𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟏𝟐
━━━ CAPITULO DOZE.
autocobrança.
ELIZABETH SEMPRE PENSOU QUE CONSULTAS AO PSICÓLOGO FOSSE PARA QUEM ESTIVESSE REALMENTE MAL e agora ela se tocou de que poderia estar assim, porque se a escola exigiu que ela fizesse pelo menos quatro consultas no mês ela estava realmente mal. Sua mãe havia cogitado há alguns messes colocá-la em acompanhamento psicológico, mas adolescente bateu o pé afirmando que ficaria bem. Mas sabiam que não era bem assim.
Sentada no consultório que também ficava no hospital, Elizabeth subiu as pernas ao sofá que estava sentada e colocou a cabeça sobre os joelhos ficando encolhia observando toda decoração em cor neutra deixando o ambiente aconchegante.
Lexie sua psicóloga que a acompanharia olhava a adolescente curiosa, ambas já haviam sido devidamente apresentadas e a mulher já perguntou tudo que poderia mas agora que elas começariam a sessão. Eliza não falava um pio. A menina observou a postura séria da psicóloga sentada na poltrona de frente pra ela, usando roupas formais demais, com um caderninho e uma caneta em seu colo.
─── Então seu pai faleceu? ─ A loira sentada metros longe perguntou sabendo as informações básicas que tinha lido no prontuário da garota.
A postura de Elizabeth rapidamente se enrijeceu, ela desviou o olhar de imediato prendendo-se em um vaso de planta que tinha a sua direita, sentindo seus olhos arderem e sua garganta coçar.
─── A gente pode não falar disso? ─ Perguntou com a voz quebrada.
─── Por que? ─ Lexie questionou.
Eliza de de ombros.
─── Eu sei lá porque eu não gosto de falar sobre o meu pai morto com estranhos. ─ Disse secamente virando o rosto para a loira vendo ela cética ─ Porque eu sou reativa e odeio esse assunto. ─ Eliza divagou.
─── Reativa ao que? ─ Insistiu a mulher.
Elizabeth a olhou com um sorriso ladino enquanto limpou uma lágrima que escorreu por sua bochecha, sabia exatamente que a mulher só estava fazendo trabalho dela mas estava começando a sentir-se desconfortável e esperava que ao longo da consulta isso passasse.
─── É sério, sério mesmo. ─ Eliza riu sem graça ─ Eu não quero falar disso. ─ Afirmou encolhendo-se no sofá.
Lexie olhou a adolescente como se tentasse pegar qualquer sinal de gatilho e logicamente, achou vários. Sabendo que era um assunto sensível ela resolveu não insistir muito, já que de início queria fazer Elizabeth sentir-se tão a vontade que chegaria ao um ponto que a própria menina falaria sem ela perguntar nada.
─── Tudo bem. ─ Lexie falou calma largando a caneta e pondo em cima do pequeno bloco de anotações em seu colo ─ Sobre o que quer falar? ─ Perguntou receptiva.
Elizabeth respirou fundo nervosamente coçando seu olho e vagando olhar pelo cômodo, observando uma foto de família e o Dr. Jones ao lado da mulher. Eram irmãos. Ela achou engraçado o fato de que havia ficado totalmente à vontade na presença do ortopedista, mas nem um pouco na da psicóloga.
Talvez porque ele não ficava lhe fazendo perguntas ao ponto de sentir-se invadida, mas não poderia julgar afinal a mulher em sua frente apenas fazia seu trabalho.
─── Acho que eu vou parar com karatê. ─ Eliza comentou.
─── Hum... ok. ─ Lexie sussurrou vendo que ela já tinha um grande avanço por parte da adolescente ─ Você tem pensado muito em parar com as lutas? ─ Perguntou curiosa.
A mulher sabia todas as informações precisa para levar essa conversa, estava ciente que a menina era uma das adolescentes que havia participado do caos na escola.
─── Não. ─ Eliza negou sem importância.
─── Tá e por que isso? ─ Questionou a mulher calma.
─── Eu sei lá... meio que tô pensando no que vem depois disso tudo. ─ Contou Eliza pensativa.
─── Em que sentido?
─── Assim... eu não sei, eu acho que não é tão mais interessante porque antes da briga, eu tava bem animada pro torneio. ─ Elizabeth dizia com olhar preso na mesa de centro com alguns livros enquanto Lexie tinha olhos e ouvidos presos na adolescente ─ E agora, basicamente eu sinto que perdi toda essa... animação. ─ Contou pausadamente.
Caroline também havia proibido. Mas a mais velha sabia que era por hora, Elizabeth adorava lutar e uma hora ou outra iria querer voltar. Ela só pedia sabedoria, para aprender a lidar com essa decisão da filha.
─── Eu lembro que fiquei super animada em poder voltar a treinar com o Daniel mas tudo que ele ensinava parecia tão... chato e repetitivo. ─ Eliza expressava por meio de palavras mostrando sua frustração ─ E quando eu conheci o Cobra Kai era novo e pareciam ensinar tudo que eu queria, mas agora é tão... 'por que eu fiz isso?' ─ Ela se perguntou enquanto desabafava sem notar e Lexie teve que esconder o sorriso orgulhoso pelo avanço ─ Minha personalidade mudou em torno do que eu achava que seria legal, m-mas, agora esse legal é tão... vergonhoso. ─ Falou tristemente olhando para o teto branco do cômodo.
Alguns segundos em silêncio e um fungar de nariz foi ouvido no cômodo, Lexie rapidamente ficou atenta pois sabia que não era ela.
─── Me sinto uma fraude. ─ Eliza contou ao abaixar o olhar e sentir outra lágrima teimosa escorrer por sua bochecha enquanto a mulher lhe olhava com uma expressão indecifrável.
─── Temos muito que conversar sobre o que acabou de falar. ─ Lexie falou ao cruzar as mãos sobre o colo e recostar em sua poltrona ─ Mas o principal de tudo que eu ouvi é... o quanto é dura consigo mesma. ─ Observou a loira vendo a adolescente desviar o olhar tristemente ─ Essa quantidade de autocrítica que fez, é muito grande. ─ Comentou preocupada.
─── É... ─ Eliza concordou maneando com a cabeça em positivo ─ Mas eu acho que é necessário. ─ Afirmou com um curvar de lábios.
─── Tem certeza? ─ Lexie questionou séria.
─── Espero que sim. ─ Riu sem graça ─ Se não eu não sou nada além de uma doida. ─ Zombou de si mesma.
─── Você não é doida, Elizabeth. ─ Advertiu Lexie olhando a adolescente ─ Você só é muito mais dura com você do que precisa.
─── É...
─── Reconhecer isso é importante. ─ Admirou-se a psicóloga.
─── É, mas reconhecer que o que eu estou falando é verdade, também é. ─ Elizabeth rebateu teimosa balançando a cabeça ─ Sem a minha autocrítica eu estaria mais perdida do que já estou. ─ Afirmou certa do que dizia.
Lexie suspirou antes de soltar um meio sorriso.
─── Ou livre.
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Elizabeth nunca achou que uma sessão de terapia fosse mexer tanto como hoje, mas havia acontecido. As palavras que Lexie a disse foi extremamente precisas e certeiras, difícil de aceitar mas aos poucos ela lidaria com isso e estava apreensiva com a próxima sessão que seria na próxima semana.
A Ramirez já estava liberada para ir à escola mas não pronta então Caroline não se importou de deixar ela faltar um ou dois dias, porém deixou bem claro que é importante ela ir sem falta na próxima semana então por essa ela estava em casa. Estava com medo de ir para o lugar e encontrar os olhares julgadores, os cochichos. Merda. Adolescentes quando querem são assustadores pra cacete.
Então hoje nessa semana ela começaria o trabalho voluntário na clínica de reabilitação, não sabia muito bem o que faria lá apenas que Caroline a inscreveu e mandou a mesma para lá.
Como não poderia ir de carro por motivos de que estava de castigo e nem poderia dirigir, optou por usar seu skate que já estava a um bom tempo guardado na garagem.
Ao descer do skate Eliza deu um leve puxão na cordinha do fone retirando um deles de seus ouvidos, parando a música 'i'm so sick' da Banda flyleaf. Ela observava a faixada do lugar.
─── Fala sério... ─ Reclamou baixinho pegando o skate na mão.
Pegando o mesmo e segurando para começar a caminhar, Eliza tentou esconder a careta vendo algumas pessoas fazendo yoga. Parecem hippies. Pensou. Não julgando, ela mesmo vez ou outra se vestia como uma.
Ignorando as pessoas fazendo yoga, ela foi entrando e vendo que a clínica era ótima e parecia um lugar bem caro. Logo pensou ao ver o jardim decorado, reforçou esse pensamento vendo também decoração luxuosa quando passou pela porta de vidro da entrada.
─── Bem-vinda ao centro de recuperação 'Malibu Canyon.' ─ Uma mulher de cabelos cacheados baixinhos chegou educadamente perto de Eliza ─ Meu nome é Marisa, como posso lhe ajudar? ─ Ofereceu bem humorada.
─── Ah! Eu sou Elizabeth Ramirez. ─ A cacheada falou timidamente ao estender a mão educada para a mais velha que apertou prontamente ─ Eu não sei muito bem, mas a minha mãe me inscreveu para ser voluntária aqui. ─ Contou com sorriso sem graça.
A mulher a sua frente deu um sorriso tão largo que Eliza sorriu de nervoso pensando no que poderia ser.
─── Sua mãe é a Caroline! Meu Deus. ─ Marisa deu um riso surpresa agora reparando a semelhança ─ Como não reparei antes? Você tem os olhos dela. ─ Disse com um leve sorriso.
─── Todos dizem. ─ Eliza riu sem graça.
─── Porque é uma verdade, olha deixa eu guardar para você. ─ Riu bem humorada pedindo o skate da menina que lhe entregou e ela guardou atrás do balcão na recepção ─ Bem, Elizabeth, sua mãe me ligou na outra semana e ela lhe inscreveu em uma nova ação nossa. ─ Explicou a mais velha se dando liberdade de pegar nos ombros da adolescente.
Eliza assentiu começando a caminhar com ela.
─── Trata-se de uma ação de natal, sei que ainda falta alguns messes mas muitos dos nossos pacientes não tem parentes próximos ou uma boa relação com a família. ─ Explicava a mais velha levando Eliza até o jardim enquanto a adolescente escutava quieta ─ Ou muita das vezes os parentes estão longe e não podem comparecer, então, nós iremos fornecer um tipo de companhia até que a data chegue e isso será bom para eles criarem vínculos novos. ─ Contou animada.
─── Sem querer ser indelicada. ─ Eliza chamou envergonhada vendo a mulher prestar atenção ─ Esse negócio vai ser na data do natal mesmo? É que eu sempre passo com os meus avós. ─ Contou apreensiva.
Marisa prendeu o riso e olhou compreensiva.
─── Você vai criar um vínculo com a nossa paciente, não passaram o natal juntas mas os próximos messes e uma semana antes do natal sim. ─ Explicou detalhadamente vendo agora a adolescente mais aliviada ─ A ideia é que tudo isso se torne o mais leve possível para eles agora com uma nova companhia.
─── Tudo bem, não é tão difícil. ─ Eliza falou modesta vendo o sorriso afirmativo da mulher.
─── Vem, vou te mostrar quem você irá apadrinhar. ─ Marisa puxou animadamente a mesma pelos ombros.
Apadrinhar? Eliza arregalou levemente os olhos, começou a ficar nervosa sabendo que teria que lidar com alguém mais velho que estava na luta pelo alcoolismo. Ela não era tão boa com palavras se tivesse que dar conselhos.
Elizabeth escutava Marisa ao seu lado falar sem parar extremamente animada enquanto ela não estava tanto, muito apreensiva ela chegou a parte externa de um outro jardim com a mulher. Observou os poucos pacientes que estavam ao lado de fora tomando um ar fresco, porém outras duas pessoas chamaram sua atenção.
Johnny Lawrence e Daniel LaRusso.
A Ramirez não entendeu pouco o que eles faziam aqui é até cogitava ser por Johnny já que ele estava 'deplorável' na visão de Eliza, barba estava grande, machucados pelo rosto, mesmo poucos metros longe ela já sentia cheiro de cerveja vindo dele e sua roupa estava toda surrada. Parecia alguém prestes a se internar. Mas a adolescente sabia que o Lawrence era mente fechada pra isso.
─── Shannon, está com visitas? ─ Marisa chamou educada ao se aproximar ─ Trouxe sua mais nova amiga. ─ Contou com riso animado.
Os homens se viraram e arregalaram os olhos ao ver a menina chegar, ambos surpreso com a presença dela no lugar e nervosos por estarem vendo ela depois dos últimos dias.
─── Ramirez? Nunca pensei que você-
─── Não sou alcoólatra igual você. ─ Eliza cortou Johnny sem paciência antes de olhar a loira ao lado dele ─ Sem ofensas. ─ Pediu para as mulheres presentes.
─── Tudo bem. ─ Shannon abanou o ar com as mãos.
Johnny olhou as duas desacreditado.
─── Eliza, está bem? ─ Daniel pergunto feliz pela garota aparentar estar bem mas não pode deixar de observar a tala em todo seu punho direito.
─── Eles vão ficar aqui até quando? ─ Adolescente o ignorou se virando para mulher ao seu lado.
Marisa olhou Shannon como se perguntasse e a loira rapidamente assentiu.
─── Eles já estavam de saída. ─ A Keene afirmou olhando os homens ─ Não estavam? ─ Perguntou se virando para os mesmo.
─── É, estávamos. ─ Johnny falou contragosto ─ Se cuida aí Ramirez. ─ Olhou a mais nova.
Eliza pegou seus dois dedos levando até a testa e fazendo um sinal para o homem que deu um risinho antes de sair, Daniel lançou um olhar esperançoso para ela mas Elizabeth tão pouco se importou e continuou a olhar para frente fazendo mais velho bufar frustado e tomar seu caminho junto com Lawrence.
Quando os dois saíram, Marisa olhou a adolescente e a mulher completamente animada, era meio que obrigatório todos pacientes terem alguém nessa nova ação, até aqueles que já tinham famílias presentes, Shannon era a única ainda quem estava sem uma presença ativa na ação.
Até Elizabeth chegar.
─── Então Shannon, eu já expliquei como vai funcionar e aqui está a Elizabeth. ─ As apresentava animadamente ─ Ela vai te acompanhar nos próximos messes.
A mulher timidamente apertou a mão de Elizabeth que parecia pouco retraída, mas educadamente apertou a dela.
─── Se me dão licença, preciso checar mais alguns voluntários que chegaram hoje. ─ A mulher falou alegremente se distanciando.
Assim que ela foi embora Elizabeth petrificou parada feito uma estátua observando Shannon ir se sentar em uma mesa, a loira teve de prender o riso vendo a adolescente esconder as mãos trêmulas ligeiramente nervosas dentro dos bolsos.
─── Não vai sentar? ─ Acenou para o lugar vazio ao seu lado.
Elizabeth piscou os olhos.
─── Ham?! Claro! ─ Falou com riso sem graça ao caminhar até a mesa.
A garota estava totalmente nervosa e sem saber o que fazer e isso estava divertido Shannon, um fato de que ela havia notado era que todos os voluntários que se prestaram a serem as companhias dos pacientes já eram adultos ou mais velhos, Eliza era única adolescente.
─── Então! Vamos jogar cartas? ─ Shannon perguntou bem humorada retirando uma pequena caixa de baixo de seu livro.
Eliza olhou com meio sorriso.
─── Tudo bem. ─ Concordou com um pequeno riso ─ Mas a única coisa que eu sei é uno. ─ Contou envergonhada.
─── Eu também!
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Elizabeth estava bem mais calma agora quando realmente entendeu o intuito da ação, era para eles terem um amigo ou amiga para que o processo de 'sobriedade' seja leve e mais calmo.
Agora as duas já estavam na quinta partida de uno, Shannon tinha ganhado duas vezes e Elizabeth também então essa era partida decisiva.
A Ramirez tinha perdido totalmente a postura tímida com a presença da mulher, Shannon foi bem receptiva com ela e contou saber de toda briga na escola por ser mãe de Robby, Eliza se sentiu tão segura ao ponto de que já estava a vontade de falar sobre a própria vida com ela.
─── Então eu tenho ligado mas ela não retorna as minhas ligações. ─ Eliza falou ao respeito de Tory ─ Deve estar chateada comigo. ─ Falou com pesar enquanto jogava uma carta de bloqueio amarela seguida de um dois na mesma cor.
─── Hum... as vezes ela só quer um pouco de espaço, são amigas não são? Ela vai falar com você. ─ Shannon garantiu ao jogar uma carta de compra dois escutando a adolescente resmungar enquanto comprava e ela rir ─ E a sua outra amiga? ─ Perguntou curiosa.
Eliza tinha contado sobre toda situação da escola evitando alguns detalhes, mas o mais importante ela já sabia por conta de seu filho também estar envolvido.
─── Maya. ─ A Ramirez sussurrou frustrada ─ Não tenho retornado as ligações dela.
─── Assim como a Tory não responde as suas? Então a Maya tá assim igual você. ─ Concluiu a mais velha.
─── É...
Eliza por um momento se sentiu mal porém ela não só evitava Maya como qualquer pessoa que não fosse seus médicos e sua mãe, até Amanda estava levando um gelo.
Voltando ao foco do jogo Elizabeth estava prestes a reclamar quando viu a mulher jogar um mais quatro porém um barulho prendeu sua atenção, era um dos arbustos no jardim atrás da mesma, virando seu rosto a adolescente franziu o cenho confusa e arregalou os olhos vendo uma pessoa sair deles.
Robby Keene.
Shannon estava tão surpresa quanto a menina já que horas antes Daniel e Johnny haviam ido lá à procura de pistas pelos mesmo, agora horas depois ele tinha aparecido.
O garoto se aproximava totalmente afobado e com as roupas pouco surradas, seus cabelos agora estavam recém cortados e alinhados para frente, uma forma para que não o reconhecessem.
─── Robby? Filho. ─ Shannon se levantou abraçando o mesmo quando ele chegou perto ─ Meu Deus. ─ Falou emotiva.
O garoto se deixou abraçar pela mãe e não havia nem notado ainda a presença de Elizabeth sentada à mesa, adolescente olhava os dois sentindo estar sobrando no momento família.
─── Oi mãe, olha só eu preciso fugir daqui tá? ─ O garoto já falou de imediato ao se afastar ─ Eu tava pensando em sair da cidade e... ─ Falava frenético.
Eliza e Shannon olharam assustadas, o garoto precisava de ajuda de imediato.
─── Olha, e-eu... porque não fica aqui com Elizabeth? ─ Pegou ele pelos ombros fazendo ficar de frente com a adolescente.
Pela primeira vez Robby Keene havia notado a presença de Elizabeth, ambos conectados pelo olhar. Ele não pode deixar de notar a tala cobrindo todo pulso direito dela, vendo que ele não era o único que sofria as consequências.
─── Oi. ─ Eliza falou ao engolir nervosamente vendo a expressão fria que o menino carregava.
Das últimas vezes que tinha visto Robby, ele estava feliz ou bem humorado e agora ele estava feito um fugitivo e morando na rua por conta de toda briga na escola. Merda. Se já sentia-se culpada por Miguel e Tory agora sentiu culpa pelo estado dele também.
Talvez se ela não tivesse continuado com a ideia Robby saberia de outro jeito o que Miguel e Samantha fizeram, não participando daquela briga e evitando tudo que estava acontecendo com ele agora, mas infelizmente.
Já estava feito.
─── Isso, fica aqui com ela. ─ Shannon falou fazendo o mesmo se sentar de frente para adolescente ─ Você deve estar com fome, vou pegar algo pra você. ─ Avisou rápido ao sair.
O silêncio se fez presente e ambos adolescentes não sabiam o que dizer mas diferente de Eliza, Robby não estava nervoso e sim curioso para saber o que poderia ter acontecido com ela ou melhor quem fez isso com seu punho.
─── Tava todo mundo atrás de você. ─ Contou Eliza em busca de puxar assunto para não manter o clima chato ─ Que bom que está bem. ─ Comentou educada.
─── Pareço bem?
Merda. Elizabeth fechou os olhos com força, obviamente ele não estava bem e ela se xingou mentalmente por falar isso.
─── N-não, você parece péssimo... droga. ─ Elizabeth rapidamente arregalou os olhos ao ver o menino com as sobrancelhas erguidas. ─ Olha, eu não sou legal com palavras tá?! ─ Falou com um suspiro nervoso.
─── Então não fala. ─ Robby sugeriu sem paciência.
Elizabeth revirou os olhos.
─── Idiota. ─ Sussurrou.
Robby revirou os olhos assim como ela segundos antes, mas o garoto não conseguiu evitar o singelo sorriso ladino que veio depois.
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Elizabeth sentada ao lado de Shannon observava Robby comer seu segundo sanduíche agora com certa calma, já que o primeiro ele comeu tão rápido levando as duas a pensarem quando foi a última vez que o Keene havia feito uma refeição.
A Ramirez nem conseguia imaginar as dificuldades que ele deve ter passado, semanas na rua dormindo sabe se lá onde e sem dinheiro. Não gostou nem de imaginar.
─── Vai ficar tudo bem, Robby. ─ Shannon dizia protetora olhando seu filho ─ Vamos dar um jeito nisso, eu prometo. ─ Assegurou.
Eliza deu um leve sorriso observando os dois, mesmo a mulher não estando em ótima relação com o filho ela estava tentando mudar, está na clínica por isso e ela parecia amar Robby incondicionalmente.
Shannon deu um rápido pedido de desculpas ao se levantar e Eliza olhou desesperada, não que ficar na presença de Robby a intimidava mas ela temia porque o garoto agora parecia ter mudado e se ele quisesse irrita-lá ela iria pirar.
─── Acessório novo? ─ Robby perguntou apontando pra tala.
Eliza ergueu a sobrancelha vendo o sorriso zombeteiro do mesmo.
─── Penteado novo? ─ Julgou seus cabelos fazendo Robby rir secamente.
─── Justo.
Ela estava prestes a fazer uma piada sobre isso mas parou ao ver Daniel andar na direção deles, revirou os olhos. Robby confuso olhou para o lado e arregalou levemente os olhos ao ver a presença do LaRusso.
─── Oi. ─ Daniel falou educado.
Os dois adolescentes trocaram olhares.
─── Eu vou deixar vocês... ─ Eliza estava prestes a se levantar.
─── Não. ─ Robby negou fazendo a mesma tomar um susto ─ Não precisa, fica. ─ Pediu nervoso.
Elizabeth olhou confusa até ver o olhar de desespero dele a fazendo entender, ele não confia mais em Daniel. Então ela permanecendo ali era para servir de testemunha seja lá para o que fosse que o homem falaria.
A Ramirez olhou o garoto receosa antes de assentir e voltar a se sentar, fazendo Robby respirar aliviado por isso.
Daniel observou os dois confusos por parecem estar sendo 'cúmplices' mas logo tomou seu lugar ao lado de Eliza, que fez questão de afastar a cadeira alguns centímetros fazendo Robby prender o sorriso ladino.
─── Gostei do corte. ─ Daniel brincou.
Seriamente? Pensou Eliza com uma careta.
─── Lamento que tenha resolvido as minhas merdas. ─ Robby falou com pesar olhando o mais velho ─ Eu vou te pagar pelo carro. ─ Disse abaixando olhar envergonhado.
Que carro? Eliza falou mentalmente olhando os dois, ela queria deixá-los conversar a sós já que isso só estava a deixando mais curiosa.
─── Eu não achava que aquele carro fazia seu estilo. ─ Daniel falou divertido ─ Sei que deve ter sido difícil ficar sozinho por aí. ─ Falou empático para o adolescente.
─── Samantha tá bem? ─ Robby perguntou de repente.
Elizabeth revirou os olhos.
─── Era só o que faltava. ─ Resmungou baixo.
Ambos olharam para ela que imediatamente fingiu uma tosse enquanto olhava para qualquer ponto do jardim que não fosse eles.
─── Ela tá... preocupada com você. ─ Daniel falou pausadamente e Eliza quis rir pois pelo tom de voz dele e conhecendo bem Samantha a menina nem deveria estar pensando nele, pelo menos não agora ─ Todos estamos. ─ Contou ─ O seu pai também. ─ Acrescentou ao se lembrar de Johnny.
O adolescente pouco reagiu.
─── Robby eu tenho que me desculpar com você. ─ Daniel suspirou chateado.
─── Mas tudo isso é minha culpa. ─ Cortou o adolescente fazendo Eliza olhar o mesmo ─ Eu machuquei o Miguel. ─ Robby falou frustado.
Não! Eliza falou para si mesma, para ela a culpa era totalmente dela e queria interromper a conversa dos dois apenas para dizer isso mas não conseguia.
─── Eu sei que você se culpa mas eu te decepcionei. ─ Daniel o cortou rápido ─ Aquilo que eu te falei da última vez foi muito... muito horrível. Me desculpe. ─ Pediu envergonhado.
Uau! Eliza comprimiu os lábios, pensando em quem mais ele poderia ter ofendido que precisa de um pedido de desculpas, ela mesma. Mas o LaRusso não pensou nisso naquele momento.
─── Não, você tinha razão era um erro tentar me salvar porque eu não posso mudar. ─ Falou o adolescente convicto.
─── Todos cometemos erros, mas nossos erros não são quem nos somos da pra aprender com os erros. ─ Daniel palestrava ─ E eu vou te ajudar com isso, vou mesmo. ─ Afirmou apreensivo chamando atenção de Eliza ao ver sua postura mudar ─ Escuta, o próximo passo vai ser muito difícil tá? Mas é o melhor caminho a seguir. ─ Explicou calmo ─ falei com um advogado e ele disse que é muito importante que...
Os olhos de Elizabeth se arregalaram ao ver dois polícias entrando no local, Robby escutou o rádio deles e rapidamente se virou amedrontado e ambos três se levantaram rápidos.
Idiota! Elizabeth odiava atitudes de uma pessoa que tentava reconquistar sua confiança mas logo em seguida faz outra burrada, Daniel queria ajudá-lo mas fazer desta forma apenas o assustaria e demoraria em receber o perdão do adolescente.
─── O que você fez? ─ Robby perguntou desesperado se virando para o LaRusso.
─── Eu falei que você ia se entregar confia em mim a sentença vai ser bem mais leve se você fizer isso. ─ Explicou Daniel rápido olhando o mesmo.
─── Não, não, não. ─ Robby negou amedrontado ─ Eu não posso.
─── Você pode, você tem que fazer isso. ─ Daniel insistiu.
─── Tava de papinho pra eu não ir embora?
Bingo! Eliza olhava o mesmo preocupada e viu a mãe do garoto se aproximar.
─── Não, eu estou tentando te ajudar. ─ Corrigiu nervoso olhando o menino tentar correr ─ Robby. ─ Chamou rápido ao ver um policial correr até ele.
Eliza levou a mão até seus lábios para evitar de soltar um xingamento ao ver a forma que o policial abordou o adolescente, com uma força totalmente desnecessário prendendo o mesmo por algemas pondo suas mãos atrás das costas.
Meu pai não agiria assim. Pensou, não com um adolescente como Robby com um valentão ou por umas pessoas que realmente merecessem.
─── Pega leve com ele. ─ Pediu Daniel preocupado observando a cena ─ Robby, isso é só temporário eu vou te ajudar com isso. ─ Explicou nervoso ─ Vou te visitar todo dia eu prometo. ─ Assegurou olhando o garoto.
Robby vendo que não tinha saída parou de se debater e deixou-se ser preso, enquanto era levado pelos ombros ele olhou Daniel friamente.
─── Me esquece.
Elizabeth engoliu seco antes de observar o garoto ser levado, Robby trocou um breve olhar com ela pouco envergonhado pela situação mas a Ramirez não ligava para isso e ficou extremamente preocupada para onde poderiam estar levando ele.
Shannon os acompanhava para o lado de fora tentando falar para o filho que ficaria tudo bem, mas Robby no momento não queria falar nem com ela já que a mesma que deveria ter chamado Daniel. O LaRusso colocou as mãos na cabeça pensando no que tinha acabado de fazer, não queria que isso dificultasse ainda mais as coisas com Robby mas parecia que iria ser daqui em diante.
Ele olhou para Eliza esperançoso e a adolescente riu secamente, dando passos para trás ao vê-lo se aproximar.
─── Eliza. ─ Chamou apreensivo.
─── Parabéns, conseguiu o que queria. ─ Falou com um sorriso sínico antes de se afastar do mesmo.
Daniel socou o ar frustado, ficando ainda mais chateado porque agora não tinha uma adolescente o odiando. Haviam dois.
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Consulta com a psicóloga, as cenas de Robby sendo preso, tudo isso tinha sido demais para Elizabeth e ela estava feliz de estar em casa agora, precisa descansar sua mente.
Estava sentada no sofá vendo um programa de culinária qualquer feito sua mãe, enquanto Salém estava deitado ao seu lado recebendo um ótimo carinho em seus pelos.
Mesmo entretida, ela não conseguiu parar de pensar em Robby, onde ele pode estar? Não saia de sua mente a possibilidade de jogarem ele no primeiro reformatório que vissem. Se é que ainda existem essas coisas. Divagou em pensamento.
A campainha de sua casa tocou tirando de seus devaneios, com rosto confuso ela se levantou e Salém imediatamente miou acordando a fazendo dar uma leve risada enquanto caminhava até a porta de entrada da casa.
Com uma péssima mania que havia puxado de seu pai, ela abriu a porta sem antes olhar o 'olho mágico' e deu de cara com uma figura um tanto quanto peculiar.
John Kreese.
─── Sabe meu endereço? ─ Eliza intimou com rosto surpreso pouco se importando em cumprimentá-lo.
─── Eu poderia dizer que fui perito no Vietnã, as forças especiais, fiz partes de operações secretas. ─ Listou ele divertido ─ Mas o seu endereço estava na papelada.
Um miado.
Salém curioso havia saído do sofá e agora sentava poucos metros atrás da dona, observando o mais velho com seu olhar felino e totalmente o julgando. Em um mal sentido.
─── Tem um gato. ─ Kreese riu.
─── É... ─ Eliza concordou ao fazer uma careta estranhando o mesmo e não pensou duas vezes antes de fechar sua porta para não mostrar sua casa para ele.
Andando pela varanda, ela se encostou na pilastra da entrada sendo acompanhada pelo homem. Elizabeth sabia exatamente o que ele poderia querer.
─── Não vou voltar pro' dojô. ─ Asseverou antes que ele pedisse.
Kreese olhou rápido surpreso.
─── Por que não? ─ Perguntou amedrontado.
Elizabeth tinha um potencial imenso e ele enxergava uma campeã, agora com Tory sumida e sem Aisha na jogada. Ela era única. E mesmo se tivesse as duas citadas iria querer a Ramirez em seu dojô.
─── Minha mãe me proibiu, agora sou voluntária em uma clínica de reabilitação, preciso concluir o ensino médio para o meu diploma... carta pra faculdade? ─ Eliza listou em seus dedos ─ Sem contar que eu também tenho psicóloga porque a escola acha que sou louca, outra novidade, meu punho ─ Contou com um bufo irritado erguendo a tala e mostrando antes de respirar fundo ─ A vida tá arrebentando comigo faz tempo.
─── Você pode revidar. ─ Sugeriu Kreese esperançoso mesmo receoso com a condição do pulso dela.
─── Para acabar como agora? ─ Eliza retrucou zombando ─ Miguel, Robby, Tory... é culpa minha. ─ Disse frustrada com olhar perdido.
Kreese respirou fundo observando.
─── Preciso ficar longe de problemas, não quero decepcionar minha mãe. ─ Afirmou decidida ao cruzar os braços.
Eliza se lembrava bem das palavras de Daniel 'seu pai estaria decepcionado' a magoava muito pensar nisso, agora imaginar juntamente disso que Caroline também poderia estar a dilacerou por dentro.
─── Sua mãe... tá decepcionada? ─ Kreese suspirou.
─── Ela não fala mas eu sei que tá. ─ Eliza comprimiu os lábios envergonhada ─ Muda de assunto sempre que falam com ela sobre a briga, ou então me olha diferente quando lembra disso. ─ Riu sem ânimo.
─── Minha mãe também já se decepcionou comigo, te entendo. ─ Kreese falou empático chamando atenção dela ─ Todos nós já tomamos decisões erradas, se é que da pra acreditar. ─ Brincou.
─── Vai por mim, não é legal receber um olhar desapontado da minha mãe. ─ Eliza rebateu vendo o olhar desafiador do mesmo a fazer rir nasalado ─ Sua mãe te perdoou? Por decepciona-la? ─ Perguntou curiosa.
─── Sim.
Eliza olhou neutra ao pensar na sua, sabia que um dia sua mãe a perdoaria pois entendia que ela era apenas uma adolescente tomando decisões erradas mas que por agora era cedo e teria de lidar com os olhares frustados da mesma.
─── Se eu pudesse voltar ao dojô voltaria, mas não posso, como vou socar alguém assim? ─ Eliza perguntou frustrada erguendo seu punho esquerdo e o mostrando novamente.
─── E quando melhorar? ─ Kreese sugeriu vendo o olhar retraído dela ─ Os outros alunos, eles não nasceram lutadores como você. ─ Elogiou vendo o olhar esperançoso da adolescente.
Posso estar errando novamente? Eliza pensou.
─── Tudo bem, eu volto. ─ A Ramirez afirmou vendo o sorriso satisfeito do homem. ─ Mas com uma condição. ─ Asseverou.
─── Qual? ─ Kreese perguntou de imediato.
─── Não volto sem a Tory. ─ Eliza falou decidida ─ Precisa falar com ela, não atende minhas ligações e eu quero muito saber como ela tá e se você me quer lá... preciso dela também. ─ Exigiu ao apontar para ele.
Kreese deu de ombros.
─── Fechado.
sim Eliza está errando volte duas
casas massss como faz parte do
enredo, fique duas casas
MIMOS ROBBY E ELIZA! teremos
muitos daq pra frente nem amo
a Eliza na psicóloga... tirei ideias de euphoria e de quando eu frequentava a minha... 😅😕😭😭
Gostaram do capítulo? Não se esqueçam de votar e comentar bastante, me ajuda a saber se gostaram e me incentiva a escrever mais e mais aqui pra vcs ;)
Bjao, amo vcs <3
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