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06 | Castelo em ruínas

ᴿᴼʸᴬᴸ ᴱᴱᴿᴰᴱᴱᴺ

ESTAVA NA CASA de John B, ou como eles pareciam gostar de chamar, O Castelo.

A casa ainda estava do mesmo jeito que eu lembrava, talvez com um pouco mais de bagunça. E carniça, adicionei ao passar por JJ que preparava um pão mofado para comer.

Pope tentou avisa-lo, ao contrário de mim. Uma dor de barriga ou infecção não o faria tão mal assim.

Me encostei no batente do portal da cozinha para a sala, encarando John B sentado na cadeira em frente a mesa logo na minha frente, encarando aquele embrulho como se ele fosse ser aberto sozinho.

Estou prestes a revelar que isso não vai acontecer — porque parece mesmo que ele está esperando.

Mas como se pudesse me sentir, sentir os meus pensamento, John B ergue os olhos para encontrar os meus. E então percebo que talvez ele estivesse analisando se devia fazer aquilo na minha frente.

Antes que eu pudesse revirar os olhos ou fazer menção de sair, ele começa abrir. Os outros se aproximam, tão curiosos quanto. JJ faz um barulho de vômito ao cuspir o pedaço de pão fora.

Mesmo cortando os pedaços mofado, o pão já estava ruim por inteiro. Os mofos que ele viu, que conseguimos ver, é só o final de uma bactéria que já se alastrou pelo pão inteiro.

Eu poderia tentar explicar isso para ele antes que quase vomitasse, mas fiquei com preguiça e JJ não merece tal preocupação.

John B puxa um mapa para fora do embrulho e o abre na mesa. Haviam trilhas por alguns lugares marcados e coordenadas, quase igual aquele que encontrei no escritório de meu pai. A única diferente nesse momento é que há um X marcando um local.

— Longitude, latitude — murmura John B, passando o dedo pelo papel.

Desfocada, eu pego o embrulho para brincar, mas ele está pesado demais para não ter mais nada. Não consigo saber o motivo, mas evito colocar a mão e puxar o que tem dentro, entregando a John B em vez disso.

Talvez tenha sido porque ele mencionara que o arquivo era de seu pai. Talvez eu entendesse como era estar em busca de respostas. Principalmente com pais possivelmente envolvidos nelas.

E John B merecia estar à frente.

Ele rapidamente entende o que eu estava tentando dizer ao pegar o envelope e sentir o peso, colocando a mão em seguida para puxar o que tinha dentro.

— O que é isso? — JJ pergunta, com uma entonação tão verdadeira de dúvida que eu respondo sem pensar.

— É um gravador — e apenas porque eu disse suavemente, adicionei: —, idiota.

John B apertou em um dos botões ao lado do gravador e uma voz masculina rapidamente começou a falar.

Querido Bird.

Encaro o embrulho com o mesmo nome, direcionado para ele.

— Quem é Bird? — JJ questiona rapidamente.

— É como meu pai me chamava — respondeu John B, com os olhos cravados no aparelho em mãos.

Odeio dizer que avisei, mas eu avisei — continuou a gravação. — E você duvidou do seu pai. Acho que, neste momento, você está cheio de culpa e auto-aversão por causa da nossa última briga, mas não se mate ainda, garoto. Eu também não esperava encontrar o Merchant.

Os quatro amigos trocam um olhar, deixando-me excluída da devida sabedoria.

Quero dizer, Merchant é uma lenda. Apenas uma história boba que eu ouvi por toda a minha por conta do meu nome ser o mesmo que o primeiro nome do barco naufragado. Royal Merchant.

Você teve razão ao brigar comigo. Não fui o melhor pai do mundo. O que posso dizer, garoto? Senti o cheiro do ouro. E espero que estejamos ouvindo isto na nossa nova casa na Costa Rica, vivendo de rendimentos passivos e investindo em imóveis. Se não for o caso, e você encontrar isto por razões ruins, é para isso que serve o mapa. Lá está ele, o Merchant naufragado. Se algo acontecer comigo, termine o que comecei.

Eu já não estava encostada no batente e muito menos tão perto dos outros na mesa.

É como se houvesse uma lufada de ar me empurrando para fora, mandando eu agarrar minha bicicleta, dar as costas e nunca mais chegar perto de nada disso. Era mais como um sussurrar, na verdade.

Um sussurro codificado, talvez, que eu esteja já seguindo sem nem entender direito.

Mas então, em um lampejar silencioso, as cabeças estão viradas para mim. Não para a minha direção, mas para mim. E os olhos, as íris de cada um estão fixadas em mim, como se estivessem tentando... codificar alguma coisa.

É quando eu começo a escutar novamente a gravação, retirando as mãos invisíveis dos meus ouvidos que abafaram tudo.

Mas não por tempo o suficiente para me impedir de ouvir:

Não falo apenas de encontrar o ouro. Royal... Everdeen. — Encaro a gravação, sentindo os olhos em mim. — Pegue o ouro, garoto. Com ela. Não importa o que aconteça, onde esteja, encontre Royal e coloque-a nessa missão. Vejo vocês do outro lado.

A gravação para.

Meus olhos arregalados pela surpresa sobem para John B quando ele se levanta da mesa, mal notando-me ao dar as costas para todo mundo e se apoiar na parede.

— Merda, ele conseguiu! — JJ falou, parecendo tentar ajudar. — Ele encontrou o Merchant...

Kiara interrompe o amigo de continuar a falar e vai até John B, abraçando-o por trás.

A sala fica em silêncio, a única coisa que preenche-nos nesse momento são os soluços de John B e os olhos confusos de Pope em minha direção. Mas eu queria ter respostas.

Queria agracia-lós agora, dizendo alguma coisa que limpe a nuvem de confusão que preencheu a todos ao ouvir o pai de John B conjurar a minha presença para qualquer que seja a missão que eles estão, mas não tem nada. Não há nada na minha mente que me faça conseguir começar a entender.

Então busco fazer a única coisa que vai ajudá-los levemente nesse momento ao sair da casa pela porta dos fundos, que revela um pequeno quintal com sofás e poltronas. Passo reto pelo quintal, indo até onde tinha o caminho de madeira que dava até um confortável "quiosque" que liberava acesso para o mar.

Eu me apoio ali, sendo agraciada pelo brilhar das estrelas e da lua.

Minha cabeça não para de latejar perguntas que não encontram nenhum caminho para as respostas. Achei que ao encontrar alguma coisa na Cripta, as coisas se esclareceriam, mas eu estava envolvida em uma bola de neve e parece apenas que eu rolei mais ainda, conjurando mais neves em volta de mim.

Apoio meus antebraços na extensão da madeira, abaixando meu queixo para apoiar minha cabeça. E olho para as estrelas.

Mas elas, como bem teorizado, apenas piscam para mim e não consigo codificar muito o que elas querem me dizer e espero, apenas espero, que seja para que eu suma daqui. Para que eu dê as costas para qualquer que seja essa missão dos Pogues e pare de procurar as respostas das perguntas que estão me assombrando.

Mas a lua, a mais brilhante das estrelas no céu — não a maior, mas a mais brilhante — me diz que eu não vou conseguir deixar nada disso para trás.

Mesmo se eu virar as costas agora para os Pogues, continuarei caminhando pelas frestas de pistas e talvez trombando com eles. A ideia mais óbvia e esperta seria juntar as forças, mas não sei se estou necessariamente pronta para revelar o meu lado da história.

Do porque de eu estar buscando.

Pés batem contra a madeira até chegar na área coberta em que estou e conserto a minha postura, esperando apenas por um minuto antes de virar para eles.

Minha atenção vai imeditamente para John B que já está me olhando, completamente diferente de quando ele me ameaçou no cemitério sobre trair a confiança deles. Uma confiança, devo ressaltar, que não está aqui no nosso meio e nem nos nossos corações.

Ele não me conhece, mas parece estar implorando por respostas.

Kiara foi para o outro lado sentar em cima da lasca de madeira, sendo acompanhada por Pope e JJ.

— Eu não conhecia seu pai, John B. — Esclareci antes mesmo que ele pudesse perguntar. — Não faço ideia do motivo dele ter falado aquilo e também não sei como ele me conhece.

O adolescente solta um suspiro, assentindo uma vez só com a cabeça.

— Não faz o menor dos sentidos — ele esbraveja, desviando a atenção para o seu redor. — Por que ele pediria para que você — aponta para mim — se junte a nós?

Uma resposta começa a florescer dentro de mim, mas eu a empurro para baixo, então depois sufoco ela até que não passasse de um sentimento preso.

John B não teve respostas, todos ficariam extremamente quietos, observando; esperando. Se no cemitério, eles estavam esperando JJ tomar a decisão de confiar em mim por aquele momento para confiar também, agora eles estavam despertando isso em cima de John B.

Esperando.

Não apenas pela confiança, mas pela decisão de seguir o pedido do pai ou não.

Estou prestes a retirar o peso de seus ombros dizendo que eu não queria fazer parte disso, especificamente. Mas John B é mais rápido e me interrompe com o começo de uma história que entendo ser do tal Merchant.

É basicamente um tesouro que desapareceu no mar junto com o navio Merchant e que seu pai, Big John, estava procurando quando sumiu no mar misteriosamente há nove meses atrás. Ele não me disse nada, mas a forma como ele narrou essa parte, sem tanta certeza, com esperança, foi tudo o que eu precisei para saber que ele não acreditava que o pai estava morto.

Quatocentos milhões em ouro, divaguei.

Depois de John B ter contado tudo, engataram em uma conversa tranquila do que eles iriam fazer se conseguissem achar o ouro.

Eu fiquei de lado, escolhendo isso, apenas observando a dinâmica deles quatro. JJ sorria longe de mim de alguma coisa que Kiara dizia sobre um cantor morto, deixando o ambiente mais tranquilo do que mais cedo.

Percebi que estava na minha hora de ir embora, não quando notei a escuridão do céu ou o ar começando a esfriar. Foi quando eles brindaram sobre virar "super kook's" que eu notei que não deveria estar aqui, compartilhando esse momento com eles.

Não me sinto necessariamente mal quando saio de fininho sem ninguém notar. Passo pelo fundo da casa e vou direto para onde a van de John B estava e minha bicicleta encostada na lataria.

Confiro se está tudo certo e preparo-me para montá-la quando ouço passos quebrando alguns galhos perto de onde estou.

— JJ?

Espero até que ele terminasse seus passos, parando há alguns de mim. Sem jeito, ele coça a nuca com uma mão enquanto a outra estende um celular... O meu celular.

— Você esqueceu com Kiara.

Certo, esqueci mesmo de pega-lo depois que entreguei para ela antes de entrar na Cripta. Agarrei ele, a tela sendo iluminada imediatamente e alguns notificações fazendo parte do papel da parede.

Acenei uma única vez para ele que não se deu o trabalho de acenar de volta enquanto eu colocava o celular no bolso e montava na bicicleta. Direcionei-me para a frente, mas antes que eu pudesse começar a pedalar, JJ se mexe.

Não para longe, mas para chegar mais perto.

— Estava esperando que fosse nos trair hoje. — Tombo a cabeça um pouco para trás, revirando os olhos. — Você...

— Não se iluda, Maybank. — Os olhos dele escureceram. — Eu só precisava de algumas respostas e cheguei a conclusão que precisava um pouco de vocês.

— Claro — JJ rebateu de imediato. — Porque Royal Everdeen só toma o próprio partido e não faz nada para alguém que não seja ela mesma.

Forcei um sorriso e também que ele fosse verdadeiro o suficiente para que entrasse nas veias dele, caminhando, despejando, até sua raiva. Então disse:

— Finalmente aprendeu, Jay.

Seus olhos focam nos meus ao ouvir o antigo apelido e é quando eu percebo que estamos consideravelmente mais perto. Mais perto do que estivemos nos últimos anos. Perto o suficiente para que meu joelho, elevado por causa do pé apoiado no pedalo, sinta o calor de seu corpo a centímetros.

Não deixo que ele perceba que notei isso.

Nem que eu me atinja por isso.

— Depois de tantos socos na cara, tava na hora, né?

Há algo em seus olhos.

Não na camada de cor, mas no fundo deles, nas pupilas escuras. JJ pareceu cuspir, mas ele só queria uma confirmação. Talvez um teste que os amigos dele tenha pedido para que ele fizesse, talvez ele mesmo queria as respostas que ganharia.

De qualquer jeito, ele não parece esperar outra resposta quando falo:

— Com certeza. — Volto-me para frente. Digo a mim mesma que foi porque estava tarde, mas o embrulho no meu estômago, que doía em mim, não me deixou acreditar.

Ele agarra o meu pulso, imprensando mais a minha mão no guidão da bicicleta. Quando ergo meus olhos para os dele, JJ está muito elevado sobre mim, me olhando de cima enquanto eu precisava esticar o queixo.

Evitei recuar, mas não consegui não engolir em seco.

Não era medo.

E ele sabia bem disso quando deixou um sorriso libertino aparecer nos lábios fechados e intercalou o olhar entre a minha boca e os meus olhos.

— Acho que entende o que estou disposto a fazer se ainda pensar em nos trair, certo?

Solto uma risada sem humor.

— Acho que entende — repito, apoiando o pé no chão para avançar com a bicicleta — que eu não me importo nenhum pouco, certo? Agora tira a mão de mim, JJ Maybank.

— Você quer mesmo isso?

Franzi as sobrancelhas para ele, segurando um xingamento quando ele se afasta.

*

Depois que eu cheguei em casa tarde da madrugada e guardei a bicicleta na casinha de ferramentas que tinha atrás da construção da Prefeitura, que era maior do que minha cozinha e sala juntas, eu me arrastei até dentro da casa.

A televisão estava acesa.

Lembro de ter interrompido meus passos bruscamente e quando fechei a porta, esperei a voz vir para me dar um sermão.

Mas nada veio além da voz de Stephen Amell.

Quando cheguei na sala, a única luz que iluminava tudo aqui embaixo era a televisão, uma cena de Arrow passava livremente pela TV, enquanto a figura da mulher adulta, dormindo no sofá encolhida, ficava alheia a claridade ou ao barulho.

Deixo um sorriso fraco apossar dos meus lábios ao admirar mamãe. Ela provavelmente estava me esperando
chegar e eu devia começar de agora a buscar uma desculpa para amanhã.

Mas empurro isso para o lado por enquanto ao desligar a televisão bem no momento em que Stephen Amell — ou Oliver Queen — revela sua identidade para Roy Harper.

A série preferida de mamãe.

Me aproximo dela, agarrando um cobertor na poltrona ao lado do lençol e cobrindo-a. Pego o controle colocando na mesinha de centro, me esbarrando com uns papéis de mamãe.

Ela devia ter aproveitado o momento para organizar suas ideias, principalmente com o jardim que estava quase pronto.

Recolho as folhas, arrumando-as no lugar. Há algumas coisas escritas por mamãe, mas não é o conteúdo que me faz parar e analisar com mais firmeza. Ou que me faz agarrar meu celular, ignorar as mensagens e entrar na foto da carta que eu achei no escritório de papai mais cedo é a letra.

Quando eu li a carta e o conteúdo — que se consistia em comprar o silêncio de alguém —, presumi que era dele. Mas a letra daquela carta era a mesma desses papéis que estou segurando.

A carta era de mamãe.

Encaro ela, o seu rosto sereno, tão parecido com o meu. Estava na gaveta junto com os mapas e as fotos da bússola. Podia ter algo a ver com o tal de Merchant que os Pogues estão procurando?

Que Big John estava procurando antes de desaparecer?

Talvez descobrindo quem recebeu a quarta, me leve um passo na direção certa.

Deixo os papéis dela no lugar e saio da sala, subindo as escadas em silêncio. Quando penso que estou fazendo todo o sucesso em manter meus passos inaudíveis, me assusto terrivelmente quando a porta do lado do meu quarto se abre e meu irmão aparece.

Sem cara de sono, sem rosto amassado. Ele estava me esperando, como mamãe. E não se preocupou em dar um crédito para o seu sono.

— Onde diabos você estava? — Jaden perguntou-me, mas eu soltei um suspiro e entrei no meu quarto.

Empurrei a porta para fechá-la, mas ele a segura e abre, entrando sem pedir licença.

— Desde quando você chega de madrugada em casa? — Reviro os olhos. Da última vez que algo perto disso aconteceu, eu estava tendo um ataque de pânico e ele me ajudou. Mas algo me diz que não era tão perto do amanhecer como estamos agora. — Royal!

— Eu quero dormir, tá legal? — Viro-me para ele, se esforçando para não gritar e acordar nossos pais. — Estou cansada.

— Está legal, não me diga. — Jaden já estava indo para a porta quando terminou: — Mas se prepare para lidar com nossos pais amanhã.

Ele fecha a porta em um estrondo e eu deixo meu corpo cair na cama, minha energia totalmente drenada.

Sei que tenho que tirar meus contornos e essa roupa suja. Eu até me viro na cama para me levantar e ir no banheiro, mas eu pisco e não consigo abrir os olhos no momento seguinte.

O sono me agarra tão profundamente que quando eu volto a abrir meus olhos, a luz ultrapassa a janela e o relógio marca muito depois do almoço.

Um gemido preguiçoso sai dos meus lábios e eu agarro um dos meus travesseiros que deve ter caído no chão em algum momento da noite, colocando-o em meu rosto, segurando um grito angustiado.

Devia ser uma da tarde — ou duas, se minha visão turva significa alguma coisa.

Arrastei-me para fora da cama. Literalmente falando. Rolei no colchão até chegar na ponta dele e deixei meu corpo cair no chão para que assim, eu pudesse sentar e levantar. Demorou mais do que eu previ, mas dentro de 20 minutos, eu já estava retirando minhas roupas de ontem à noite.

Coloquei um short jeans escuro com uma camiseta de tecido e botões curta, com apenas dois botão de baixo fechados, deixando minha pele debaixo, os seios cobertos apenas pelo bíquini florido laranja.

Assim que desci as escadas com meu cabelo preso em um coque bagunçado e deparei-me com meus pais com uma carranca enorme no rosto, junto de meu irmão, que me encarou assim que entrei, sabia que sua ameaça na madrugada não havia sido apenas da boca pra fora e que tinha contado, livremente, as horas que eu cheguei.

Os pares de olhos me seguiram até a geladeira, onde eu peguei uma jarra de água e enchi um copo de vidro inteiro.

Foi apenas quando eu o ergui para os meus lábios que eu devolvi a atenção para eles.

— Mãe... — murmurei, pois o olhar dela era o mais intenso.

Uma intensidade ruim.

— Onde você estava, Royal. — Não tinha sido uma pergunta e a forma como ela disse meu nome deixou isso claro o suficiente para mim.

Eu não podia simplesmente dizer que estava em um cemitério, investidando o possivelmente envolvimento do meu pai com toda essa loucura.

— Eu estava na Sarah...

— Você não estava na Sarah. — Interrompeu-me. — Seu irmão estava nos Cameron — apontou para ele que estava tão sério quanto mamãe e papai. — Onde você estava? A verdade, dessa vez.

Talvez dizer a meia verdade bastaria, certo?

Intercalei meus olhos entre todos eles, calculando o impacto de dizer que eu estava com os Pogues.

Nikolai, o meu pai, estava atrás da bancada com o quadril apoiado nela, os braços cruzados. Talvez, apenas talvez, se ele tivesse usando uma camiseta informal e não sua camiseta social de trabalho, teria o deixado menos... bravo.

Mas quem eu quero enganar?

Seus olhos azuis intensos fariam todo o trabalho, como está fazendo nesse momento, acompanhado pelo filho mais velho que herdou a intensidade de seu olhar, de um olho claro.

Cheguei em mamãe. Seus cabelos estavam presos perfeitamente para trás em um rabo de cavalo, seus olhos castanhos esverdeados pregados em mim, pronta para registrar qualquer traço de mentira.

Eu, por outro lado, fiquei longe dessa genética de olhos levemente claros e fui direto para o meu avô da parte de minha mãe. Castanhos escuros, sem qualquer traço de luminosidade.

— Com os Pogues. — Ela levantou a sobrancelha, surpresa. — Com JJ Maybank.

— Achei que tinha encerrado com esse... assunto. — Virei minha atenção para o meu pai, que falava como se estivesse em uma reunião empresarial. — Logo antes de seu tio morrer.

— Eu encerrei. Eu... — gaguejei, tentando evitar meu tio na conversa. — Eu só precisava descobrir uma coisa.

— Que coisa?

Calei-me e meu silêncio absoluto e repentino foi o suficiente para que eles entendessem que eu não falaria mais nada.

— Achei que não tínhamos segredos entre nós, filha.

Minha língua entrou na frente da minha consciência.

— É, acho que as surpresas estão vindo de todos os lado, certo, papai? — Arrependo-me de forma imediata, pois, quase consigo sentir o ar mudando. E não é para um bom. — Ah... E-Eu...

— Pro seu quarto, Royal! — Lizabeth ordena, apontando para as escadas. — Ficará lá até sairmos para o jantar na casa dos Cameron.

— Mas... — Ninguém nessa sala está ao meu lado. — Eu... Urgh!

Não tenho orgulho de falar que sai batendo os pés como uma criança mimada.

*

"Nossos pais vão sair depois do jantar. Vai rolar uma festa na piscina, venha a caráter."
Sarah C.

Foi essa mensagem que me fez vestir algo diferente do que um simples short e uma blusa para o jantar que sempre acontecia. Pelo menos, por uma vez no mês, mas não fazia muita diferença dos outros dias que eu ia para Sarah ou vice-versa.

Era apenas um jantar em que os Cameron e os Everdeen se reuniam, comiam uma lagosta e cada um seguia seu caminho.

Meus pais, junto com o Sr. Cameron e sua esposa costumavam sempre sair depois do jantar, então não foi necessariamente uma surpresa ler a mensagem de Sarah. Já tínhamos organizado uma festa antes em um desses jantares, mas minha não participação dessa em particular me faz pensar que estou focada demais em descobrir sobre... tudo isso.

Talvez Jaden tenha ajudado Rafe, como nos outros anos que eles dois se juntavam a mim e a Sarah.

Sempre fomos o evento principal de todas as festas, os irmãos Cameron e Everdeen.

Olho-me no espelho, pensando que tudo costumava ser mais simples quando eu não duvidava do caráter do meu pai.

Deixando de lado a roupa casual, vesti um vestido curto com a cor principal sendo lilás com umas flores pequenas brancas na extensão dele, o meu contorno preto e minha jaqueta de couro por cima, grande o suficiente para cobrir o vestido caso eu fechasse, deixando minhas pernas nuas.

A alça do vestido é fina e o decote nos seios é... considerável.

Eu não diria que eu tenho seios fartos, apenas... médios. Não são pequenos como uma azeitona, mas também não são grandes como um melão.

Pego meu óculos preto e fino, colocando em meus cabelos que caiam como uma cascata por minhas costas e meus ombros, a franja intacta cobrindo minha testa.

Depois de estar satisfeita com a minha aparência, pego minha bolsa de couro preto para combinar com a jaqueta e agarro meu celular para colocá-lo dentro. O visor é iluminado por uma nova mensagem.

"Não estou confortável em fazer isso com você, Royal, mas preciso honrar o último pedido do meu pai. Se quiser juntar-se a nós para saber o que descobrimos hoje, venha ao The Wreck."
Número Desconhecido

Leio mais do que apenas uma vez a mensagem de John B. Ele não se identificou, mas não teria mais ninguém que poderia me enviar uma mensagem parecida.

Descendo as escadas, não me orgulho de pensar em alternativas para fugir do jantar e da festa. Meus pais e Jaden já estão esperando-me na sala e a forma como eles nem me encararam, como se eu tivesse traído eles, foi o suficiente para que eu empurrasse qualquer plano para me livrar.

— Mãe... — Gaguejei ao caminhar pelo jardim.

— Depois falamos, Royal.

Até mesmo Jaden olha para mamãe ao ouvir a forma como mamãe diz o meu nome.

Meu coração pula de um jeito diferente do que ele pulou quando eu senti o toque de JJ na outra noite ou quando eu entrei na Cripta.

E eu definitivamente esqueço a mensagem de John B — a proposta — na viagem de carro até a casa dos Cameron.

Chegando lá, somos direcionados até o hall da casa, onde a família Cameron já estava posicionada, esperando-nos, sem qualquer indício de festa. Sarah, ao lado de Rafe, me lança um sorriso malicioso.

— Ward — papai toma a frente para cumprimentar o amigo enquanto mamãe vai para Rose.

Jaden e Rafe seguem para a sala de jantar com Wheezie  no encalço e Sarah passa o braço pelo meus ombros, deixando um beijo em minha bochecha, nos levando até a sala de jantar.

Jaden já tinha escolhido o lugar ao lado de papai, que ficava ao lado da mamãe, que sentava na cadeira ao lado da direita de Ward Cameron, que sentou na ponta, com a cadeira a sua esquerda sendo tomada por Rose, sua esposa.

Rafe pula a cadeira ao lado de Rose e puxa a outra.

Wheezie senta ao lado de Sarah que senta ao lado do meu irmão.

Rafe Cameron levanta o olhar para mim e indica com a cadeira com a mão. Sinto um sorriso crescendo em mim ao caminhar até ele, deixando-o consertar a cadeira enquanto eu sento.

Ele se senta ao meu lado, também ao lado de Rose.

Pego Jaden dando um olhar calculado para o amigo que faz um ótimo trabalho em ignorar.

Não disfarçar, mas ignorar.

Não evito o próximo sorriso.

Os pratos principais são servidos em um silêncio agradável e quando finalmente temos nossos pratos compostos pela substância, uma conversa tranquila começa.

Estou deliberadamente sentada na cadeira, minhas costas inclinadas completamente, sem nenhuma margem de erro.

Decepcionei meus pais hoje e sentir que fiz isso...

— Como está Princeton, Jaden? — Ward questiona, com um humor ótimo, um sorriso descontraído, mas curioso.

Meu irmão terminou de mastigar e respondeu a pergunta com educação, deixando um ar de orgulho nos olhos e nos gestos de nossos pais.

— Gostaria de falar a mesma coisa sobre Rafe. — Soltou um suspiro após Nikolai dizer que se sentia tremendamente orgulhoso. — Mas ele resolveu pular esse ano longe da faculdade — deu ênfase, logo então bebericou seu vinho.

Rafe ficou tão estático que nem parecia estar respirando. Pensei em fazer algo, talvez falar, mas meu pai foi mais rápido depois que Ward soltou um "filhos...".

Nem me fale, meu amigo. Minha mais nova deu de voltar a andar com os Pogues. — Parei de mexer no garfo. Ou de respirar. Cravei meus olhos fundo no meu prato intocado e até mesmo Sarah parou de falar com sua irmã mais nova. — Parece que não importa o que eu faça, a genética ruim do meu irmão impregna ela!

— Querido... — Mamãe tenta amenizar o que ele falou.

Não.

Eu não estou parada.

Estou em movimento. Em constante movimento dentro e fora de mim. Meu cérebro parece dar um 360° dentro da cabeça, meu coração para de bater apenas para testemunhar esse momento, sem barulho, sem qualquer distração.

Quando meus olhos se erguem — e apesar de todos saberem o quanto me afetou, ninguém me encara — eu sei que eles estão brilhando na cor mais pura do ódio.

E tudo direcionado para Nikolai.

Para ele.

Como ele ousa falar do meu tio desse jeito? Do irmão dele! Que ao menos está entre nós para se defender. Que ao menos pode estar aqui.

Ouço o coçar de garganta de Jaden e sei, mesmo sem olhar, que ele está notando a mudança de ares dentro de mim, sei que ele quer evitar a catástrofe. Ele sempre quer estar entre os muros, segurando a pessoa que tiver que segurar.

Mas nunca nosso pai.

Nikolai nunca foi interrompido pelo filho perfeito que herdou o carro do seu tio morto. Mas ele não o merece. Jaden não merece...

Minha mão dói, então. E quando encaro-a, percebo que estou apertando tanto o cabo dos talheres que mesmo quando os solto, repentinamente, minha mão continua branca.

O tilintar chama a atenção de todos para mim. Jaden não parece respirar enquanto molda sua expressão desesperada.

Desespero para que eu fique quieta.

E eu teria gritado, percebo. Teria sido capaz de gritar com meu pai nesse jantar, caso não tivesse sido desperta do meu ódio tão bruscamente.

Olho para baixo, onde a mão grande e calejada de Rafe reside em minha coxa totalmente descoberta, graças ao vestido curto que apenas fez subir quando eu sentei. Ele não está apertando a pele, nem acariciando.

Ele só deixa ela ali, parecendo transmitir, parecendo querer transmitir algo.

Que ele entende, talvez.

Foco no seu toque enquanto os outros finalmente se viram para outro assunto — menos Jaden. Foco inteiramente no calor da pele de Rafe que parece enviar ondas quentes para a minha terminação nervosa.

E finalmente solto meu ar. Calma. Relaxada. Desperta o suficiente para cair na real que Rafe Cameron estava com a mão em minha coxa.

Remexo-me desconfortavelmente, mas ele parecia tão alheio ao seu toque em mim, como se fosse tão normal que sua mão estivesse totalmente leve que quando eu mexo-me na cadeira, sua mão desliza pela minha pele sedosa, entrando para dentro das minhas coxas.

Entre elas, onde as duas se cruzam, ou se fecham.

Ele parece perceber isso também, pois para de sorrir para algo que minha mãe diz e sua mão paralisa.

Não ouso respirar. Ou abaixar os olhos. Ou olhá-lo. Seu dedão desliza pela minha pele, apenas uma vez, como se estivesse testando a textura, o movimento. Ou o que ele causa.

Arrepio-me e ele parece se satisfazer com tal coisa pois retira as mãos e deixa um sorriso crescer no rosto.

E, mais uma vez, seguro a minha respiração.

Rafe ainda estava com aquele maldito sorriso para mim quando o jantar acabou, ou quando nossos pais saíram e a festa começou. Mesmo quando ele estava no andar de cima com seus amigos e amigas mais velhas, eu conseguia sentir aquele sorriso em seus lábios.

Direcionado para mim.

Meu celular pesa na mão que estou segurando, sentada em uma espreguiçadeira e quando olho para ele, preciso me deparar com aquela terrível mensagem de John B.

Chamando a mim para fazer parte de tudo isso.

Selo os olhos por um segundo, esquecendo todas aquelas pessoas que pareciam ter esperando apenas os mais velhos saírem para bater na porta e pular na piscina.

E quando abro meus olhos novamente, sei o que fazer.

Então levanto-me e saio.

Espero que estejam gostando.

Muito obrigada pelos 2,12K de visualizações!! Estou com um plano de postar tudo até o dia 7, quando sai a segunda parte de OBX.

Então , até amanhã! 💋

Não esqueçam de VOTAR e COMENTAR!

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