━━━ CAPÍTULO DEZESSEIS.
você só pensa em você.
ELIZABETH ACORDOU SENTINDO-SE INDISPOSTA PELOS ACONTECIMENTOS DE ONTEM. Sua avó Audrey conseguia ser uma pé no saco quando queria, de sua família materna ela não tinha nenhum parente há não ser seus avós, Caroline é filha única assim como ela e seus avós também são filhos únicos. E eles são chatos. Seu avô é até que legal, mas vez ou outra ele pesa nas brincadeiras e isso o torna indesejável certas vezes. Por isso Caroline não os visitava tanto e Eliza tinha uma certa relutância a contato.
Ao contrário de sua família paterna, ela tem duas tias - Glória e Nancy - elas são extraordinárias e seus avós também, sempre se deu bem com eles talvez por morarem na mesma cidade e sempre estarem perto um do outro, mas de fato a família Ramirez não passava presão e eram compreensivos, animados e amorosos demais. Por isso Elizabeth tem preferência neles. Assim como Caroline. Quando se casou com Michael, foi praticamente adotada a família e até hoje eles fazem questão que ela use o nome deles afinal ela também é da família.
Agora na casa das Ramirez, já estava pouco tarde, tinha combinado de almoçar onde Tory trabalhava para vê-la. Saiu de seu quarto com uma roupa básica, um short jeans claros com um cropped verde e seus cabelos estavam soltos, exibindo suas luzes perfeitas e a definição bonita que seus cachos tem.
Caminhou até a cozinha enquanto Salém a seguia miando incansavelmente, Eliza chegou a rir quando ele praticamente berrou vendo ela pegar seu pote de ração. Rapidamente ela despejou em sua pequena vasilha e o gato ao menos esperou para atacar e começou a comer quando ela ainda colocava.
—— Sem educação. — Eliza reclamou ao terminar de servi-ló e se levantar — Dessa forma parece que te deixamos passar fome. — Brincou fechando o enorme pote e colocando de volta em cima da geladeira.
Caroline chegou no cômodo inquieta e coçou a garganta chamando atenção da filha, Eliza se virou vendo a mãe arrumada como se estivesse pronta para ir ao trabalho, se recordando que seu plantão começava apenas a noite já que ela pegaria um de doze horas dessa vez.
—— A senhora vai sair? — Eliza perguntou curiosamente.
Caroline assentiu.
—— Vou trabalhar.
—— Agora? Está cedo. — Eliza falou confusa — Seu plantão começa às oito da noite vai até as oito da manhã mãe, deveria estar descansando. — Aconselhou.
—— Preciso destrair minha cabeça. — Falou com um sorriso triste.
Eliza olhou preocupada. Obviamente as palavras de sua vó haviam pesado, Caroline só conseguiu parar de chorar meia hora depois que a mãe foi embora e agiu estranho durante a manhã toda.
—— Mamãe, você não precisa ligar para o que a vovó diz. — Falou amorosa — Você é ótima, ela não sabe o que fala. — Afirmou com um curvar de lábios leve.
—— Não quero que volte a fazer karatê.
Eliza sentiu seu sorriso murchar aos poucos, Caroline falou rápido e deu um suspirar alto como se estivesse acabado de falar o que criava coragem para dizer desde em que acordou.
—— Como assim?! — Eliza exclamou atônita dando alguns passos na direção da mesma.
Caroline respirou fundo tentando parecer o mais dura possível. Nem ela acreditava que estava fazendo isso.
—— Olha, você realmente estava ficando mais agressiva e a sua... avô. — Falou com dificuldade como se estivesse com desgosto — Pode ter razão.
—— Ela não tem razão de nada desde que eu me entendo por gente, fala sério mãe! Você só pode tá brincando. — Eliza riu com puro desespero de que sua mãe poderia estar soando séria.
—— Eliza eu não quero que você se torne... eu. Olha, acho melhor você parar com isso ou pode acabar se machucando mais ainda. — Apontou com preocupação palpável vendo a tala no pulso da filha.
Eliza bufou. Sua avó é mesmo uma pé no saco, veio ontem, encheu a cabeça de sua mãe de pensamentos negativos e agora as duas tem que lidar com isso.
—— Mãe, você não pode tá falando sério. — Eliza insistiu passando as mãos sobre os cabelos inconformada.
—— Eu fui uma adolescente problemática que queria chamar atenção dos pais. — Caroline falou com riso envergonhada enquanto gesticulava nervosamente — E eu entendo, você e o Michael eram próximos demais e agora ela não tá aqui mas...
—— Mãe, não.
Eliza a cortou friamente, merda. Odiava como todas as pessoas sempre voltavam no nome de seu pai dizendo que todas suas decisões eram por conta dele, como ela conseguiria ao menos aprender a lidar com o luto quando todos voltavam no nome dele.
—— Filha, eu só quero dizer que... eu tô aqui. — Caroline ergueu as mãos com a voz baixa.
A adolescente riu irônica.
—— Está mesmo? Ou vai começar com seu vício louco por trabalho e sair agora? — Questionou em deboche vendo a mulher respirar fundo — Não vamos lá! Você está certa! Eu estou me tornando uma adolescente problemática. — Afirmou com o tom de voz pouco alterada.
Caroline ergueu as sobrancelhas. Ela odiava quando Eliza fazia isso, da última vez havia sido poucas dias após Michael falecer e rendeu em dias desconfortáveis entre as duas.
—— Eu quero que saiba que eu não vou ficar irritada com você por ter levantado o tom de voz comigo. — Avisou Care com tom de voz autoritário.
—— Irritada?! Eu quem deveria estar irritada. — Eliza rebateu com a voz raivosa.
—— Você?! Ah é?! Por que? — Caroline questionou no mesmo tom de voz.
—— Porque eu quem estou com essa tala feia, eu quem tenho que ir a psicóloga e fazer serviço voluntário... o meu pai morreu não o seu. — Eliza cuspiu com toda mágoa, tristeza e fúria que estavam guardados em seu peito e pareceu despertar naquele instante.
Caroline olhou desacreditada.
—— Eliza, pare de falar dessa forma comigo. — Mandou chateada vendo a filha revirar os olhos — Você parece fora de controle. — Balançou a cabeça em negativo.
—— Pareço? Claro que pareço. — Debochou — Todos pensam isso de mim agora, eu sou uma descontrolada e obrigado por me lembrar disso, Caroline. — Bateu palmas irônicas enquanto olhava para a mãe em desafio.
—— Me chamou pelo nome?! Tá legal, pode parando mocinha. — Caroline falou brava sentindo-se ofendida. — Vai agora para seu quarto, cé' tá de castigo. — Comunicou apontando para o corredor.
Eliza riu. Agora ela estava desacreditada, ainda faltava dois dias para seu último castigo acabar. Não seria possível.
—— Quer saber? Eu vou embora. — Eliza avisou caminhando rápido — Você está louca. — Comentou com tom de voz maldoso ao passar pela mãe.
Caroline arregalou os olhos. Ela se virou correndo até a filha, quando Eliza estava prestes a abrir a porta de casa sentiu seu braço ser segurado e o puxou mas Caroline teve mais força e a segurou entrando na sua frente.
—— Mãe, eu...
—— Eu não vou deixar você me dizer essas coisas e sair como se não tivesse feito nada. — Caroline falou com seus olhos brilhando mostrando que lágrimas estavam prestes a se formar e isso fez Eliza sentir os seus também arderem mostrando o quão reativas e parecidas as duas podem ser — Você quer me responder? Quer sair batendo o pé e não me respeitar? Tudo bem vai em frente, mas antes você vai me escutar. — Soltou o braço da mesma e falou alto apontando para porta fazendo a filha sentir-se desconfortável — Você perdeu o pai? Seus avós perderam o filho. — Caroline apontou para o rosto da mesma e ambas começaram a chorar — E adivinha, suas tias perderam o irmão e os LaRusso perderam um amigo. E eu? Eu perdi o meu marido e ele era um marido bom pra cacete! — Exclamou com linguajar pouco informal surpreendendo-se que nem ela estava acostumada a falar. — Seu pai morrer não significa que temos que ter essa relação de brigas quando eu quero educar você, Elizabeth. — Falou agora com a voz tentando soar calma mas com tom choroso.
Eliza engoliu secamente e limpou a lágrima que escorreu por sua bochecha, olhando bem fundo dos olhos de sua mãe sentindo Caroline não vacilar nem por um segundo.
Tudo que ela disse martelaria em sua cabeça por semanas mas ao menos conseguiria retrucar, é a sua mãe e ela tem razão mas iniciar essa discussão havia sido uma péssima escolha para ambas.
A adolescente deu um último olhar antes de se virar e abrir a porta, Caroline fechou os olhos com força sentindo lágrimas descerem por sua bochecha e ela bufou irritada enquanto abria os olhos e foi em direção a porta.
—— Elizabeth! Volte aqui agora!
Os gritos de Caroline se tornaram inaudíveis a medida que Eliza pegou o skate na varanda de casa, correu até a calçada o pondo na rua e subindo em cima do mesmo dando impulso com o pé e indo embora o mais rápido que poderia.
Caroline de sua varanda repuxou seus cabelos nervosa e deu um grunhido de raiva, quando elas tinham divergências, Michael estava lá para ajudar a se entenderem e apaziguar.
E agora quem faria isso?
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Eliza sentia-se completamente desolada. E com saudade do pai. Semanas que sua vida estava um caos e agora parecia ser o ápice, nesses momentos a única coisa que ela desejava era o abraço de Michael e as palavras dele dizendo o que ela deveria fazer.
Obviamente arrependeu-se de ter dito aquelas coisas a sua mãe, mas não pensava em voltar para casa por agora, na verdade, planejava evitar ela. Sabia os horários de trabalho de Caroline, então poderia driblar os momentos em que ficava em casa. Sentia-se imatura fazendo isso, mas não queria conversar ou falar com sua mãe agora, estava magoada e temia que poderia estragar a situação.
Por agora ela queria se distrair, estava fazendo isso. Terminou de comer sua última peça de sushi e sinalizou com a mão para que viessem a atender. O restaurante estava parcialmente calmo e Tory rapidamente foi até a amiga, levando a conta e a maquininha de cartão até ela.
—— Você falou com falcão? — Tory perguntou ao estender a conta.
Minutos antes, elas dividiam algum tempinho entre Eliza comer e Tory atender as mesas, para conversarem por um ou dois minutos. E as duas falaram sobre o caso de Demetri e Falcão.
—— Não e o que ele fez foi errado. — Eliza falou com tom de voz duro pegando o cartão de trás da capinha do celular — Eu pensei que ele não iria conseguir fazer aquilo. — Afirmou ao entregar o objeto na mão da amiga.
—— Eles mereceram pelo que fizeram com Miguel. — Tory falou rudemente e Eliza se remexeu desconfortável — Ainda não viu ele né? — Perguntou cautelosa.
—— Não quero falar disso. — Eliza pediu vendo a mesma assentir — Pode passar logo? Quero ir pra casa ficar com meu gato. — Explicou sem graça vendo a loira dar um leve sorriso compreensivo.
—— Ah claro! Espera. — Tory falou rapidamente.
Habilidosa ela puxou a pequena maquininha no seu uniforme e aproximou o cartão da amiga, emitindo a notinha ela entregou na mão de Eliza que agradeceu se levantando e pegando seu skate que estava no chão ao lado da mesa.
—— Vê se volta logo pro' dojô. — Contou divertida vendo a amiga dar um fraco sorriso — Temos alunos novos.
—— Alunos novos? — Eliza questionou com curiosidade evidente em sua voz.
—— É. — Tory falou sem dar detalhes — Vai saber quando voltar. — Brincou lhe dando uma piscadela.
Eliza riu e lhe deu um leve abraço se despedindo, Tory voltou ao seu trabalho a atender algumas mesas e a Ramirez retomou seu caminho à saída do estabelecimento.
A adolescente não parava de pensar na possibilidade de alunos novos, quem poderiam ser? Após a briga na escola o Cobra Kai não estava sendo tão bem visto, se tivessem novos alunos, Kreese teria que recruta-lós. Ele não faria isso faria? Elizabeth pensou enigmática. Seria um trabalhoso demais sem falar que o mais velho é exigente a fazendo pensar que tipo de pessoas ele poderia ter colocado no dojô.
Eliza acabou atrapalhando seu raciocínio quando abriu a porta para sair e surpreende-se ao ver uma pessoa que ela fugiu por semanas. Miguel Diaz. Ver ele sentado em uma das mesas ao lado de fora, em uma cadeira de rodas, sentiu seu coração apertar ao ver o estado do mesmo.
Claro que ele estava bem apesar de tudo e vivo que é o que realmente importa, mas estando em uma cadeira de rodas por um tempo indeterminado fazia ela sentir culpa nisso.
—— Eliza?
A adolescente acenou nervosa vendo que o garoto havia notado sua presença, Miguel tinha o rosto tão surpreso quanto ela vendo a mesma após semanas sem nenhum contato.
—— Oi. — Elizabeth cumprimentou tímida — Não sabia que gostava desse restaurante. — Falou tentando puxar assunto com enquanto agarrava-se ao seu skate nervosa.
—— Eu tô com o sensei. — Explicou fazendo a mesma entender o porquê do segundo prato a mesa— Seu pulso? — Miguel apontou preocupado.
Elizabeth deu uma rápida olhada na tala, sentindo-se encorajada para chegar perto do garoto.
—— A Samantha quebrou. — Eliza contou vendo ele olhar com os olhos levemente arregalados — Quer dizer, não quebrou, quebrou... ela só luxou e rompeu um ligamento. Ai saiu do lugar. — Explicou tentando minimizar.
—— Eu sinto muito. — Pediu com semblante pouco triste ao se lembrar de tudo em poucos segundos.
—— Não, eu sinto muito. — Eliza pediu ao se sentar na frente do mesmo colocando seu skate em seu colo — Eu sei que deveria ter te visitado, eu sempre estava no hospital fazendo fisio e a terapia mas e-eu, não sabia como te ajudar. — Explicou atônita mostrando o arrependimento em sua voz.
—— Você não fez nada. — Miguel disse com a expressão e voz em pura mágoa.
Eliza estava desconfortável, ela sentia que havia errado em tudo e não sabia como concertar.
—— Me sinto culpada por tudo. — Elizabeth falou com suspirar — Você, Tory, Robby... eu fiz tudo. Mas, olha, eu vou fazer o possível para concertar isso tá? — Afirmou determinada.
Miguel riu irônico.
—— Como? Eu que estou na cadeira de rodas, Eliza. — O Diaz rebateu rude.
A Ramirez engoliu nervosa, não o culpava se ela estava passando por um momento turbulento agora ele poderia estar passando por um dos piores de sua vida.
—— Eu só quero dizer...
—— Eu sei o que você quer dizer. — Miguel a cortou com a voz agora pouco calma — Eu ligava pra gente. — Falou de repente.
Eliza olhou neutra, com desconfiança.
—— Mesmo? Ou só me usou para chamar atenção da Samantha? — Questionou vendo o menino olhar envergonhado.
—— Isso que você pensa?
—— Isso que eu pensei quando vi você beijando ela. —- Eliza rebateu ácida — Eu não tive escolha, eu tava com raiva de vocês dois.
—— Claro que teve, Eliza! Sei que deve ser difícil mas você... precisa de ajuda. — Miguel olhou cauteloso ao dizer suas palavras.
Eliza olhou em descrença.
—— Ta me chamando de louca? — Perguntou atônita.
—— Eu não disse isso...
—— Por que você tá dizendo isso? Por que fez isso Miguel? Se você está tentando terminar comigo só fala logo. — Eliza disse pouco alterada.
O Diaz olhou atônito, achou um absurdo ela está cobrando isso agora, lembrou-se dos últimos acontecimentos mas agora não era um bom momento para isso.
—— Eliza...
—— Tudo bem, as pessoas, minha vó e até minha mãe acham isso, mas fica tranquilo eu já tô na terapia. — Eliza deu de ombros com um riso triste — E quer saber de uma coisa? Eu não estou nem ai, para nenhum de vocês... foi bom te ver. — Falou sarcástica ao se levantar.
Miguel ficou sozinho e mordeu o lábio nervosamente, ambos nesse momento acabaram de ter a confirmação de algo que já havia acabado há semanas, porém;
Seria doloroso de aceitar.
capítulo curtinho pq o próximo tá gigante...
Agora entraremos em momentos decisivos na história, turbulentos demais também.
SEJA FORTE ELIZA!
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bjo, amo vcs <33
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