08 | Cinema Ascendente
ᴿᴼʸᴬᴸ ᴱⱽᴱᴿᴰᴱᴱᴺ
NÃO tinha ouro.
E não importava o quanto a gente procurasse. O quão decepcionado John B ficava, isso não mudava. Ele percebeu isso depois de três tentativas.
JJ assumiu o comando da direção mais uma vez e eu me mantive afastada enquanto os outros consolavam John B que parecia, no mínimo, sem esperanças alguma.
Era quase como se ele precisasse encontrar aquele ouro e não apenas porque precisava da grana, porque queria virar Kook. Achar o Royal Merchant e o ouro dentro, era quase como a última coisa que o pai dele tentou e repassou seu trabalho para o filho e... para mim.
De alguma forma, por algum motivo, ele me conhecia e confiava em mim o suficiente para prever que eu estaria aqui nesse barco, tentando esquecer meu medo do mar.
Ou talvez ele apenas soubesse no que meu pai estivesse envolvido.
No que ele estava escondendo.
Assim que JJ estacionou o barco no cais perto da casa de John B, eu ajudei Pope a juntar os aparelhos do drone e colocá-los para fora do barco, que já havia sido abandonado por Kiara e John B.
JJ estava arrumando todo o rolo da fita como estava antes que desarmamos ela pro drone descer.
— Conseguiu suas respostas, Royal? — Perguntou Pope, simpático e eu parei pra pensar.
Qualquer que tenha sido o desenrolar da história hoje, encontrando ou não o ouro, a resposta não seria clara o suficiente.
Se o ouro estivesse lá, então meu pai não teria pego ainda ou talvez, nem soubesse o que estava entrando. Mas... se o ouro não tivesse lá... Então, talvez, ele saiba o que esteja fazendo com aquela gaveta repleta de pistas.
Tenho certeza que o ouro não está com ele, caso contrário, acho que ele teria feito uma viagem. Mas não lembro dele viajar nos últimos dois anos para fora de Outer Banks.
Apenas quando houve aquele acidente há dois anos e teve que ir até o nosso encontro no hospital mais perto da cidade que estávamos, que não eram nem perto da Coralina do Norte.
Então...
— Não. — JJ, abaixado em seus tornozelos, apoiou os braços nos joelhos e olhou para mim. — Mas talvez tenha aberto o caminho para eu acha-las.
— Algum dia nos dirá?
Encarei Pope.
Eu não conseguia dizer tudo o que estava acontecendo nem para mim mesma. Minutos digerindo que meu pai pode não ser um homem do qual eu almejei me assemelhar, faz-me ter tonturas.
E dores de cabeças terríveis.
Então, encarar Pope, JJ, John B e Kiara e dizer a eles o que está acontecendo agora, o motivo principal por eu ter embarcado nessa além de uma dúvida terrível sobre o pai de John B... Talvez isso nunca fosse acontecer.
Pois eu precisava confiar em mim mesma primeiro para contar tudo sem a voz falhar.
Sem o coração bater tão fortemente que é arriscado colocá-lo para fora do peito. E pensar que eu posso criar um laço com esses Pogues... Um lanço firme o suficiente para que eu desabafasse.
Não.
Eu não posso.
— Você gostaria de saber, certo, Heyward?
Ele deu de ombros e eu enviei um sorriso sem emoções em sua direção.
Mal encarei JJ antes de descer do barco, sentindo a superfície firme sob os meus pés e quase suspirando por isso.
Meu medo pelo mar era completamente novo, penso ao pedalar em minha bicicleta até o meu lado da Ilha. Eu não sofri nenhum acidente dentro das águas digno o suficiente para explicar o pavor que toma conta de mim, que eu consegui abafar hoje.
Talvez seja a inconsistência das águas.
Inconsistência virou o meu maior medo depois de dois anos atrás.
Então estar naquelas águas, sem proteção, é como se eu voltasse a época em que tudo era suave. Delirar sobre essa época era boa, o ruim era abrir os olhos e deparar-me com a realidade.
Hoje, com os Pogues, é a primeira vez que eu subo em um barco desde... meu tio. Não lembrar que eu estava sobre a água fora fácil com tanta coisa em minha mente.
Bom, mais fácil do que entrar em sua própria casa e encarar sua família inteira contra você.
Mamãe estava no jardim quando eu cheguei com a bicicleta, colocando-a na casinha dos fundos antes de seguir até onde ela estava cultivando uma de suas flores preferidas.
— Elas já estão lindas — digo, se aproximando com meus lábios entre os dentes.
Lizabeth levanta o queixo, sua mão tocando delicadamente o lírio enquanto sorri para mim.
Eu imediatamente começo a falar.
— Mamãe, me desculpa.
Ela se levanta e me encara com seus olhos castanhos-esverdeados, que com o resquício da luz que bate neles, me ajuda a repartir seus sentimentos. Seus pensamentos, até.
— Sabe pelo o que está se desculpando, Royal?
— Ah, e-eu...
— Por chegar tarde? Responder seu pai daquela maneira? — Ela tomba a cabeça pro lado. — Ou estar com JJ Maybank?
Eu engulo em seco e digo:
— Estar com um Pogue não deveria ser um problema, mãe — exclamo, erguendo o queixo, forçando a minha voz a sair pra fora.
— Não. Não estar com um Pogue. Mas com o Pogue.
JJ Maybank.
Sua presença em minha vida sempre foi um resquício de "defeito" que meus pais ansiavam corrigir. Estar com ele no início da minha adolescência nunca foi algo que Nikolai ou Lizabeth aprovou.
Então quando sua... essência saiu de mim depois do acidente de dois anos atrás, acreditem quando eu falo que não é eufemismo que eles ficaram aliviados.
No começo, eu não sabia dizer muito bem qual era o motivo de JJ ser uma peça tão proibida na minha vida, sendo que quando meu tio Nicholas me levava na casa dos Maybank, o garoto era tão gentil e brincalhão comigo, apesar do modo como vivia.
Desde a primeira vez que Nicholas bateu na porta de Luke Maybank deu para perceber que naquela casa faltava diversas coisas.
Amor, inclusive.
JJ ficou envergonhado quando meu tio e eu chegamos lá uma vez e ele estava apanhando do seu pai. Com um pé de cadeira de madeira que parecia ter sido quebrada minutos antes.
Nicholas tirou Luke de cima do garoto de 10 anos e eu o arrastei para longe de sua casa. Até a praia, onde ficamos andando descalços, em silêncio.
Foi a primeira vez que eu não vi o sorriso zombeteiro de JJ. A primeira vez que suas brincadeiras foram trocadas por soluços. Ele começou a desabafar para mim, naquela praia e eu o aceitei.
Não aceitei ouvi-lo, pois aquilo acontecia de forma automática. Mas o aceitei em minha vida.
Virei a maior das defensoras de JJ Maybank na Ilha, incluindo dentro da minha casa. No início, meus pais não viram maldade. Até que Nikolai descobriu que seu irmão mais velho estava me levando até a casa dos Maybank, onde o patriarca era um revendedor de produtos... ilegais.
JJ se tornou proibido a partir daí.
Como se Luke Maybank fosse uma doença.
Eu continuei me encontrando escondido com JJ até meus 13 anos.
Então, dias antes de eu completar 14 anos... Ele...
Pisco, bloqueando qualquer memória relacionado ao passado. A JJ Maybank. Mas mesmo que eu me recuse a me lembrar, a mera menção do acontecimento em minha mente faz com que um buraco familiar comece a se aprofundar em meu peito.
E dói tanto que eu acho que nem penso. Ou respiro.
JJ.
JJ abriu esse buraco em mim.
— Tem razão, mãe. — E eu estava disposta a fecha-lo. A força. — Isso não vai mais acontecer. Foi o meu último episódio com o Pogue.
Lizabeth sorriu.
Mas ela sorriu diferente. Não parecia realizada, feliz. E quando ela deu as costas para entrar, foi impossível não me perguntar se algo havia se quebrado entre a gente. E mais difícil ainda não tentar achar o motivo por trás disso.
E penso... Penso que ela, como mãe, viu as verdadeiras palavras na entrelinha.
Que, mesmo se eu desejasse, JJ Maybank era como uma veia sanguínea, enraizada dentro de mim, fluindo sempre aquilo que me mantém viva.
E que, ao retirar, podia levar a morte.
*
Meu irmão bateu na porta duas vezes, fazendo a madeira ruir ao ser aberta por estar apenas encostada.
Eu o olho pelo espelho da minha penteadeira, onde estou sentada, com uma eponjinha de espalhar maquiagem na maça do meu rosto. Jaden olha imediatamente para essa direção e algo escurece dentro de si.
É o mesmo olhar que ele deu quando atravessou a multidão e começou a trocar socos com Rafe como um idiota, ou quando aquele garoto do fundamental colocou sapos em meu armário para me assustar. A única diferença é que, agora, esse ódio é voltado para ele mesmo. Pois não foi terceiros que me machucou dessa vez.
Ao lado do seu corpo, suas mãos se flexionam e sua boca abre várias vezes. Ele sempre desiste antes de pronunciar qualquer palavra.
Quando tenho a certeza que ele não vai dizer nada, eu apenas me volto para o trabalho de esconder o esverdeado em meu rosto.
— Onde vai? — Ele perguntou, por fim, depois de coçar a garganta e mexer no seu cabelo.
Eu não vi essa última ação, mas é um costume meio chato que permanece em quase todos os homens.
— Ao cinema na praia. — Ele ergue as sobrancelhas. — Com o Rafe.
E... fecha a cara.
— Rafe Cameron? — Sua voz parece um resquício de escuridão.
Tudo bem que não estou indo com Rafe, mas com Kelce e Topper. Eu não faço ideia de onde Sarah possa estar. Ela só me mandou uma mensagem falando que queria conversar ontem e uma hoje dizendo para eu encobri-la com os garotos, mas... sumiu. Praia pode não ser o meu lugar preferido, mas seria uma boa desintoxicar minha mente de tantas perguntas e confusões.
Até descobrimos qual vai ser o próximo passo, até eu me entender comigo mesma, é bom que eu ocupe minha mente com um filminho.
— Conhece outro? — Rebato, levantando-me após o trabalho.
— Fica longe dele, Royal.
— Você não manda em mim, 'tá legal?
Jaden segura meu antebraço quando eu faço menção de passar do seu lado para sair do quarto. Ele não aperta forte o meu braço, mas eu olho para onde reside o contato, então ergo meus olhos para os seus.
— Já não basta a porra do mesmo rosto? Quer deixar quantas marcas em mim, irmão?
Ele me solta imediatamente, xingando-me.
— Sabe que foi sem querer — disse-me, apontando para o meu rosto. — Você não deveria ter se metido.
— Entre dois idiotas se batendo por pouca bosta? — Questionei, sarcástica. — Tem razão. Não deveria.
— "Pouca bosta"? Eu vi como ele estava tocando em você naquela piscina, Royal. Como você não estava fazendo nada para impedi-lo — apontou, acusadoramente.
Impeço as lembranças de voltar para a minha mente e respondo tão rápido, tão ferozmente e sem hesitar, que esqueço por um segundo que eu não penso de verdade isso:
— Talvez eu não quisesse impedi-lo.
Jaden contorce tanto a cara que eu sinto medo de estar com vontade de vomitar de verdade. E se afasta, tão brutalmente que tropeça.
— Primeiro — levantou o dedo —, que nojo absurdo! E segundo, minha irmãzinha não vai namorar o idiota do Rafe Cameron — ele cuspiu o nome.
— Tenho idade o suficiente para tomar minhas próprias decisões, idiota.
Saio do meu quarto, deixando-o para trás sem nem pensar. Meus passos batem em cada degrau que eu passo, junto com os passos do meu irmão, bem atrás de mim.
— Eu não vou levá-la a lugar nenhum! — Gritou, agarrando a chave de seu carro antes que eu pudesse fazer.
— Tá! — Jogo os braços pra cima, abrindo a porta da casa para atravessar o jardim. — Eu tenho meu meio de locomoção.
— Ah, sua bicicleta? — Eu a pego na casinha de tralhas e vou para a rua. Jaden grita: — Boa sorte voltando com ela no meio da noite!
Eu paro depois de ultrapassar o cercadinho para a rua. Ao voltar-me para onde eu imaginava que ele estava, grito de volta:
— Talvez eu fique por lá então!
Jaden hesita por apenas um segundo antes de balbuciar um ótimo alto e claro, fechando a porta atrás de si. Minhas mãos agarram com mais força a bicicleta e eu monto, pedalando noite a dentro.
Só percebo que esqueci a droga do meu casaco quando estou encostando minha bicicleta perto do Jeep dos meninos e abraçando meu próprio corpo. Outer Banks nos agraciava com o sol e o calor o dia inteiro, era rara as noites em que esfriava.
Mas quando o lugar em que você está é o mar, é possível que o vento frio te deixe ao ponto de bater os dentes.
— Royal, aqui!
Quando avisto os meninos no meio da multidão pequena que se resume em apenas alguns jovens sentados na areia e muito adultos com crianças na frente do telão branco enorme que colocaram ali para projetar o filme, caminho até eles.
Kelce me estende um copo vermelho — com um líquido que definitivamente não é algo natural — assim que eu chego.
— Você por acaso sabe onde Sarah está? — Topper me pergunta, tentando não parecer preocupado demais ao coçar um pouco a cabeça.
Mas, além da mensagem curta que ela me enviou hoje de manhã dizendo para eu não revelar que onde ela estava, eu não fazia ideia do que estava acontecendo na vida da garota.
Ultimamente, na verdade, parece que só estamos juntas quando queremos beber e esquecer.
A mera menção de uma amizade desse jeito antes não me movimentava como estava fazendo. Pensar que minha amizade com Sarah pode ser tão superficial, me incomoda. E me incomodar por isso, me incomoda.
Sou uma idiota!
Bebo um gole do líquido no copo e faço uma careta, me lembrando do quão horrível era. Talvez até mais do que as cervejas baratas dos Pogues.
Ainda estou tentando ignorar Topper o suficiente quando Rafe aparece com uma latinha de Pepsi e estende para mim, retirando o copo da minha mão em seguida e virando de uma vez.
Sua cara se contorce apenas um pouco, mas o suficiente para salientar o corte na sobrancelha, no canto dos lábios e o roxo no olho esquerdo.
Quando ele me olha, imediatamente torce as sobrancelhas ao encarar o meu corpo.
Meus olhos acompanham ele, apenas para me ver vestida com um short jeans e uma blusa curta sem mangas longas — os dois brancos. Quando chego no meu tênis branco pisando na areia alaranjada da praia, eu volto-me para Rafe.
Mas ele já está se inclinando para Kelce, que preenche seu — o meu — colo vermelho com mais bebida e raspa um plástico pequeno na mão de Rafe, que pega e esconde rapidamente no seu bolso.
Desvio os olhos para o projetor que estava começando a se ligar pelas pessoas que estavam cuidando desse evento.
Abro minha latinha de Pepsi, escolhendo não pensar em como Rafe lembrou que eu prefiro essa marca a Coca-Cola, um detalhe pequeno que eu deixei escapar em uma das nossas reuniões em que meu irmão e o irmão de Sarah trouxe refrigerantes para a gente beber.
Há uns anos atrás.
— Aqui — disse a voz no meu ouvido e logo cinto uma coberta se apossando dos meus ombros.
Olho por cima do meu ombro, apenas para encarar Rafe. Não colocando uma coberta no meu ombro, mas a sua jaqueta jeans rabiscada com alguns desenhos.
Fixo meus olhos nos seus e, por algum motivo, todas as vozes ficam em segundo plano. E o chão vira uma lagoa pequena, molhando nossos corpos. Era como se estivéssemos na piscina na festa novamente, com ele me tocando.
A única diferença era que estávamos na praia.
E Rafe não me tocava.
— Obrigada.
Ele sorri ladinamente e se levanta enquanto eu visto do jeito certo sua jaqueta, sentindo uma satisfação fenomenal pelo calor que ela irradia.
Com a chegada da noite, o filme começa tranquilamente. Com um saco de salgadinhos que Topper enfiou em minhas mãos e duas latinhas reservas de Pepsi que Rafe deixou para mim, estou confortável até o momento em que eu percebo que estou aqui sozinha.
Mastigando um punhado de salgadinho que coloquei na boca, olho rapidamente ao redor, tentando saber se Rafe apenas havia ido pegar mais refrigerante ou se eles tinham me deixado mesmo aqui, sozinha.
Desisto de esperar ou de ficar como uma otária depois de cinco minutos, largo o pacote ali perto das coisas que os meninos ainda deixaram aqui.
Aqueles filhos da puta mesquinhos!
Devem ter me deixado aqui para ver um rabo bonito de saia. Como eles ousam me chamar para sair e me deixar sozinha?
Praticamente marcho até o local em que lembro onde eu coloquei minha bicicleta, perto do carro deles, atrás do telão. Mas uma confusão atrás dele me mantém parada antes que eu pudesse pensar muito.
— Vem, Pogue!
— Vamos!
Arregalo os olhos quando distingo as figuras entre a escuridão. Rafe, Topper e Kelce trocam socos com Pope e o maldito JJ. A desvantagem fica óbvia quando vejo um segurando JJ e Rafe batendo.
É Topper quem está cuidando de Pope.
Ainda alarmada e totalmente em choque, dou uma volta curta com os meus olhos para saber se alguém estava perto. Se alguém poderia ajudar. Mas se eu gritasse e chamassem a polícia, então isso significaria que Pope e JJ iriam para a cadeia.
Ninguém acreditariam nessa maldita cena horrível.
Foda-se.
Corro até eles, por trás de Kelce e tenho tempo o suficiente pela surpresa de Rafe para ficar nas pontas dos pés e morder o braço que Kelce segura JJ, que escorrega para a areia no mesmo segundo.
Kelce grita quando eu recuo dele, sentindo o gosto de ferro na minha boca.
Fico de frente para Rafe, que tem os olhos arregalados para mim.
— Que porra é essa, Rafe?
Ele parece um pouco desesperado quando desvia os olhos de mim e para Kelce, ainda se recuperando da mordida atrás de mim. Mas ele parece afastar essa confusão quando Kiara aparece pulando em cima de Topper que segurava Pope.
— Segura ela.
Não tive tempo de reagir antes que braços rodeassem-me. Sei que é Kelce assim que, com os braços apertando os meus ao lado do meu corpo, ele me levanta do chão quando eu bato meus pés para me soltar.
— Seu debiloide! — Grito. — O que pensam que estão fazendo? Rafe!
Vejo o Cameron agarrando a mochila que Kiara usava como arma e jogá-la para o chão, pouco antes de puxar Pope para bater mais.
— Não! Eu vou matar você, Kelce! Me solta!
— Solta ela, Kook de merda!
Meu corpo voa para longe quando JJ empurra Kelce, que por conta do desequilíbrio, me solta inesperadamente. De cara na areia, eu cuspo meu cabelo e levanto meu rosto apenas para ver qual era a situação.
Nada, nada boa.
Rafe estava pegando Kiara agora e afastando-a para longe da briga enquanto Topper continuava com Pope e JJ com Kelce. Apoio-me para me levantar e entro na frente de Kiara no momento em que Rafe empurra ela.
— Seu idiota! — Empurro o seu peito, mas ele não recua nem um passo enquanto me enxerga por entre a escuridão. Eu devia estar uma bagunça com o meu cabelo na cara, mas continuo empurrando-o. — Por que fez isso? Por que!
— Você não deveria estar aqui.
Foi a única coisa que Rafe Cameron falou.
Ele estava em uma briga injustiçada para o lado adversário. Havia acabado de empurrar Kiara para o chão e parecia longe de querer acabar com essa briga. Mas a única merda de coisa que ele me disse foi que eu não deveria estar aqui.
Não deveria estar... aqui!
Ofegante e com uma raiva capaz de abrir infernos, viro-me para onde ele se voltou, onde Kelce estava apanhando de JJ. Ele empurra JJ e desfere socos no rosto do garoto.
Não sei o que estou fazendo até andar até ele, abaixar-me para pegar um punhado de areia e tacar no seu rosto. Rafe recua com as mãos nos olhos e eu puxo JJ para cima no momento em que o telão começa a pegar fogo.
Gritos do outro lado do telão começam a estrear a playlist de fundo quando Rafe agarra os amigos e recua perante o fogo.
Ele se vira para mim, ainda com dificuldade para abrir os olhos e ajustar ele. Acho que ele queria pegar meu braço quando eu simplesmente recuei e passei o braço de JJ por cima do meu ombro e me virei para Kiara, que já estava fazendo o mesmo com Pope.
Tentando nos camuflar na escuridão, recuamos para a multidão que se dispersa enquanto discutem maneiras de apagar com o fogo. Kiara segue atrás de mim com um Pope asmático no seu encalço.
JJ se restaura no momento em que nos afastamos da multidão e Kiara começa a gritar com eles sobre a grande merda que aconteceu. JJ e Pope ouviram calados por um tempo, recuperando-se.
Mas por fim, Maybank bufou e levantou chutando a areia, puto de raiva pela briga que ele teria perdido com Rafe e seus amigos.
— JJ...
— Deixa comigo. — Interrompi os passos de Kiara até o loiro que subia para sair da praia. — Vou acompanhá-lo até a segurança.
Ela me olhou nos olhos e então encarou Pope. Se me perguntassem agora, eu nunca conseguiria responder o motivo de Kiara assentir levemente para mim. Muito mais do que uma confirmação, mas um... agradecimento.
Eu sorri fechado e corri até JJ.
— JJ! — Ele continuou rápido demais, até mesmo depois de sair da areia da praia para o concreto da rua. — JJ, espera. Jay...
Ele para.
Simplesmente para no meio da rua, em um bairro desconhecido por mim, de noite o suficiente para que a única iluminação entre a gente seja o luar e as estrelas. Silencioso o suficiente para que sua respiração acelerada chegue rapidamente até mim.
Dou apenas um passo na sua direção antes dele se virar com tudo para mim.
— Por que não me deixa em paz, porra?
— Te deixar em paz? — Repeti, debochadamente. Então apontei para a direção da praia. — Aquilo que eu fiz é chamado de salvar sua vida, seu demente!
— Eu não pedi para que se metesse! — Grita, pouco se importando com as casas perto. — Não pedi que entrasse para a missão e certamente não pedi que me protegesse!
— Você estava apanhando. Tomando uma surra, na verdade.
Seu corpo parece pausar quando ele atravessa o espaço entre a gente e me olha. O canto de seus lábios está rachado e seu nariz está escorrendo sangue. Seu cabelo... Há fios de cabelo por toda parte no seu rosto.
— Não é como se eu não tivesse acostumado, não é mesmo?
Seu sorriso não chega aos olhos, mas definitivamente estoura a bolha de qualquer veneno destinado à mim. E odeio admitir que ele conseguiu. Que ele conseguiu acertar meu coração.
Eu sempre odiei Luke Maybank pelas marcas que deixaria na vida de JJ.
Talvez não marcas aparentes, mas fortes o suficiente para destruir sua percepção de perigoso. De dor.
A única vez que eu presenciei ele apanhando do pai foi aos seus 10 anos, mas... Seus machucados aleatórios quando a gente se encontrava, as vezes, não me passava desapercebido.
Eu não podia levá-lo para minha casa para ajudá-lo e nem para sua. JJ repudiava hospitais. Então eu o convenci de criarmos um lugar.
A lembrança me invade imediatamente, tão forte e inesperadamente que eu recuo um passo.
Mas é só por um momento. E é o único passo que eu recuo, pois os outros eu uso para aproximar-me dele. JJ me encara com as sobrancelhas levemente franzidas, mas não interrompe a minha aproximação.
Até que estou 30 centímetros dele.
A lua reforça seus olhos azuis escuros, suas pupilas dilatadas pela falta da luz, seu sangue manchando seu rosto e sua camisa reluz na escuridão de mais perto. E seus fios loiros que eu costumava enroscar meus dedos... Puxo um suspiro.
Dez centímetros.
Paro no lugar e ele parece estar congelado. Me olhando de cima. Sem respirar. Sem piscar. Apenas... congelado.
— Venha comigo.
Espero que estejam gostando!
Eita, eita... Royal acordou pra vida, hein. Vamos ver se vai durar muito tempo. Mas posso dar certeza que, pelo menos, até o próximo capítulo, dura.
Até amanhã, baby's. 💋
Não esqueçam de VOTAR e COMENTAR, estou um pouco desanimada com esse final de Outer Banks, então seria muito BOM saber que vocês estão gostando para eu conseguir continuar.
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