𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎┊𝟎𝟎𝟐
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Amara não sabia ao certo se havia desperdiçado seu pedido. A claridade atingiu suas pálpebras lentamente, fazendo-a despertar preguiçosamente. Uma porta foi aberta e murmúrios femininos preencheram não só os ouvidos da mulher, mas como toda a sala que estava. Mentalmente ela contou até três para que pudesse abrir os olhos. Amara se lembrava do acidente e torcia para que ainda tivesse todos os membros intactos e no lugar. Levou alguns segundos para que sua visão se acostumasse com a iluminação do local, tudo era claro demais para se acostumar imediatamente. Avistou primeiramente duas mulheres vestindo o que parecia ser um antigo uniforme de enfermeiras, ambas andavam no quarto como se sua presença não existisse ali. Talvez ela realmente não tivesse tanta importância.
Um murmúrio saiu da sua boca, finalmente uma delas, a mais velha, lhe deu atenção. A enfermeira levou a mão enrugada e gelada para a testa de Amara, possuía olhar profissional sob o estado da paciente. O toque fez com que Amie estremecesse. Espiando por cima do ombro da mulher à sua frente, Flynn percebeu que algumas das suas coisas estavam acima de uma cômoda pequena. Do outro lado do quarto, onde a mulher mais jovem mexia com certa cautela. Amara reprimiu um riso, era como se uma serpente pudesse saltar de dentro da bolsa para cima da enfermeira a qualquer momento.
— Onde eu estou? — Amara perguntou. Sua voz saiu rouca e baixa. Ela estava com sede, como se tivesse feito uma longa viagem por um deserto escaldante. — Água, por favor.
— Em um hospital, onde mais acha que estaria? — A enfermeira a sua frente foi curta e grossa. A outra mais jovem olhou para trás em silêncio, parecia reprimir as palavras da colega de trabalho só com o olhar.
— E o homem que estava comigo, ele está bem? — Amara perguntou quando a enfermeira mais velha se afastou para pegar um copo com água na mesa ao lado.
— Que homem? — A mais jovem perguntou.
— Caleb Shelby, ele estava comigo no carro quando sofremos um acidente. — Amara disse. As enfermeiras trocaram um longo olhar duvidoso. Amara balançou a cabeça.
— Conhecemos os Shelby e sabemos que não há nenhum homem chamado Caleb, assim como você deu entrada nesse hospital, sozinha. — A enfermeira mais velha disse. Amara piscou confusa, apanhou o copo com água bebendo tudo de uma só vez.
— Como assim sozinha? — Perguntou ao se sentar na cama. Então encarou seu próprio corpo, usava uma camisola branca e fina, típica de hospitais, incapaz de lhe aquecer.
— Quando você apareceu inconsciente na porta do hospital.
A água finalmente atingiu o estômago vazio de Amara, dolorosamente. Ela olhou à sua volta, dessa vez com mais atenção. O quarto que estava era grande, havia cerca de cinco leitos vazios. As paredes eram pintadas de branco gelo, revestidas com cerâmicas da mesma cor até uma certa altura. Estranhamente tudo parecia ser antigo. Em um salto, Amara se levantou da cama, perdendo o equilíbrio brevemente quando seus pés descalços atingiram o chão frio do lugar. As enfermeiras encaravam confusa a paciente misteriosa. Amara caminhou até a janela do lugar. Era quase noite e mesmo assim tudo parecia cinza e sem vida. Ao longe, fábricas soltavam uma fumaça escura no céu. Uma buzina, que mais parecia um barulho de pato, chamou sua atenção. Um carro antigo, muito antigo, buzinava para algumas crianças que cruzavam a rua sem prestar atenção.
Amara piscou algumas vezes, só poderia ter enlouquecido. As pessoas na rua usavam roupas que ela só havia visto em filmes muitos antigos ou em suas pesquisas. Era como se Black Country Living Museum tivesse se tornado realidade. Atordoada, ela se virou para o quarto novamente, percebeu com mais clareza que não havia nada moderno naquele lugar. Com um passo largo ela apanhou a sua bolsa que estava em uma cômoda, puxando de lá seu celular. Girou sem sair do lugar, procurando por sinal para que pudesse fazer uma ligação, mas sem sucesso. Então se deu conta de que estava sendo observada. A enfermeira mais jovem já estava próxima à porta dupla, pronta para chamar ajuda se fosse necessário.
— Onde eu estou? — Amara perguntou.
— Em Birmingham. — A enfermeira mais velha respondeu secamente.
— Que dia é hoje? — Perguntou cautelosa, não sabia se realmente queria ouvir a resposta.
— Quinze de maio de mil novecentos e dezenove. — A enfermeira respondeu.
Amara sentiu o chão debaixo dos seus pés sumir. Seu coração parecia dar pinotes dentro do peito. Sua boca ficou seca novamente. Por um momento tudo girou em sua frente. Ainda que sua vontade fosse sair gritando por todo hospital, ela se conteve. Ao invés disso, uma bolha de risada espocou de sua boca. Era uma piada, com certeza aquilo era um teatro do Black Country Living Museum. Ou não, as mulheres à sua frente trocaram olhares duvidosos novamente. Amara começava pensar que estava louca ou o pior realmente havia acontecido.
— Eu morri? Isso aqui é o inferno ou qualquer coisa que acontece depois da morte? — Amara desviou o olhar para a janela novamente.
— Você não está morta, garota. — A enfermeira mais velha parecia perde a paciência a qualquer momento.
Amara engoliu seco. Isso era muito real para ser um sonho, sentia tudo para está morta.
— Talvez ela tenha perdido a memória. — A enfermeira mais jovem se pronunciou finalmente.
Amara levou a mão para o cabelo, ela tinha consciência de tudo. Se lembrava muito bem de quem era. Sua cabeça doeu com as lembranças do acidente, do flash de luz caindo do céu. O pedido despretensioso que ela havia feito à estrela. Amara se sentou na primeira cama que viu, encolheu as pernas, abraçando os joelhos em seguida. Nunca em sua vida uma estrela havia realizado um desejo seu, por mais simples e bobo que fosse. Se isso realmente tivesse acontecido, então por que aquele seria diferente?
— Como é possível? — Murmurou para si mesma. Suas mãos estavam geladas. Aos poucos, a verdade ficava mais evidente. — Estou no passado.
— Pelo visto terei que chamar nosso psiquiatra. — A enfermeira mais velha interrompeu os pensamentos de Amara.
— Ela só está assustada, não percebe? — A mais jovem se aproximou da paciente. Seu olhar bondoso trazia conforto. — Tadinha, deve ter passado por algo terrível. Você sabe seu nome?
Amara mordeu o canto interno da boca até sentir o sabor metálico a inundar. Estralou todos os dedos das mãos, ouvindo o barulho se tornar uma sintonia agoniante do lugar.
— Amara Flynn. — Respondeu baixo.
— Sabe de onde veio?
— Sim. — Confirmou depois de um tempo.
— Isso é bom, podemos ajudar você a encontrar sua família. — A enfermeira mais jovem disse. Amara duvidou se isso era realmente possível.
— Eu realmente não tenho tempo e disposição para isso. Cuide dela, Ariana. — A mais velha disse secamente antes de sair do quarto.
— Não ligue para ela. Me chamo Ariana Lowry. — Se apresentou. Amara esboço um sorriso contido. — Você pode me falar um pouco sobre você? De onde veio, da última coisa que se lembra. Posso ajudá-la.
— Duvido muito que você possa me ajudar. — Amara se afastou da enfermeira. — Se eu contasse de onde realmente vim, você me internaria na ala psiquiátrica.
— Eu vi suas coisas. — Ariana uniu as sobrancelhas. — Algumas delas são estranhas, como esse... aparelho que está segurando. O que ele faz?
— Bem, nem sei por onde começar a explicar sobre as coisas que você viu na minha bolsa. — Amara deu de ombros. — Mas sei que não vou ficar nesse hospital, preciso achar um jeito de voltar para casa. Minhas roupas, onde estão? — Perguntou ao se aproximar dos seus pertences novamente.
— Acho que estão lavadas e secas, irei buscá-las para você. — Ariana disse.
Sozinha no quarto, Amara arrumou seus pertences na bolsa. Não sabia para onde ir, provavelmente o hotel que estava hospedada nem sequer havia sido construído, além disso, não tinha dinheiro suficiente para se manter. Ela estava perdida e falida em outra época. Encarou a janela novamente, pessoas iam e viam de muitas direções, aquilo não era uma encenação ou alucinação, era real. A porta foi aberta novamente, Ariana carregava as peças de roupas mais modernas que havia visto em sua vida.
— Nunca vi mulheres usarem calças como as suas. — Ariana comentou, quando viu o tecido grosso e escuro se ajustar exageradamente no corpo da paciente.
— Tenho certeza que não. — Amara murmurou enquanto enfiava o pé na bota escura de salto grosso. Então vestiu a blusa canelada vermelha, completando com o casaco bege grosso para suportar o frio.
— Na verdade, nunca vi uma mulher se vestir com você. — Concluiu. — De onde você é?
— De muito longe, muito mesmo. Talvez de um lugar que eu nunca mais vou ver. — Amara disse. Seu coração acelerou, não deveria pensar assim. Ela iria voltar para casa, mesmo não sabendo como.
— Pelo seu sotaque sei que não é britânica. Veio da América? — Ariana cruzou os braços.
— Sim. Nova York. — Respondeu.
— Não sabia que os americanos eram tão... modernos.
— Há muitas coisas que você não sabe ainda, e não vai ser eu que vai dar spoiler do que vai acontecer. — Amara sorriu de lado. Prendeu o cabelo com um laço e caminhou até a porta.
— Não pode sair! — Ariana a impediu.
— Acabei de me dar alta, então é claro que eu posso sair! — Amara disse. Ariana era alguns centímetros mais alta. Seus olhos azuis contrastavam com seus cabelos escuro. Seus traços eram simples. Amara havia gostado dela, mas sabia que era um sentimento passageiro caso ela não saísse logo da sua frente.
— Você está visivelmente perdida, não posso deixar que vá embora! — Ariana cruzou os braços em frente a porta. — Sem mencionar que parece estar falando coisas sem sentido algum.
— Qual a probabilidade que tenho em contar algumas coisas sobre mim e você realmente me ajudar? — Amara perguntou. Ariana inclinou levemente o queixo fino.
— Vai depender da sua história. — Ariana deu de ombros, piscando algumas vezes.
— Sou jornalista e historiadora, vivo no ano de dois mil e vinte um. Vim a Birmingham à trabalho. Quando estava voltando para o hotel que estava hospedada, fiz um pedido a uma estrela, então sofri um acidente e agora estou aqui, em mil novecentos e dezenove. — Amara deu um leve sorriso ao terminar seu breve e trágico histórico.
O silêncio constrangedor pairou entre às duas mulheres. Amara tinha quase certeza de que esse era o seu fim. A enfermeira lhe encarava confusa, provavelmente absorvendo tudo que havia ouvido. Quem em sã consciência acreditaria que ela havia voltado no tempo por conta de um pedido feito a uma estrela-cadente?
— Por favor não me interne na área psiquiatra, tenho provas do que digo. — Amara uniu as mãos. Ela não era uma mulher de suplicar por algo, mas estava com medo do que podia acontecer. Sabia que seria seu fim se caso acabasse presa em um manicômio.
— Não vou. — Ariana disse em um tom baixo. Seus lábios se transformaram em uma linha dura. — É verdade o que diz?
— Olhe para mim. Eu não pertenço a esse século e não sei como voltar para casa. — Amara tentou soou mais sincera possível.
— Uma mulher perdida como você não pode andar pelas ruas de Birmingham sozinha, pode ser perigoso. — Ariana disse. — Não deve ter dinheiro também, não é?
— Não. E duvido muito que alguém por aqui passe cartão crédito. — Amara mordeu os lábios.
— Cartão de quê? — Ariana franziu o cenho e balançou a cabeça confusa com o que havia acabado de ouvir. — Tudo bem, acho que posso ajudar você de alguma forma. Meu turno acaba daqui a algumas horas, você pode ficar na minha casa enquanto se estabelece, eu acho.
— Vai realmente ajudar uma estranha como eu? — Foi a vez de Amara balançar a cabeça confusa.
— Ajudo qualquer mulher que pede por socorro. E você, minha querida, está implorando por isso. — Ariana deu um passo até Amara. — Não suma até eu voltar.
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Ainda que não tentasse chamar atenção para si, Amara se sentia como um alienígena passando entre as pessoas. O caminho para a casa de Ariana era maior do que esperava. Small Heath era um bairro pobre, com ruas escuras e lama por toda a parte, o odor também não era um dos melhores. O percurso feito a pé foi uma verdadeira provação para Flynn, que tentava conter as palavras e xingamentos em sua boca cada vez que passava por um grupo de homens bêbados na rua. Amara fitou Ariana, a enfermeira parecia acostumada com os assédios, o silêncio era sua única resposta aos assobios e piadas sujas que ouvia pelas vielas.
— Você se acostuma com isso. — Ariana se pronunciou ao parar em frente a uma porta marrom.
— Os homens nunca mudam, só pioram com o tempo. — Amara disse.
— Suportamos tantas coisas e mesmo assim ainda somos subjugadas. E se falamos algo que realmente queremos, somos taxadas de vadias ou pior. — Ariana retrucou. Girou as chaves na porta e a abriu. — Entre, antes que congele de frio.
Amara ergueu o pé direito para que pudesse entrar na casa, era um hábito que jamais perderia. O primeiro passo, dado com o pé direito, significava sorte e isso era algo que ela precisava. O primeiro cômodo era uma sala pequena com móveis simples. Um sofá verde folha era coberto por uma manta de tricô bege. Uma lareira pequena estava acesa, iluminando parcialmente o lugar. Amara olhou em volta, havia um pequeno corredor que dava em uma cozinha pequena, os quartos provavelmente ficavam no segundo andar. Ariana colocou a pequena bolsa em uma penteadeira, se encarando no espelho oval que havia na parede, sorriu quando passos apressados foram ouvidos vindo ao encontro do primeiro andar. Uma menina de cerca de onze anos parou no meio da escada, estava curiosa com a visita inusitada que havia se deparado.
— Sarah, essa é a Amara, ela vai ficar com a gente por um tempo. — Ariana apresentou. Amara sorriu para a garotinha, que por sua vez, possuía um olhar afiado. — Amara, essa é minha irmã, Sarah.
— Olá Sarah, é um prazer conhecê-la. — Amara deu um passo até a garota. A jornalista não levava tanto jeito com crianças, mas se esforçava como podia.
— Por um tempo? Então isso quer dizer que ela vai ficar no meu quarto? — Sarah perguntou, ignorando totalmente as palavras da convidada. Seu tom de voz saiu irritado, ela não gostaria de sair do próprio quarto.
— Sim! — Ariana respondeu com autoridade.
— Não precisa se preocupar comigo, posso dormir na sala. — Amara tentou contornar a situação. Era nítido que a menina não havia gostado da notícia.
— De forma alguma, você é minha convidada. — Ariana caminhou até a irmã mais nova. — Seja boazinha, Sarah.
— Você me parece ser uma garota esperta, Sarah, acho que podemos nos dar muito bem. — Amara tentou uma abordagem mais amigável. A garota de cabelos escuros a encarou, sardas preenchiam seu rosto, olhos escuros a média dos pés à cabeça. Então sem dizer mais nada, subiu as escadas novamente.
— Ela é como um gato arisco no começo, mas depois não irá mais largar você. — Ariana soltou o cabelo, deixando as madeixas escuras escorregarem por suas costas. — Você está com fome? Vou fazer algo para comer, venha.
Sem contrária, Amara seguiu a anfitriã até a cozinha. Se sentando em uma cadeira de madeira, ela observou Ariana colocar uma chaleira no fogão. Amie ainda duvidava se estava realmente vivendo aquilo, talvez fosse um sonho lúcido ou um delírio causado pelo acidente, poderia acordar a qualquer momento e dar boas risadas sobre o sonho. Mas estava ciente que levaria um longo tempo para aceitar que aquela era sua realidade agora. Curiosa, Amara puxou o celular da bolsa e checou as horas, eram quase nove horas da noite. Ariana se virou quando sua convidada guardava o aparelho estranho na bolsa.
— Então... Você mora aqui com sua irmã? — Amara quebrou o silêncio. Ariana caminhou até uma cesta, de onde tirou pão, queijo e salame.
— Sim. Ela veio morar comigo depois que nossos pais morreram com a peste. — Respondeu enquanto montava um sanduíche. — Ela estuda pela maior parte do dia. Fica em casa sozinha até eu voltar do hospital. Vivemos com o pouco que recebo lá e o que sobrou da nossa herança.
— A peste. — Amara se encostou na cadeira murmurando as palavras. A gripe espanhola havia causado grande devastação até mil novecentos e vinte, se expandiu graças a Primeira Guerra Mundial. Flynn fechou os olhos brevemente, havia saído de uma pandemia para entrar em outra. — Não quero dar trabalho a você. — Amara disse. A chaleira apitou liberando uma pequena fumaça no ar.
— Não se preocupe com isso. — Ariana respondeu de costas, enquanto preparava um chá. — Só quero entender você e sua história. — Então se virou para a mesa. — Vai contar o que é esse aparelho?
Um prato com sanduíche e uma xícara com chá foram deslizados na direção de Amara. Embora ainda não sentisse fome, ela deu uma mordida generosa no pão antes de beber o chá de gengibre. Flynn tinha preferência por café preto, mas sabia que o gosto dos ingleses tendia para o chá, então teria que se acostumar com isso.
— É um celular. — Amara disse. Ariana sentou na cadeira da frente. Estava curiosa.
— E o que ele faz?
— Muitas coisas. Ligações, fotos, mensagens...
— Consegue tirar fotografias por essa caixinha? — Ariana sorriu incrédula.
— Sim, veja. — Amara puxou o celular novamente, então acessou a galeria e mostrou a última foto que havia tirado. — Todos em meu século tem um desses e existem vários modelos, marcas.
— Seu século parece interessante. Nossa... — Ariana estremeceu.
— O que foi?
— É estranho dizer isso em voz alta. Quer dizer, como é possível você estar aqui e agora? — Perguntou. Amara deu de ombros.
— Não sei, mas não faça pedidos a estrelas cadentes. — Disse em resposta. — Não sei como voltar, então vou seguir o que manda o roteiro.
— Você fala engraçado. — Ariana sorriu, antes de beber um gole de chá. — As mulheres do seu tempo são todas modernas?
— Sim, mas em alguns casos ainda ganhamos menos que os homens. — Amara torceu a boca.
— Mas ao menos podem seguir qualquer carreira? Você disse que é jornalista e historiadora, não é? Acho que nunca vi uma mulher ser duas coisas que só os homens podem ser.
— Sim. É claro, podemos ser o que quisermos.
— Isso é bom, pelo menos a sociedade evoluiu para alguma coisa. Eu pretendo me tornar uma grande médica cirurgiã, mas parece que essa profissão cabe somente aos homens. Mesmo assim, eu estudo e ensino a minha irmã que ela pode ser o que quiser.
— Viva o poder feminino! — Amara ergueu a xícara no ar.
— Poder feminino, gostei. — Um riso verdadeiro fluiu nos lábios rosados de Ariana. — Já sabe o que vai fazer amanhã?
— Não. — Amara soou melancólica. Encarou as mãos, pensativa.
Ela havia feito um pedido a uma estrela, algo despretensioso, mas forte o suficiente para ser atendida. Talvez sua viagem no tempo tivesse um propósito e havia uma pequena possibilidade de voltar ao seu tempo se caso alcançasse ele. Amara sorriu de lado, ela estava no lugar que queria. Uma onda de calor percorreu seu corpo ao imaginar que agora teria a chance de conhecer de perto as pessoas mais importantes para sua pesquisa e teria que fazer do jeito certo, sem levantar suspeitas. E por sorte, ela conhecia um lugar perfeito para isso.
— Pensando bem, preciso de um emprego. — Concluiu com uma sobrancelha erguida, ela não iria desperdiçar seu pedido.
O Thomas vai chegar logo logo, prometo.
Espero que tenham gostado do capitulo de hoje e fiz uma playlist no Spotify para a fanfic o link ta no meu perfil, mas podem pesquisar por "Dobra no Tempo"( perfil da: gabsdutra) que vão achar ela, vou adicionar mais musicas no decorrer da historia e vocês podem me recomendar algumas que com certeza vou adicionar lá.
Capitulo postado dia (08/02/2021), não revisado.
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