𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟏𝟕
━━━ CAPÍTULO DEZESSETE.
Tá de sacanagem?
ELIZA OLHOU ANIMADA VENDO JACKSON RETIRAR SUA TALA PARA FINALMENTE SE VER LIVRE DELA. Foram longas semanas que agora estavam finalizadas, ela seguiu tudo que o médico lhe passou então obteve sucesso e uma recuperação rápida diga-se de passagem. Não foi tão amigável conviver olhando seu pulso e relembrando de tudo que havia a acontecido, Elizabeth demoraria um bom tempo até aprender a lidar com tudo que houve no incidente da escola. Ainda havia culpa e rancor. Mas trabalharia para isso passar.
Jackson prescrevia a alta dela enquanto a adolescente desceu da maca e observou-se diante da janela vendo seu reflexo, estava arrumada para ir à escola já que faria isso assim que saísse do hospital.
Usava uma simples e clara calça jeans e uma camiseta vermelha, nos pés all stars também na coloração vermelha, seus cabelos estavam soltos jogados ao lado bonitos como sempre e para seu sorriso aumentar observou seu pulso sem nenhuma tala e sim com simples pulseiras.
─── Livre para treinar a partir de agora... mas vai com calma. — Jackson avisou com leve riso vendo a adolescente se virar animada enquanto deu alguns pulinhos.
Eliza o abraçou rapidamente pegando o papel da mão do homem e relendo com seu sorriso brilhante no rosto.
—— Pega leve tá legal? Vai na manha. — Aconselhou o mais velho novamente.
—— Vai na manha? Parece que eu to falando com meu avô. — Brincou com riso contido vendo o sorriso sem graça do homem — Pode deixar doutor, vou pegar leve. — Suspirou chateada.
—— Fico feliz com isso. — Piscou para a mesma.
A porta do consultório foi aberta e Eliza rapidamente ajeitou a postura vendo sua mãe entrar vestida em seu bonito jaleco deslumbrante como sempre, a discussão das duas já faziam alguns dias e ainda se evitavam toda vez.
Não chegavam a ter uma conversa direito, únicas palavras que trocavam eram do tipo "bom dia" "boa noite" "estou indo". E por assim se estendeu, até Salém que mesmo sendo um gato sentiu a tensão em casa já que estava acostumado com ambas em harmonia pela residência.
—— Você tirou? Eu pensei que seria só semana que vem. — Caroline deu um belo sorriso animado ao ver Eliza sem a tala.
—— É, tirei. — Respondeu educada.
─── Ela foi ótima. ─ Jackson falou orgulhoso chamando atenção da mulher — Já pode voltar a treinar, claro, não pesado. ─ Explicou rápido vendo o olhar de Caroline mudar.
─── Ela não vai treinar mais. ─ Falou calma e o bufar de Elizabeth ecoou pelo lugar — Eliza...
─── Eu já estou indo. ─ Avisou pegando a mochila no canto do consultório.
Jackson observou curioso a maneira como Eliza saiu da sala rapidamente ao menos sem se despedir da mãe ou dele, conhecia a adolescente e ela pareceu ser extremamente amorosa quando se tratava de Caroline então era de se estranhar ver ambas agindo dessa forma.
Poderiam estar brigadas e a confirmação veio quando a Ramirez na sala respirou fundo quando estavam sozinhos, a expressão de aflição e chateação presentes no rosto de Caroline deixava essa ideia escancarada para ele.
─── Aconteceu alguma coisa? ─ Perguntou preocupado.
Caroline se virou e curvou os lábios enquanto acenava negando com a cabeça, não querendo preocupar o homem com os seus problemas pessoais.
─── Não é nada é que... é difícil. ─ Bufou consigo mesma ─ Ser mãe é difícil e agora eu faço tudo sozinha e a minha mãe colocou na minha cabeça que eu- ai meu Deus! Desculpa. ─ Arregalou os olhos surpresa e ele olhou confuso ─ Eu tô tão sobrecarregada que nem reparei que estava prestes a te encher com os meus problemas. ─ Falou com riso envergonhado.
─── Sabe que sou seu amigo, não sabe? ─ Jackson rebateu calmo vendo ela assentir ainda retraída ─ Pode conversar comigo quando quiser, vai te fazer bem. ─ Aconselhou.
Caroline olhou agradecida, ela estava com vergonha mas sentia mesmo que se conversasse com alguém de fora sobre isso poderia ajudar.
─── Tá livre no meu horário de almoço? ─ Perguntou apreensiva.
Jackson sorriu calmo.
─── Para você sim.
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Ir para escola nunca havia se tornado tão chato e cansativo como agora, quando Eliza havia perdido seu pai os alunos se afastaram dela e ficavam cochichando o que era ruim, porém ela ignorava e seguia com sua vida, mas dessa vez ela conseguia sentir-se pior ainda com eles apontando e rindo ou a chamando de louca.
Quando um garoto vence uma briga ele é o durão ou quando participa mesmo perdendo ele é considerado forte, agora quando uma garota entra em uma briga. Ela se torna uma louca.
O machismos enrustido dos alunos estava tirando Elizabeth do sério, estava se segurando para não gritar com as meninas que apontavam para ela enquanto guardava os livros em seu armário pós algumas aulas.
─── Sorriso. ─ Chamou Maya alegremente chegando perto da mesma.
Eliza fechou armário e deu um riso ajeitando a mochila nas costas e olhando a mais baixa ao seu lado, Maya havia chamado por um apelido que nem ela mesmo se lembrava mais.
─── Minha mãe te chamava assim, lembra? ─ Falou nostálgica.
─── A época que ela gostava de mim? Sim eu me lembro. ─ Respondeu irônica fechando o armário.
Maya olhou estranhamente.
─── Minha mãe nunca vai deixar de gostar de você, está louca? ─ Falou chateada
─── É só que... está tudo muito estranho tá? ─ Eliza falou frustada ao fechar o armário ─ Mas da pra entender, Samantha é a filha dela, sua irmã e eu... você sabe. ─ Disse envergonhada.
Maya olhou triste, entendia dela se sentir assim mas em momento algum Amanda havia escolhido um lado, pelo contrário, ela até tentou obter contato com Elizabeth mas últimas semanas mas depois de tomar alguns gelos na comunicação com a adolescente ela resolveu deixá-la ter seu espaço necessário.
─── Eliza, você tá bem mesmo? ─ Maya perguntou preocupada. ─ Nós somos melhores amigas... pode me contar tudo. ─ Falou calma.
Elizabeth deu um leve sorriso triste e olhou agradecida, tudo estava uma bela merda, mas Maya nunca sairia do seu lado e é grata por isso.
─── Eu vou ficar.
─── Certeza? Podemos ir juntas pra casa. ─ Maya propôs e olhou animada a vendo sem tala ─ Tirou a tala? Meu Deus! Parabéns. ─ Falou feliz lhe dando um rápido abraço a fazendo rir ─ Anthony comprou um jogo novo e ele é muito irado, precisamos jogar juntas. ─ Falou animada.
─── Foi mal, tenho serviço comunitário e depois eu tenho minha última sessão de terapia. ─ Eliza falou envergonhada ─ Mas, vamos deixar para depois. ─ Sugeriu.
A LaRusso não sabia dizer, mas uma sensação ruim instalou-se em seu peito porque esse depois parecia mais distante do que elas imaginavam.
─── Claro, sorriso.
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As pessoas conseguiam ser cruéis quando queriam, adolescentes então, puta merda. Eles são insuportáveis. Elizabeth perdeu as contas de quantas vezes pegou algum deles a olhando e cochichando, mas a gota d'água foi quando tiraram uma foto dela sem permissão.
Idiotas.
─── Eliza. ─ Falcão chamou a alcançando pelo corredor.
─── Ei. ─ Deu um sorriso amigável ao amigo ─ Aconteceu alguma coisa? ─ Perguntou educada.
─── Nada. ─ O garoto deu de ombros ─ Queria te dar parabéns por ter tirado a tala! Agora pode voltar a ser a rainha cobra do dojô.
Eliza riu.
─── Obrigada, plebeu. ─ Fez uma reverência e dessa vez o menino riu ─ Prometo tentar dar uma passada amanhã. ─ Afirmou.
─── Beleza. ─ Falcão animou-se ─ Ai, por que tá indo embora agora?
─── Huh... eu tenho terapia. ─ Mentiu, bem ela até tem terapia, mas não estava nem um pouco perto do horário.
─── Certo. ─ Assentiu desconfiado ─ Eu estou de tempo vago, quer carona?
─── Graças a Deus! ─ Sussurrou o fazendo rir ─ Na verdade, eu tenho serviço comunitário se puder me deixar lá agora.
─── Vamos nessa. ─ Chamou lhe estendendo o braço a fazendo rir enquanto entrelaçava ao dele.
─── Ta legal, mas eu preciso guardar uns livros. ─ Falou calma vendo ele assentir.
Andando com o menino, ela pensou em Carolina, sabia que sua barra com a sua mãe não estava tão boa, mas não se importou e estava indo embora antes da última aula. Não aguentaria mais um minuto sequer com eles a olhando e chamando de louca, aí que piraria mesmo.
Ajeitando a mochila em seu ombro, ela guardou alguns livros e pertence no armário, o trancando com o cadeado que continha a data de nascimento de seu pai, ela suspirou se virando pronta para sair o quanto antes daquele inferno.
─── Ai! O Ramirez!
Eliza deu um pulinho de susto com o grito, mas ela conhecia aquela voz perfeitamente bem. Ao se virar, viu Johnny Lawrence caminhar em sua direção animadamente enquanto Miguel o seguia meio envergonhado.
Ela ergueu as sobrancelhas, não se mostrando nem um pouco receptiva, cruzando os braços em uma posição rígida os vendo parar em sua frente. Atrás dela, Falcão tinha o rosto desconfiado mas sua expressão não era muito diferente da dela.
─── Eu fiz merda. ─ Johnny afirmou.
─── Que bom que reconhece. ─ Eliza deu um riso seco.
─── E sinto muito... ─ Acrescentou arrependido fazendo a adolescente revirar os olhos ─ Eu deixei você de lado e um sensei não faz isso, peguei o caminho mais fácil eu desisti. ─ Dizia com sinceridade e Eliza o ouvia por educação ─ O que aconteceu nessa escola, me deixou abalado, mal conseguia me encarar... imagina encarar vocês?
Ela revirou os olhos sem o mínimo de paciência, Eliza não estava nem aí para esse discurso, ele era seu sensei e mais velho que eles. Deveria ser sábio e reconhecer que os alunos estavam precisando de apoio, não sumir por semanas e depois voltar com semblante arrependido.
─── Sei, dizer isso deve ser bom pra você. ─ Falcão falou com a voz ácida ─ Mas a verdade, é que você abandonou a gente bem antes daquela briga, você ficou fraco e a gente...? Pagou o preço.
Johnny se aproximou mais perto deles ficando a um passo de distância, Eliza até fez careta e colocou a mão sobre o peitoral dele o afastando.
─── Foi mal aí, Ramirez. ─ Pediu ainda sem se afastar fazendo a cacheada querer rir de raiva porque ainda estava segurando pelo peitoral ─ Quando você entrou pro meu dojô você era um bunda mole, eu te deixei assim, não o Kreese, ele não está nem aí pra você. ─ Falou irritado finalmente se afastando e olhou Eliza ─ Nem pra você! ─ Acrescentou.
Eliza o olhou de cima baixo.
─── Ta falando comigo? ─ Perguntou seriamente.
─── Se querem continuar reclamando do passado como um bando de covarde, continuem assim. ─ Se alterava não se importando com os alunos circulando ao redor ─ Querem ficar com Kreese? Fiquem. Mas não digam que não avisei quando tudo der errado... ou, levantem a cabeça, e entrem para o meu dojô.
Eliza olhava desacreditada.
─── Havenhurst com Magnolia, amanhã às 16h. ─ Johnny os convidou se virando ─ E não se atrasem. ─ Acrescentou mandão ao se afastar e derrubar livros de um menino ─ Foi mal garoto, velhos hábitos.
A Ramirez não podia acreditar, achava ele um completo louco. Mas um louco legal. Só que as vezes ele parecia não ter dimensão dos problemas, como ele poderia estar, com uma boa aparência os convidando para seu dojô novo.
Enquanto seu filho está preso?
─── Ai, Lawrence. ─ Eliza gritou dando passos decididos na direção do homem.
Falcão e Miguel se entreolharam, a amizade deles está balançando mas não tardaram de em um sinal de comunicação silenciosa, ir até eles.
─── Você só pode tá de sacanagem. ─ Eliza falou brava vendo o homem se virar para mesma.
─── Como é? ─ Johnny falou olhando para ela abismado.
─── Eu tô fazendo terapia, me chamam de maluca pelos corredores, quebrei o punho e o Miguel parou de andar. A Tory também esteve com diversos problemas. Posso ter uma parcela de culpa? Sim. ─ Eliza começava a falar feito louca e o homem arregalou os olhos pela forma que ela gesticulava e sua expressão de raiva ─ Pero no puedes venir aquí, gritarnos e invitarnos a un dojo como si nada. ─ Praticamente gritou na direção dele.
Johnny arregalou os olhos. Ele não tinha entendido bulhufas. Eliza é colombiana, ela é fluente em espanhol mas quase não usava, apenas quando estava com sua família paterna... ou quando a tiravam do sério.
─── Você falou o que, Ramirez? ─ O mais velho perguntou descrente e confuso.
Eliza arregalou os olho se dando conta de que havia dito em outra língua, Miguel entendeu tudo e não estava confuso ao contrário de Falcão que estava pior que Johnny.
─── Ela disse-
─── Não importa. ─ Eliza irritada cortou Miguel ─ Seu filho tá preso e você está aqui, se importando mais conosco do que com ele. ─ Acusou.
Johnny pela primeira vez baixou a guarda, seus ombros desceram em pura vergonha e sua expressão suavizou em culpa.
─── Você tá sendo um péssimo pai. ─ Ela falou calma.
─── O que é? Sermão? ─ Johnny falou despreocupado ─ Manda ver. ─ Disse sem medo.
No fundo, ele temia que as palavras dela machucassem mais do que já está calejado.
─── Você não tem ideia do quão especial seu filho é... tem ideia? ─ Eliza perguntou juntando as sobrancelhas com a expressão questionadora.
Não conhecia Robby tão bem, mas, céus! Ele é um menino incrível e mostrou isso em pouco tempo de convivência. Elizabeth teve um pai incrível, extraordinário, e ela nem se considerava uma pessoa boa. Mas Robby, ele é bom.
E na sua mente, ele não merecia nada do que estava acontecendo com ele. E não merecia esse tratamento do pai.
─── Ele vai superar isso, Robby já passou por coisa pior. ─ Johnny falou calmo.
Sentia saudades do filho e obviamente queria recuperar sua relação com ele, mas era bem mais complexo do que parecia ser.
─── Ao invés de ficar bebendo e querendo alunos novos para seu dojô, deveria se preocupar com suas ações com seu filho. ─ Eliza aconselhou humildemente ─ Garanto que deve ser muito pior para ele do que pra gente.
Ela deu alguns passos de afastando enquanto Falcão a seguia em silêncio, Miguel e Johnny ficaram se entreolhando poucos desconfortáveis, enquanto Elizabeth Ramirez se sentia perfeitamente bem.
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Eliza foi grata por Falcão ser um bom piloto com sua moto e ficar calado a viagem toda, ele estava curioso e queria saber porque ela falou tão bem de Robby naquele momento, mas respeitaria a mesma e ela ficou aliviada por isso. Falcão é um bom amigo, ela não conseguia entender porque suas ações eram tão duras com os outros.
Adentrando o centro de recuperação, ela dava alguns sorrisos e cumprimentava alguns pacientes, voluntários e enfermeiros que trabalhavam no local. Após algumas semanas visitando o local com constância, ela havia aprendido a gostar de todos eles e a ter um certo apreço pelo lugar. Shannon a ajudou com isso.
Ela passou por todo lugar indo até o jardim, vendo a mulher ter aula de jardinagem com alguns pacientes e voluntários. O rosto da mais velha encheu-se de alegria vendo Elizabeth deixar a mochila em cima de uma mesa afastada deles, e caminhar em sua direção.
─── Liz! Vem. ─ Chamou animada ─ Guardei um avental e luvas para você. ─ Falou feliz.
A Keene pegou o avental em mãos, não tardou em caminhar até ela fazendo questão de colocar na adolescente.
─── O que vamos plantar? ─ Eliza perguntou curiosa.
─── O que você quiser. ─ Shannon falou animada vendo a adolescente sorrir ─ Na verdade... eles só tem semente de morango e flores. ─ Acrescentou sem graça fazendo a mais nova rir alto.
─── Tudo bem, então vai ser morango e flores. ─ Eliza falou animada.
─── Perfeito.
Elas ficaram um bom tempo aprendendo sobre tudo na jardinagem e plantando com o pessoal, se Caroline visse ficaria feliz em ver que sua filha estava sorrindo e parecia leve ao fazer isso. A verdade era que Eliza tinha poucos momentos como esse, em que se sentia bem.
E o trabalho voluntário estava a ajudando bastante nisso, Shannon é uma boa pessoa e sem perceber ajudava Elizabeth o mesmo que a Ramirez lhe ajudava.
As duas haviam plantados diversos vasos de morangos e alguns de flores, elas caminhavam cansadas indo se sentar no banco vendo que o restante do pessoal ainda estava a todo vapor.
─── Não se esquece das flores da sua mãe. ─ Shannon falou firme enquanto se sentavam.
─── Pode deixar. ─ Eliza assentiu enquanto jogava os cabelos para o lado ─ Eu gostei de plantar, agora quero ajudar minha vó no jardim dela. ─ Brincou.
─── Sua avó tem um jardim? Que legal.
─── É. ─ A adolescente sorriu se lembrando da mesma ─ Mas não fica aqui. ─ Falou se virando pra mais velha a vendo curiosa ─ Eles moram em Nova Iorque.
─── Que longe.
─── Muito. ─ Eliza choramingou ─ As vezes eu só queria correr pra lá e... ficar.
─── Sente saudades deles, né? ─ Shannon falou compreensiva.
─── Sim. ─ Concordou de forma carinhosa ─ Eles são muito legais, um dia vou apresentá-los pra você. ─ Dizia animada vendo a loira sorrir ─ E as arepas da minha vó são divinas, precisa experimentar.
─── Arepas...?
─── É um prato típico da Colômbia. ─ Eliza explicou ─ É meio que um pão de milho, você pode rechear com que você quiser mas, as com queijo são minhas favoritas. ─ Afirmou feliz.
─── Agora fiquei com fome. ─ Shannon falou fazendo Eliza rir ─ Tá tudo bem? Você chegou cedo hoje. ─ Perguntou preocupada.
Eliza agradeceu mentalmente por ela perguntar, agora era sua deixa. A adolescente suspirou alto se esticando no banco e apoiando sua cabeça nele, olhando para o céu. As vezes conversar com Shannon, era como falar com sua psicóloga.
─── As pessoas na escola nunca vão esquecer da briga, tiraram uma foto minha hoje, acredita? ─ Eliza falava frustada.
─── Uma foto? Você falou isso na direção, não contou? ─ Shannon perguntou preocupada e chateada com que ela estava passando ─ Eles vão esquecer um dia, Elizabeth.
─── Quando? ─ Ela virou o rosto para mulher vendo a mesma sem saber o que responder a fazendo suspirar e voltar a olhar para o céu ─ As vezes eu só queria desaparecer e sumir por um bom tempo.
─── Posso ir com você? ─ Shannon brincou.
Eliza riu a assentiu.
─── Pode.
Por um instante a adolescente começou a pensar em tudo que havia acontecido recentemente, em todos os messes e em como sua vida havia mudado. Elizabeth era popular, tinha um namorado legal, amigas legais e pais incríveis.
E agora, pode contar seu número de amigos em uma mão, seu pai morreu e todos a achavam louca. Merda. Tinha muita coisa acontecendo e o fato de ainda não conseguir lidar com luto da morte de seu pai a assombrou, quando ao menos se deu conta, uma lágrima desceu por seu rosto e Shannon respirou fundo.
─── Oh! Querida...
A Keene cuidadosamente chegou para mais perto dela e envolveu Eliza em um abraço, a adolescente agarrou-se nela e fungou enquanto sentia mais algumas lágrimas descerem.
Shannon não fazia ideia, mas com esses pequenos gestos, ela estava se tornando uma das pessoas favoritas na vida de Eliza.
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Eliza tinha os olhos vermelhos e a camisa pouco suja de terra ao se sentar no pequeno sofá do consultório e colocar a mochila no chão, Lexie não a pressionaria mas não poderia deixar de falar o quão curiosa estava para saber o que aconteceu com a adolescente.
Já que eram sua última sessão, para escola. Lexie sabia que Eliza não teria alta nem tão cedo, a adolescente ainda tinha diversos problemas internos para resolver e ela repugnava essa ideia da escola da adolescente ter apenas poucas sessões só para se mostrar que está adapta a estar no ambiente escolar.
─── Briguei com a minha mãe, estamos a dias sem nos falar direito. ─ Eliza contou vendo a mulher erguer as sobrancelhas surpresas ─ Também dei um sermão no meu antigo sensei. ─ Acrescentou rápido ─ Tirei a tala e vou voltar a treinar. ─ Ergueu o punho.
Lexie entreabriu os lábios.
─── Uau... temos bastante assunto. ─ Deu um sorriso amigável vendo ela sorrir também ─ Quer começar? ─ Incentivou.
─── Bom, e-eu, minha mãe me proibiu de treinar e então discutimos e agora... tá tudo tão estranho. ─ Eliza dizia com um semblante chateado ─ Olha, minha avó foi nos visitar e ela fez uma comparação de que eu estou parecida com a minha mãe, mas não uma boa comparação. Minha mãe foi uma adolescente difícil. E ela se arrepende disso. ─ Falava calma vendo a mulher lhe observar com atenção ─ E a vovó sabe como isso machuca ela e sempre fala quando lhe cabe, ela aproveitou minha situação e disse que estou ficando uma adolescente encrenqueira igual minha mãe... e isso, isso é cruel. ─ Eliza falou mexendo em suas unhas com certo nervoso ao se lembrar da discussão ─ Mamãe odeia que digam isso, porque ela se sente culpada de tê-los afastado ainda na adolescência e a comparação, bem... ela não quer que eu seja como ela.
─── Então, proibiu o karatê? ─ Lexie concluiu.
─── Isso. ─ Eliza assentiu ─ Mas eu não quero falar da minha mãe.
─── Por mim não faz diferença, falamos do que você quiser. ─ Falou calma.
─── Ah... tá. Quero falar sobre voltar com Karatê. ─ Eliza contou vendo o rosto receptivo da mulher ─ Mas não tão agressiva, na verdade, eu realmente só quero aprender karatê. ─ Afirmou com um riso sem graça ─ Eu sempre estou pensando em toda essa briga, dojôs rivais... mas eu não quero isso. Entende? Essa parada é assustadora demais.
Lexie a escutava com certa pitada de orgulho, Eliza evoluía em seus pensamentos a cada dia mais e isso era resultado das sessões.
─── Sempre que eu tô treinando eu penso no meu pai, ele lutava box no tempo vago. ─ Contou com um sorriso nostálgico ─ E eu quero ser tão boa quanto ele, por que ele era muito bom e muito disciplinado mesmo fazendo por hobbie. E isso o fazia incrível. ─ Falou emocionada ─ Quando vínhamos visitar minha madrinha, ele se juntava comigo e com as meninas nas aulas com Daniel e era... era incrível. E as vezes, eu rezo para que tudo isso ser uma grande mentira e ele estar na cozinha fazendo panquecas de café da manhã com a mamãe reclamando que ele está usando muito açúcar.
─── Como lida com isso?
─── Isso que? ─ Eliza perguntou limpando uma lágrima e roendo a unha de seu dedão.
─── O luto.
A Ramirez ficou quieta.
─── Eu não sei. ─ Eliza falou sincera ─ Eu sempre entro em pânico interno, sem ser melodramática. Estão sendo messes difíceis, me mudar pra cá? Foi difícil. E sei lá aconteceu tanta merda que eu entrei em pânico que mal consigo pensar nisso e quando eu penso no meu pai eu me sinto como...
─── Como...? ─ Lexie perguntou com cautela vendo que elas finalmente evoluíram no assunto ─ Pensou em fazer algo contra você? ─ Foi direta.
Eliza ficou em silêncio, pela primeira vez, não sentiu-se mal com assunto.
─── Acho que existe uma diferença em você pensar e querer se machucar ou de fato se machucar, mas acho que essa lacuna ta fechando. ─ Falou com a voz quebrada ─ Então eu evito. ─ Confessou com a voz de choro ─ Merda. É a segunda vez que eu choro hoje por conta disso.
Ela colocou a mão sobre o rosto, tapando os olhos evitando mostrar sua expressão abalada.
─── É porque dói. ─ Lexie disse calma.
─── É. ─ Eliza chorou.
Foram alguns minutos de pequenos soluços, a loira não forçaria a barra, tinham evoluído tanto no assunto que ela não se atreveria a perguntar mais alguma coisa. Então ela não se importou, deixou Eliza chorar o quanto quisesse até que chegasse o fim da sessão.
A Ramirez tinha o rosto envergonhado quando finalmente parou de chorar e viu o horário no relógio, passou literalmente metade da sessão chorando.
─── Certo, nosso tempo acabou por hoje. ─ Lexie chamou fechando seu caderninho.
─── Me desculpa se foi pesado.
─── Sou a única pessoa para quem não precisa se desculpar. ─ Falou com um sorriso amigável fazendo a adolescente sorrir enquanto pegava alguns lencinhos na mesa e limpava o rosto ─ Essa não precisa ser nossa última sessão, Eliza. Sei que não queria começar, mas estou feliz por isso, tenha paciência com você.
A morena olhou agraciada.
─── Obrigado por me entender. ─ Pediu ─ Espero te ver semana que vem. ─ Falou sincera.
A psicóloga sorriu.
─── Te espero aqui.
CAPÍTULO NÃO REVISADO!
perdão por qualquer erro ortográfico :/
VOLTEI!!! messes de bloqueio meu Deus alguém manda oração, energia positiva, reza, pede sei lá, porq aq ta brabo pqp
enfim, ontem consegui terminar esse capítulo e quis postar ele já que amanhã vem a primeira parte da sexta e última temporada de cobra kai :(
Muito triste por um ciclo está se fechando, mas animada com tudo.
Quero comunicar que meu foco agora será street fighter, então peço paciência com minha diva Eliza. Mas com a criatividade voltando, tentarei atualizar ela pelo menos uma vez a cada semana.
Gostaram do capítulo? Não se esqueçam de votar e comentar bastante! Amo vocês ;)
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