━━━━ PROLOGUE.
Recomeçar.

            ELIZABETH RAMIREZ SEMPRE TEVE UMA ÓTIMA REPUTAÇÃO, digamos de passagem que ela era a garota de ouro e todos sabiam disso, bem, ela era. Até seu pai que era policial ser assasinado enquanto trabalhava.

Isso ocorreu meses atrás e foi a pior das dores, sua vida havia parado de ter sentido. Suas notas na escola decaíram, seus "amigos" se afastaram dela, seu namorado terminou com a mesma e uma dor enorme e angustiante em seu peito crescia ainda mais a cada dia e ela não sabia como fazê-la parar. Tudo em sua vida não fazia mais sentido, ela não queria mais fazer nada e se irritava com tudo ou todos facilmente, estava amarga com a vida.

Até que sua mãe decidiu dar um fim nisso, as duas se mudaram, saíram de Nova Iorque e foram para Califórnia, ambas precisavam de um recomeço e Caroline sentia que se não ajudasse a filha ela iria ficar pior do que já estava.

━━ Uau. ━ Elizabeth falou irônica.

Olhava sua nova casa, era muito maior do que a de Nova Iorque e a faixada era extremamente azul, também tinham um lindo jardim na entrada.

━━ Gostou? ━ Caroline sorridente saiu do carro e parou ao lado da filha.

Ela observava a adolescente com seu gato preto em mãos, ansiosa por uma resposta positiva da filha.

━━ É muito... azul. ━ Respondeu calma se virando para a mãe ━ Você comprou isso? ━ Perguntou assustada.

━━ Comprei. ━ Caroline sentiu seu sorriso vacilar ━ Por que? Você não gostou?

A filha fez uma careta olhando a casa.

━━ Não é isso, é só que, não sei. ━ Eliza revirou os olhos fazendo carinho em Salém no seu colo ━ Eu nem queria estar aqui. ━ Reclamou.

Caroline suspirou fundo.

━━ Da uma chance filha, precisamos disso, tudo bem? ━ A mulher falou calma.

Elizabeth sempre foi tranquila, mas nos últimos messes estava sempre de mal humor ou dando respostas debochadas ou apenas reclamando para a mãe.

Em todas elas, Caroline respirava fundo contava até três e lembrava que poderia ser apenas uma fase, as duas tinham perdido, ela um marido incrível e Eliza um pai incrível, entedia a raiva da filha com o mundo.

━━ Eu não tenho escolha. ━ A adolescente sorriu irônica antes de caminhar em direção a entrada da casa.

Caroline sorriu desanimada vendo a adolescente emburrada, passar pelo jardim de entrada e ir até a casa.

Elizabeth passou pela porta aberta, e ergueu a sobrancelha ao ver a casa já completamente mobiliada. Os móveis eram modernos, bem mais do que os da sua antiga casa em Nova Iorque e a televisão da sala era com certeza maior do que a sua antiga, o sofá era em tons claros assim como o restante da casa.

A adolescente olhou admirada, sabia que sua mãe tinha condições de bancar tudo aquilo por ser uma uma ótima médica cardiologista, se mudaram não só por quererem uma nova chance, mas também porque Caroline havia recebido uma proposta muito boa do hospital na cidade.

━━ Você reclamava do tamanho da antiga. ━ Caroline falou sorrindo leve fechando a porta de casa e indo até a filha ━ Comprei pensando em você. ━ Contou.

Elizabeth curvou os lábios. Merda. Nos últimos messes ela se sentia mau por tratar sua mãe com tanta frieza, Caroline era melhor mãe do mundo e não merecia isso mas a adolescente não conseguia controlar.

━━ Valeu. ━ Eliza agradeceu.

Salém miou no colo dela, fazendo ambas rirem.

━━ Vamos ver seu quarto? Mandei colocarem o arranhador dele lá. ━ Caroline disse animada.

Eliza assentiu, a casa era de um andar apenas mas nem por isso deixava de ser enorme, haviam os cômodos normais e ainda tinham alguns quartos de hóspedes além dos delas.

A adolescente quando saiu da sala, reparou na enorme porta de vidro que dava para o quintal e viu a piscina mediana que havia. Realmente, Caroline tinha se superado.

A mulher segurava os ombros da filha nem tão animada enquanto elas caminhavam pelos corredor, parou no final dele a última porta a esquerda, Caroline abriu a porta e deixou Eliza entra.

Ela observava suas coisas ainda nas caixas, mas era duas vezes maior que seu antigo quarto, tinha até um closet e havia uma escrivaninha e uma penteadeira nova junto com uma cama de casal já que a antiga era de solteiro.

━━ Uau. ━ Elizabeth falou dessa vez realmente admirada.

Salém pulou do colo dela, e foi até o canto do quarto onde seu enorme arranhador de castelo estava e se aninhou nele.

━━ Gostou? Eu não mandei pintar porque queria que você mexesse nele, como quisesse. ━ Caroline explicava nervosa.

Tinha medo da filha não ter gostado, ela comprou a casa inteira pensando em Eliza, tudo tinha que estar bem e aconchegante para as duas.

━━ Gostei, mãe. ━ Falou calma com um sorriso leve.

A mulher soltou o ar que prendia.

━━ Tem espaço suficiente para os meus livros, e meus pôsteres. ━ Brincou olhando as paredes claras completamente limpas.

━━ Vai ter que comprar novos. ━ Caroline disse divertida ━ Sua madrinha já sabe que estamos aqui, nos convidou para jantar e ir no torneio de karatê amanhã. ━ Contou franzindo o nariz.

Elizabeth fez a mesma cara que a mãe, ela amava Amanda, muito mesmo, tinha a mulher como sua segunda mãe mesmo a vendo somente duas vezes por ano e a única parte boa em morar na Califórnia era que ficaria perto de sua família materna e de sua madrinha.

As Ramirez gostavam dos LaRusso, Eliza e Maya, a gêmea mais nova deles, eram muito próximas uma da outra.

Mas ela havia acabado de chegar de viagem, seu quarto tinha diversas caixas, estava cansada e não queria receber olhares de pena pela morte de seu pai.

━━ Podemos não ir? ━ Eliza perguntou vendo a mãe assentir rindo.

━━ Tudo bem, ela vai entender, chegamos de viagem hoje, ficaremos de vez o que vai sobrar é tempo para nos vermos. ━ Caroline falou vendo a filha concordar minimamente.

Uma buzina alta, parecia vir do lado de fora da casa.

━━ Devem ser o resto das nossas coisa. ━ A mulher deduziu ━ Volto rápido tudo bem? Para te ajudar a desempacotar isso. ━ Falou se desencostando do batente da porta.

━━ Claro. ━ Eliza assentiu.

A adolescente riu quando ouviu a buzina tocar novamente e sua mãe berrar que já iria atender, respirou fundo andando pelo quarto e observando.

Colocou as mãos no bolso de seus jeans escuros, olhando para o chão e encontrando uma caixa escrito 'frágeis. Se agachou, se sentou e começou a abrir a mesma vendo o que tinha dentro.

Eram porta retratos, fotografias, alguns livros, ela retirava com cuidado colocando ao seu lado mas travou quando pegou uma foto com seu antigo namorado. Matthew era loiro, e fofo, mas terminou com Eliza há três semanas atrás pelo motivo de 'Sua reputação nunca esteve tão ruim.' Palavras dele, ou seja, isso levou a pensar que ele apenas a namorava por ela ser popular e quando deixou de ser, quando ficou 'Rebelde. Era como se não service mais.

Eliza bufou, pegando a foto e rasgando e vários pedaços que se espalharam com ela sentada, Salém que estava deitado no topo do arranhador, ergueu a cabeça olhando a dona com um olhar julgador.

━━ Babaca. ━ Xingou baixo.

Ele deveria gostar dela pelo que ela é, não pelo que aparentava ser, e isso a fazia sentir mais ódio ainda dele. Sortudo o garoto era de estar a quilômetros de distância, caso contrário, Eliza poderia jurar que quebraria a cara dele se ele aparecesse em sua frente.

Mesmo com tudo ao se redor desmoronando, ela pensava que o garoto estaria lá para ela, a única coisa que ela desejava no momento - além de seu pai de volta - Era ter alguém ao seu lado, lhe dando apoio além de sua mãe, em outras palavras, ela desejava ser amada.

Achava estúpido ter esse modo de pensar no momento, mas sua vida sempre fora fadada a desilusões amorosas, e quando ela pensou que finalmente tinha encontrado seu amor delicado, outra desilusão amorosa. Eliza só não sabia, seu amor delicado estava mais perto do que nunca.