𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎┊𝟎𝟎𝟏
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BIRMINGHAM, 2021.
Não era um bom dia para sair de onde estava. Amara Flynn checou o celular novamente só para ter certeza de que não deveria confiar no céu de Birmingham. Ainda que a meteorologia dissesse que o sol iria aparecer entre as nuvens, Amara preferiu acreditar no que via com os próprios olhos. O tempo estava absurdamente frio, de congelar até as almas que se julgavam mais ardentes. A ventania era violenta e isso era sinal de que uma tempestade impiedosa estava por vir. Embora quisesse dar meia volta e se esconder nas cobertas grossas do pequeno quarto de hotel que havia alugado, optou por dar passos decididos para a avenida e esperar pelo Uber que havia solicitado.
A jovem, criada em solo americano, mas com sangue cubano, não havia vindo de longe e passado longas horas em voos para que uma chuva a fizesse desistir da parte mais interessante da sua pesquisa. Quando escolheu estudar jornalismo na universidade de Harvard, sabia que estava seguindo o seu maior sonho e que tinha em mente ter uma carreira promissora. Foram quatros anos e meios para chegar até sua graduação e como ainda não era o bastante, se inscreveu em um novo curso, história. Sabia que podia muito bem unir o útil ao agradável e decolar de vez. Então seguindo seu instinto de historiadora e investigadora, seu foco agora era mostrar a todos como os grandes criminosos da história agiam, em forma de um livro.
Estudar mentes criminosas e seus feitos para a história, havia se tornado seu passatempo preferido. Amara poderia dizer que fazia isso por curiosidade, mas preferia admitir que tinha uma leve obsessão por entender como funcionava a política entre eles. Enquanto seus amigos se divertiam em festas, Flynn se afundava nos conhecimentos dos livros e todos os documentários que conseguia assistir. Foi em meio às pesquisas e documentos históricos que reunia, que Amara chegou à organização mais temida do século XX. Os famosos Peaky Blinders, que operavam no território de Birmingham, liderados por Thomas Shelby, um brilhante estrategista que conseguiu rapidamente grande influência política através de roubos, fraudes, sequestros e contrabandos, além de outras diversas atividades ilícitas.
Amara soube naquele momento que seu livro tinha ganhado um protagonista audacioso e calculista. Suas pesquisas iam além de entender quem eram os famosos Peaky Blinders e como o grupo havia conseguido deixar suas marcas na história e por gerações. Thomas Shelby havia se tornado o passatempo particular e favorito de Amara Flynn. E com o propósito de se aprofundar em pesquisas, Amie viajou para Birmingham. Acreditando que assim, poderia captar a essência e registros que necessitava para que seu livro saísse perfeito.
Um veículo escuro parou no mesmo momento que uma ventania fez com que as madeixas escuras de Amara voassem para seu rosto. Se tinha algo que ela detestava, era chuva e clima úmido e a cidade de Birmingham era uma verdadeira provação para sua paciência. Amie sabia que havia sido muito precipitada em escolher viajar para um país logo no período do ano que lhe causava mais aflição, mas agora era tarde demais para voltar atrás. O motorista seguiu viagem em silêncio, Flynn agradeceu por isso, ainda não tinha tido tempo para se acostumar ao forte sotaque dos britânicos. O destino era o Black Country Living Museum que ficava a dezesseis km de distância de onde estava hospedada, em Birmingham. Poderia ter escolhido visitar o bairro Small Heath, onde os antigos Peaky Blinders residiam, mas devido ao furacão que havia assolado o lugar, o caminho estava bloqueado até que tudo pudesse ser reconstruído. Mesmo assim, a visita ao museu seria interessante, o lugar era uma verdadeira versão do antigo bairro industrial. A ansiedade tomou conta de Amara, além de visitar o museu, ela teria um encontro valioso para seu trabalho.
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Era quase como estar em mil novecentos e dezenove. Amara levantou o celular para fotografar o prédio de tijolos marrons a sua frente. O lugar não estava tão cheio como esperava, aliás, não era alta temporada e esse era um dos motivos da sua ida repentina para o Black Country Living Museum. Sabia que teria paz em sua pesquisa, sem pedir desculpa cada vez que esbarrasse em alguém em seus momentos de descontração. Amie dobrou um canto, parando aos fundos de uma fábrica onde um canal passava preguiçosamente. Por um momento ela imaginou como seria a vida das pessoas que viviam naquelas condições. Naquele tempo, havia duras privações econômicas da classe trabalhadora e durante esse momento caótico da história, devido às fortes dificuldades econômicas, grandes manifestações surgiram, assim como os Peaky Blinders, que começaram a pôr suas atividades ilícitas em prática.
Um trovão bradou no céu já encoberto por nuvens escuras e pesadas. Amara girou os calcanhares para uma rua mais movimentada, era hora de encontrar alguém. Ela se perderia facilmente entre as casas se de alguma forma morasse nesse lugar. Tudo parecia seguir um padrão, o chão era de paralelepípedos escuros, as casas e fábricas quase se mesclavam, ambos eram construídos pelos mesmos tijolos marrons, em uma arquitetura simples. Os prédios mais altos não passavam do terceiro andar. A marca do tempo deixava tudo mais intenso, principalmente visto de olhos curiosos. Seguindo um pequeno grupo de pessoas, Amie entrou no pub que parecia uma cópia fiel do antigo Garrison. O lugar tinha odor de velho, embora estivesse em perfeitas condições.
Se sentou em um banco alto e pediu uma água com gás ao barman. Sua atenção voltou para o caderno pequeno de capa de couro ou como gostava de chamar: Watson, o nome era uma clara alusão ao Dr. Watson, o fiel companheiro de Sherlock Holmes. Sua letra imaculável preencheu as folhas em branco, com algumas informações sobre a arquitetura local. Quando a água foi servida em sua frente, sua atenção se prendeu a um quadro que jazia acima de uma prateleira de bebidas alcoólicas. A foto era antiga, algumas marcas do tempo denunciavam isso. Amara inclinou o rosto para o lado, parecia ser uma família. Cinco homens e quatro mulheres, além de muitas crianças em idades distintas, estavam presentes na enorme fotografia, todos com o semblante sério. O homem do meio parecia ser o mais mal-humorado em comparação aos outros, carregava um garotinho no colo que parecia não entender o que estava se passando ao seu redor.
— Naquela época eles não sorriam para fotos. — Uma voz rouca e com um sotaque carregado soou atrás da mulher.
Amara piscou algumas vezes antes de se virar. O homem que disse aquelas palavras usava um blazer escuro, visivelmente caro, por cima do moletom. Seus olhos eram azuis acinzentados, intensos e penetrantes, de alguma forma combinavam com o riso torto em seus lábios. O cabelo escuro brilhante era bem aparado e penteado para trás, mas uma mecha insistia em cair sobre a testa dele. Amie sorriu para o homem, provavelmente ele deveria ter um pouco mais que quarenta anos. Era atraente, mas de uma forma perigosa. Malditos genes Shelby.
— Perdoe-me por não me apresentar, me chamo Caleb Shelby. — Ele estendeu a mão de forma cordial para a jovem mulher em sua frente.
— Flynn. Amara Flynn. — Respondeu ao retribuir o gesto.
— Então era com você que eu deveria me encontrar, estou surpreso em me deparar com uma bela moça, com todo respeito. — Ele sorriu mais uma vez. Amara franziu o cenho.
— O que quer dizer? — Ela perguntou.
— Geralmente, as pessoas que me procuram para saber sobre a minha família possuem idade para ser meus avós. — Ele disse. Então caminhou até um banco alto. — Confesso que não estou familiarizado com uma historiadora tão jovem.
— Muitos historiadores procuram saber sobre os Shelby?
— Na verdade, são poucos os que querem saber a verdade sobre os Shelby. — Ele disse, sincero. — A maioria só quer saber das coisas que os fizeram famosos e usar isso para ganhar dinheiro. Olhe só para esse lugar, é uma réplica perfeita de um dos pubs que pertenceram a minha família e eles ainda possuem uma foto original do antigo clã.
— Como eles conseguiram a foto? — Amara não sabia disfarçar sua curiosidade. Caleb lhe lançou um riso brilhante.
— Eu vendi para o museu.
Caleb pediu uma dose de uísque ao barman, então voltou atenção a Amara. Estava de fato, impressionado com tamanha beleza. A mulher era jovem, talvez tivesse cerca de trinta anos. Seu olhar era curioso e desafiador, possuíam um tom de verde selvagem. Seu cabelo escuro estava preso de maneira improvisada por uma caneta, mostrando que vaidade certamente não era seu forte. Algumas mechas caiam despretensiosamente ao redor do seu rosto redondo lhe dando um ar descontraído. Ela entreabriu os lábios quando apontou para a foto da família Shelby.
— Quando pesquisava sobre os Peaky Blinders, achei algumas fotos dos membros da gangue, mas nunca vi fotos da família reunida. — Disse. Então continuou. — Esses são todos os membros da família Shelby? — Ela perguntou olhando brevemente para a foto.
— Sim, toda a família Shelby da época, foto tirada em 1922. Thomas Shelby é o mais carrancudo da foto, está carregando meu avô no colo, Charles Shelby — Respondeu com certo orgulho. — Quando as pessoas me procuram, assim como você, elas sempre querem saber o que aconteceu com toda a fortuna acumulada pelos Shelby.
— E o que você responde?
— Que a família Shelby é absurdamente grande. Olhe só a quantidade de crianças! — Ele apontou para todos os rostos infantis da imagem. — Acha mesmo que iria sobrar algo até chegar na minha geração?
— Bem, naquela época não tinha TV, então dê um desconto. — Amara comentou. — Achei que a família Shelby era muito boa com questões econômicas. Thomas Shelby tinha muitas ações, empresas e outros negócios... Era até envolvido com política.
— A família Shelby costumava ser, mas você sabe, eles pagaram um preço bem alto por isso. — Caleb bebeu um gole de uísque. — Hoje estamos espalhados pelo mundo, mas ainda tenho ações em uma empresa de autopeças que pertenceu ao próprio Thomas. Orgulho-me em dizer que não sobrevivo com o dinheiro sujo dos Peaky Blinders.
Isso explicava algumas questões. Há meses Amara procurava qualquer membro que pertencesse à família Shelby. Foi quando encontrou Caleb Shelby, que ainda residia em Birmingham. Marca um encontro para ter informações que nenhum site de pesquisa poderia lhe dar, foi fácil. Caleb parecia disposto a conversar sobre o passado da sua família.
— Tenho algumas perguntas sobre o Thomas. — Amara disse antes de abrir o caderno. Caleb a encarou. — Em minhas pesquisas, não achei o que de fato aconteceu com ele, simplesmente não há registros.
— Quando meu avô fez vinte anos, o Thomas deixou tudo o que ainda tinha para ele e para sua outra filha, sumindo em seguida. Claro que meu avô o procurou, desesperadamente, por cada canto que podia. — Caleb encarou o copo com o líquido dourado. — Sabe, acho que ele sucumbiu à loucura.
— Thomas Shelby era louco? — Amara perguntou surpresa.
— Ele foi para a primeira guerra mundial, essas coisas mexem com a cabeça de um homem. — Caleb ergueu o olhar. — E depois das coisas que ele fez a família passar, e que ele mesmo passou é fácil ficar com o juízo fraco.
— Que triste. — Ela lamentou. — Um homem perdido no mundo é um dos piores destinos que se pode ter.
— Há também uma história sobre a família. — Amara o encarou com atenção. — Somos ciganos e foram eles que fizeram os pregos que prenderam Jesus na cruz, por isso somos amaldiçoados e inquietos. Enlouquecer faz parte do nosso histórico familiar.
— É claro que precisam por a culpa em algo, então por que não em maldições? — Amara rabiscou em seu caderno.
— Concordo. — Caleb levantou o copo, dando mais um gole. — Acho que meu avô nunca superou esse abandono, ele já havia perdido a mãe quando era um bebê, se tornou um homem frio, exatamente como o Thomas. Mas pelo menos seguiu a vida como uma pessoa digna, conheceu uma boa mulher, teve uma filha, minha mãe e ela me teve.
— Acha que esse é os felizes para sempre dos Shelby?
— Quem sabe? — Ele sorriu de lado. — A geração parou em mim, não tenho esposa, nem filhos, acho que meu bisavô ficaria incomodado em ver que sua geração terminou comigo.
Amie suspirou, escrevendo no caderno o que havia acabado de ouvir. Estava intrigada com o final que Thomas Shelby havia tido, não esperava saber que ele era um homem louco, possivelmente atormentado pelos fantasmas da Primeira Guerra Mundial. Ela levantou o rosto, encarou o retrato por mais tempo do que esperava.
— Tenho mais fotos dele em minha casa, se quiser, posso escanear e mandar para você. — Caleb disse.
— Ficaria agradecida.
— Então, qual o propósito dessa pesquisa, senhorita Flynn? — Caleb perguntou fixando seu olhar na mulher ao seu lado.
— Bom, quero mostrar às pessoas como os Shelby cuidavam dos seus negócios. Pretendo escrever um livro, o Thomas me despertou grande interesse, ele era um homem inteligente, mas confesso que não estava preparada para esse final e isso muda um pouco os planos...
— Pode dizer que ele ficou velhinho brincando com os netos em volta da lareira. — Caleb caçoou bebendo o último gole de uísque. — Então quer escrever um livro sobre criminosos, bem ousado da sua parte.
— Pessoas escrevem sobre criminosos todos os dias, e escrevem o que querem. Eu quero escrever a verdade sobre essas pessoas. Claro que vou partir do ponto crítico, aliás, sou jornalista, historiadora e não uma autora romancista. Trabalho com fatos e não com fantasias.
— Não duvido do seu potencial. — Seus olhos brilharam. — No entanto, existem coisas sobre meu bisavô que são desconhecidas até para mim. Meu avô evitava falar sobre ele e foi assim até a morte dele. Claro que devido a alguns documentos e histórias passadas ao longo do tempo, sei exatamente o tipo de negócios que os Shelby tratavam, sei que eles eram homens perigosos. Muito perigosos. — Enfatizou a última frase, como um aviso perigoso.
— E mesmo com todo o histórico ruim, tudo foi reduzido a um parque, diversão. — Amara comentou olhando à sua volta. — Os Shelby, ou melhor, os Peaky Blinders, se tornaram uma espécie de atração turística para esse lugar.
— É o que acontece com pessoas como eles. Alguns caem no esquecimento, outros se tornam famosos. — Caleb sorriu de modo seco. — Existem coisas que levam meu sobrenome, mas que não me pertencem. Como os antigos pubs e casas, por exemplo.
— Não há mais nada seu? — Amara enrugou a testa.
— Não, infelizmente não. Tudo foi tomado da família há muito tempo, alguns imóveis foram destruídos, outros ainda existem.
— Então o reinado dos Shelby caiu.
— O passado, fica no passado. Nós, os Shelby que resistimos ao tempo, somos, como posso dizer...
— Desprezados, odiados? — Amara sugeriu. Caleb deu de ombros.
— Um pouco dos dois. — Ele disse baixo. — Temos uma maldita dívida histórica com algumas famílias que ainda vivem por aqui e com a maldita política. Isso explica por que eu sou o único da linhagem que vive nesse país. Sou a porra de um Shelby teimoso, querendo meu espaço nessas terras. Tenho direito, não?
Amara confirmou em silêncio.
— O que aconteceu com o resto da família Shelby? Não correram atrás do que perderam? — Perguntou enquanto escrevia mais um tópico no caderno.
— Sabe, viver com negócios ilícitos enfastia, e foi o que aconteceu. — Caleb disse. — E depois que a família chegou ao topo, caíram drasticamente, nenhum império sujo resiste por tanto tempo. Os Shelby se separaram, alguns se perderam durante a guerra, foram muitas perdas.
— Não tem contato com mais nenhum parente? Disse que seu avô tinha uma irmã, certo? — Amara levantou o olhar para Caleb.
— Não, infelizmente não fazemos mais reuniões de família. E não tenho interesse em me encontrar com parentes. — Suspirou. Então apontou para o caderno. — O que já conseguiu com a pesquisa?
— Informações superficiais. Parece que a América não se importa em falar de outros criminosos se não os seus próprios.
— Por isso veio até Birmingham. — Caleb sorriu de lado.
— Sim. — Embora não fosse uma pergunta, amara confirmou. — Aqui vou achar o que preciso.
— Sorte a sua então por me encontrar. — Se vangloriou. — Quanto tempo vai ficar na cidade?
— Tempo suficiente para conseguir o que preciso. — Respondeu. — Estou trabalhando sozinha, o que é bom, posso fazer tudo no meu tempo. A parte ruim é que tenho que financiar tudo do meu bolso, mas tudo bem é por uma boa causa.
O tempo passou mais rápido do que Amara esperava. Caleb era um homem acessível, além de ser um bom companheiro de bebida. Amie havia trocado a água com gás por cerveja preta para que tornasse a conversa mais descontraída. Quando a porta do pub bateu, amara olhou para trás. Havia se distraído ao ponto de não perceber que algumas pessoas já haviam ido embora. O temporal lá fora chamou sua atenção, ela olhou o relógio digital no pulso, era meia-noite.
— Acho que está tarde. — Caleb disse puxando uma nota do bolso e deixando no balcão. — Você está hospedada em algum hotel? Posso te dar uma carona.
— Em Birmingham, no centro. — Disse. Então negou com a cabeça. — Não precisa de carona, eu chamo um Uber.
— Por favor, eu insisto, tem um temporal caindo sobre a cidade, acho difícil que sua internet funcione para chamar algum carro. — Caleb disse. — Posso ir respondendo mais algumas perguntas no caminho.
— Bem, já que insisti. — Amara deu de ombros.
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Amara tomou nota de tudo que havia ouvido no carro. Primeiro, Thomas Shelby era um homem solitário, não tinha compromissos amorosos, nenhuma mulher havia domado seu coração, nem mesmo as mães dos seus filhos. Segundo, o senhor Shelby era um homem de poucas palavras e não tolerava olhares atravessados. Terceiro, embora fosse um homem calculista, ele prezava a família e agia em nome dela. Quarto, Thomas era o segundo filho mais velho da família Shelby e mesmo assim era responsável por todos os negócios, além dele havia mais quatros irmãos: John, Arthur, Finn, Ada. Quinto, seu sumiço inexplicável havia sido um dos motivos para levar a família a sua ruína definitiva. Talvez ele estivesse fugindo para recomeçar a vida ou apenas, fugindo do passado sombrio.
O som do para-brisa era a única acústica do carro. Amie encarou seu caderno, pode sentir pena da vida que um dos homens mais poderosos de toda Inglaterra levava. Ele tinha tudo, ao mesmo tempo que nada. Ainda havia perguntas que Caleb não saberia responder ou que havia pedido um pouco mais de tempo para que pudesse descobrir. Por um momento ela encarou a estrada escura. Mesmo com uma chuva impiedosa caindo de um céu escuro, Amie pode avistar um flash de luz atravessar as nuvens, uma estrela-cadente. Quando criança ela costumava fazer desejos a esses poucos segundos mágicos que se passavam. Mas nenhum havia se realizado. Ela sorriu amargamente com o pensamento, era boba demais naquela época.
Ainda assim, um pouco daquela garotinha vivia em silêncio dentro do seu peito. Ela fechou os olhos e desejou poder viver em mil novecentos e dezenove e assim conhecer a verdade não dita sobre as pessoas daquela época. Talvez até ter o privilégio de conhecer e entrevistar os temíveis Peaky Blinders. E como faria isso? Bem, magicamente aconteceria. No entanto, isso era impossível e ela teria que continuar as pesquisas em seu próprio século. Segundos se passaram, e seus olhos se abriram novamente para a estrada. Um novo flash de luz surgiu na escuridão, mas não parecia ser uma estrela-cadente, era muito maior, como um caminhão. Caleb pisou no freio, perdendo controle do veículo na pista escorregadia. Amara soube que naquele momento, enquanto o carro era jogado para fora da estrada, capotando inúmeras vezes, que aquele não era um bom dia para sair de onde estava.
O primeiro capitulo chegou e espero do fundo do coração que tenha gostado. Ele ficou até maior do que eu tinha planejado, foram 3300 palavras rs.
Sobre algumas informações, lembre que estou misturando fatos e ficcção e que a Amara pode alterar drasticamente toda a linha temporal.
É isso, me contem o que acharam e o que esperam para o proximo capitulo <3
Capitulo postado dia (01/02/2021), não revisado.
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