria um trabalho árduo, e imaginou o que Richard diria-lhe naquele momento, muito provavelmente a elogiaria ou lhe daria um belo puxão de orelha por se aventurar em territórios como aquele.

— E então, o que vai fazer com os demais imóveis? — Alfie a despertou de seus pensamentos. Amara levou as mãos para o bolso do casaco pesado que usava. O frio de Londres era tão rigoroso quanto o de Boston, felizmente ela já havia se acostumado a isso.

— Irei alugar. — Respondeu.

— Sabe que pode conseguir uma boa quantia com esse prédio, ele é bem localizado. — O judeu deu um passo até a mulher. Amara o encarou.

— Aqui será a sede do meu jornal, pelo menos, para o começo. — Disse. Confiante. — A reforma começará ainda esse ano. Logo, toda a Inglaterra vai conhecer o Pacific Modern Diary.

— Estou ansioso por isso. — Alfie comentou como se também fizesse parte dos planos. — E sobre minha parte, logo estarei mandando alguns dos meus agentes para Boston.

— Andrea já está ciente. — Michael se pronunciou. Por um momento, Amara havia esquecido da sua companhia. — Ele esperará seus agentes e passará as informações necessárias para começarem os negócios em Boston.

— Enquanto isso, acho que podemos comemorar já que nossos negócios estão fluindo bem. — Alfie abriu um generoso sorriso para a americana.

— Isso pode ficar para outro momento. — Amara o dispensou após um breve suspiro. — Acho que posso confiar em você para arrumar bons trabalhadores para mim, sim?

— Vou ver o que posso conseguir para a vossa majestade. — Disse, ironicamente.

Amara puxou os cantos dos lábios. Deu um passo largo até ele, encarando-o de perto. Em outros tempos ficaria de pernas bambas na presença de homens como aquele. A Abbott não negava que o perigo a excitava de uma maneira quase surreal. No entanto, agora, seus interesses eram outros e Alfie não conseguiria o que provavelmente estava planejando, principalmente se fosse algo mais íntimo.

— Você manda e desmanda nesse lugar, isso já ficou obvio para mim. — Inclinou o rosto, mantendo o olhar fixo nos olhos quase acinzentados do judeu. — Mas pelo bem dos negócios, é bom fazer o que eu peço ou seus agentes não vão colocar nem um fio de cabelo no meu hipódromo.

— Eu já disse, vou conseguir o que for preciso, majestade. — Disse de modo lento. Amara puxou o ar para os pulmões.

— Ótimo, é bom saber que está cooperando. — Ela deu um sorriso como um sinal de adeus.

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

O céu tomou cores surreais. O rosa se juntou com o salmão se tornando um belo pôr do sol, trazendo cor e vida para aquela cidade cinza e fria. Amara encarou a avenida enquanto seu carro fazia uma curva fechada. Embora sua atenção estivesse presa do lado de fora, ainda ouvia tudo que seu novo advogado tinha a dizer sobre seus empreendimentos em um novo país.

— Você me lembra o Andrea. — Amara revirou os olhos. — Qual o problema em se arriscar um pouco de vez enquanto?

— Não vejo problemas, mas temos que ser cautelosos. — Michael limpou a garganta ao receber o olhar frio da mulher. — Acha mesmo que o Solomons vai nos ajudar sem pedir por algo mais?

— Eu sei bem que tipo de pessoa é o Solomons, e se ele quiser que seus agentes façam uma boa fortuna em Boston, terá que dançar conforme a música toca. — Desviou o olhar para a avenida, abrindo os lábios brevemente quando viu algo chamar sua atenção. — Motorista, pode parar aqui?

— O quê? — Michael pareceu surpreso ao ver o veículo reduzir a velocidade. Estavam em um bairro de classe média, apenas alguns quilômetros do hotel.

Amara saiu do carro antes que seu motorista abrisse a porta. Seu riso cresceu ao caminhar em direção a mulher que tentava segurar sacolas e ter o controle do filho. O que veio a seguir foi rápido. A criança se afastou, apressando os pequenos passos em direção à avenida, enquanto o grito de desespero da mãe era ouvido. Amara acelerou os passos, segurando as mãos do garotinho, puxando-o para o colo antes que algo pior acontecesse. O peso do garoto em seus braços a fez lembrar que muito tempo passara desde a última vez que vira Ada e seu filho, mesmo assim, ainda via o olhar jovial e rebelde na Shelby mais nova.

— Olá, Karl. — Sorriu para a criança em seu colo. — Vejo que você está bem grandinho, mas ainda não o suficiente para andar sozinho. — Disse enquanto caminhava de volta para a calçada.

Ada levou as mãos para o peito, aliviada, enquanto via o filho nos braços de uma pessoa que julgou nunca mais ver.

— Amara, de onde você caiu? — Ela perguntou, ofegante. Puxou o filho para o colo, abraçando-o. — Obrigada. — Agradeceu quase em um sussurro.

— Eu vi você, confesso que não esperava te encontrar em Londres. — Disse.

— Eu digo o mesmo. — Ada falou.

— Sra. Abbott, temos que ir. — Michael deu uma leve corrida até as mulheres, parando ao se deparar com um parente. — Prima Ada! — Pareceu surpreso, mas sorriu quando percebeu a pequena confusão estampada na face da mulher.

— Esperai, vocês se conhecem? — Ada apontou para o primo, tão surpresa quanto o jovem. — É para ela que está trabalhando?

— Sim. — Confirmou. — E pelo visto, minha chefa conhece toda minha família, até melhor do que eu. — Comentou, levando as mãos para o bolso.

— É uma longa história. — Amara não se aprofundou.

— Já que está aqui, agora posso convidá-la para tomar um chá de modo decente. — Ada colocou o filho no chão, dessa vez, segurando firme as mãos do garotinho. — Você também está convidado, primo Michael.

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

Enquanto Michael se distraía com Karl e seus novos brinquedos, Ada serviu uma xícara de chá com biscoitos, vendo sua visita estudar minuciosamente toda sua nova casa. Depois do favor feito a Thomas, a Thorne se surpreendeu ao ver que a ex-garçonete não escolheu ficar ao lado do irmão mais problemático, preferindo partir com Ariana para uma nova vida. Ada sabia que não gostara por acaso da companhia de Amara, internamente sabia que a ex-garçonete era esperta, tendo consciência de que sua vida fora do buraco de Small Heath seria melhor e bem mais promissora. Havia coisas que Thomas jamais poderia oferecer a Amara, e uma mulher como ela sabia que merecia algo muito além de uma vida cheia de riscos. Ada gostava da energia da Abbott, entendendo de vez toda a admiração do irmão por ela.

— Vive aqui com seu filho e seu marido? — Amara perguntou, enquanto se distraía com a decoração chamativa do lugar.

— Na verdade, o Freddie morreu há pouco tempo, então agora é apenas eu e o Karl. — Ada respondeu ao sentar-se. Amara se aproximou da velha conhecida.

— Eu sinto muito. — Disse, sincera. Ada sorriu de modo quase doloroso, ainda não tinha tido muito tempo para superar seu luto.

— Tá tudo bem. — Deu de ombros. — É tudo novo, assim como a casa, me mudei há poucos meses desde que o Thomas me deu a escritura e as chaves.

— Então a casa é um presente do Thomas. — Amara só confirmou o que tinha deduzido.

Ada não parecia fazer questão do luxo. Muito menos ter interesse em casas caras em bairros nobres, um pouco disso refletia na decoração simples, embora chamativa de todo espaço que estava. Amara puxou a xícara de chá, bebendo um gole generoso. O sabor de gengibre e limão era o seu favorito.

— Thomas parece estar pensando mais no futuro. Não sei o que deu no meu irmão. — Ada falou. Encarou o corredor, vendo seu primo quase recém-descoberto brincando com o pequeno Karl. — Parece estar agindo mais com o coração do que a razão.

— Duvido muito. — Amara murmurou, acidamente.

— Eu também não acredito na redenção dele, mas ele parece está tentando. — Disse ao dar atenção novamente a visita. — O Thomas tem ganhado fama além de Small Heath, as pessoas de Birmingham estão em todos os jornais. Também parece que está virando moda as pessoas de Londres agirem como ele. Não há um lugar que se vá sem encontrar um gângster como o Tommy, sempre rodeados de mulheres e drogas.

— Bem, poder atrair atenção. — Amara limpou a garganta.

— Eu sei, olha só você, por exemplo. — Ada sorriu de lado. — Eu ouvi falar sobre você no lugar em que trabalho. Abertamente, nem imaginei que as pessoas estavam falando da mesma Amara que conheci, mas aqui está você, em carne e osso. — Os olhos azuis da Thorne checaram a visitante dos pés à cabeça. — Gosto dessa versão, espero que você entre na moda também.

— Quem sabe não aconteça logo? Meu jornal está chegando à cidade, espero que em alguns anos, ele se torne conhecido aqui tanto quanto é na América. — Amara não pôde deixar de dizer aquelas palavras com orgulho.

— Mal posso esperar para isso acontecer. — Disse. O silêncio permaneceu por poucos segundos até Ada se pronunciar novamente. Era impossível não mencionar aquele assunto depois do que viu há algum tempo. — Já encontrou meu irmão?

— É claro, até ganhei uma égua que deveria ser dele. — Amara disse levemente divertida. Ada sorriu de forma maldosa.

— Nunca vi o Tommy perder o que quer. — Sorriu mais uma vez. — Talvez ter você por perto melhore algumas coisas.

— Em que sentido? — Amara franziu o cenho. Sentiu um frio na barriga quando se recordou da missão que havia sido encarregada pelo destino.

— Em mostrar para meu irmão que ele ainda pode fazer escolhas certas. — Ada se inclinou para frente, como se fosse falar algo confidencial. — Thomas sabe que pode morrer a qualquer momento, eu conheço meu irmão o suficiente para lê-lo. Ele está organizando a vida dele, partindo os bens para os sobrinhos. Ele tem medo do que pode acontecer no futuro.

— Thomas é cauteloso, não em todos os momentos, mas ele é. — Amara soltou um breve suspiro. — E sobre salvá-lo, isso só vai depender das próprias decisões dele. Infelizmente, Thomas sempre confia nas pessoas erradas.

— Você deveria ver como ele ficou. — Ada se encostou novamente na poltrona. Amara a encarou com mais atenção. — Ele tentou agir como se nada tivesse acontecido depois que você se foi, mas eu sabia como ele estava, nossa ligação sempre foi mais forte. — A Thorne encarou as mãos. — Eu via como ele parecia mais destruído.

— Não pode me culpar por isso. — Amara se sentiu ofendida. — Thomas sempre soube onde pisar, e de certa forma, eu também sabia. Acontece que eu não estava tão preparada para tudo que veio em seguida. E acima disso, eu tinha algo mais importante para fazer.

— Não vou julgá-la por sua escolha, aliás, olha só onde você chegou. Talvez não tivesse ido tão longe se ficasse ao lado dele. — Disse, sincera. — Mas eu lembro de ver seu rosto ao bater em minha porta, vi que naquele momento você estava disposta a salvá-lo.

— Eu também estava me salvando. — Se recordou dos momentos que teve a sós com Thomas naquela noite. Sentiu novamente a tensão pelos pensamentos luxuosos atingir seu corpo, refletindo principalmente no calor entre as pernas. Bebeu novamente um gole de chá para dissipar os pensamentos.

— Bem, eu não vou bancar a advogada do diabo, se é que me entende. — Ada se levantou da cadeira quando Karl correu em sua direção. — E eu gosto da sua companhia, então não suma. É bom saber que uma velha amiga está de volta.

— É bom vê-la novamente. — Amara se levantou.

— Tem uma bela casa, Ada. — Michael levou as mãos para o bolso, encarando a mansão com admiração. — Minha mãe também tem uma casa bonita como essa, presente do Thomas.

— O Thomas tem presenteado toda a família. — Amara limpou a garganta quando Ada pronunciou aquelas palavras.

— O Thomas tem andado bonzinho demais. — Amara não soube disfarçar seu tom de deboche. Talvez Thomas já tivesse ciência sobre seu futuro e estava tentando compensar seus pecados de alguma forma. Que Deus e o destino tivessem pena da pobre alma encardida pela ganância.

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

BIRMINGHAM

TRÊS DIAS DEPOIS

Thomas achou ter se enganado ao pensar que Amara não aceitaria sua proposta. Para o cigano, a americana não daria importância ao que ele tinha a dizer, principalmente depois da forma que ela havia agido no leilão. Mas naquela manhã nebulosa, foi surpreendido ao chegar na casa de apostas. O carro vermelho e luxuoso, cujo abria uma fenda chamativa no bairro de cor mórbida, atraía atenção dos moradores menos afortunados do bairro. E Thomas sabia que aquele veículo só podia pertencer a uma pessoa poderosa que não fosse ele. Não precisou colocar os pés para dentro do lugar para saber quem o esperava ali, o perfume de rosas estava impregnado no ar, deixando claro quem ele encontraria a seguir. Thomas abriu um singelo sorriso por um curto tempo, assumindo novamente o controle de todas as emoções e sentimentos, enquanto dava passos firmes até o salão principal, dispensando Esme apenas com um gesto de cabeça.

— Achei que não viria. — Disse ao se aproximar. Amara trocou o peso da perna. A verdade era que ela pensara três vezes antes de pegar o carro e dirigir sozinha até Small Heath. — A propósito, tem um belo carro.

— Achei que fosse dizer isso. — Amara uniu as mãos em frente ao corpo, deixando um sutil sorriso deslizar pelos lábios rosados. Usava um vestido preto e justo por baixo de um casaco grosso para o frio. O decote quadrado era bem valorizado, assim como suas curvas ficavam evidentes naquele tecido. Thomas tentou não demorar o olhar sobre ela, mas seria impossível, Amara parecia querer atrair atenção com seu modo moderno de se vestir. — Esse lugar até que é grande. — Ela olhou em volta, colocando uma mecha solta do cabelo atrás da orelha, cujo um brinco caro estava preso.

Amara não sabia o que esperar quando batesse na porta da casa de apostas. Mais cedo ponderou em ocupar o dia com outro compromisso. No entanto, seus pensamentos estavam presos em uma certa pessoa e sabia que não ficaria em paz enquanto não o visse novamente. Na noite anterior, conversara com Ariana e lhe contou tudo que havia vivido e descoberto. O que ouviu da amiga não fez com que seus pensamentos clareassem, aliás, Ariana ainda insistia em dizer que se manter longe dos Shelby era melhor coisa a se fazer.

Fique longe, o máximo que puder. Amara sabia que não conseguiria fazer isso de maneira tão cordial quanto parecia ser dito pela amiga. Foi então que resolveu seguir o próprio instinto e talvez depois se arrepender um pouco por ser impulsiva. Após de ser recepcionada pela secretária, que também era a esposa de John, Amara esperou por Thomas, enquanto sentia a boca do estômago protestar pelo que faria quando finalmente colocasse os olhos novamente no cigano. Aquele ao qual seu destino estava entrelaçado. O homem que ela não conseguia tirar da cabeça por nenhum segundo desde que chegara àquele país.

— Aqui é exposto, fico imaginando o que faz com a polícia. — Amara deu um passo até a porta de um escritório. — Mas como sei que Thomas Shelby é um rei neste lugar, então não deve ter trabalho com a lei.

— Você veio aqui para conversarmos, não é? — Thomas deu um passo, enquanto Amara mantinha alguns longe.

— O que mais eu faria aqui? — Disse. Sua expressão se iluminou de uma maneira irônica. — Se sinta satisfeito. Minha agenda tem andado cheia e mesmo assim me dispus a vim até aqui saber o que você quer.

— Então não vou desperdiçar seu precioso tempo. Eu tenho algo para te mostrar, pode me acompanhar? — O cigano a encarou. Amara acenou.

— Já que estou aqui. — Disse em resposta.

Thomas indicou o caminho saindo em seguida. Amara o acompanhou com certa cautela, mantendo sempre dois passos de distância. Passear pelo bairro era quase nostálgico, ainda se lembrava bem de algumas ruas — como a que levava para o Garrison e a antiga casa de Ariana. No entanto, o rumo que seguiu levantou questões por poucos segundos. Amara lembrava bem o caminho que Thomas Shelby abria sem dificuldade. A poluição era a mesma. A névoa gelada se misturava com as pequenas partículas de cinzas que caiam das enormes chaminés. Amara prendeu a respiração quando passou por um beco que visivelmente era usado como banheiro. Em menos de um minuto, Thomas parava em frente à oficina, abrindo o portão de ferro para que Amara entrasse primeiro.

— Esse lugar... — Deixou as palavras se perderem, recordando-se do que acontecera naquela oficina. Thomas deu passos largos, indo em direção a um estábulo. Amara suspirou, sentindo o coração dar batidas mais fortes no peito.

Aquele lugar era onde ele a beijara pela primeira vez.

O estábulo parecia ser maior do que ela se lembrava, assim como tinha mais cavalos do que a primeira vez que havia colocado os pés lá. Amara contou silenciosamente as baias, tinha cerca de seis e todas com cavalos bonitos. Thomas parou próximo a uma abertura que dava uma vista privilegiada do canal que passava aos fundos. Amara espiou rapidamente o lado de fora. O cinza impregnava o céu graças às cortinas de fumaça das fábricas que nunca paravam de trabalhar.

— Se sente melhor entre eles? — Thomas se virou para a mulher. Amara engoliu em seco, encarando olhos escuros e curiosos de um cavalo de raça que estava à sua direita. Não se conteve em se aproximar do mais belo, acariciando a crina sedosa e escura como chocolate. — É claro que sente. — Ele deu um meio sorriso, confirmando o que já sabia. Em um passo largo aproximou-se da mulher que parecia ter abaixado a guarda. — Eu gosto de estar perto deles, me sinto mais calmo.

— Então suponho que vem aqui sempre. — Amara sorriu de lado com o comentário ácido. Thomas fez o mesmo.

— Sempre que posso. — Thomas deu mais um passo. — Gostou desse?

— É bonito. — Amara avaliou o animal. — Parece ter as melhores origens.

— Ele tem. E se chama Sirius. — Mencionou. — Uma vez me disse que seu pai tinha costume de nomear os cavalos com nome de estrelas, achei a ideia interessante. — Comentou. Amara não o encarou, manteve o semblante indiferente enquanto o homem ao seu lado continuava a falar. — Esse é o mais belo e forte que tenho aqui, particularmente, é o meu preferido. — Amara ergueu o queixo, entendendo o rumo da conversa.

— Há alguns dias você estava disputando por um cavalo comigo e agora quer me vender um? — Amara estreitou o olhar. Thomas sentiu um sabor amargo na boca, mas não se deixou intimidar pelas esmeraldas verdes que brilhavam em sua direção.

— Algum problema nisso, Sra. Abbott? — Deu um passo para frente. — Achei que estaria disposta a comprar mais um cavalo ou trocar sua égua por esse belo garanhão.

— Ele não serve para o que eu quero. — Disse, sutilmente. — Você já foi mais esperto, Tommy.

— Eu ainda sou. — Sorriu de lado, confiante.

Amara deu alguns passos para trás, sentindo que estava sendo encurralada por Thomas e toda sua mania de grandeza.

— Você não muda mesmo, não é? — Questionou de modo sério. — Sempre vai se achar esse homem invencível, que pode controlar todos com o pau.

— Não acho que posso controlar todos com meu pau. — Dando um passo largo, Thomas estendeu a mão para segurar o queixo feminino, controlando com toda a força a verdadeira intenção de fazer algo quase impensável naquele instante. — Mas sei que ele pode fazer muitas coisas, principalmente te levar ao delírio, ainda se lembra?

— Você é tão presunçoso, não me admira ainda está sozinho. — Ela cuspiu as palavras.

— Amara, eu estou tentando ser muito paciente. — Abaixou o tom de voz, deixando seu corpo se aproximar da mulher lentamente. — Geralmente eu nunca sei o que você quer. É sempre tão obstinada, mas eu me acostumei. — Suspirou. — E voltou ainda mais enigmática, além é claro, de ter chegado em um momento em que eu estou tentando pôr tudo nos trilhos.

— E está tentando fazer isso querendo arrancar aquela égua das minhas mãos? — Amara perguntou.

Os dedos do cigano desceram para o pescoço dela, apertando levemente o caminho até parar logo acima do colar de pérolas brilhantes. Amara reprimiu a vontade de soltar qualquer murmúrio, mesmo que sentisse o interior pegar fogo devido à aproximação. Thomas parecia transmitir uma certa carga com seus dedos quentes e calejados. Tudo que ela não queria agora é que o cigano percebesse o quanto seu coração estava acelerado devido aquele toque.

Internamente, refletiu sobre a conversa que tivera com Ada há alguns dias. Então era verdade quando a Thorne dissera que seu irmão mais teimoso estava querendo mudar. O olhar de Thomas parecia mais rígido, assim como ainda parecia pedir socorro em silêncio. Palavras essas que jamais sairiam da boca dele, devido à postura autoritária e orgulhosa que o cigano carregava nas costas.

Mesmo que tentasse esconder, Thomas não conseguiria disfarçar seu medo de morrer depois do trato com os irlandeses e Grace. Contudo, o Shelby sabia que se ele se arriscasse e perdesse, Grace também morreria. Nessa mão dupla de negócios, ou saíam vivos, ou mortos. E Thomas sabia que ainda tinha muita coisa para viver antes de repousar em um sono eterno.

— Ela é importante para o que preciso. — Disse ele. Sua voz tomou de conta do lugar. — Ela vai fazer bem para meus negócios. Aquela égua iria me dar lucros em Epsom em uma aposta dupla.

— É claro. — Um riso se formou nos lábios femininos. — Você é ganancioso, Thomas. Não quer ser conhecido como um gângster, mas sim como um homem de negócios.

— Acho que não demorou para você entender isso. — Thomas aproximou-se, subindo as mãos para o rosto de Amara. Ele gostaria de mencionar sobre a leitura do livro, mas deixaria isso para outro momento, assim como as questões que tinha a respeito dela que ainda não haviam sido respondidas. — E mais uma vez você apareceu, bem quando eu mais precisava.

— Só que dessa vez será diferente! — Soou arisca, deixando as feições de Thomas mais rígidas.

Amara se perdeu por um momento no que deveria realmente fazer. Salvar Thomas significava colocar sua vida em perigo, assim como aconteceu na primeira vez que cruzou o caminho dele. Ela não estava disposta a morrer ou matar novamente, essa parte da sua vida ficou para trás.

— Vai ser, eu vou fazer as coisas serem diferente. — Thomas pronunciou aquelas palavras com força, deixando claro suas novas e reais intenções. — Vamos fazer as coisas darem certo da maneira que devem ser. Você só precisa me dar uma nova chance de fazer isso acontecer. Mesmo depois de todos esses anos, minhas promessas a você continuam iguais. Dessa vez, eu não quero te envolver nos meus problemas, eu quero que você seja apenas a solução deles.

Amara não soube o que responder. Thomas deixou que seus desejos e emoções falassem mais alto. Seus lábios foram gentis enquanto tomavam os dela, mas as sensações internas foram intensas, fazendo com que todos os seus desejos fossem expressos de uma forma molhada e excitante. Amara fechou os olhos quando sentiu a língua de Thomas pedir passagem, tentou dar um passo para trás, mas foi esmagada por braços fortes e masculinos, impedindo que ela vacilasse até que o fôlego faltasse para ambos. Amara não podia negar, sentia falta do modo dominante de ser beijada e desejada. Sabia estar brincando com o perigo novamente, caindo em contradição quando via suas obrigações e desejos entrarem em uma completa confusão no seu subconsciente.

Mas ela se afastou o quanto pôde, tomando rédeas da situação.

— O que acha que está fazendo? — Perguntou Amara, após puxar o ar para os pulmões.

Thomas ainda a mantinha presa pela cintura, contemplando a beleza natural e arrebatadora da mulher. Se deslumbrou no contraste dos olhos verdes com as bochechas ruborizadas que ela tinha sempre que era pega de surpresa ou quando estava excitada por algo.

— Tentando conseguir uma forma de conquistar você. — Suas palavras saíram tão sutis que Amara duvidou se tudo aquilo era verdade ou apenas um sonho.

— É melhor se esforçar mais. — Ela se desvencilhou dele. Amara deu as costas, passando as mãos pelos lábios, ainda sentindo sabor masculino em sua boca. Foco, exigiu de si mesmo. — Eu posso alugar a égua para você, mas ela será treinada pela May Carleton. — Amara virou-se para Thomas. Ele estava surpreso e ofegante. — Eu voltei para negócios, só por isso estou aqui. Então, Sr. Shelby, vamos fechar um acordo? Você terá a égua para correr e ganhar suas apostas, parece seguro de que isso acontecerá, e quando vencer, me dará a minha parte. O que acha?

— Estou de acordo. — Ele disse. Seus lábios bem desenhados estavam entreabertos, soando como um pequeno convite para a Abbott. Ergueu a mão na direção dela, esperando por um aperto. Amara suspirou, deixando que sua mão direita fechasse um contrato com o diabo de Small Heath. Thomas a prendeu por alguns segundos até que falasse o que realmente queria. — A propósito, é bom saber que essa aliança em seu dedo não mudou nada entre nós.

Amara encarou a mão esquerda. Usava a aliança dada por Richard como um ato simbólico e generoso, marcando o valor que o homem tivera em sua vida. Ela sabia que jamais deixaria de usar, mesmo que viesse usar outra aliança nas mãos. Amara engoliu o nó que se formou na garganta, voltando a encarar o Shelby a sua frente.

— Meu falecido marido foi um homem bom, Thomas. — Disse de modo orgulhoso. — Talvez com muito esforço você também consiga ser.

— Vou mostrar para você que consigo. — Rebateu no mesmo tom.

Amara não disse mais nada antes de se virar e caminhar novamente pelo mesmo caminho que chegara ali. Ela estava confiante, enquanto sentia estranhas sensações no estômago. Se Thomas queria ganhá-la de alguma forma, então teria que se esforçar e mostrar ser merecedor não só dela, mas como de uma salvação.

Oie gente, o capítulo foi pequeno em relação a outros já postados, mas foi escrito com muito amor ❤️... Espero que estejam gostando ❤️

Editizinho +18 do nosso casalzão que foi postado no tiktok e youtube, aliás, obg pelos +60k na fic ❤️✨

Eu sei que estão com raiva da Amara, mas quem disse que o amor é fácil? Muito menos os personagens por aqui que são carregados de defeitos e nem sempre sensatos, paciência gosto de fazer eles o mais humanos possível e se você tiver com raiva, então atingir meu objetivo❤️

[Deveria haver um GIF ou vídeo aqui. Atualize o aplicativo agora para ver.]

Capitulo postado dia (14/11/2021), não revisado.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro