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𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎┊𝟎𝟎𝟔

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O silêncio quase se fez presente naquele salão. As respirações ofegantes aumentavam à medida que a tensão dominava o Pub. O homem, cujo atraia aflição, passeou o olhar por cada rosto assustado que havia ali. Bêbados e prostitutas que não tinham qualquer valor para ele, era entediante. Sua paciência estava se esgotando e quando isso acontecia, recorria a medidas drásticas. Billy estava ali por um propósito e não demoraria até que sua mensagem fosse deixada.

— Tem algum homem aqui chamado Shelby? — Ele perguntou alto. Amara engoliu seco. Não houve respostas. O homem apontou a arma para o alto e disparou sem pudor. O grito coletivo inundou os ouvidos de Amara. Ela estava assustada. O tiro só fez com que o zunido em seus ouvidos crescesse. — Eu perguntei: há um homem aqui chamado Shelby?

Amara abriu os lábios. Suas mãos tremiam no balcão. Sabia que a próxima mira do homem seria em algum cidadão, alguém teria que respondê-lo. Onde infernos estavam os Shelby? A mulher se perguntou. E antes que pudesse falar algo, a porta da sala reservada foi aberta. Thomas foi o primeiro a sair, sendo seguido por seus outros dois irmãos.

— Sirvam um drink a estes homens. Todos os outros, vão para casa! — Thomas disse em direção ao balcão.

Em um piscar de olhos, homens e mulheres se levantaram de suas cadeiras e caminharam apressadamente para fora. Os Peaky Blinders se uniram aos outros homens em volta de uma mesa redonda. Harry parecia nervoso, juntando os copos de vidros para que pudesse pôr na mesa. Amara puxou uma garrafa de uísque, a confusão havia chegado e certamente essa seria a bebida adequada para servir a eles. O medo de estar entre aqueles criminosos só aumentou quando um deles, o que havia atirado para o alto, fitou Amara dos pés à cabeça. Havia algo em seu olhar que a fez querer vomitar ali mesmo. Serviu cada copo de vidro, e brevemente encarou Thomas, que colocava um cigarro entre os lábios, pacientemente.

— Você, vai para casa. — Thomas levantou o olhar para Amara. Suas palavras saíram leves, mesmo carregadas de ordem firmes.

— Trabalho aqui e meu turno não acabou. — Rebateu ela.

— Eu já disse. — Thomas pareceu força algo que não tinha: Paciência. Então pronunciou as palavras com mais clareza. Seus olhos eram como adagas geladas prontas para serem atiradas em sua direção. — Vai para casa, estou mandando.

— Eu não gosto de mulheres trabalhando em pubs, mas se forem bonitas como ela, então não me importo. — O homem disse. Amara retirou o avental.

— Esqueça ela, temos negócios a tratar. — Amara ouviu Thomas dizer.

Se havia uma coisa que Amara não admitia, era receber ordens de terceiros. No entanto, sabia que não poderia ficar dentro do pub, aqueles homens provavelmente a julgavam como uma mulher leiga e isso era algo que ela não era. A oportunidade de presenciar uma negociação dos Peaky Blinders era quase que única e ela estava disposta a não deixar passar. Harry já havia ido embora sem ao menos dizer adeus, no fundo, ele também era um frouxo como qualquer outro homem. Mesmo que fosse perigoso ficar naquele lugar, amara se escondeu na sala dos fundos. Os homens falavam alto o suficiente para que seus ouvidos pudessem entender.

— Eu nunca ouvir falar sobre vocês, até ouvir falar sobre vocês. — O homem disse. — Uma gangue de ciganos que usam navalhas. E vocês me ferraram, então tem minha total atenção. Aliás, quem é a porra do chefe aqui?

— Eu sou o mais velho. — Era a voz de Arthur. Amara tinha quase certeza.

— Parece óbvio. — O homem respondeu com deboche.

— Está rindo do meu irmão? — Não era voz de Thomas, então só podia ser de John.

— Tudo bem. — Uma risada rápida ecoou na sala. — Ele é o mais velho, você é o mais bruto. Falaram que o chefe se chama Tommy, então suponho que seja você, pois me olha como se eu fosse uma vagabunda barata.

Amara reprimiu um sorriso com o que tinha acabado de ouvir. Por um momento imaginou que tipo de olhar Thomas dava ao homem. Certamente, o mais medíocre de todos.

— Só quero saber o que você quer. — Thomas disse sutilmente.

— Recebemos padrões de apostas suspeitas em Kempton Park. Um cavalo chamado Monaghan Boy. — Uma voz mais jovem disse. Amara fez uma anotação mentalmente: apostas manipuladas. Um dos esquemas sujos dos Peaky Blinders. — Ele ganhou disparado duas vezes, daí foi o último quando apostaram três mil libras nele.

— Com quem vou falar? — Thomas perguntou. Seu tom de voz havia mudado, ele estava mostrando aquelas pessoas quem realmente mandava ali. — Quem é que manda?

— Eu sou o contador e conselheiro do Senhor Kimber. — O homem disse.

Amara colou as costas na parede se recordando do sobrenome Kimber. Suas mãos soaram nervosas, o homem que estava naquela sala era Billy Kimber, o tal rei que ela deveria impressionar quando fosse com Thomas a corrida em Cheltenham.

— E eu sou a porra do chefe, entendeu? — Amara soube quem estava falando, era Kimber. — E chega dessa conversa de merda, você manipulou a corrida sem minha permissão. Malditos ciganos. Eu sou o Billy Kimber e eu mando nas corridas! — Seu tom enfurecido só aumentava. Amara sentiu os nervos à flor da pele, talvez realmente tivesse sido uma péssima ideia ter ficado para ouvir a conversa. — Você manipulou uma corrida, então darei um tiro em você num poste.

Sons de passos foram ouvidos. Amara se aproximou de uma brecha, espiando o salão. Thomas havia se levantado se tornando um alvo fácil para as duas armas que estavam na sua direção.

— Senhor Kimber. Olha para isso. — Ele tirou algo do bolso e jogou em direção ao Kimber. — É meu nome que está escrito aí. É da família Lee, e até onde sei, você está em guerra com eles, sim? — Thomas perguntou. Amara franziu o cenho, levemente curiosa. — Os Lee atacaram seus agentes e roubaram seu dinheiro, seus homens não dão conta e é óbvio que precisam de ajuda.

— Senhor Kimber, talvez seja interessante ouvir o que o senhor Shelby tem a dizer. — O contador disse. Parecia tentar conter um massacre naquele salão.

— Os Lees estão falando nas feiras. — Thomas disse, um pouco mais nervoso. — Têm muitos parentes. Dizem que o circuito de corridas são alvos fáceis, já que a polícia está ocupada com greves. Então, nós temos contatos. Sabemos exatamente como eles operam. E você tem homens e juntos podemos combatê-los.

Maldito filho da puta, Amara pensou sobre Thomas. Estava diante de uma verdadeira negociação. O ditado mantenha seus inimigos perto, nunca havia feito tanto sentido a Amara. Thomas de fato era um brilhante estrategista. Kimber o encarou, surpreso com suas palavras. Amara sabia que Tommy certamente levaria a melhor, sua lábia era bastante convincente.

— Eu o admiro, senhor Kimber. — Thomas disse falsamente. Flynn sorriu de lado, ele era um bom bajulador, quando queria. — O senhor começou do nada e construiu um negócio legítimo. Seria uma grande honra trabalhar com o senhor.

— Ninguém trabalha comigo. As pessoas trabalham para mim. — Kimber soou arrogante. Então puxou algo de dentro do bolso e jogou para o alto. — Pegue isso do chão, cigano.

A tensão tomou conta do salão. Amara fechou os olhos quando viu John se levantar de onde estava, uma briga iria começar. Então o barulho de cadeiras despertou sua atenção novamente. Thomas pegava o que havia caído no chão. Flynn não sabia que ele aceitava certas humilhações para conseguir o que queria.

— É para consertar o teto. — Kimber disse se retirando do lugar.

— Muito obrigado, senhor Kimber. — Ele disse. Embora suas palavras parecessem agradecidas, Amara sentia sua raiva escondida entre linhas.

— Nós estaremos em Cheltenham. — O contador disse por último.

— E nós também. — Thomas disse.

Amara viu quando o último homem de Kimber saiu pela porta. Se não conhecesse o gênio de Thomas, poderia dizer que a negociação havia terminado ali, mas o Shelby tinha algo nas mangas e com certeza, impressionaria Billy Kimber até conseguir o que queria. Por um momento, Amara se lembrou do motivo de estar ali e do porquê ter escolhido Thomas para seu livro, ela havia visto algo nele que lembrava a si mesmo: ambos eram ambiciosos e não desistiam fáceis dos seus objetivos, mesmo que isso custasse um preço alto.

O relógio na parede indicava que estava ficando tarde e que ela deveria voltar para a casa de Ariana, aliás, tinha um compromisso com as irmãs Lowry. Amara caminhou até a porta dos fundos. Buscou no bolso a chave que abriria a porta, mas não a encontrou. Harry não havia dado a chave que abriria aquela saída. Evitando praguejar alto, ela voltou sorrateiramente para a sala que havia se escondido, bisbilhotando por uma brecha os irmãos Shelby, ainda no salão.

— Então foi por isso que você provocou uma briga com os Lees. — Arthur disse, parecia ter entendido somente agora o plano do irmão. Amara arqueou uma sobrancelha com a informação. — Que porra Tommy, nós não podemos brincar com o Billy Kimber.

— Arthur, faça um corte de cabelo decente. Vamos às corridas. — Thomas disse. Alcançou um copo de uísque bebendo tudo de uma só vez.

— Só espero que não nos mate. Vamos para casa. — John disse ao se levantar. Thomas encarou o fim do corredor, havia uma ruga no canto dos seus olhos. Amara sentiu seu sangue congelar.

— Podem ir, vou ficar mais um pouco. — Thomas disse sem encarar os irmãos.

Os irmãos Shelby saíram do pub. Thomas acendeu um cigarro, enchendo um copo com uísques segundos depois. Amara mordeu o canto interno da boca, queria sair daquele lugar o quanto antes, mas seria uma tarefa impossível com Thomas ainda lá.

— Pode sair de onde está, senhorita Flynn. — Thomas disse. Amara arregalou os olhos, engolindo toda a saliva que havia se acumulado em sua boca. — Sei que não foi embora, como mandei.

Amara deus passos calculados até o salão. Thomas se sentou em uma cadeira, soltando um suspiro exausto. Deu um gole na bebida antes de pôr o copo novamente na mesa.

— Sinto que terei alguns problemas com você. — Ele disse sem encará-la. Amara mordeu o canto interno da boca, nervosa. — Talvez não seja familiarizada com ordens. Mas não vive mais em Nova York e quem manda e desmanda nessa cidade sou eu.

— Eu ia embora como havia mandado, mas o Harry não me deu a chave da porta dos fundos. Então tive que ficar...

— E ouvir toda a conversa. — Thomas disse sutilmente. Sua calmaria incomodava Amara. — Sabe que presenciou algo que pode colocar sua segurança em risco?

— Não tinha a intenção. — Mentiu.

— É claro que tinha. — Thomas a encarou finalmente. — Confesso que ainda estou tentando desvendá-la, Amara. Você age de maneira inconsequente e sabe que está agindo assim. Até parece gostar de desafiar o perigo. Tenha cuidado com o que ouve nesse lugar.

— Sei que enquanto você estiver precisando dos meus favores, não correrei perigo. — Amara caminhou em direção a porta.

— Como tem tanta certeza? — Thomas perguntou antes que a mulher chegasse à porta. Ela se virou para ele, dando de ombros.

— O homem que esteve aqui é o mesmo que devo impressionar. Na verdade, acho que sei o que você quer que eu faça exatamente. — Amara deu um passo até Thomas. Ele ergueu o queixo, curioso com o que a mulher tinha para falar. — Achei que tinha deixado claro que não era uma puta.

— Cristalino como água. Mas achei que tínhamos um acordo. — Thomas tragou o cigarro. Um riso fino marcava seus lábios. — E por ouvir uma conversa minha sem minha permissão, agora me deve esse favor.

— É um homem que vive de favores, senhor Shelby? — Ela perguntou.

— Você quer voltar atrás? — Ele perguntou. Amara manteve a postura tão rígida quantos os olhos azuis que lhe encaravam.

— Não sou de desistir fácil. — Respondeu. — Mas também não sou uma mercadoria para ser vendida.

Thomas sorriu baixo. O orgulho de Amara chegava a ser um dos seus muitos pontos atraentes. Ainda estava decidindo se era seguro ou não mantê-la em seus planos. A americana não parecia dar o braço a torcer. Tommy olhou para a prateleira de bebidas, onde rosas-vermelhas resistiam de maneira improvisada dentro de uma caneca de cerveja com água.

— Belas flores, quem as deu? — Thomas perguntou. Amara cruzou os braços.

— Um admirador, mas acho que não devo satisfação para você. — Respondeu rispidamente. Thomas tragou o cigarro, soprando a fumaça na direção da mulher.

— Espero que seja mais maleável quando estiver com o Billy Kimber. — Thomas se levantou, guardando os cigarros no bolso.

— Assim como espero que você tenha uma ideia melhor do que simplesmente me vender para ele. — Disse dando as costas. Antes que pudesse chegar até a porta, se virou para encarar Thomas mais uma vez. — E você é um bom bajulador, mas acho que já sabe disso. O Kimber também parece gostar de ouvir elogios, encha o ego dele da mesma forma que enche seu estômago de uísque, aposto que conseguira o que tanto quer. — Ela riu levemente, Thomas ergueu uma sobrancelha. — Não esqueça de fechar o pub quando sair. Boa noite, Thomas Shelby.

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Amara mal havia prestado atenção no filme que passava no enorme telão em preto e branco. Seus pensamentos ainda estavam presos no que havia presenciado no pub. Thomas era persuasivo e perigoso, principalmente quando queria. E agora, ela estava entre ele e Billy Kimber. Era nítido que sua função envolvia favores sexuais com o homem, algo que lhe causava repulsa só de pensar. Ela riu em silêncio, seus planos não envolviam se tornar uma puta para conseguir informações. Não havia vindo de outro século, mesmo que por puro acidente, para isso. Flynn encarou o telão, ainda sem prestar atenção no filme, ela torcia para que Thomas realmente tivesse algum plano nas mangas. Ela havia se envolvido nisso e agora não tinha como fugir.

— Você nem está prestando atenção. — Sarah jogou uma pipoca na direção de Amara.

— Sarah! — Ariana repreendeu a irmã mais nova. Sarah bufou, colocando uma quantidade grande de pipoca doce na boca. — Dia difícil no trabalho? — Ariana perguntou da outra ponta.

— Sim. — Amara respondeu entre um suspiro.

— O Finn me disse que você deu doces para ele. Por que não ganhei doces também? — Sarah perguntou com as sobrancelhas unidas.

— Eu não quero você conversando com os Shelby, Sarah. — Ariana havia mudado o tom de voz. Parecia furiosa com o comentário da irmã mais nova.

— Eu não tenho problemas com os Shelby, diferente de você. — Sarah rebateu, audaciosa. Amara franziu o cenho com o comentário. Ariana beliscou a menina, fazendo-a soltar um gritinho de dor. Mesmo que Ariana agisse como mãe da garota, ambas ainda eram irmãs, a implicância e rebeldia fazia parte da convivência delas.

— Hora de ir para casa. — Ariana disse ao se levantar da cadeira.

— Não. Amara, podemos ficar? — Sarah perguntou, fazendo beicinho.

— Acho melhor irmos para casa. — Respondeu, sem emoção.

Sarah foi a primeira a atravessar a fileira de cadeiras, furiosa, batendo os pés no carpete escuro como só uma criança chateada faria. Amara caminhou logo atrás com Ariana. As mulheres saíram em uma rua movimentada. O centro era bem iluminado, diferente do bairro escuro que viviam. Sarah caminhava logo a frente, perdida levemente com tudo que via pela frente. Também parecia esquecer rápido suas birras, enquanto se distraía com as luzes multicoloridas do centro.

— Tem problemas com os Shelby? — Amara perguntou curiosa.

— Águas passadas. — Ariana deu de ombros. — Sei que trabalhando no Garrison, deve ter contato bem direto com eles, mas não se envolva.

— Tarde demais para isso. — Amara cruzou os braços quando o vento frio atingiu seu corpo.

— O que quer dizer? — Ariana lhe lançou um olhar questionador.

— O Thomas me fez um convite irrecusável. — Disse. Sua atenção se prendeu a uma vitrine de vestidos.

Embora estivesse presa em um século diferente, Amara dificilmente se via usando vestidos tão brilhosos e chamativos como os que a moda ditava. Gostava de usar a combinação de blusas e saias longas que Ariana lhe emprestava. No entanto, já que deveria ir a uma corrida e impressionar, gostaria de abusar do que podia. O vestido na vitrine era vermelho bordo, com uma saia rodada e levemente volumosa. Havia uma fenda profunda em um lado das pernas, assim como no busto. Aquela era uma arma perfeita para sedução e absurdamente cara para o que ela recebia.

— Convite? — Ariana ergueu uma sobrancelha. Curiosa.

— Vamos para uma corrida de cavalos. A trabalho, imagino. — Amara disse, ainda passeava o olhar por aquele vestido.

— E como isso faz parte da sua pesquisa?

— Foi fazendo uma pesquisa que cair nessa armadilha. — Amara desviou o olhar para a amiga. — Não tenho como sair dessa, mas não vou fazer o que ele quer que eu faça.

— É bom ter um plano e não confie em homens, de preferência os que pertencem à família Shelby. — Ariana disse, antes de continuar a caminhada.

Um plano era algo que Amara armava em sua mente. Flynn deu uma última olhada no vestido, ela sabia o que fazer. Em casa, colocou no Watson informações sobre o que havia ouvido mais cedo, suas percepções particulares sobre Thomas e algumas informações soltas de Kimber. Sabia que quando voltasse ao tempo, daria os créditos a Caleb por tantas informações particulares, mesmo que não soubesse onde ele estaria nesse momento. Pensar no Shelby do século vinte e um, trouxe um aperto no coração, assim como o que deveria estar ocorrendo em seu tempo, será que seus familiares estariam procurando por ela? Ou talvez o tempo para aqueles do futuro tivessem apenas parado. Mesmo que soasse egoísta pensar, somente o agora era importante.

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Havia tido sonhos sem sentidos. Claridades ofuscavam sua vista enquanto insistia em chamar por ajuda no completo silêncio, mesmo que não fosse atendida, ainda tinha esperança de achar uma saída naquele vazio. Amara acordou encharcada de suor. Era segunda, o começo da semana em um século diferente do que estava acostumada. Sem nenhuma emoção, ela preparou um banho no pequeno banheiro. As roupas de Ariana estavam penduradas em um cabideiro, cores simples e suaves para que não chamasse tanta atenção. Flynn sentiu que o seu primeiro problema havia chegado, sua menstruação havia descido mais cedo. Ela praguejou, sabendo que os primeiros absorventes descartáveis iriam surgir apenas em onze anos e mesmo que tivesse alguns tampões extras em sua bolsa, logo teria que se virar à moda antiga.

Seu humor não estava dos melhores, as cólicas pareciam insuportáveis, mas aguentaria com qualquer outro dia. O desjejum estava pronto sobre mesa. Sarah balançava as pernas para frente e para trás, enquanto sua irmã mais velha trançava suas madeixas longas e escuras. Amara murmurou um bom dia sem emoção, enquanto se servia com café e bolo.

— Não teve uma noite boa, não é? — Ariana perguntou, levando o olhar para a outra.

— Minhas olheiras me denunciaram? — Amara sorriu de lado.

— Não. Na verdade, você passou a noite toda pedindo ajuda. — Ariana deu de ombros. Então apontou para o lado. — Paredes finas.

— Sinto muito por isso, mas não tive sonhos coerentes. Acho que essa viagem mexeu com minha cabeça. — Disse antes de bocejar.

— Talvez devesse pesquisar mais sobre isso.

— Oba, eu posso ajudar? — Sarah pareceu animada. Mas se conteve quando recebeu um olhar duro da irmã.

— Não. Você precisa ir para a escola, tirar notas boas. — Ariana disse.

— Tem razão. — Amara respondeu. Sabia de um lugar onde acharia respostas, se estivesse certa, a biblioteca ainda ficava no mesmo lugar de sempre. No centro de Birmingham, perto da escola de Sarah. — Ariana, você é meu anjo.

— Obrigada, eu acho. — Ela agradeceu levemente confusa.

— Posso levar a Sarah para a escola hoje. — Amara lançou uma piscadela para a menina.

— Eu faço isso. — Ariana se afastou da irmã mais nova.

— Eu insisto. — Amara se levantou da cadeira.

— Tudo bem, já que insiste. — Respondeu.

Amara segurou as mãos de Sarah quando ambas tiveram que atravessar a avenida. Ariana estava certa sobre a irmã mais nova, a garota parecia ter mais confiança em Amara agora do que antes. Sarah correu para a porta da escola quando avistou um pequeno grupo de garotas da sua mesma idade. Amara sorriu levemente para a menina quando ela olhou para trás lhe dando um tchauzinho. Leva Sarah para a escola era divertido, além disso, a escola não ficava tão longe da biblioteca. Antes que pudesse sair do lugar, olhou em volta. Sua atenção se prendeu no garotinho que saía de dentro de um carro, junto de outras crianças. Amara acenou rapidamente para o menino quando ele olhou em sua direção. Finn sorriu, acenando rapidamente antes que seu irmão mais velho, John, notasse.

Amara viu como o homem parecia atrapalhado em governar tantas crianças. Algumas o chamaram de pai, confirmando a pequena suposição que Amara criava em sua cabeça. Ele não notou sua presença, além disso, ela estava distante o suficiente para que ele prestasse atenção. As crianças o abraçaram rapidamente antes de ouvirem alguma ordem sair dos seus lábios. Flynn saiu da área escolar, rumo a biblioteca. Sua distração durou por pouco tempo até ouvir uma buzina soar algumas vezes. Ela se virou, sendo surpreendida pelo mesmo carro que havia visto na escola. John parou o veículo ao seu lado, então abriu um singelo sorriso.

— O Garrison não fica nessa direção. — Ele disse.

— Eu sei. Não estou indo para o Garrison, estou indo para a biblioteca. — Respondeu. John desviou o olhar para frente, parecia pensativo.

— Entra no carro, eu te levo até lá. — Disse ao olhá-la novamente.

— Não precisa. — Amara falou, tentando soar a mais simpática que conseguia.

— Não confie no céu de Birmingham. — Ele apontou para cima. De fato, o céu havia virado de uma hora para outra, uma chuva estava prestes a cair. John não esperou por uma resposta, abriu a porta do carro para a mulher. — Eu também quero conversar com você.

— Comigo? — Amara franziu o cenho. Milhões de teorias surgiram em sua cabeça. Ela suspirou antes de subir no carro, sabia que o Shelby continuaria insistindo.

— Soube que está morando na casa da Ariana Lowry. — Ele disse. Amara olhou de soslaio para o homem, era claro que os Shelby saberiam de qualquer coisa que quisessem. — Conhece ela há muito tempo?

— Por que quer saber? — Amara perguntou. Então suspirou irritada. — O Thomas mandou você me investigar?

— Thomas? — Ele sorriu com deboche. — O meu irmão não tem nada a ver com o que quero saber. Na verdade, talvez ele tenha um pouco sim...

— O que quer saber? — Amara perguntou. John fez uma curva fechada, fazendo com que ela se segurasse no banco de couro.

— Há quanto tempo conhece Ariana? — Perguntou.

— Desde que precisei da ajuda dela. — Respondeu. John a encarou com um semblante confuso. Amara se lembrou do que Sarah havia dito na noite passada: Ariana tinha problemas com os Shelby. — Vocês se conhecem?

— Conheço todos que moram em Small Heath. — Ele respondeu.

— Acredito que você a conheça um pouco mais do que deveria. Estou certa? — Amara ergueu uma sobrancelha. Por um momento percebeu o estado de John Shelby, era como se ele tivesse perdido em pensamentos dolorosos. Amara pode jurar ver seus olhos brilhando. — Você...

— Acho que pode ficar aqui! — Disse ao frear o carro. Amara uniu as sobrancelhas, ainda teria que andar um pouco para chegar à biblioteca.

— Obrigado pela meia carona. — Falou quando colocou os pés para fora do carro. Amara encarou John, ele mantinha a atenção para frente e mãos firmes no guidom do carro. — Ariana é uma boa pessoa. Ela me ajudou quando precisei e duvido muito que outra pessoa faria por mim o que ela tem feito. Espero que possamos conversar mais, quando puder. — Ela deu um riso amigável, recebendo um olhar cauteloso de volta.

Amara caminhou rumo à biblioteca. Olhando a cada segundo para ter certeza de que John havia ido embora. Embora quisesse saber o que fato havia acontecido entre Ariana e os Shelby, sabia que tinha algo mais importante para fazer. Amara sorriu quando colocou os pés  na escadaria que a levaria para dentro da biblioteca. Estantes e mais estantes, recheadas de livros, inundavam sua visão. Era como ter morrido e ido para o paraíso. Amara caminhou entre os corredores, procurando por qualquer coisa que falasse ou citasse por viagens no tempo. Um livro de capa vermelha chamou sua atenção. Não era como se tivesse finalmente achado bilhetes mágicos de volta para casa, mas talvez se lesse mais sobre estrelas poderia conseguir respostas para o que queria.

Um lugar mais afastado das outras pessoas, parecia perfeito para iniciar a leitura. As primeiras páginas citavam constelações e teorias sobre o universo. Amara folheou o livro, ansiosa para encontrar rapidamente algo que falasse sobre estrelas cadentes. Por um momento se sentiu observada. Os pelos da sua nuca se eriçaram quando uma presença foi sentida.

— Porque eu saberia que a encontraria aqui, senhorita Flynn? — A voz fez com que Amara parasse onde estava. Birmingham pelo visto não era tão grande quanto ela achava. 

Carambaaa eu to muito feliz por ver que essa fanfic ta dando certo, muito obg pelos votos, comentário e leituras, vocês são maravilhosas.

Capitulo postado dia (05/04/2021), não revisado.

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