𝐁𝐎𝐍𝐔𝐒┊𝟎𝟒
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Para todos aqueles que gostariam de ter conhecido Cecilia Pollyanna Shelby.
Os pulos na cama e latidos de Anúbis se dava por um motivo: O grande dia havia chegado. Cecilia acordou ainda mais cedo que o de costume e com uma animação sem igual, invadiu o quarto dos pais usando suas meias brancas e pijama. O Sr. Fofo, ursinho de pelúcia dado pela Tia Ada, e seu brinquedo favorito, estava bem preso em seus braços. Anúbis quase a derrubou quando partiu em sua frente, rumo à suíte presidencial. Ceci foi habilidosa em abrir a porta e pular sobre a cama, acordando os pais rapidamente.
— Hoje é meu aniversário! — Disse animada. Thomas sorriu, contagiado pela animação da filha. Ele a segurou para poder começar um ataque de cócegas. Amara se uniu ao marido, se divertindo com a risada contagiante de Cecilia. — Chega...chega... — Rendida, a garotinha pediu.
— A meu Deus, Tommy, você está vendo isso? — Amara desviou o olhar para o marido. Cecilia arregalou os olhos verdes como os da mãe. Amara levou o dedo para o nariz da filha. — Aqui...
— Estou vendo. — Thomas fingiu analisar algo no rosto redondo de Cecilia. Ainda era impressionante o quanto ela havia herdado a beleza da mãe, desde a cor dos olhos ao cabelo escuro lisos e longos. Ceci abriu mais os olhos. — Parece uma ruga!
— Parece nada. — A garotinha tapou o rosto.
— Você está fazendo cinco aninhos hoje, então está um pouquinho mais velha. — Amara se sentou na cama, puxando-a para o colo.
— Não estou nada. — Cecilia cruzou os braços, furiosa. O humor irritadiço vinha da parte dos Shelby, isso ninguém negava.
— Tudo bem, Ceci, você continua sendo a criança mais linda que já vi. — Thomas a puxou para o colo. Cecilia sorriu, assim como Thomas, eles possuíam o mesmo sorriso. — Eu acho que vi algo ser deixado atrás do sofá da sala.
— Verdade? — A menina se animou. Amara franziu o cenho. Thomas acenou em silêncio. Cecilia se soltou dos braços do pai e correu até a porta, sumindo no corredor rapidamente com o cão.
— O que você comprou para ela? — Amara quis saber. Thomas empurrou a esposa para cama a prendendo entre ele e o colchão.
— Só algo que vai deixá-la ocupada por longas horas.
— Você está mimando-a, Tommy. — Amara bufou. — Não quero que minha filha cresça como uma garota fútil e mimada.
— Meu propósito é apenas agradar às mulheres da minha vida. E estamos dando a melhor criação a ela. Cecilia vai se tornar uma mulher tão firme quanto a mãe, eu garanto. — Ele abaixou o rosto para beijá-la. — Por falar nisso, feliz aniversário, meu raio de sol. Não é todo dia que vemos mãe e filha nascendo no mesmo dia e em épocas diferentes.
— Eu acho que quero meu presente agora, enquanto temos tempo.
Foi a vez de Amara empurrar Thomas para a cama, montando-o sobre ele, dominando a situação.
— Seu pedido é uma ordem. — Ele respondeu, completamente rendido, antes de beijá-la.
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— Hoje vou poder comer a sobremesa antes do jantar? — Cecilia perguntou. Sabia que em seus aniversários sempre ganhavam algumas regalias.
— É claro! — Amara acenou, a garotinha deu pulinhos alegres. Fechou o último botão do vestido branco de bolinhas vermelhas. Por fim, acertou o laço que prendia a parte de cima dos cabelos escuros de Cecilia, também vermelho.
Amara a fitou pelo espelho. Cecilia estava crescendo depressa, mas jamais deixaria de ser seu bebê, sua eterna princesinha. Polly estava certa quando disse que a garotinha teria dom para arte e por esse motivo, participava de oficinas de teatros, e tinha uma facilidade impressionante para o drama. Com um riso, Cecilia se virou para a mãe, a abraçando com força.
— Você também ganhou um presente do papai? — Ela quis saber. Amara limpou a garganta.
— Sim. — Respondeu, levemente constrangida.
— O que ganhou?
— Um monte de beijinhos, bem parecidos com os que vou dar em você agora. — Amara apertou a bochecha da filha.
Cecilia soltou um gritinho quando a mãe a puxou para uma sessão de beijos. Quando se afastaram, se encararam ainda sorrindo. Amara cuidou para deixar a filha novamente em perfeito estado, havia exagerado em sua dose diária de amassos, mas ela não podia evitar em ter uma criança tão amorosa.
— Eu amo você, Ceci. — Disse. Logo sentiu a garganta apertar e os olhos lacrimejar. — Nunca esqueça disso.
— Eu também amo você, mamãe. — Disse a menina. — Agora vamos, quero receber meus convidados!
Amara permitiu ser arrastada para fora do quarto. Cecilia desceu as escadas depressa, fazendo barulho com seus sapatinho bem engraxados, mesmo que tivesse ouvido a mãe dizer para ela ir mais devagar. Contudo, a garotinha estava ansiosa para receber não só seus tios e primos, mas como todos os presentes que ganharia naquele dia.
Do lado de fora da mansão, Ceci caminhou até o jardim, entre todos os rostos conhecidos, avistou o seu preferido.
— Cecilia, vem cá! — A voz rouca e aconchegante a chamou.
— Vovô Richie! — Ela correu até o homem de cabelos grisalhos, erguida no alto logo depois. — Você veio. — O perfume masculino encheu suas narinas. — Veio mesmo.
— É claro que eu viria, por acaso acreditou que eu fosse perder seu aniversário? — Ele questionou um pouco sério. Cecilia deu de ombros, ela sabia que o avô Richie era tão ocupado quanto seus outros parentes. — Sabe, Ceci, acredito que você cresceu alguns centímetros desde a última vez que a vi, daqui a pouco não conseguirei mais carregar você.
— Mamãe disse que estou velha e com rugas. — Ela encarou a mãe.
— Não foi bem isso que eu disse, Cecilia. — Amara cruzou os braços. — Obrigado por vir, Richie, sua presença aqui é muito importante, principalmente para a Ceci, ela não cansa de falar sobre você.
— Cecilia, seus primos chegaram. — Avisou Thomas.
John chegou com seus filhos e muitos presentes. A parte boa de ter muitos primos, era que cada um trazia uma surpresa diferente. Cecilia pulou do colo de Richard, de uma hora para a outra, seu interesse havia mudado.
— Feliz aniversário, Amara. — Richard se aproximou da Shelby e um abraço apertado foi trocado por eles.
— Obrigado, Richie, por tudo... — A emoção transbordou em seu peito. Richard se afastou apenas para enxugar as lágrimas que escorriam em seu rosto.
— Espero que essas não sejam lágrimas de tristeza.
— De forma alguma, eu só estou um pouco mais sensível que o normal. — Amara abanou as mãos em frente ao rosto. Richard sorriu uma última vez. — Hoje é meu aniversário, e a Ceci está ficando mais velha...
— E muito parecida com você! — Disse ele. Amara sorriu, levando as mãos para o rosto. — Tenho orgulho das minhas meninas.
— E você não é o único. — Polly disse ao aproximar-se. Os olhos castanhos de Polly cruzaram com os azuis de Richard. E eles sorriram levemente, juntos e confidentes. — Feliz aniversário, Amara.
— Obrigada, Polly. — Respondeu a aniversariante mais velha.
Amara sentiu a mão de Thomas serpentear sua cintura e um casto beijo ser deixado no topo do cabelo. Não demorou para que mais carros chegassem e mais convidados se aproximassem.
— Veja mamãe, tio John me deu uma arma de brinquedo. — Cecilia abriu espaço entre os adultos e ergueu o presente. John segurou o riso ao observar a expressão de espanto no rosto da cunhada.
— Ela precisa se defender sozinha desde cedo. — Ele explicou rapidamente. Thomas se ajoelhou na altura da filha.
— Ela vai aprender no momento certo, não é mesmo, Ceci? — Disse o pai, preocupado. Cecilia apertou os lábios e entregou o presente mais interessante que ganhou, até mesmo mais interessante que a enorme casa de bonecas do pais. — Eu vou guardar isso. — Thomas escondeu o brinquedo dentro do bolso do paletó. Amara suspirou dando olhares ameaçadores a John Shelby.
— Cecilia tem muitos primos e tios ciumentos, sem falar de um pai extremamente protetor, então duvido que ela mova um dedo sem eles fazerem algo antes. — Polly falou abertamente.
Embora fosse verdade, todos sabiam que Cecilia cresceria tão audaciosa quanto os pais e quem sabe, desse um pouco mais de trabalho aos tios e primos do que eles realmente achavam.
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— Cecilia é tão curiosa. — Ariana bebeu um gole de uísque. A festa para as crianças era animada, mas ela ainda preferia quando os adultos se uniam para beber em um lugar mais afastado depois dos parabéns. — Veja só. — Apontou com queixo na direção de Sarah. Amara ergueu a sobrancelha, curiosa com a forma que sua filha agia ao lado de uma garota mais velha. — Elas se dão tão bem, Sarah sempre gostou de crianças, se seguisse o ramo da medicina, poderia ser uma boa pediatra, mas ela insiste entrar na faculdade de direito, bem, ninguém conseguirá lidar com os argumentos dela no tribunal.
— Elas possuem o mesmo gênio. — Krishna acrescentou. Percebeu quando Diana correu em sua direção com o vestido laranja sujo de lama. — Ah, meu benzinho, o que aconteceu? — Ajoelhou-se na direção da filha.
— Ravi e Elliot me empurraram na lama. — A garotinha queixou-se. Seus olhos escuros brilharam. Krishna a puxou para o colo, sussurrando algo em seu idioma nativo. Diana acenou, exibindo um leve sorriso.
— Essas crianças. — Ariana falou balançando a cabeça em desaprovação. Avistou Elliot correr com Ravi e o chamou.
— Tudo bem, vou levá-la para dentro e limpá-la. — Krishna soltou um leve suspiro. As desavenças dos gêmeos era algo que ela e o esposo estavam conseguindo lidar gradualmente. Ninguém havia dito que criar duas crianças tão diferentes enquanto iguais, seria tão difícil.
— Peça a Mary para lhe dar um vestido de Cecilia, sim? — Amara disse a Krishna, que acenou antes de sair.
Elliot se aproximou. Seus olhos azuis eram sapecas. Sua face branca estava vermelha, assim como seu cabelo loiro parecia ter saído completamente da ordem que Ariana o arrumara mais cedo. Amara tentava não enxergar John Shelby na criança, talvez o menino realmente fosse filho biológico de Nicholas já que suas semelhanças eram nítidas. Contudo, algo em seu riso sempre lembrava o cunhado. Era notável o desconforto de John e Ariana no mesmo ambiente e principalmente, a forma que o Shelby analisava a criança que ela trouxe ao mundo há cinco anos. No fundo, John acreditava que aquele poderia ser seu filho, já que por um instante, ele e Ariana se envolveram antes de seu casamento com Nicholas. Para alívio de John Shelby, o médico e atual marido da sua ex, estava ocupado em Londres em uma cirurgia importante, por esse motivo deixou de ir à festa de Cecilia. A parte ruim, era que Ariana sempre se mantinha a metros de distância dele ou qualquer outro Shelby que não fosse Amara.
— Não quero ver você machucando nenhuma garota. — Ela falou. Elliot suspirou.
— Só estávamos brincando, mãezinha. — O garotinho disse manhoso. Ariana suspirou. — Ela caiu sem querer na lama.
— Não interessa. Estou criando um homem, e homens não empurram mulheres em lama, entendido? — Ariana usava um tom severo, embora maternal. Quem diria que ser mãe combinava tanto com ela. — Agora vá brincar, antes de irmos embora.
Elliot se foi correndo novamente, logo se encontrava brincando com os outros garotos.
— Ele é uma gracinha. — Amara disse a amiga.
— E teimoso como um Shel... Você sabe! — Ariana suspirou. Um olhar confidente foi trocado entre as amigas.
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Em casa, Thomas chamou Cecilia, que correu rapidamente para seu colo. Ele a ergueu no alto, a enchendo de beijos logo depois. Em meio aos irmãos Shelby, ele a abraçou e contou alguma novidade que a fez sorrir. Era de aquecer o coração a forma que Thomas tratava a única filha. Quem diria que uma garotinha pudesse dobrar tanto um homem conhecido por sua frieza no olhar. Com Cecilia no colo, ele deixava a suavidade apossar-se de seu rosto e coração. Amara entendia agora por que apontavam tanto as semelhanças entre elas — eram as únicas que dobravam um homem temido como ele. Ceci tinha um jeito especial de amolecer o coração do pai, fazendo com que ele fizesse seus gostos e até se rendesse a brincadeiras de bonecas mesmo quando chegava cansado do serviço.
Amara poderia dizer que agora estava vivendo sua verdadeira paz, seus problemas haviam terminado, enquanto novas conquistas chegavam. Ela se aproximou da roda que Thomas se encontrava com Cecilia. Ada abriu um sorriso, entregando um copo de uísque à cunhada.
— Não vi você bebendo nada o dia inteiro. — Reclamou Ada. Amara sorriu.
— Não dá para um adulto fazer muita coisa em uma festa de criança. — Respondeu.
— É seu o aniversário também. — Ada ergueu o copo. Os demais acompanharam. — Feliz aniversário, Amara Shelby.
Um brinde foi feito de modo alto. Cecilia pulou do colo de Thomas quando seus primos e amigos a chamaram para brincar. Amara se aproximou do marido, deixando um beijo rápido em seus lábios.
— O que disse a Ceci? — Perguntou ela, curiosa. Thomas sorriu brevemente.
— Estamos planejando algo...
— Estão? — Amara ergueu uma sobrancelha. — E eu fui excluída desse planejamento?
— Assunto de pai e filha. — Disse ele, levemente humorado. Amara bufou.
— Tudo bem, logo as crianças irão se cansar de brincar e dormir, então será a vez dos adultos se divertirem. — Disse Arthur, animado e um pouco mais alcoolizado que o costume. O divórcio com a esposa não estava fazendo bem a ele.
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Quando a noite chegou, as crianças já se encontravam cansadas devido ao dia agitado. Amara estava prestes a sair do quarto da filha quando ouviu seu nome ser chamado de modo baixo. Ela voltou até a cama. Cecilia piscou com força, lutando contra o sono.
— Conta uma história para mim? — Pediu. Amara suspirou, cedendo ao pedido da filha.
— O que quer ouvir? — Perguntou enquanto se deitava sobre a coberta da cama.
— Você sabe, a minha favorita. — Disse Cecilia. Amara sorriu.
— Tudo bem. — Falou. — Após a história, você irá dormir, certo? E nada de sair do quarto no meio da noite.
Cecilia acenou em silêncio. Amara limpou a garganta antes de começar a falar.
— Era uma vez, uma viajante do tempo...
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— Eles parecem estar se dando bem. — Murmurou Krishna a Amara.
Estavam no segundo andar, em um espaço aberto ao ar livre, com cadeiras de ferro e uma vista privilegiada e completa de todo o jardim da mansão. Ao longe, Polly e Richard caminhavam pelas trilhas em uma conversa profunda, iluminados apenas com a luz da lua. Hora ou outra, tocavam timidamente as mãos ou os ombros. Estavam concentrados demais para perceberem a movimentação de dentro da casa.
— Formam um belo casal. — Amara falou. Ela tinha certeza de que Richard estava encontrando novamente o amor e sabia que ninguém melhor para entender a dor da viuvez do que Polly.
— Os homens já estão bêbados e falando de cavalos e carros na sala. — Ariana falou alto, tomando a atenção das duas amigas. — Vamos fazer o mesmo, ficar bêbadas e falar mal deles. — Uma garrafa de vodca estava em suas mãos. Ada surgiu logo atrás, com copos e vinho, Sarah a acompanhou.
— Perfeito. — Sarah disse, lendo o rótulo do vinho.
— Você não vai beber, Sarah. — Ariana foi severa, fazendo a irmã soltar um suspiro exaurido.
— Uma taça não faz mal para ninguém, Ari. — Amara disse, lançando uma piscadela à garota. Ariana negou.
— Mas a aniversariante não parece querer beber. — Foi Ada que disse. Amara revirou os olhos.
— Tudo bem, Sarah, mas apenas uma taça e depois você irá dormir. — Ariana encarou a irmã.
— Acho que já passou da hora de você parar de me tratar como uma criança. — Sarah lançou um olhar afiado à irmã mais velha. — Logo estarei indo para a faculdade. — Ariana revirou os olhos.
Todas se sentaram em uma cadeira e se serviram com bebidas. A conversa iniciou alta, acompanhada de risadas. Amara poderia dizer que estava evitando bebidas por estar cansada ou por ter realmente muito tempo para si na festa da filha, mas havia outro motivo para isso.
— Eu estou grávida! — Revelou, subitamente. O silêncio foi instantâneo. — Estou esperando um bebê novamente.
Silêncio. Amara encarou os rostos, então a risada cresceu, assim como as palmas.
— Já era de se esperar que você engravidasse novamente. — Ada falou. — Tenho certeza de que você e o Thomas nunca param para dormir naquela cama.
— Nem sempre é na cama, Ada. — Amara sorriu maliciosa.
— De qualquer forma, parabéns, cunhada. Que mais um Shelby cresça forte para levar nosso nome para um futuro promissor. — Ada sorriu.
— Cecilia vai ganhar um irmãozinho ou irmãzinha? Isso é tão perfeito. — Krishna abanou o rosto. — Eu estou tão feliz por você. Ainda bem que fui abençoada com dois filhos de uma só vez, é um trabalho em dobro, mas eu os amo tanto.
— Quando descobriu? — Ariana encarou a amiga.
— Faz algumas semanas. — Amara explicou rapidamente. — Eu ainda não contei ao Thomas ou a Cecilia, quero fazer algo especial.
— Já sabe qual o sexo do bebê? — Ada perguntou.
— Ainda é cedo demais para isso. — Ariana respondeu, agora ela falava de forma clínica. — Talvez em alguns meses.
— Não há nada que Polly Gray não descubra. — Uma voz madura reverberou além daqueles que estavam reunidas. Amara prendeu a respiração.
Lembrou-se de quando Polly lhe contou que ela esperava uma menina, e não foi surpresa a ninguém quando Cecilia nasceu. Amara acreditava na intuição dela, por isso permitiu que Polly tocasse sua barriga e a sentisse.
— Tem nomes em mente? — Polly perguntou. Amara acenou.
— Se for menina novamente, a chamarei de Amália, como minha mãe. Se for menino, então será Anthony, como meu pai. — Disse ela. Polly ergueu o rosto e seus olhos escuros encontraram os de Amara, verdes e esperançosos.
— Anthony, gosto desse nome, é forte. Tonny Shelby está a caminho, minha querida. — Ela falou, com um riso escapando pelos lábios. Amara prendeu a respiração, as outras mulheres comemoraram.
Amara estava grávida de um menino. Logo Cecilia teria um irmãozinho.
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ALGUNS DIAS DEPOIS
Amara cuidou para que o marido e a filha estivessem bem vendados. Era claro que a ansiedade da pequena Cecilia não a deixaria vendada por muito tempo. Ao retirar o pano do rosto, encarou um enorme bolo confeitado em azul. Estavam no jardim, em um dia ensolarado de domingo.
— De quem é o aniversário? — Perguntou.
— Ceci, eu disse que era para tirar a venda apenas quando eu mandasse. — Amara pareceu levemente chateada. Thomas puxou a venda que usava, encarando o bolo tão surpreso quanto a filha.
— Você preparou uma surpresa? — Questionou ele.
— Da mesma forma que você e Ceci tem escondido algo de mim, eu também tenho escondido uma coisa... — Ela deu de ombros com um riso divertido nos lábios.
Thomas e Cecilia se entreolharam, encarando Amara logo depois.
— O que você acha, papai, falamos logo? — Cecilia perguntou. Thomas uniu as sobrancelhas, ponderando as palavras da filha.
— Tudo bem, hoje será uma troca de surpresas. — Amara falou. — Mas eu já aviso, o que tenho para dizer, pode fazer com que os dois fiquem sem palavras.
— Então diga logo! — Thomas estava ansioso. Tentou desvendar a esposa, mas não foi muito longe.
Amara se aproximou do bolo, raspando o dedo no glacê azul. Ela saboreou o sabor doce e sorriu em uma animação contagiante. Empurrou o bolo para eles poderem ler o nome bem decorado no topo: Anthony Shelby. Thomas salivou quando a garganta ficou seca. Cecilia se moveu inquieta.
— Você... — Thomas iniciou.
— Eu estou grávida! — Revelou. Thomas piscou, enquanto Cecilia ainda tentava entender as palavras.
— Amie, meu amor. — Thomas deu a volta na mesa. Em um abraço rápido, ele prendeu a esposa em seus braços. Um beijo rápido foi deixado nos lábios dela. — Você está grávida. Meu Jesus.
— Quer dizer que vamos ter um bebê aqui? — Cecilia perguntou. Seus pais a encararam.
— Um garotinho. Por isso o bolo azul. — Amara falou. — Ele se chamará Anthony.
Thomas ergueu a esposa, fazendo-a soltar um gritinho rápido. Cecilia ainda se questionava se estava feliz ou não por aquilo, mas de qualquer forma, agora teria mais uma pessoa para brincar e fazer companhia a ela.
— Eu amo você, de todas as formas, com todas as minhas forças. — Sussurrou Thomas.
— Lembra-se do nosso casamento? Dos votos? — Perguntou Amara. — Vamos dividir nosso amor com nossos filhos, isso realmente está acontecendo.
— Eu sei.
— Tommy, você me deu o mundo em forma de filhos. Eu te amo, muito. — Amara sentiu os olhos arderem. Eles permaneceram com as testas unidas por um curto período. Cecilia subiu na cadeira.
— Podemos contar a nossa surpresa para a mamãe? Podemos, papai? — Cecilia perguntou. Amara se afastou do marido.
— Agora é a vez de você.
— Pensando bem, nossa surpresa é menos interessante, porém é muito valiosa. — Thomas deu de ombros. — Lembra quando você disse que gostaria de ir ao Brasil? Conhecer especialmente a Amazônia? — Disse. — As próximas férias serão lá. Sugiro que compre roupas mais leves, ouvi dizer que o Brasil é quente...
Ele não completou a frase. Amara pulou em seu colo com um beijo. Cecilia tapou os olhos, odiava quando seus pais se grudavam daquela forma. Quando voltou a abrir, eles já estavam separados. Foi escolha da pequena Shelby a viagem de férias ao Brasil, sabia que a mãe adoraria visitar um local novo, assim como ela.
— O presente é maravilhoso. — Amara se aproximou da filha, puxando-a para seu colo quando se sentou à mesa. — Vocês são maravilhosos. Posso dizer que tenho absolutamente tudo nesse mundo, porque tenho vocês comigo. — Ela abraçou a filha com força, sentindo o suave perfume infantil encher suas narinas. — Eu os amo tanto.
— Meus maiores presentes estão aqui, já me sinto ansioso pela chegada do Anthony. — Thomas dividiu espaço com a esposa e a filha.
— Vou ser uma irmãzinha boa para o Anthony, mas desde que ele não bagunce meus brinquedos. — Cecilia disse. — Agora podemos comer o bolo?
Amara sorriu, acompanhada de Thomas. Segundos depois se serviam com generosas fatias de bolo. Estavam agradecidos e felizes. Ali, juntos, eram uma família de verdade.
Uma AU para aquecer corações, pois algumas coisas seriam beeem diferentes se Cecilia e Richard estivessem entre os vivos...
Capitulo postado dia (05/06/2022), não revisado.
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