Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

𝐁𝐎𝐍𝐔𝐒┊𝟎𝟓

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

O futuro era um lugar estranho. Os dias passaram-se depressa e em oito anos, Anthony já corria pela mansão com uma energia sem igual. Amara acreditou que Thomas nunca fosse acostumar-se com o futuro. Ela sorria sempre que o ouvia reclamar da falta de privacidade que as famosas redes sociais traziam na vida das pessoas ou de como tudo parecia ainda mais perigoso. Por um tempo ele abdicou o uso de celulares, mas logo percebeu que não havia como fugir do aparelho. Aquilo era uma verdadeira 'mão na roda'. Gradualmente o Shelby da década de vinte adequava-se aos tempos modernos. Felizmente, Thomas possuía o dom de negócios em qualquer 'Era' que fosse posto, e não demorou para que ele voltasse à ativa na companhia Shelby, sendo sempre lembrado das semelhanças que tinha com o grande e famoso fundador daquela empresa.

Da mesma forma Amara voltou para o jornal, agora tendo que comandar uma demanda ainda maior de informações e lidando também com as semelhanças apontada entre ela e a autora de um antigo e famoso livro intitulado de "O Império de Mosley" cujo havia se tornado um pouco mais famoso na virada dos séculos, usado principalmente para desviar alguns investidores da falência total durante os tempos de crise. Claro que alguns avisos naquele livro marcaram as pessoas, como o prelúdio da Segunda Guerra Mundial, cujo muitos acreditavam que não passava de pura ficção, mas que tragicamente, se tornou real, causando choque a todos que um dia haviam vivido as aventuras de Kevin Mooney. Amara sabia que seu livro chegaria longe, mas não imaginou que fosse tanto ou que um dia fosse ter que inventar tantas desculpas para esconder quem de fato o havia escrito ou quem realmente era. Talvez contar sua história, a da viajante do tempo, fosse conteúdo para outro livro.

Era impossível não sentir falta dos anos vinte. Thomas não disfarçava que sentia falta da presença dos irmãos, tios e amigos. Amara o entendia, aliás, ela passou pelas mesmas coisas quando foi sua vez de saltar no tempo. Uma parte do coração sempre ficaria incompleta, mesmo que estivesse entre as pessoas que amava. Clarissa contou-lhes sobre o rumo, encontros e desencontros de cada Shelby, fazendo com que Thomas e Amara se surpreendessem em muitos momentos, mas felizes por saber que cada membro da família achou seu destino da forma que podiam. O final feliz não havia chegado para todos, aliás, esse era um privilégio para poucos. Thomas e Amara se sentiam abençoados por permanecerem juntos, principalmente ao decidirem saltar no tempo.

A família Shelby se tornou grande. Muitos netos, bisnetos e até mesmo sobrinhos dos irmãos Shelby estavam espalhados pelo mundo, vivendo suas vidas da forma que preferiam. E Clarissa, sendo a Shelby mais próxima, guiava os viajantes como podia, apresentando todos os descendentes que quiseram permanecer por perto e continuar o legado da família. Para os Shelby mais próximos, foi fácil aceitar que Thomas e Amara eram as grandes figuras históricas que marcaram a família, saindo literalmente das histórias contadas pelos mais velhos para a realidade. Assim viviam os viajantes do tempo, adaptando-se aos tempos modernos, mas ainda sentindo uma pequena falta do passado.

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

Amara parou na entrada que dava acesso à sala. Encostada na porta, apreciou a melhor das visões. Thomas se encontrava sentado em sua poltrona favorita, enquanto Anthony estava em seu colo, desenhando algo. Ela não quis se aproximar, pois, certamente interferiria no momento de pai e filho. Então permaneceu ali, sentindo cada parte do seu corpo vibrar em um misto de paz e felicidade inexplicável.

— Está pronto. — Anthony ergueu o papel na altura dos olhos do pai.

— É um belo desenho, então é uma princesa? — Deduziu Thomas. Amara sorriu, tomando brevemente a atenção do marido. — É a sua mãe? — Disse ele, com olhos fixos na esposa.

— Não, papai. — Anthony puxou o papel novamente. — É a garota com que eu sempre sonho...

Uma sensação congelante reverberou o interior dos mais velhos. Amara prendeu a respiração brevemente, às vezes esquecia o futuro que o filho teria. Partia seu coração saber que um dia teria que vê-lo tão longe e que não estaria perto dele quando os momentos ruins chegassem. Embora fosse doloroso, era necessário e Thomas sempre entendeu que não havia como mudar o destino.

— É um belo desenho. Agora... — Thomas ergueu o filho, soltando um suspiro pesado. Anthony era grande e cada vez dava sinais de semelhanças com o pai, exceto o sorriso, esse ele herdara da mãe. — Vá mostrar à mamãe.

Amara deu passos para dentro da sala, ajoelhando-se na altura do filho. O desenho foi entregue em suas mãos. Anthony possuía traços quase perfeitos, era um aluno excepcional nas aulas de artes. Uma garota de cabelos negros e olhos azuis tomava de conta de todo o papel. Amara sempre se admirou com o talento do filho, principalmente em desenhar aquela mulher. Era possível sentir a dor dela pelo olhar sem nem ao menos conhecê-la, algo que ela gostaria muito.

— Está perfeito. — Ela sorriu. Anthony se sentiu orgulhoso, gostava quando seus desenhos eram elogiados pelos pais. Um toque encheu toda a sala, até Amara perceber que se tratava do seu celular. — Eu volto já. Anthony, escolha um filme para assistirmos juntos, sim?

O garotinho acenou, correndo até a mesa de centro para poder escolher algo no catálogo do canal de streaming. Thomas seguiu com o olhar até a aonde a esposa iria. Por alguns segundos percebeu a frustração no rosto dela e na forma que ela gesticulava ao telefone. Estava brava, e parecia vocifera ao pequeno aparelho de última geração. Quando voltou para dentro, o chamou em silêncio com um aceno.

— Aconteceu algo? — Thomas perguntou, preocupado e curioso.

— Uma emergência no jornal. — Ela prendeu uma mecha de cabelo atrás da orelha. Eles estavam sempre bem aparados acima do ombro, em ondas sutis e escuras como café. — Eu preciso resolver pessoalmente.

— Combinamos em tirar esse final de semana de folga, Amie. — Thomas parecia decepcionado, mas não tanto quanto a esposa.

— Eu sei, mas... Não há ninguém que possa fazer isso. — Ela suspirou. E chegou à conclusão que se odiava por isso. — Você sabe o que tem acontecido no mundo...

Thomas limpou a garganta e passou a mão pelo rosto, sentindo barba pinicar, talvez estivesse na hora de fazê-la. Amara se aproximou do marido, prendendo o rosto dele entre as mãos.

— Tudo bem, Amie, é seu trabalho. — Disse. Amara conhecia bem o marido para saber que ele falou aquilo da boca para fora e ela não o culpava por isso.

— Eu posso chamar a babá...

— Não, suponho que o Tonny e eu precisamos de um dia dos meninos. — Thomas olhou para trás, tentando entender que tipo de filme seu filho escolhia na TV.

— Tem certeza? — Amara ergueu uma sobrancelha.

— Não vamos pôr fogo na casa enquanto você estiver fora. — Uma sombra de riso passou pelos seus lábios. Amara sorriu.

— Eu amo você. — Ela disse ao se aproximar, então o beijou.

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

O barulho de saltos encheu os cômodos da casa. Amara deixava ordens a Thomas como se estivesse partindo para uma guerra. Ele acenava a cada palavra dita pela esposa, mas em parte, não prestava tanta atenção a cada coisa que ela dizia.

— E por favor, me deixe ciente de qualquer coisa que acontecer ao Anthony. — Ela se virou ao marido. Os olhos verdes brilharam de modo rígido. — Uma ligação e eu volto para casa.

— Amie, o motorista está esperando você. — Thomas indicou a porta. Amara acenou. Então ouviu passos descalços e se preparou para segurar o filho no colo.

Anthony pulou sobre a mãe, e ela o ergueu com certa dificuldade. Ele estava bem grandinho para ser carregado.

— Você volta ainda hoje? — Perguntou Anthony. Amara meneou a cabeça.

— Provavelmente. Eu prometo trazer coisas gostosas de Londres. — Disse ela. Uma buzina chamou sua atenção. Colocou Anthony de volta ao chão após deixar vários beijos em suas bochechas. — E para você também, senhor Shelby. — Aproximou-se do marido, deixando um beijo rápido nos lábios dele. — Eu amo vocês. Juízo!

— Amamos você também, Amie. — Thomas falou, enquanto segurava a mão do filho para que ele não corresse até o carro e sofresse algum acidente.

Segundo depois, o veículo saiu da mansão. Pai e filho se encararam, imaginando o que aprontariam em seguida.

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

Thomas sabia que uma única ligação faria a esposa largar todos os negócios importantes e voltar para casa. Porém, assim como sabia que Anthony era importante para ela, tinha consciência que sua presença no jornal era indispensável. De fato, o mundo andava um pouco caótico e a imprensa estava sempre pronta para averiguar novos conflitos que surgiam em um dos quatro cantos do planeta. Amara era uma ótima mãe, mas também era uma excelente jornalista. Seu cargo de editora chefe no Pacific Modern Diary era prestigiado por grandes nomes. Ele jamais a tiraria de seus afazeres profissionais quando também podia desempenhar muito bem o papel de pai.

— Sinto falta da mamãe. — Anthony cruzou os braços. Havia se cansado do jogo de xadrez com pai. Seus passos foram em direção ao vídeo game.

— Eu também sinto falta da mamãe, mas logo ela estará em casa. — Disse Thomas, soando paciente.

— Estou entediado. — O menino bufou.

— Podemos fazer algo mais interessante do que esse seu vídeo game. — Thomas encarou o enorme telão. Não se surpreendia por ver que crianças agora tinham acesso à violência gratuita através de controles. Em sua época ele vivia isso pessoalmente com as brigas que se envolvia com os irmãos com a polícia.

— Como o quê? — Anthony questionou.

— Vamos dar um passeio. — Foi a única coisa que Thomas disse.

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

Após oito anos, aquela era a segunda vez que Thomas voltava a Small Heath. Depois do salto temporal, o Shelby voltou para o antigo bairro para presenciar pessoalmente o que havia mudado. O choque foi instantâneo. Tudo mudou drasticamente e metade das suas casas já não pertenciam mais à família como antigamente. Alguns prédios haviam dado lugar a ruas, enquanto pubs cediam espaço para os trilhos de trens. A segunda guerra contribuiu muito com toda a modificação do bairro, mas ainda havia um lugar que Thomas sabia que jamais mudaria, e era para lá que ele estava indo.

— Estranho... — O menino murmurou.

— O quê?

— É como se eu já conhecesse esse lugar, mas nunca estive aqui. — Anthony estava curioso com tudo que via, e isso era algo natural. Thomas limpou a garganta, enquanto entrava em uma rua nova. — Para onde estamos indo mesmo, papai?

— Conhecer minha família. — Disse o pai. Anthony o encarou. Ele já conhecia bem a família Shelby e todos seus tios e primos que compareciam sempre ao Natal ou em outras datas festivas.

Thomas manobrou o carro em um bairro movimentado. O centro estava diferente. Dessa vez a cor mórbida, fuligem e odores duvidosos não enchiam mais as ruas de Small Heath como antigamente. O centro estava moderno, e pessoas iam e viam da suas mais diversas formas e estilos aleatórios — alguns até estranhos. Thomas segurou a mão do filho, percebendo como ele soava.

— Tudo bem aí? — Perguntou Thomas. Anthony acenou, arrumando a boina na cabeça. Era seu chapéu favorito e combinava muito com seu casaco. Era nesses momentos que Tonny se sentia como Thomas Shelby.

— Para onde vamos? — Perguntou mais uma vez.

— Você é curioso como sua mãe e impaciente como ela. — Thomas sorriu. Anthony revirou os olhos. — Vamos andar um pouco.

Juntos caminharam em silêncio até pararem na porta de um bar. Anthony encarou o pai, que parecia contar até um número infinito para poder entrar. Lá dentro, o clima era mais quente e menos barulhento. Thomas ajudou o filho a subir em um banco alto, então se sentou em outro. Quando o garçom apareceu para atendê-los, Thomas pediu uma água com gás para o filho e uma dose de uísque para si.

— Mamãe não vai gostar se souber que você me trouxe para um bar. — Disse o garoto, enquanto via as bebidas serem servidas.

— Se ela não souber, ela não irá brigar. — Thomas lançou uma piscadela ao filho.

Thomas bebeu um gole do uísque preferido. Encarou tudo ao redor. O verdadeiro Garrison havia sido bombardeado na guerra. Depois de alguns anos, um novo pub foi erguido e batizado com o antigo nome. Nos anos setenta o bar foi vendido para uma nova família e o nome Shelby apagado dos registros. Contudo, era bom estar naquele lugar novamente, mesmo que muita coisa estivesse modificada. Thomas sorriu em silêncio, nostálgico. Havia vivido muita coisa ali, boas e ruins. Lembrou-se vagamente dos negócios fechados em uma sala reservada que ficava ao lado direito da entrada, onde agora mesas de sinucas preenchiam o lugar. Também se lembrou de outras coisas que viveu ali, cujo fizeram seu coração acelerar.

— Conheci sua mãe aqui. — Falou. Anthony encarou o pai. — Bem, não era exatamente assim quando a conheci, mas foi nesse mesmo lugar. — Thomas apontou na direção das mesas de sinucas, o filho encarou na direção. — Ali era um lugar reservado, foi lá que eu a vi. Ela estava linda e emanava uma energia tão diferente das outras mulheres que eu já havia conhecido. — Suspirou. — Também morei nesse bairro por muito tempo.

— Morou? — Anthony uniu as sobrancelhas.

— Sim, mas isso faz muito tempo. As coisas estão muito diferentes do que eram naquela época, talvez seja por isso que não vim mais aqui. — Disse Thomas. Desviou o olhar para um quadro no alto da parede. Era uma foto da antiga Small Heath, foto retirada em 1930, ainda em preto e branco.

— E o que viemos fazer hoje?

— Chegou a hora de conhecer algumas pessoas, conhecer esse lugar pessoalmente. — Thomas engoliu em seco. Seus olhos cruzaram com os do filho, eram tão iguais. — Beba sua água, quando terminarmos iremos ao meu outro lugar favorito. Só espero o encontrar da mesma forma.

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

A antiga oficina do Tio Charles agora era um ancoradouro de barcos de passeio. O canal ainda passava aos fundos, talvez agora um pouco mais poluído do que foi no passado. Thomas apontou alguns locais onde seus cavalos ficavam. Anthony não parecia tão curioso quanto a isso, mas gostava da companhia do pai, por esse motivo, mostrava interesse em alguns lugares e fazia muitas perguntas.

— Quantos cavalos você tinha? Mais do que temos hoje? — O garotinho perguntou.

— No começo não eram muitos. — Explicou. — Mas o tempo passou e eu adquirir os melhores animais, assim como sua mãe.

— Mamãe sempre gostou de animais. — Anthony chutou uma pedra.

Chegaram à beira do canal. A água escura era turva. Alguns barcos balançavam de modo preguiçoso. Thomas fechou os olhos e por alguns instantes visualizou o barco que vivera com a família quando ainda era muito jovem. Janeiro não existia mais, mas Thomas ainda levava boas recordações do barco em que nascera. Algo escorreu pelo seu rosto, talvez fosse uma gota de chuva, mas assim que os olhos arderam, ele entendeu o que havia acontecido.

— Está chorando, papai? — Anthony o encarou. Thomas suspirou alto, passando a mão pelo rosto.

— Não. — Respondeu. — Vamos a um último lugar antes que chova.

Anthony encarou o céu, embora estivesse frio, não iria chover. Contudo, não iria contestar o pai, ao invés disso, o seguiu para fora daquele lugar.

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

O menino torceu o nariz quando parou na porta de um cemitério. Thomas empurrou o portão, indo em direção à algumas lápides. Anthony puxou um galho seco do cão e brincou livremente enquanto seguia o pai. Observou quando o Shelby mais velho parou em frente a um túmulo e ajoelhou-se. Pareceu pensativo por um longo tempo. O garotinho ponderou se deveria dar passos até lá ou não.

— Pai? — Anthony chamou.

Thomas fungou, engolindo o nó que sentia na garganta. A voz do filho foi a única coisa que ouviu naquele vazio. Imaginou como havia tido tanta coragem em abandonar a própria família e principalmente, nas dificuldades que eles haviam passado em sua ausência. O túmulo dedicado às cinzas de Polly estava tomado por rosas-vermelhas e selvagens, exatamente como ela. Delicada e fatal aos desavisados. Por muito tempo Polly Gray foi a mãe de todos os irmãos Shelby, estando lá quando seus pais biológicos já não estavam.

— Venha cá, Tonny. — Thomas encarou o menino e o chamou com um aceno.

Anthony foi cauteloso. Encarou o túmulo.

— Quem é Polly Gray? — Perguntou ele. Thomas puxou os lábios em um sorriso.

— O mais próximo de uma mãe que tive por muito tempo. — Falou. Sincero. — Ela era minha tia, portanto, era sua tia-avó. Foi a mulher mais forte e desafiadora que conheci. Era inteligente e muito sábia, também era amorosa da sua forma. Foi ela que ficou responsável pelos negócios da família Shelby durante a primeira guerra. — Thomas puxou o ar para os pulmões. — Alguns acreditavam que ela era bruxa, até eu mesmo. Polly sempre foi uma mulher sensitiva, já havia vivido muito mais que todos nós e deveria ter vivido muito mais.

Anthony tentou entender todas as importâncias daquelas palavras, mas da forma que o pai falava, emocionado e orgulhoso, sabia que Polly Gray era uma mulher de fibra. Sua mão foi puxada um pouco mais para o além, levou um tempo para que eles parassem em frente de outros túmulos. Dessa vez, Tonny leu em silêncio, era o nome de um homem.

— Arthur Shelby? — Anthony leu em voz alta.

— Seu tio. — Thomas disse. — Meu irmão mais velho. Você deve saber que ele era o mais animado para sua chegada, acreditava que você e o filho dele fossem brincar juntos um dia. — Thomas ergueu o rosto para o céu. Quando conseguiu força, voltou a falar. — Ele era um homem estável, mas o homem mais forte que conheci. Eu o admirava, mas acho que nunca cheguei a dizer isso a ele. Lutamos juntos em muitos momentos.

— Ali tem mais um Shelby. — Apontou o garoto. Thomas encarou os outros túmulos de seus irmãos.

— Esse é o John. — Disse. — Meu outro irmão. John tinha uma forte energia, talvez isso explicasse a quantidade de filhos. — Thomas sorriu, o que fez Anthony ficar confuso. — Algo nele me fazia querer ser igual. John nunca deixou que seu brilho se apagasse, ele era forte e audacioso. — Caminhou para o lado. — Esse o Finn, o mais novo. Você com certeza iria se dar bem com ele. — Anthony encarou o túmulo. — Ele sempre quis ser como os irmãos mais velhos e eu só queria que ele fosse melhor.

— Tem uma moça. — Anthony atravessou o espaço estreito das lápides. — Ada Shelby.

— Sim, a garota mais durona e temida de Small Heath. — Thomas parou ao lado do filho. — Era a minha irmã, eu a amava. Ela era uma das poucas pessoas que enxergava o que se passava na minha cabeça, sempre tivemos uma forte ligação. Você certamente vai precisar dela quando a hora chegar.

— Que hora? — Anthony ergueu o rosto para o pai. Thomas suspirou.

— Em um momento da sua vida, você conhecerá essas pessoas pessoalmente. — Disse Thomas. Anthony piscou, atônito. Encarou a data de nascimento e morte, ambas eram de muito tempo, o suficiente para levantar mais questões em sua cabeça.

— Se elas morreram há muitos anos, por que você ainda está vivo? — Perguntou ao seu pai. Thomas suspirou, se ajoelhando para ficar na altura do filho. Anthony encarou o fundo dos seus olhos azuis-claros, exatamente como os dele.

— Anthony, com o tempo você vai aprender que o universo guarda segredos que nem os mais estudiosos dessa época poderão responder.

— Ainda não entendo, pai. — Uniu as sobrancelhas.

Thomas segurou o queixo do filho, da forma carinhosa que fazia com sua esposa.

— Eu sei que é confuso, mas confie em mim, tudo bem? — Sorriu levemente. Anthony acenou. Então ele arrumou a boina na cabeça do menino e me puxou para longe das lápides.

— Papai...

— Sim?

— Quando essa hora vai chegar? — Anthony quis saber. Thomas suspirou.

— Tarde, eu espero. — Foi a última coisa que disse, antes de saírem do cemitério.

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

A claridade iluminou parcialmente o cômodo que Thomas se encontrava. Antes que pudesse sair, o Shelby checou as horas, eram quase dez horas da noite. Do lado de fora do escritório ouviu portas baterem e barulho de saltos ecoarem.

— Trouxe pizza, cupcakes e donuts para meus dois homens favoritos. — Amara adentrou na mansão com caixas nos braços. Thomas a seguiu até a sala de jantar. — Tonny?

— Está dormindo. — Thomas falou. Amara bufou, decepcionada.

— Eu estraguei tudo, não foi? — Ela passou a mão pelo cabelo, demonstrando cansaço. — Eu não deveria ter trocado nosso fim de semana por...

— Amie, está tudo bem. Anthony e eu tivemos um dia cheio de emoções, precisávamos disso.

— Emoções? — Ela franziu o cenho.

Thomas levou a mão para o bolso da calça de moletom que usava. Amara cruzou os braços.

— Quando ele falou sobre o desenho, eu supus que seria interessante mostrá-lo umas coisas...

— Tommy...

— Eu o levei a Small Heath, e ele reconheceu o lugar, embora não soubesse como. — Thomas se aproximou da esposa, cauteloso. — Isso vai acontecer, Amara, então temos que prepará-lo para isso.

— Ele é só uma criança, Thomas! — Disse ela. Exasperada. — Ele não entende nada agora. Combinamos de contar quando ele voltar da faculdade, quando for um adulto. Ele tem o direito de ter uma vida saudável, antes de... de... — Ela não soube falar.

— Ele não viverá conosco para todo sempre, Amie. Um dia ele se tornará um homem e terá que tomar seu caminho, assim como eu e você tomamos um dia. — Thomas deu mais um passo. Amara suspirou, derrotada. — Meu coração se parte quando sei que um dia ele voltará para cuidar do que deixamos no passado. Eu tenho pesadelos só em pensar em perdê-lo, mas ele é um Shelby e precisa estar preparado para tudo que vier acontecer.

— Só vamos fazer isso no momento certo, tudo bem? — Ela encarou o marido. Havia um singelo brilho em seu olhar. — Eu gostaria de poder evitar que isso acontecesse. Não é justo, de nenhuma forma.

— Mas não somos nós que fazemos essa escolha. — Thomas selou o espaço entre a esposa. A puxou para um abraço. — Amanhã é um novo dia. — Se afastou apenas para segurar o rosto dela entre as mãos. — Vamos viver cada momento com o Anthony até esse dia chegar, certo?

— Só espero estar preparada quando isso acontecer. — Disse Amara, entregando-se a um abraço apertado.

┅━━━╍⊶⊰⊱⊷╍━━━┅

— Não vá muito longe, Tonny! — O garotinho acenou em direção a mãe. Voltou a correr ao lado de Odin, enquanto patos faziam barulho no céu. O campo era grande e a segurança reforçada, então não havia risco algum em vê-lo correr por aí ao lado do seu animal de estimação.

Amara sentou-se sobre a toalha quadriculada de piquenique, já que o domingo ensolarado pedia por isso. Uma generosa fatia da torta de banana havia sido devorada por ela, enquanto soltava suspiro de prazer. Segundos depois Thomas acolhia a esposa em um abraço, trocando um rápido beijo apaixonado. Estavam sob as sombras das árvores que haviam feito a decisão mais importante de suas vidas, e ali apreciavam tudo que haviam conquistado. Deixar o passado não foi uma tarefa fácil e o futuro também mostrava seus desafios, mas Thomas e Amara sabiam que enquanto tivessem um ao outro, lidariam com os problemas com perseverança.

— Sabia que eu sempre imaginava um momento assim? — Disse Amara. — Eu, você o Tonny e nossa digna paz absoluta.

— Estamos no paraíso, Amie. — Thomas puxou um morango, melando-o rapidamente em uma calda de chocolate. Ele deu uma mordida e deixou que a esposa desse outra.

— Meu paraíso é onde você o Tonny estiverem. — Sorriu com aquilo. — Passamos por muitas coisas juntos, e às vezes penso que foi tudo um sonho louco, mas foi real. Você é real. O Anthony é real.

— Às vezes tenho a mesma impressão. — Thomas falou. — Mas é real, Amie. Nossa família e tudo que temos é real, temos o que realmente merecemos.

— Em nosso segundo casamento, você disse que me daria o mundo inteiro se pudesse sem se importar com o valor. Eu acredito que não tem preço para tudo que conquistamos, principalmente o Anthony. — Seus olhos arderam. Thomas desviou o olhar para o filho. — Ele é o maior presente que você me deu. O meu mundo.

— Você me salvou, Amie, de mim mesmo. — Falou. — E o Anthony chegou como uma âncora para estacionar nossas vidas em um porto seguro. Antes andávamos em uma prancha estreita entre a vida e a morte, com inimigos para todos os lados, parte disso era por conta do que eu era e da vida que levava, mas tudo mudou. Agora temos uma nova vida.

— Esse é o nosso felizes para sempre, mas só o começo para o Tonny.

— Ele se sairá bem em suas trajetórias, é o nosso filho, afinal. — Thomas acenou para o menino.

— Só espero que ela o ame tanto quanto eu amo você.

Se encararam em silêncio por alguns minutos, só isso bastava para dizer o quanto se amavam ou para demonstrar o que as palavras não poderiam dizer. Anthony correu de volta aos pais, se atirando entre eles com gargalhadas contagiantes. Entre boas risadas, ataques de cócegas, piadas e histórias, a família Shelby do mundo moderno viviam momentos tranquilos e livres de inimigos para enfrentarem.

Então chegamos ao último bônus com Thomas, Amara e seu filhote Anthony vivendo o que merecesse, aliás, no passado eles não teriam toda essa sorte...

Ai gente, esse ainda não é o nosso adeus, ainda tenho meus agradecimentos de lei para postar haha, mas desde já, gratidão por chegarem até aqui.

Capitulo postado dia (12/06/2022), não revisado. 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro