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𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎┊𝟎𝟎𝟗

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Amara sabia que existia uma linha tênue entre seu verdadeiro propósito de estar onde estava e o que deveria fazer. Chester havia sido convincente que levaria não só ela para a forca, mas como Ariana também, tudo sem muito esforço. Ela fez a sua própria armadilha. Caído em um buraco sem fundo. Seu reflexo demonstrava um semblante abatido, quase não reconheceu a mulher que era refletida ali. Sua obrigação era aparentemente simples, mas arriscada e ela temia por sua vida. Thomas costumava ter piedade dos seus traidores? Certamente que não. Seus pensamentos se afastaram quando a porta do quarto foi aberta. Ariana não tinha um semblante agradável no rosto, mas arriscou um leve sorriso.

— É um belo vestido. — Elogiou. Amara alisou o tecido vermelho, concordando em silêncio.

— Acha que vai chamar atenção? — Perguntou.

— Impossível seria não chamar atenção. — A enfermeira se aproximou, levando a mão na direção da amiga. Um pequeno frasco estava preso entre seus dedos.

— O que é isso? — Amara franziu o cenho.

— Uma rota de fuga. — Disse. — Uma gota disso e você pode colocar um cavalo para dormir em segundos. Em humanos pode causar pequenas alucinações durante o sono, ele pode dormir por até três dias dependendo da quantidade ingerida.

— Acho que uma arma poderia me ajudar mais, se caso precisasse. — Amara sorriu sem emoção.

— Seria muito arriscado e isso é mais... sutil.

— Não sou a melhor dominadora da sutileza. — Amara se encarou novamente no espelho. O batom vermelho marcava perfeitamente seus lábios. Felizmente, as marcas de agressão em seu rosto haviam sumido. Amara optou por caprichar na maquiagem para que as olheiras da noite mal dormida passassem despercebidas. Foi a vez dela abrir um sorriso iluminado, embora, falso.

— Pode voltar atrás, não precisa fazer o que não quer. — Ariana surgiu em seu campo de visão no espelho. Ela tinha razão, mas Amara tinha obrigações maiores que deveria cumprir, para o bem de todos.

— Vai ficar tudo bem. — Repetiu as palavras como um mantra.

Seu coração gelou quando uma buzina soou na rua. Logo passos pequenos e apressados subiram as escadas. Sarah entrou no quarto ofegante e animada.

— O Thomas Shelby está lá embaixo. — Ela disse, sorridente.

— Hora de ir. — Amara se afastou do espelho, colocando o frasco de vidro, menor que seu dedo mindinho em uma pequena bolsa vermelha.

— Vai em um encontro com o Thomas Shelby? — Sarah perguntou a Amara. Um riso travesso surgia em seu rosto pequeno coberto por sardas.

— Não é um encontro. — Amara respondeu, desviando da menina.

— E isso não é assunto para criança. — Ariana disse de modo severo.

Amara desceu as escadas. Seu coração se agitava cada vez que se aproximava da porta. O vento frio atingiu seu corpo quando pôs os pés para fora de casa, fazendo com que a barra do vestido exibisse a sutil fenda lateral. Era um belo vestido, o tom bordô realçava a pele de Amara, ainda mais branca devido à ausência de sol da cidade. Era um modelo liso, feito com um tecido semelhante ao cetim. As mangas compridas aqueciam seu corpo. O busto em V possuía um decote fundo e bem valorizado, prometendo uma atenção tentadora. Há muito tempo Amara não se sentia tão bela em uma roupa.

Thomas evitou demorar o olhar no que Amara vestia, abriu a porta para que ela entrasse antes que chamasse mais atenção.

— Só nós dois? — Ela perguntou olhando em volta.

— Mais ou menos. — Disse ele, acelerando o veículo.

— Isso foi um sim? — Amara uniu as sobrancelhas. Thomas ergueu levemente o queixo, sua atenção estava focada apenas na estrada.

— Talvez. — Respondeu de modo ríspido. Amara soltou um suspiro, Thomas jamais falaria qualquer coisa que tivesse em mente com ela.

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Todo o percurso foi feito em um silêncio constrangedor. O lugar onde Thomas estacionou o carro levantou algumas questões em Amara, era se como ele estivesse se escondendo de alguém. Thomas saltou do carro, erguendo a mão de modo cavalheiro para que sua companhia descesse. A primeira coisa que notou foi o agradável perfume de rosas, se sentindo embriagado por poucos segundos. O olhar verde e sereno, fez com que sua atenção se prendesse a ela de modo hipnótico. Por um momento, Thomas sentiu o tempo passar mais devagar. Seus olhos caíram brevemente para os lábios perfeitamente contornados por um vermelho chamativo, voltando sutilmente ao belo rosto que Amara possuía. As madeixas escuras estavam soltas e levemente onduladas. Um elogio passou por sua cabeça, assim como ideias audaciosas demais para aquele momento. O Shelby se conteve em perder o controle ali, tinha assuntos muito sérios para serem tratados e não se deixaria perder o foco por qualquer distração banal.

— Tem algo errado comigo? — Amara perguntou confusa, alisando o vestido que parecia ter caído como uma luva em seu corpo curvilíneo. Thomas piscou algumas vezes, tomando novamente as rédeas da situação.

— Não há nada de errado com você. — Disse, sincero. — Vamos, por aqui.

Com certeza havia algo errado. Amara foi guiada por um caminho que somente funcionários deveriam ter acesso. Thomas parecia apreensivo cada vez que a guiava por um corredor novo ou quando passavam por alguém. Ela gostaria de saber o que estavam fazendo ali, agindo como dois penetras. Bem, talvez eles realmente fossem.

— Por que estamos entrando por aqui e não pela frente? — Amara perguntou.

— Prefiro entrar nas corridas pela porta de trás. — Ele disse. Sua mão pousou sutilmente na lombar da mulher, guiando-a mais rápido por um corredor escuro. — Me mantém longe de confusão. A pista é um lugar sem lei.

— Então está praticamente em casa, senhor Shelby. — Amara sorriu levemente, embora não fosse possível demonstrar a Thomas.

— A diferença é que eu não suporto os ladrõezinhos daqui. — Thomas disse entredentes. Lançou um olhar ameaçador quando um jóquei ousou sorrir na direção de Amara.

— Então vamos fazer apostas? — Perguntou ela, deixando a animação fluir naturalmente pelas palavras.

— Não. Isso é para idiotas. — Respondeu de modo seco, se concentrando no caminho que deveria seguir.

Segurou a mão da mulher para que passassem por mais um corredor, desviando de algumas pessoas. Amara sabia haver escolhido o vestido certo, era impossível não ser notada por onde passava. A atenção excessiva começava a incomodá-la, mas pôde perceber que isso também não agradava a Thomas. Homens sorriam paqueradores para ela, mas ao notarem seu acompanhante carrancudo, desviavam o olhar para qualquer outro lugar como se temesse por algo ruim.

— Tem sorte de estar comigo, ou jogaria dinheiro fora em corridas manipuladas. — Thomas a encarou.

— Suas corridas manipuladas? — Ela sussurrou próximo ao ouvido dele. Thomas travou o maxilar. — Sempre quis saber como manipulam corridas.

— Como eu saberia? — Ele perguntou, finalmente a encarando. Um riso fino passou por seus lábios, fazendo Amara retribuí o gesto.

Thomas empurrou uma porta, dando acesso a um corredor mais apresentável. Era hora de dar as coordenadas a Amara. Ele sabia que ela era capaz de fazer o que fosse preciso sem muito esforço e claro, com uma boa dose de recompensa.

— Então você vai falar para o segurança...

— O quê? — Ela o encarou surpresa, não esperava que sua função fosse começar tão cedo.

— Vai falar que se perdeu ao procurar o jóquei que correrá com seu cavalo. — Ele a instruiu, parando-a brevemente no corredor. — Se perguntarem sobre mim, diga que sou seu noivo russo e que não falo sua língua.

— Se perguntarem onde estão nossas alianças de noivado, o que direi? — Amara o encarou. Thomas suspirou, impaciente.

— Apenas seja uma boa atriz, prove que merece um bom cargo na minha futura empresa. — Disse, então sorriu falsamente para algumas pessoas.

Thomas entrelaçou o braço com Amara, sendo cavaleiro ao levá-la até o segurança que impedia a entrada de qualquer penetra no salão principal. Não foi tão difícil fingir ser quem ela não era. Flynn criou um título falso e com uma lábia melhor do que esperava, ambos entraram em uma verdadeira festa de gala. Uma música dançante tocava de um palco, onde algumas dançarinas faziam uma coreografia divertida. Amara sorriu ao se sentir parte daquelas pessoas. Ela encarou Thomas de soslaio, o homem parecia procurar por alguém no andar de baixo, e ela sabia exatamente quem era.

— O Garrison é ainda melhor. — Ele disse, sincero. Então a encarou, descontraído. — Gostaria de dançar?

— E arriscar tropeçar em alguém? — Amara sorriu encarando o pouco espaço onde muitos casais dançavam.

— Achei que tivesse tido um bom professor de dança. — Thomas disse, levemente humorado. — Não recusaria uma dança com seu noivo, não é?

— Só se ele pedir com educação. — Amara sorriu de lado. Provocando-o.

— Senhorita Flynn, me concede essa dança? — Pediu da forma mais cordial que podia. Amara ergueu a mão para ele, aceitando que Thomas deixasse um beijo demorado em seus dedos.

A música era contagiante. Amara sabia que não tropeçaria nos próprios pés ou esbarraria em alguém, Thomas era um bom dançarino e a guiava perfeitamente pelo salão. Um sorriso sincero maquiou os lábios dele, seus olhos se estreitaram na direção de Amara, que parecia se divertir verdadeiramente. Por um momento, Thomas quase esqueceu o seu propósito ali. Ele a girou e a puxou sutilmente em sua direção, afundando o rosto no espaço do pescoço dela, sentindo novamente o agradável perfume de rosas. A música parou para que outra pudesse se iniciar. O Shelby percebeu como a mulher parecia levemente ofegante, mas afoita para dançar um pouco mais, no entanto, ele vira o sinal que tanto esperava. Amara notou que algo não estava certo quando Thomas começou a guiá-la para longe da multidão.

— Impressão minha ou estamos escapando de algo? — Sussurrou para Thomas.

— Por que estaríamos fazendo isso? — Ele rebateu, desviando de algumas pessoas.

— Espero que não tenha começado uma briga. — Ela disse, preocupada.

— Por que iria começar uma briga logo quando quero subir na vida? — Thomas franziu o cenho. Amara abriu os lábios, quando ele a encarou brevemente. — Quero me tornar um homem de negócios honesto.

— Fala a verdade?

— Sempre falo a verdade. — Ele disse, ainda que sua atenção estivesse presa a uma pequena porta.

Amara não sabia até onde tanta verdade levaria Thomas, mas sabia haver feito um pequeno progresso com ele. Arthur apareceu na porta, sujo de sangue e segurando sacolas pesadas. Ela olhou em volta, preocupada que aquela situação chamasse atenção. Então se colocou na frente dos irmãos Shelby, fazendo uma pequena barreira.

— Nós colocamos os Lees para correr e pegamos cada centavo de volta. — Arthur disse ofegante. Então encarou Amara, com um riso paquerador no rosto. — Bonito vestido, deveria usar ele no meu pub.

— Arthur. — Thomas chamou após colocar as sacolas pesadas no ombro. — Pague alguns drinks aos rapazes. Alguém ferido?

— Só uns arranhões. — O Shelby mais velho respondeu apontando para o sangue no rosto. Amara engoliu seco entendendo o esquema de Thomas.

— Vamos, querida noiva. — Disse ele a Amara.

Thomas abriu caminho até uma mesa do outro lado do salão. Amara desacelerou os passos quando percebeu para onde eles iriam. Kimber estava na companhia de alguns homens e uma mulher. O rei pareceu surpreso ao ver o cigano Shelby ali, principalmente quando Thomas jogou todas as bolsas sobre a mesa, se sentando em uma cadeira em seguida. Amara respirou fundo antes de sentar-se ao lado de Thomas, recebendo um olhar demorado e luxuoso de Kimber.

— Seu dinheiro, senhor Kimber. Resgatado dos irmãos Lees. — Thomas sorriu satisfeito com a impressão que havia deixado no homem. — E devolvido ao senhor com um pedido para conversarmos.

— Sou todo ouvidos! — O homem disse ao bebericar um champanhe. Amara ergueu o queixo ao receber um olhar raivoso da mulher que acompanhava Kimber.

— Sua própria segurança está falhando, senhor Kimber. — Thomas começou. — E seus homens aceitam propina. Gostaria de sugerir que, daqui para frente, contrate os Peaky Blinders para cuidar da sua segurança na pista. — Thomas levou um cigarro aos lábios. Amara cruzou as pernas, deixando que a fenda do seu vestido exibisse parcialmente sua perna. — Economizaríamos muito para o senhor, senhor Kimber. Muito dinheiro. Em troca, nos daria cinco por cento dos lucros e três pistas de apostas legais em cada corrida ao norte do rio Servern.

Amara encarou Thomas. Ele estava seguro de que realmente conseguiria tudo aquilo. Também falava a verdade quando disse que queria caminhar por um mundo de negócios honestos, embora seu caminho até lá não fosse tão justo assim.

— Após um ano, aumentará para seis, se satisfeito com nossos serviços. — Continuou Thomas. — O que diz, senhor Kimber?

Thomas esperou por uma resposta. Kimber parecia absorver cada palavra que havia saído da sua boca, totalmente inexpressivo. Percebeu quando o olhar do homem passou dele para a mulher ao seu lado, cobiçando-a exageradamente, então voltou novamente para ele.

— Digo para discutir negócios com meu contador. — Kimber disse. — Eu quero dançar com sua garota.

— Não sou a garota dele, mas danço com o senhor se avaliar bem a proposta que foi sugerida. — Amara se pronunciou. Kimber ergueu uma sobrancelha, antes que se levantasse da cadeira. Amara encarou Thomas rapidamente, dando um olhar de alerta sobre até onde ela iria com aquilo.

— Vamos deixar esses assuntos complicados com eles, querida. — Kimber disse próximo a Amara. — Me concede essa dança, bela dama de vermelho?

— Só porque pediu como um cavalheiro. — Amara disse, permitindo que fosse guiada para ao meio do salão.

Kimber era mais atrevido que Thomas, sua mão pousava um pouco mais abaixo do que deveria. Amara havia desviado o rosto para qualquer outro lugar que não fosse o do homem à sua frente. Ainda assim, o rei das corridas insistia em encará-la, como se esperasse um momento para roubar-lhe um beijo. Ela sentiu ânsia, mas engoliu o sabor amargo da sua obrigação. Billy Kimber era desrespeitoso, inclusive com a própria amante, que encarava a cena repugnante, embora acostumada. Quando a música parou, Amara quase agradeceu de joelhos, se afastou de Kimber para que pudesse pedir algo no bar. De onde estava encarou Thomas, principalmente quando Kimber o puxou para uma conversa de pé de orelha. Ambos olharam na direção dela, ela sabia que a parte ruim daquele evento estava chegando. Um uísque foi servido com pedras de gelo. Amara engoliu todo o líquido amargo sentindo seu corpo esquentar de dentro para fora.

— Escuta. Fomos convidados a um jantar na casa do Kimber. — Thomas disse ao se encostar no balcão.

— Então conseguiu o que queria? — Amara perguntou sem encará-lo.

— Ainda não. Vamos acertar os detalhes com o contador dele antes, então...

— Deixe-me adivinhar. — Ela o encarou friamente. — Devo ir com Kimber na frente? Pensei que sempre falava a verdade.

— E eu falo, mas você sabe o que deve fazer. — Thomas diminuiu o tom de voz.

— Eu disse que não iria ser trocada como uma mercadoria, eu não sou uma prostituta. — Amara disse entredentes. — E se bem me lembro, você também disse que ele não tocaria em mim.

— Todo mundo se prostitui, Amara. Só vendemos partes diferentes de nós. — Ele disse. Cinicamente.

— Então venda alguma parte sua a ele. Talvez Kimber goste de orifícios apertados. — Ela respondeu. Deu as costas para Thomas antes que fizesse algo pior.

Seus passos foram impedidos quando seu pulso foi segurado por uma mão. Thomas puxou Amara em sua direção, fazendo com que o corpo pequeno colidisse em seu peito. Ele não poderia deixar que sua oportunidade se perdesse tão fácil.

— Você trabalha para mim, precisa saber lidar com isso. — Thomas disse calmamente. Amara lutou inútilmente para se soltar dele. — O combinado é ficar apenas por duas horas. Eu irei com você, mas chegando lá, vai ter que ficar a sós com ele, você mesmo disse que ele é egocêntrico, além de se achar sedutor, então encha o ego dele ao mesmo tempo que ele irá tentar seduzir você. Se ele tentar alguma coisa que a desrespeite, chute as bolas dele.

— Eu sou a maldita clausura de um contrato. — Amara o encarou firmemente. — Caso não tenha percebido, já estou sendo desrespeitada.

— Você sabia disso desde o começo. Precisa fazer esse sacrifício. — Ele disse.

— Ah! É? E qual sacrifício você teve que fazer? — Perguntou ela, de modo atrevido, controlando a raiva para não gritar naquele salão. Thomas engoliu seco, soltando o pulso da mulher. Não teve uma resposta.

Billy Kimber esperou por Thomas, mesmo que sua atenção estivesse realmente presa da dama que o acompanhava.

— E então? Ainda temos o acordo? — Perguntou Kimber. Thomas pigarreou.

— É claro. — Respondeu ele, sem emoção. Seus olhos acompanhavam os passos lentos de Amara em sua direção.

— Em troca, pode tentar algo com a minha. — Kimber disse. Thomas olhou por cima do ombro em direção a mesa, o semblante entediado da mulher pareceu contaminá-lo instantaneamente. — Apostamos dez libras que transo com ela em uma hora.

Thomas não respondeu, mas seu punho se fechou com aquelas palavras. Ele ergueu o olhar, vendo Kimber puxar Amara calorosamente em sua direção. A expressão da garçonete se fechou, Thomas pôde jurar ouvir os pensamentos ruins que ela certamente deveria estar tendo naquele momento. Ela era seu sacrifício, uma inocente empurrada para a boca de um leão faminto para prover suas conquistas. Ninguém havia dito que chegar ao sucesso promissor seria fácil.

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Thomas estava certo, Kimber se achava um grande sedutor. O jantar ainda não iria ser servido, ainda era cedo demais para isso. Ao invés disso, Kimber levará Amara para outra sala, para longe de Thomas ou qualquer empregado da enorme mansão, para que pudesse apresentar a ela os quadros que havia comprado no último leilão. Amara imaginou o que Thomas estaria fazendo na sala de visitas com a amante de Kimber, visto que a mulher não parecia falar a menos que fosse mandada. Certamente, ambos estariam em um enorme e constrangedor silêncio. Flynn caminhou até uma janela, sua atenção não parecia se prender às histórias de Kimber sobre cada quadro que jazia nas paredes.

— Você consegue ser tão bela quanto essas ninfas. — Ouviu Kimber dizer.

Pôde sentir a presença do homem atrás dela. O toque em seu corpo despertou o medo, trazendo de volta as lembranças da noite que havia sido atacada. Amara se afastou dele como o diabo da cruz. Ele a encarou sorridente, levantando as mãos para cima como um sinal de redenção. Ela, por sua vez, baixou a guarda, manteve o personagem, sabia que isso não iria durar muito.

— Parece tensa, quer beber algo? — Perguntou ele. Amara sorriu, ou pelo menos, forçou algo semelhante a um sorriso.

— Tem razão, mas é difícil manter a calma na presença de um rei. — Ela disse. Kimber pareceu gostar do elogio. Aquele era o homem mais patético que conheceu em toda sua vida. As pesquisas sobre Kimber diziam sobre sua personalidade magnética e consciência esmagadora e sua forte influência em Londres. Mas o que via, era um homem egocêntrico, com princípios deploráveis.

Amara cruzou a sala em direção às bebidas, abrindo a bolsa depressa para que tirasse o pequeno frasco que havia ganhado de Ariana. O que ela havia dito mesmo? Amara tentou se recordar, estava tão nervosa que derramou todo o líquido incolor na garrafa de uísque.

— Acha que sou um rei? — Ele perguntou, gostou de ter ouvido aquelas palavras. Amara sorriu, encarando-o por cima do ombro brevemente.

— É claro. — Ela revirou os olhos. Então encheu dois copos com uísque. — E mesmo que não tenha uma coroa, merece ser tratado como um. — Completou. Sua voz saiu sedosa, baixa e sedutora. Sabia que causara algo no homem à sua frente.

— Talvez eu tenha uma coroa. — Ele disse, aceitando o copo que estava estendido em sua direção. — Tenho muitas coisas.

— Não tenho dúvidas disso. Um brinde ao seu poder, senhor Kimber. — Sorriu, erguendo o copo no ar. Kimber fez o mesmo, bebendo o líquido em seguida. Amara levou o copo aos lábios, evitando beber realmente o que havia ali.

— Agora vamos dançar. — Ele disse, contente. Colocou o copo vazio acima de uma pequena mesa. Amara fez o mesmo, embora seu copo ainda estivesse cheio.

Uma música lenta tocou no gramofone. Novamente, Amara foi puxada na direção de Kimber, tendo o corpo colado de maneira exagerada nele. Ela se perguntou quanto tempo levaria para o que o líquido fizesse efeito, talvez poucos minutos devido a enorme quantidade que ela havia colocado na bebida. No primeiro embalo, ele abaixou o rosto e tentou tomar os lábios da mulher em um beijo urgente e sem jeito. Amara sentiu o homem tropeçar nos passos quando ele a empurrou para o sofá, abaixando as mangas do seu vestido no mesmo momento.

— Sabe o que vou fazer com você? — Ele perguntou, grogue. Amara evitou encará-lo, sentindo seu corpo tremer com o toque feito contra sua vontade. Só mais alguns minutos, ela repetiu acreditando que logo tudo acabaria.

Amara foi jogada no sofá, evitando fazer qualquer movimento. Kimber piscava com força, enquanto se embaralhava para abrir o zíper da calça. O homem soluçou, enxergando mais de três mulheres naquele sofá. Amara rangeu os dentes percebendo como o rei das corridas começava a perder os sentidos rapidamente. Não demorou para que ele tombasse a cabeça no ombro dela. Kimber foi ao chão inconsciente quando a mulher não suportou o peso. Ela o encarou com desprezo, seu coração estava acelerado. Se ajoelhou ao lado do corpo para checar se ele ainda estava vivo, para seu alívio, seus batimentos cardíacos pareciam normais.

Amara levou a mão para o cabelo planejando o que faria em seguida. Primeiro, precisava se livrar do que poderia incriminá-la. Correu até a garrafa de uísque, derramando toda a bebida em um vaso de planta, assim como o que havia em seu copo. Kimber era pesado demais para ser arrastado até o sofá novamente, então ela o deixou no chão. Seu próximo passo foi abrir a camisa do homem e deixar marca de batom pelo peitoral masculino, ele precisaria acreditar que havia feito algo com ela antes que caísse no sono profundo.

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Thomas andava de um lado para o outro na sala de visitas, incomodado com o que Amara e Kimber provavelmente estariam fazendo no andar de cima. Talvez devesse subir até lá e impedir que algo ruim acontecesse. Talvez devesse inventar alguma desculpa esparramada para que não perdesse sua parte do acordo. Poderia fazer qualquer coisa para impedir o que havia montado. Por um momento, ele havia se arrependido da sua ideia em entregar a garçonete como uma qualquer para Kimber, aliás, ele prometera a ela que nada aconteceria. Ainda assim, seu lado ambicioso dizia que negócios deveriam ser fechados naquele dia, e ele poderia lidar com o lado raivoso da mulher depois.

— Ela é prostituta? — A mulher que lhe fazia companhia perguntou. Thomas a encarou brevemente.

— Quer saber a pura verdade? Não sei o que ela é. — Respondeu. Pensativo.

Um baque pesado foi ouvido do andar de baixo, fazendo com que Thomas desse passos apressados até as escadas. Não demorou para que achasse a sala onde Amara estava. Sua atenção desviou da mulher para Kimber, que estava jogado no chão inconsciente. Thomas se aproximou cautelosamente até ele, ofegante devido à corrida.

— O que você fez com ele? — Thomas perguntou, preocupado. A primeira atitude foi conferir os batimentos cardíacos de Kimber para saber se ele ainda se encontrava vivo.

— Coloquei ele para dormir. — Amara respondeu. Thomas a encarou debaixo. — Ou induzir um coma.

— Você ficou louca? — Thomas evitou gritar, mas seu tom saiu amedrontador.

— Você acha mesmo que só um chute no saco iria fazer ele recuar? — Ela o encarou, cerrando as mãos em um punho. — Ele vai achar que fizemos algo. Kimber vai acordar em alguns dias e vai dar a sua parte no acordo. E eu estou bem, obrigado por se importar. — Concluiu ironicamente.

— Eu espero que sim. E é melhor que ele pense que vocês fizeram algo. — Thomas se levantou, ignorando suas últimas palavras. — Agora me ajude por ele no sofá, antes que chegue alguém.

Amara rangeu os dentes quando teve que erguer o corpo de Kimber para colocá-lo no sofá. Thomas o encarou ofegante, sentindo sua cabeça latejar de dor. Ele encarou Amara, puxando-a para fora da sala rapidamente. Não era daquela forma que deveria selar seu acordo com o Rei, mas torcia para que Amara realmente estivesse certa sobre ele. Agora Kimber precisava acreditar que havia transado com ela para que garantisse sua parte do acordo.

— O que aconteceu lá em cima? — A amante de Kimber surgiu no corredor, com bochechas vermelhas e semblante preocupado. — O Billy está bem?

— Ele vai ficar. — Thomas respondeu sem encará-la. — Diga que minha parte do acordo está feita. Vou esperar pela parte dele.

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Longe o suficiente da mansão de Kimber, Amara voltou a respirar. Mesmo assim, pôde perceber a tensão tomar de conta do ambiente daquele carro. Thomas parecia preocupado, o que chegava a ser até compreensivo para Amara se não fosse repugnante o que havia acabado de acontecer. Ela estava prestes a dizer algo quando uma bolha de risada espocou da sua boca, talvez aquela reação tivesse acontecido por puro nervosismo ou do seu alto nível de estresse. Thomas a encarou, sério. Ao contrário dela, ele não sorria, tampouco achava graça de algo.

— Qual a graça? — Perguntou.

— No começo do dia eu era a noiva de um russo que havia se perdido do jóquei. E no final do dia me transformei em uma puta que fingiu ter trepado com um homem, só para que meu falso noivo ganhasse algo em troca. — Ela encarou Thomas ainda sorrindo. Foi quando ele percebeu que não era exatamente graça que ela achava, o riso que via era doloroso até para as almas mais frias, como a dele. — E adivinha? Você não é russo e muito menos meu noivo, mas tenho certeza de que vai conseguir o que quer e não precisou mover um dedo para isso. — Então o riso diminuiu e uma dor tomou de conta do seu peito, mas evitou chorar, não demonstraria fraqueza na frente de Thomas Shelby. — E eu continuo sendo usada como uma prostituta. Diminuída só por ser mulher.

Amara esperou algo de Thomas, mas seu semblante inexpressivo continuava preso na estrada.

— Você é um babaca, um escroto, um machista de merda. E antes que pergunte, eu não tenho medo de xingar você na sua frente, eu não tenho medo de você. — Ela disse. Thomas sorriu de lado sem encará-la. Ele parecia se divertir em silêncio com a raiva da mulher e não a confortaria por saber que ela falava a verdade. — Será que por um momento pensou em mudar de ideia? — Ela aguardou por uma resposta. O riso de Thomas se desfez, e seus belos olhos azuis se tornaram escuros. — Você mudaria de ideia, Thomas?

— Não tenho certeza.

Amara não esperava uma redenção mágica vinda dele. Aliás, já conhecia bem o gênio que Thomas carregava, mas de alguma forma, aquelas palavras a atingiram e sua atitude também. No fim das contas, tudo era apenas negócios. Na vida do cigano Shelby, dinheiro e poder, falavam mais alto que os sentimentos, bons princípios e respeito. Thomas Shelby realmente merecia o final que teve.

Não há panos para passar para Thomas Shelby, mas o que esperar de um criminoso, né non?

Galeraaa muito obrigado pelos +10k aaaaaa eu não acredito que o livro já chegou a isso tudo e posso dizer com todas as palavras que tenho os melhores leitores do mundo, obg!!! tudo é por vocês <3

Capitulo postado dia (22/05/2021), não revisado.

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