⤷ capitulo III
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Londres, 1943
|Os Irmãos Pevensie|
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Para muitos Nina poderia ser considerada uma pessoa solitária. Vivia sozinha com seu pai e com Marta, em sua imensa mansão. Educada em casa, seu único amigo era o pequeno Max Reynolds, que nem perto de si morava. Porém, mesmo assim, ela não costumava se sentir sozinha. Passava a maior parte de seu tempo na biblioteca, imersa em livros, deslumbrada pelos personagens. Além disso, havia sua gata, Senhorita Carlota, e o pessoal do vilarejo.
Portanto, quando Dona Marta a enviou ao mercado aquela manhã, Nina viu a oportunidade de socializar. Primeiro, parou para conversar com a Semhorita Baker, a produtora local de laticínios, enquanto comprava uma garrafa de leite para a sua gata. As conversas fluíam animadas.
Depois, encontrou o padeiro Benjamim, um homem de bom humor que sempre tinha uma piada na ponta da língua. Em seguida, visitou a senhora Berta, dona de uma pequena rede de mercados, onde Nina finalizou suas compras, dando um último check na listinha de compras.
Ao retornar para casa, sentiu-se satisfeita. Talvez fosse verdade que ela era uma menina solitária, mas valorizava as poucas conexões que fazia ao seu redor. E, naquele momento, sua atenção se voltava a sua gata, a Senhorita Carlota. Que no caso, havia sumido.
A loira percorria os corredores da mansão, chamando pela sua gata com um misto de ansiedade e preocupação. "Senhorita Carlota!", ecoava sua voz pelos corredores. "Onde você está sua arteira?", preocupada, a menina saiu para o jardim.
Por fim, avistou a gata preguiçosamente deitada na horta de morangos, tomando sol e, aparentemente, esmagando algumas frutas vermelhas.
— Ah, sua preguiçosa! — repreendeu Nina. — Quantos morangos você já estragou, hein?
Senhorita Carlota sequer ergueu o olhar. Nina riu suavemente e a pegou no colo, sentindo a macieza de seus pelos. Contudo, o comportamento tranquilo da gata mudou subitamente, Carlota se contorcia tentando voltar para a horta onde estava deitada. A menina se apressou para dentro, o que não foi uma escolha muito boa.
Enquanto descia as escadas com mais pressa que o normal, um miado sofrido ecoou pelo corredor. Nina tinha dado de cara com alguém inesperado, o que a fez perder o equilíbrio por um momento. Por sorte, antes que caísse, uma mão firme a segurou. No entanto, Senhorita Carlota aproveitou a oportunidade para se soltar de seus braços e, num movimento rápido, pulou no grupo de pessoas em sua frente, desencadeando uma série de gritos de surpresa e miados desesperados.
Em meio ao caos, Nina tentou se recompor e ir atrás de sua gata, mas foi detida por Dona Marta, que apareceu no topo das escadas com uma expressão severa, ao ouvir o som da bagunça. A menina piscou e encarou o pequeno grupo diante dela, eram todos jovens. Seriam eles os Pevensie?
— Não se atreva, senhorita! Desculpe-se já.— repreendeu Dona Marta com firmeza, antes que a loira saísse correndo atrás da gata. — Você precisa aprender a controlar essa pestinha! — Nina se encolhia envergonhada. Ela queria argumentar que Senhorita Carlota não tinha culpa, mas foi interrompida pelas palavras furiosas de sua cuidadora. — Eu sabia que esse bicho seria um problema! Já disse isso ao Professor, mas ele insistiu em adotar um gato. "Essa menina precisa de um gato", ele falou. Humf!
Enquanto Dona Marta continuava a reclamar, Nina observou as pessoas ao seu redor. Havia um menino de cabelos negros que, apesar da situação, parecia prestes a rir. Ao lado dele, um rapaz loiro e uma menina morena, ambos com expressões curiosas. E, um pouco mais afastada, uma pequena garota.
— Carlota não entenderia Tia Marta. Ela é só uma gata. Vocês a assustaram. — comentou Nina timidamente, tentando defender sua gata. — Peço perdão, nunca imaginei que nos encontraríamos assim! Vocês devem ser os irmãos Pevensie, certo? Eu sou Nina, Nina Grace Kirke.
Nina os encarou com um sorriso amigável, esperando que se introduzissem. Contudo, antes que pudessem dizer uma palavra, a voz severa de Dona Marta ecoou:
— Bom, já que está aqui, leve os irmãos até os seus aposentos e eu acho melhor sua gata não ter fugido de novo, se não eu mesma farei um ensopado dela para o jantar! — A mulher proferiu suas palavras com firmeza antes de se afastar.
— Parece que teremos que cuidar para que a minha gata, Carlota, se comporte, hein? — Nina brincou rindo, os irmãos Pevensie, por sua vez, trocaram olhares apreensivos. A loira notou que pareciam verdadeiramente assustados, sua expressão de repente ficou séria. — Eu estava brincando, Tia Marta não faria uma coisa dessas!
Os Pevensie relaxaram um pouco, observando a expressão tranquila da menina que havia surgido tão repentinamente. Eles haviam conversado sobre a filha do professor no trem e, agora, lá estava ela, diante deles.
— Ela estava brincando, então? — indagou a menina mais velha, seus cabelos escuros caiam em cascatas sobre o seu ombro. Nina sorriu para ela.
— Sim, apenas brincando. Tia Marta pode parecer bastante intimidante, mas tem um coração bondoso. Acreditem, convivi com ela minha vida inteirinha.— respondeu Nina, tentando tranquilizá-los. — Qual o nome de vocês, mesmo?
Percebendo que ainda não tinham se introduzido, o mais velho corou envergonhado:
— Desculpe, você nos pegou de surpresa, — se desculpou. — Eu me chamo Pedro! — disse ele, com um sorriso gentil.
— Essa aqui é a nossa caçula, Lúcia! — Pedro apontou para a mais nova, que acenou timidamente. — Essa aqui é a Susana...
— Olá! — cumprimentou a morena, Susana, com um sorriso caloroso.
— E esse aqui é... — Pedro foi interrompido pelo menino moreno.
— Eu consigo me apresentar sozinho, Pedro, obrigada ! —a voz dele era cheia de ironia e ele parecia um pouco irritado. Nina o observou com um sorriso divertido, esperando por uma grande introdução.
— Sou Edmundo. — Nina esperou por alguns segundos, piscando os olhos, mas eles a encaravam quietos. "Isso foi rápido", pensou.
A loira riu um pouco, antes de responder.
— É um prazer conhecer todos vocês! Estava ansiosa para conhecê-los, sabe? Peço desculpa de novo pela Carlota, ela é meio... incontrolável— disse suavemente, tentando dissipar qualquer mal-entendido. — Me sigam, vou mostrar para vocês a sua nova casa!
Pedro, Lúcia, Susana e Edmundo se entreolharam, observando uma Nina saltitante em sua frente, sua presença era o oposto da rigidez de Dona Marta. Eles a seguiram pelo corredor, tentando acompanhar seus passos ligeiros.
Enquanto caminhavam pelos corredores, os irmãos olhavam para tudo maravilhados. Tapetes persas, quadros antigos e estátuas de mármore adornavam a parede e os móveis, em uma mistura de estilos. Nina, por sua vez, passava por tudo com uma familiaridade antiga, havia crescido em meio a opulência da casa.
— Então, Nina, o que você gosta de fazer por aqui? — perguntou Susana, quebrando o silêncio com sua curiosidade.
A menina sorriu, olhando por seus ombros e notando os olhares curiosos dos irmãos.
— Eu adoro passar tempo no jardim, brincando com a senhorita Carlota. — confessou sorridente, — É tão tranquilo lá fora, parece que o mundo todo desacelera.
Edmundo franziu o cenho, seu olhar azul mostrando traços de ceticismo.
— Isso parece meio entediante. — comentou, provocando um olhar indignado de seus irmãos. "Ed!", repreendeu Susana baixinho.
— Bom, talvez seja por isso que você é tão pálido! Não gosta de ir ao ar livre, Edmundo? — rebateu ela, com um sorriso travesso. As crianças riram, aliviando a tensão. Contudo, Edmundo ficou boquiaberto encarando a loira totalmente surpreso, não sou pálido, pensou.
Antes que o menino pudesse rebater, Nina parou diante de um corredor longo. Ela apontou com animação para as portas dos quartos, suas mãos pequenas se esticando:
— Aqui é o quarto de vocês. — anunciou, ainda com um sorriso gigantesco — Um para os mais velhos e outro para os mais novos. O banheiro fica no final do corredor, com toalhas limpas e produtos de higiene à disposição.
Enquanto falava, os irmãos observaram o corredor silenciosamente, pareciam absorver tudo com atenção. Ela sorriu calorosamente para eles:
— Fazemos nossas refeições na cozinha, três vezes ao dia. Mas, sempre que quiserem um lanchinho, é só ir buscar no armário, eu escondo biscoitos de chocolate na terceira gaveta, — sussurrou a menina, enquanto ria. — Se precisarem de alguma coisa, é só me procurar. Meu quarto fica dois corredores adiante. Podem bater lá a qualquer hora. Agora, vou deixar vocês descansado, a viagem deve ter sido longa. Boa noite!
Eles sorriram para ela, todos murmurando um "Boa noite", em despedida. Nina os observou enquanto adentravam em seus quartos, ela tinha a sensação que eles seriam grandes amigos.
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i. O que vocês acharam do encontro gente? Gostaram da Senhorita Carlota? .•*
ii. Não seja um leitor fantasma, apoie a história com algum comentário e um voto ⭐️.
Joy
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