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• 𝐇𝐚𝐥𝐥𝐨𝐰𝐞𝐞𝐧 𝐒𝐩𝐞𝐜𝐢𝐚𝐥 •

PARTE DOIS
O CADERNO DA MORTE


Só poderia ser uma brincadeira de mal gosto. Claro, Lyna sabe bem que está às vésperas do Halloween e qualquer idiota pode ter metido aquele caderno em suas coisas para a assustar. Mas também, é só um caderno, que mal um caderno poderia fazer à ela?

— Lyna? — Rose estava de volta, e a observava agachada no chão com o esquisito livro — Tá tudo bem?

— Claro. — A loira mentiu, levantando-se de um salto, logo pegando os livros que precisaria no armário, e metendo-os junto com o estranho caderno na mochila — Só um livro que caiu, mas tudo bem, vamos?

As salas de aulas obviamente também estavam no clima de dia das bruxas. Todas as lâmpadas do ambiente haviam sido substituídas por velas tecnológicas (com certeza os adultos temiam um incêndio caso usassem velas de verdade), grande parte do teto estava preenchido de teias de aranha e bichos de borracha tão realistas que Lyna evitava encará-los. Mais aranhas, morcegos, corpos falsos envoltos de lona preta, impressões de mãos cobertas de sangue, abóboras, correntes, bandanas sujas de sangue falso, falsos membros decepados. Tudo aquilo pareceu contribuir para Lyna, em instantes, esquecer totalmente aquele caderno misterioso no seu armário, tinha mais preocupações afinal.

Depois de um quase infarto com as lápides de mentira implantadas no jardim do colégio eos esqueletos, ou algumas mãos saltando da grama, Lyna finalmente agradeceu quando chegou a hora de ir pra casa. Já era de tarde, e todos seus colegas pareciam ainda mais animados para o dia seguinte, enquanto Lyna começava a considerar o fato de passar o dia alcoolizada, talvez isso a desse um pouco mais de coragem.

É noite quando a garota se lembra do estranho caderno que continua bem guardado em sua mochila. A insônia lhe trás curiosidade, e antes que consiga se conter, Lyna já está sentada na cama, pronta pra se levantar. Ela sabe que tem o típico problema das loiras em filmes de terror, pode ter medo, mas a curiosidade sempre pareceu tão mais forte que qualquer temor.

Não que Lyna esteja com medo de um caderno, é claro. É só um caderno estranho e misterioso que foi misteriosamente colocado em seu caderno um dia antes do dia das bruxas.

Seus pés envoltos por meias brancas que chegam até os joelhos tem acabado de tocar o fofo tapete que cerca a cama quando Lyna se dá conta. Ok, talvez eu esteja com medo.

Mesmo assim Lyna vai até sua mochila e puxa o estranho objeto de dentro, em segundos correndo de volta para a cama e mergulhando nas cobertas com o caderno em mãos. Parece infantil, mas cobertores sempre pareceram capazes de proteger dos monstros e do mundo exterior, então, Lyna prefere o quentinho ali de baixo se for pra descobrir sozinha o conteúdo do caderno.

— Ok. — Sussurra pra si mesma como se tivesse tomando coragem. Então suspira e se sente extremamente idiota — Por Deus, Ethelyna, é só um caderno. — Sua expressão se fecha — Um caderno intitulado "caderno da morte" que foi misteriosamente colocado no meu armário um dia antes do Halloween! — Seus olhos piscam levemente, antes dela própria se dar um tapa no rosto — Foi uma pegadinha! Óbvio que é uma pegadinha.

Lyna está se sentindo idiota de falar sozinha, idiota de estar com medo e idiota de ser tão temerosa com tudo, mas depois de mais um suspiro, a loira finalmente abre o caderno, passando a primeira página e mais algumas que pareciam conter informações de matérias, mas não demora até Lyna constatar os primeiros manuscritos.

É a mesma letra do adesivo, a mesma tinta preta de caneta em uma fonte cursiva e inclinada, quase trêmula. As páginas estão meio amareladas, dando a impressão que o caderno ficou muito tempo guardado, e até mesmo um cheiro de mofo desprende-se dele, de qualquer forma, Lyna não vê dificuldade em interpretar o que está escrito.

À rarefeita luz do abajur, Lyna lê o título em um sussurro, apenas mexendo os lábios.

— "O Destino Macabro de Theodore Nott."

Lyna para assim que entende o que está ali escrito, seus olhos quase arregalados, e sua mente ainda mais confusa.

Theodore Nott?, pensa Lyna, o pai do Tiberius e do Brutus? Um dos melhores amigos do papai!? Mas o que quer dizer com Destino Macabro?

Lyna conhece bem o Sr. Nott, dono da rede de livrarias Nott's Book e também um escritor de contos de época. Sempre tão sorridente, com um humor inquebrável, e pelo que parece, tão alcoólatra quanto a mãe de Lyna. Então o que aquele caderno quer dizer com destino macabro? E se é uma pegadinha de seus amigos, por que envolver os pais?

Há uma data no canto da página que deixa Lyna ainda mais confusa. "14/10/96"

Lyna pisca. Se esse livro foi escrito em noventa e seis, então como parou no seu armário agora? Sem motivo?

— Ok. — Lyna dá mais um suspiro. Curiosa, então, seus olhos azuis descem depressa pelas linhas, desesperados para desvendar o que quer que o título e a data podiam dizer.

Theodore Nott tinha dezesseis anos, faria dezessete logo mais em janeiro, pelo que informava a sua ficha. Atingiria a tão aguardada maioridade, onde tudo era possível, e dentre as possibilidades estava o mais aguardado: álcool legalizado. Não que o Nott alguma vez tenha se importado de não ter idade pra beber, um alcoólatra nato, muitos podiam dizer. Álcool, drogas e festas, juntos deveriam ser considerados seu sobrenome. Alguém poderia pensar em acrescentar "garotas", mas já faz um tempo desde que as aventuras do riquinho herdeiro Nott vazaram, explanando seu forte interesse também por garotos.

Ele não pareceu se importar em assumir sua bissexualidade, da qual ele aparenta ter orgulho. Mas todos de Hogwarts sabem que isso não agrada nada o seu pai, o velho Hank não parece satisfeito de ter um filho "bicha", mas afinal quem ficaria?

Com seu segredo – ou não tão segredo assim já que ele nunca fez questão de esconder – solto desde que foi vazado no Jornal Escolar de Hogwarts em 93, Nott parece ainda mais próximo da Elite Satânica de Hogwarts, não que alguma vez eles tenham sido vistos separados. Não, não, os lendários estão sempre juntos, ostentando seu dinheiro, poder e a bela e chamativa linhagem capaz de causar inveja em quem olhar. Claro que pareceu bizarro a continuação do Nott com a elite satânica depois da informação vazada que o garoto havia ficado bêbado e transado com a princesa da Elite, a própria Rox Weasley, a também namorada oficial do Príncipe mimado Draco Malfoy.

Lyna ofega e seus olhos estão arregalados quando ela pausa um pouco a leitura tentando recuperar o fôlego e raciocinar tudo o que está sendo dito, ainda mais agora quando seus pais estão sendo citados como os próprios Príncipe e Princesa da Elite, e não qualquer elite. Lyna tenta recuperar o choque de descobrir que sua mãe já dormiu com um dos melhores amigos de seu pai, se é que ela realmente dormiu com ele. Afinal, isso é um caderno velho, não é como se o que está escrito nele realmente fosse real.

Com mais um suspiro, Lyna decide voltar a leitura, sem surtos, apenas prosseguir, pois quanto mais horrorizada fica com o que está escrito, mais sua curiosidade também aumenta.


Mas não é tão bizarro assim se outras coisas fossem levadas em conta. Quando se fala deles óbvio que já deve estar se esperando por tudo. Há boatos de que eles fazem orgia entre si, o que não seria nada surpreendente, não quando o assunto é o grupo mais horrível e tenebroso que já pisou naquela escola. Insensíveis, frios e com a pose de donos do mundo. Essa é a Elite, dispostos a pisar em qualquer um que entre no caminho deles, e mesmo se não entrar, eles não se importam, eles vão te humilhar da mesma forma.

Mas o assunto não é a Elite, o assunto agora é mais específico, é sobre Theodore H. Nott e o dia que ele morreu.

— Quê? — O grito escapa rápido da boca de Lyna, antes de sua expressão ser substituída por confusão. Theodore Nott está vivo, é claro, ele é casado com Pansy Nott e tem dois filhos, Brutus de 19 e Tiberius de 17, então se isso está falando de morte... não pode ser nada de levar a sério, apenas uma brincadeira... uma brincadeira de criança, mas não pra época de Lyna, pra época de seus pais

Era noite, em meados de outubro, noite dos fatídicos "dia da fogueira" anuais em Hogwarts. O comum evento em que algumas turmas tinham permissão de passar à noite no colégio em uma grande festa do pijama, com direito à fogueira e marshmallow, uma versão mais simples e casual de um acampamento.

Estava chovendo forte, algo capaz de ostentar um clima assustador e esperado em um mês das bruxas. Theodore parecia não estar conseguindo dormir, e depois de acordar pela terceira vez, atormentado pelo som dos trovões, o garoto se sentou em seu saco de dormir, os olhos fitando a sala de aula cheia que estava despida de assentos, apenas recheada por garotos dormindo pelo ambiente.

Tomando o cuidado de não ser visto, Theodore se levantou e tomou a pior escolha da sua vida quando saiu em passos lentos, diretamente para o seu lugar favorito, como um bom ratinho de biblioteca.

Não foi difícil passar pela porta, sendo um visitante tão frequente do lugar, o garoto tinha suas próprias artimanhas para entrar sem ser notado, e logo, lá estava ele, envolto nas sombras de estantes altas. O cheiro de livros antigos impregnando o ar enquanto ele andava pelo local, uma tentativa para que se acalmasse, mesmo que nem mesmo parecesse saber o que procurava.

De repente, quando ele menos esperava, um lampejo de movimento chamou sua atenção. Uma figura sombria, com capa longa e máscara branca, emergiu das trevas. Tem confusão nos olhos do pobre garoto Nott enquanto ele tenta entender o que está acontecendo. Algum amigo está tentando lhe pregar uma peça? É uma brincadeira?

A reluzente faca de prata aparece nas mãos da estranha criatura, e talvez a presença de uma arma de verdade é o suficiente para o garoto perceber que não é uma mera brincadeira. Há temor nos olhos do pobre Nott assim que ele percebe isso, assim que nota que está sozinho, completamente sozinho e sem defesa alguma mediante ao seu pior pesadelo.

O garoto tenta lutar para escapar, mas suas pernas cedem sob o pânico que instantaneamente o domina. Gritar não adianta, nem mesmo correr, quando a morte vem disposta a levar e ceifar seus pecados, não há salvação. O pobre Nott tem acabado de notar isso quando tenta fugir, então a faca é atirada em sua direção, errando-o por pouco. O garoto treme percebendo a faca atingir um livro bem atrás dele, ele ofega, sente o suor cair de seu rosto mediante ao nervosismo, mais uma vez tenta correr, mas sente o monstro mais e mais perto.

Quando é finalmente pego, ele não tem tempo pra raciocinar, enxergar direito o monstro que segura seu pescoço, pressionando-o sem dó contra a parede de livros. Theo grita. Implora. Pede por socorro. Desculpas. Clemências. Lágrimas caem de seus olhos. Mas a doce vingança não sente dó, apenas prazer em ver o exaltado ser humilhado.

Em um gesto rápido algo acerta sua cabeça, a ponta fina de uma agulha que paralisa seu diafragma e os pulmões, cessando sua respiração, são alguns segundos de pura agonia para o pobre garoto até que seu coração para definitivamente.

Ao amanhecer seguinte, o corpo de Theodore H. Nott foi encontrado perto do corrimão da escadaria principal da escola. Aparentemente, ele havia escorregado e caído desafortunadamente. Uma morte trágica, um acidente horrível de um aluno tão, tão brilhante. As pessoas choram, e falam palavras bonitas, fingindo se importar, mas o monstro – disfarçado entre os humanos – apenas observa, enquanto risca um nome da longa lista em seu pequeno caderninho.

Lyna está tremendo quando chega ao fim da página. Aquilo no caderno não parece uma simples brincadeira, uma pegadinha que alguém faria no Halloween. Por que alguém escreveria sobre a morte de alguém? E há ódio na forma como aquilo foi escrito, como se a pessoa realmente odiasse Theodore Nott.

A loira está levemente ofegante quando escorrega seus dedos pelas letras, sentindo a aspereza com a qual a pessoa que segurava a caneta deve ter escrito aquilo, ódio. Lyna suspira e passa a página, sua curiosidade mais uma vez falando mais alto.

"O Martírio de Daphne Greengrass". — Lyna lê o título da segunda página, e então vê a data no canto — Dezenove de outubro de noventa e seis...

Seus olhos se estreitam, sem nem mesmo ler, e Lyna passa para a próxima página, se deparando com outra sentença: "O Pesadelo de Sophie Roper", e passando para a quarta: "A Condenação de Sol Lestrange". Lyna está tremendo quando fecha o caderno com força, sem querer prosseguir, talvez temendo os outros nomes que possa encontrar.

Na mente, Lyna faz uma conta nos amigos de seus pais e descobre quem deveria ser os próximos nomes. Blaise Zabini, Pansy Nott, e quem deveriam ser os outros? Seus próprios pais? Será que seus tios Harry, Rony e Hermione também?

Mas quem escreveria uma forma fantasiosa e macabra de como os amigos de seus pais morreram no ano de 96 em uma dimensão paralela? E por quê? E como esse caderno acabou em suas coisas?

Não parece uma pegadinha de nenhum de seus amigos. Rich Weasley mesmo sendo o rei das pegadinhas não escreveria uma coisa dessa. Afinal, sua própria mãe está no livro. E a forma como os nomes das mulheres foram escritos também é intrigante, todas com o seu sobrenome de solteira, sobrenomes esses que alguns Lyna nem mesmo conhecia.

Lyna pisca, e cede um pouco a curiosidade, só uma última olhada. Seus olhos então decidem se passar apenas pelo final das histórias sobre Daphne, Sophie e Sol, as respectivas atuais senhoras Zabini, Pierrete, e a própria tia de Lyna, Sol Weasley, prima de seu pai e casada com um dos irmãos de sua mãe.

Analisando por cima, Lyna nota a mesma coisa que encontrou na história do Sr. Nott. As três garotas sendo perseguidas por algo intitulado "O Monstro", a morte iminente com a tentativa de fazer parecer um acidente, e então, as pessoas achando o corpo, e o monstro, disfarçado entre humanos, fazendo seu trabalho de riscar mais um nome da lista.

Parece perturbador, não uma brincadeira de dia das bruxas. Lyna já está mais que assustada quando se afasta do caderno, jogando-o pra longe e decidindo que talvez seja melhor dormir um pouco.

xxx

Na manhã do dia das bruxas, Lyna se levanta sem ter conseguido nem mesmo pregar os olhos, todas as vezes que conseguiu minimamente, ela se viu revendo as cenas descritas no caderno, em que até em uma das vezes ela própria era a caçada pelo monstro.

Lyna tenta manter a cabeça no lugar, pois sabe que aquele dia, por si só, já vai ser bem caótico. Ocupa-se então no que precisa fazer, focar em ganhar a competição de fantasia. E por sorte, tem bons requisitos pra isso.

A maquiagem bem elaborada não era um trabalho muito fácil, pois exigia técnica e paciência, considerando que envolvia pintura corporal e muita tinta verde. O próprio cabelo de Lyna precisa ficar em um tom escuro de verde, o mesmo tom usado nos olhos e na boca da garota, sua pintura corporal, o que inclui algumas escamas em pontos estratégicos do corpo, tem um tom mais claro, e alguns pontos dourados, da mesma cor da tiara de cobras enlaçadas que a garota logo põe na cabeça, ganhando já a visibilidade da Medusa. Seu vestido é verde, um traje no estilo grego, longo, mas com dois lascões nas pernas e caindo nos braços. Um cinto dourado bem ajustado na cintura o deixa bem acinturado e ainda mais bonito.

Quando Lyna se olha no espelho, já pronta para enfrentar aquele dia, ela sente que não há o que temer, pois mesmo que passe vergonha na caçada aos monstros, está claro que o prêmio de melhor fantasia é todo dela.

— Alguém tá empenhada esse ano. — A voz divertida vem de trás de Lyna no instante em que a garota adentra a cozinha, uma risadinha calorosa de quem parece está no melhor dia de sua vida

Lyna se vira para olhar a mãe, mas instantaneamente Rox Malfoy leva as mãos ao rosto.

— Não me petrifica, Medusa, tenho uma competição de professores pra ganhar. — A mulher brinca. Lyna observa a roupa que a mãe está usando, e não tem dúvidas que novamente Rox levará o troféu. Seu cabelo está pintado de preto para a ocasião, liso e brilhante, e ela usa um acinturado vestido preto e longo, com mangas acampanada, a maquiagem está bem escura com um belo batom vermelho, e, obviamente, ela usa um enorme salto alto

— Morticia Addams? — Lyna questiona sem rir da brincadeirinha da mãe

— Isso. — Rox sorri olhando para a filha — Sei que a Morticia é alta, mas o salto de 15 centímetros escondido pelo vestido engana um pouco, não acha?

— Claro, mãe, faz muita diferença. — Ironiza a garota voltando a se virar e mexer no refrigerador

— E você, quer o quê aí, mocinha?

— O que seria? — Lyna volta à tona segurando uma garrafa de vodka russa, com um sorriso agora aparente em seu rosto

— Ôu, ôu, são quase dez horas da manhã, Ethelyna, pode ir guardando isso aí.

— Ué, a senhora bebe mais cedo do que isso.

— Eu sou adulta.

— Eu também. — Lyna revidou com facilidade, feliz de já ter feito dezessete anos

Rox suspirou profundamente, o rosto agora fechado.

— Aquila Ethelyna Malfoy!

— Ih, nome completo, alguém tá enrascado, hein, não queria ser você. — Draco Malfoy acabara de chegar na cozinha, nada surpreendente usando a fantasia de Gomez Addams, as madeixas loiras pintadas de preto, e um ar divertido. Passou um breve olhar rápido em Lyna e sorriu — Ah, mas que Medusa mais linda, chega dá medo de ser petrificado só pela beleza dela, não?— Então seus olhos repararam na garrafa e se estreitaram — Vodka de manhã, Ethelyna? Virou sua mãe agora?

Quieto! — A esposa resmungou e passou por ele, caminhando pelo ambiente da cozinha até se aproximar da filha

— Mãe, só um pouco de teor de álcool para sobreviver ao Halloween. — Lyna quase implorou quando a mãe chegou na sua frente, e abriu novamente a geladeira para retirar uma garrafa de água — O que custa? Vocês sabem que esse dia é difícil pra mim, vai ser legal se eu tiver pelo menos um pouco de álcool no organismo.

A garota piscou os olhinhos fazendo manha, suas íris indo da mãe que enchia um copo de vidro com água, para o pai, agora em pé com as mãos apoiadas no balcão da cozinha.

— Você sabe que vodka russa é uma das bebidas mais fortes, Lyna. — Rox deu de ombros sem se abalar e levando o copo à boca

Lyna olhou pro pai como quem implora.

— Você ouviu sua mãe, nem me olha assim.

— Lyna, se apressa pra irmos pra escola pra festa e guarda essa Vodka, antes que eu volte a esconder as bebidas desta casa de você e do seu irmão.

Lyna solta um suspiro irritado e coloca a garrafa de vodka de volta na geladeira, tomando o cuidado de bater à porta.

— Pretendo quebrar a geladeira, querida? — A mãe a olhou séria — Você tem dezessete anos, mas ainda mora com a gente, Ethelyna, você pode ter um pouco mais de respeito pelos seus pais?

É fato que Lyna sempre teve uma relação um pouco conturbada com a mãe, talvez fosse o jeito adolescente de Rox, a pose de mãe bacana, festeira, alcoólatra, ou quem sabe, só o fato de na verdade as duas serem extremamente parecidas, talvez fosse o que mais contribuía pra relação cheia de altos e baixos.

— Okay. — A garota suspira, uma substituição de "desculpas" — Cadê o Scorpius afinal?

— Se maquiando. — Draco responde — Pelo menos foi o que ele disse quando passei no quarto dele pra ver se ele já estava pronto.

Scorpius adora o Halloween, Lyna sabe bem disso, mas fantasias nunca foram o forte do irmão, então ela imagina bem que a vestimenta dele desse ano não deve passar de uma roupa casual e uma pintura facial como todos os anos.

— Okay. — Lyna repete — Eu vou indo na frente.

— Não vai com a gente no carro, princesa? —Draco ainda perguntou

— Não papai, vou dirigindo, obrigada.

A ideia de ir sem eles era ótima. Lyna não precisava pegar as bebidas da mãe, tinha dezessete anos, afinal, não seria difícil passar em um supermercado no caminho da escola e comprar uma bebida, era só mostrar sua identidade e então... voilà álcool no dia das bruxas.

Se passam apenas dez minutinhos até Lyna estar em seu carro, completamente fantasiada, e já com duas pequenas garrafas de vodka na mochila, ambas enroladas em uma toalhinha rosa, prontas para aliviar o seu dia. Lyna está sorrindo, seu celular apoiado no suporte do carro quando a garota para momentaneamente por conta do sinal fechado do semáforo, e desvia seu olhar para o aparelho-móvel, a tela acesa no app de mensagens, mas surpreendentemente não há mensagem alguma de Andrey, o que evidentemente parece intrigante pra Lyna.

Esquecendo-se daquilo por alguns instantes, Lyna foca na estrada, voltando a dirigir assim que o sinal abre.

xxx

A chegada à escola não é equivalente para melhorar o humor de Lyna, mas a ideia de duas garrafas de álcool a aguardando em sua mochila lhe permite ficar indiferente à todo o resto. Mas por enquanto ela só analisa tudo, principalmente as fantasias.

Naquele momento Lyna só queria ter cem olhos para que pudesse observar tudo, e com detalhes, algumas pessoas até pareciam irreconhecíveis. Umas usavam máscaras, capuzes, algumas realmente pareciam ter se empenhado em vestir uma boa fantasia que lhes garantisse um prêmio, outras simplesmente não tiveram trabalho nenhum, apenas improvisando uma roupa e fazendo uma maquiagem.

Enquanto se encaminhava para o corredor dos armários, Lyna viu Lindsay Darling, um exemplo claro de quem realmente se empenhou em buscar uma boa fantasia e ainda mais uma criativa. A atual monitora do quinto ano estava vestida de chapeuzinho vermelho, uma versão dark dela... não, não, Lyna logo notou que na verdade a Darling estava fantasiada de Cerise Hood, personagem da animação Ever After High que é filha da chapeuzinho vermelho e do lobo mau, e de fato Lindsay havia ousado em sua fantasia, mesmo que a única coisa que Lyna conseguia pensar enquanto olhava para ela, era como ela havia tirado todo aquele glitter, considerando que ainda no dia anterior, dia em que a menina completou dezesseis anos, seu irmão mais velho, Finn Darling, havia achado uma ideia única e incrível de parabenizar a irmã, implantando uma bomba de glitter bem no armário dela. Lyna não viu, mas soube por Louise que a garota só tinha aberto a porta quando o brilho todo explodiu bem no seu rosto e cabelo, logo Finn e Rich apareceram ao lado dela, com suas caras felizes de sempre, usando chapeuzinhos de festa e segurando cornetinhas de aniversário enquanto gritavam felicidades pra menina.

Segundo Louise, faltou pouco pra Lindsay não matar o irmão naquele corredor.

Agora Lindsay estava entretida conversando com uma garota de cabelos castanhos fantasiada de múmia, usando uma tiara no formato de uma faca que transpassava sua cabeça, se Lyna não se enganava o nome dela era Lydia Snyder, e parecia difícil ver a garota Darling sem sua companheira inseparável, mesmo que elas fossem de clubes diferentes.

— Eu já disse que odeio o Halloween? — Uma voz cansada chegou aos ouvidos de Lyna de repente, no instante que ela alcançou seu armário. A garota se virou e viu Rose, usava um bonito vestido branco rodado e de manga longa, com botas de cano alto que chegavam até seu joelho, o cabelo em um estranho penteado com dois coques de lado que lembravam claramente um fone de ouvido

— Você tá vestida de quê? — Lyna questionou, e com razão. Rose era um claro exemplo de quem não se empenhava nada do Halloween, o que era uma pena já que com seus cabelos ruivos ela tinha uma infinidade de fantasias que poderia usar, mas sempre aparecia com algumas coisas estranhas que Lyna nunca tinha visto, como no ano anterior que Rose surgiu vestida de um personagem do filme "De Volta ao Futuro" e achava mesmo que algum dos seus amigos iriam entender, claramente Matthew Davies foi o único que soube de cara do que ela estava vestida

— Princesa Leia, óbvio. — Rose suspirou — Quem mais usaria um penteado lendário como esse? — Mas quando viu Lyna estreitar os olhos perdida, acrescentou: — Meu Deus, Aquila, é Star Wars. O que você assiste, hein?

— Filmes do meu tempo, talvez. — Lyna deu de ombros — Por que eu deveria conhecer coisas que nem minha mãe assistiu porque nem ela era nascida quando saiu?

— Hey, o filme mais recente de Star Wars foi lançado em 2019, okay?

— Sim e o mais antigo?

Rose suspira e cruza os braços.

— 77.

— Viu? Parece infinito, não vão parar de lançar filmes nunca, não?

Rose rola os olhos para o alto, mas decide ignorar.

— Você parece ter incorporado a Medusa hoje.

Lyna ri.

— Afinal você está com o relatório da programação do dia e o mapa? — A loira pergunta mesmo já sabendo a resposta

Imediatamente Rose tira seu celular da bolsinha e desliza a tela.

— Estou com tudo aqui, o cronograma completo do dia. De dez temos a abertura do evento, meio dia vão servir almoço na Copa, às três da tarde tem a tal banda de esqueleto, de cinco o Concurso de Fantasia, e a programação da noite você sabe, às sete tem a contação de histórias ao redor da fogueira com lanche, e às oito começa a tão aguardada "caçada". Agora só tem os estandes de jogos em cada parte da escola, os monstros só chegam depois das seis horas.

Lyna suspira, os braços cruzados acima dos seios.

— E você pretende fazer o que o dia todo?

— Matthew quer entrar no campeonato de videogame, disputar umas coisas e ganhar alguns brindes. Eu acho que vou olhar os estandes antes de me abrigar na biblioteca até a hora do concurso de fantasia.

— Antes do Rich te encontrar e explodir algo, você quer dizer, né? — Lyna solta uma risadinha, desistindo de guardar a mochila no armário ao se lembrar que as bebidas ainda estão ali

Rose, de repente, franze a testa.

— Rich? — Questiona demonstrando confusão

— Sim, Rosemary, o Frederich, todo ano aquele garoto arruma um jeito de quase conseguir uma expulsão, me admira ele ainda estudar aqui, com certeza deve ser influência da tia Sol.

— De que tia Sol você tá falando?

Lyna para de rir e encara Rose, que parece verdadeiramente confusa, o que deixa Lyna perdida.

— Como assim de que tia Sol eu estou falando, Rosemary!? A única que eu tenho, que nós temos na verdade. Sol Weasley, é claro, a prima do meu pai, Lestrange de nascimento.

Rose pisca os olhos levemente.

— Tá falando daquela que morreu quando nossos pais tinham dezesseis anos?

Lyna sente um desconforto percorrer todo o seu corpo assim que escuta aquilo. Mas que tipo de brincadeira Rose estava fazendo?

— Que morreu o quê, Rosemary?! — Lyna esbraveja — A tia Sol tá muito bem viva, casada com o tio George e tudo. Se tia Sol está morta, a Anne e o Rich são filhos de quem, hein?

— Lyna — Rose fala com muita calma, como se estivesse conversando com uma criança muito agitada que não consegue compreender —, de que Anne e Rich você está falando? Eu não conheço ninguém com esses nomes. E o tio George é casado com a tia Patty, óbvio. Dylan, Pollo e Didi, esses são os nomes dos filhos deles.

Lyna pisca os olhos levemente, mais assustada do que nunca enquanto capta as palavras de Rose, mas aquilo não faz o menor sentido, como faria!? Rose está lhe pregando uma peça, é claro que está.

— Ha Ha Ha. Muito engraçado, Rose, vejo que incorporou fo Rich esse ano! — Lyna murmura impaciente ajeitando a mochila nas costas — Quer saber, vou procurar alguma coisa pra fazer. Vê se acho o Al e o Scors, ou você vai dizer que eles também não existem!?

— Mas Lyna, e-

Lyna sai antes mesmo que Rose tenha chance de continuar a falar, está de fato irritada agora. Rose sempre comentou odiar brincadeiras e pegadinhas de Halloween e agora está aí pregando uma peça em Lyna, quem diria, né? A forma como os jogos tendem a virar.

Lyna não demora a avistar justamente quem estava procurando. Passando por uma porta de sala de aula toda decorada com o tema "Stranger Things", a loira encontrou um dos estandes de jogos. Uma garota vestida de coringa está jogando sinuca no canto da sala junto com uma outra garota de fantasia que Lyna nem mesmo consegue reconhecer, mas na verdade não era pra elas que ela estava olhando. Scorpius também estava ali, não era difícil reconhecê-lo, os cabelos platinados sempre chamavam atenção, e mesmo que ele estivesse usando uma pintura facial muito bem feita de caveira, Lyna conhecia bem de mais o irmão para não o reconhecer.

O loiro estava muito bem entretido, do lado oposto à mesa de sinuca, atirando argolas de neon em uma tábua inclinada a uma distância considerável dele que continha pelo menos cinco pequenos chapéus cônicos de bruxa, os quais o garoto estava mirando.

— Boa, Scors. — Alguém parabenizou sorrindo quando o loiro conseguiu acertar mais uma argola no chapéu. Lyna olhou e reconheceu Melinda Grimmett, usando um simples traje de bruxa que era apenas um belo vestido preto rodado, uma meia-calça arrastão com um desenho que parecia teia de aranha e um chapéu cônico, parecido com os quais Scorpius mirava à frente dele

Mel estava sorrindo. Um copo transparente com líquido laranja na mão, na parte de fora o desenho de um rostinho assustador tinha sido feito no copo, fazendo-o parecer uma perfeita abóbora de Halloween. Chiara estava ao lado de Mel, seu traje tão perfeito e elaborado como todos os anos. Claramente Kiki estava vestida de chapeleiro maluco, seu cabelo estava laranja e ela ostentava um belo traje muito bem colorido, meias brancas chegavam-lhe até o joelho e, nada surpreendentemente, Chiara usava enormes botas pretas. Sapatos muito altos e muitas vezes extravagantes sempre foram sua marca registrada, considerando que Chiara é tão baixa quanto a própria mãe de Lyna, e ainda pior, já que a garota tem ainda três centímetros a menos que Rox Malfoy.

— A Medusa mais linda do mundo apareceu, galera. — Kiki sorriu assim que a viu, erguendo o copo com sua bebida pra ela, o copo de abóbora igual à de Mel

— Alguém quer o prêmio, hein. — Albus acusou, parecendo muito bem entretido observando a mesa de doces, todos muito bem tematizados com a vibe de dia das bruxas, como toda a sala e os próprios jogos

Albus e sua fantasia não surpreendiam ninguém. O garoto estava com uma roupa casual, trajes pretos de sempre, a camisa sem mangas que deixava aparente todo o sangue falso que o garoto jogara pelo corpo, alguns ferimentos de mentira bem aparente nos braços e no rosto. Preso à suas costas havia duas grandes armas muito realistas.

— E você tá vestido de que, Albus? Atirador de elite?

— Eu sou alguém em um apocalipse zumbi, é claro. — Disse o garoto puxando uma das duas armas para frente, e parecia com um humor ótimo, os olhos quase brilhando para elas — Olha isso, uma belíssima M416 realista, e a outra é um rifle MTR16. Lindas, não? Elas atiram orbeez, tô com uma bolsa grande de munição na mochila e elas já estão com o pente cheio, então vai ser incrível caçar os monstros com elas.

— Achei que era pra caçar os doces, não os monstros. — Lyna rebateu quando se aproximou deles

Scors riu virando-se pra olhar a irmã.

— O Al também trouxe armas pra gente. Eu achei que ele ia arrumar, mas na real cara tem um arsenal de armas de brinquedo.

— Não chama de armas de brinquedo, Scorpius, elas se machucam. — Revidou o Potter acariciando sua arma como se fosse um bebê

— Olha isso, Lyna. — Chiara sorria quando puxou de um ponto atrás dela uma enorme arma que mais parecia um monstro. Lyna não entedia nada de arma, mas aquela parecia potente — Uma metralhadora. Ela não atira orbeez como a do Al, essa é de água mesmo, mas ele também me trouxe um fuzil de orbeez. Ótimo pra eu testar minha pontaria.

— Eu peguei duas pistolas, mas a minha mira é péssima e eu não entendo nada de armas. — Disse Scorpius

— Eu peguei uma pequena também, não sei nem engatilhar. — Disse Mel — Não que faça diferença, é estranho uma bruxa com armas, não é? Eu deveria afastar os monstros com feitiços.

— Só tenho mais duas na mochila, Lyna, são suas. — Informou Albus apanhando um doce da mesa que parecia uma espécie de olho — Uma M92 e um rifle M4a1, também de orbeez, as duas já tão carregadas.

Lyna pensou na distração que portar armas traria, impedindo-a de surtar com os monstros.

— Okay. Onde estão?

Albus indicou uma mochila preta apoiada no canto da sala, próxima à um bizarro protótipo de forca.

— E vocês não separaram armas pra Louise? Tenho certeza que ela iria achar divertido atirar nos monstros. — Comentou Lyna quando se abaixou pra abrir a mochila de Al e observar as armas

— Quem é essa? — Chiara questionou

— Ficante nova, Lyna? — Albus a observa de forma divertida

Há confusão no rosto de Lyna quando ela se vira e os encara.

— Vocês também estão na mesma brincadeira da Rose, é?

Mas eles parecem confusos com a acusação.

— Vão dizer que não conhecem a Louise Finnegan agora, do mesmo jeito que a Rose disse que não conhece nenhum Rich?

— Deveríamos conhecer? — Scorpius franze a testa — Você que é a conhecedora por aí, Lyna, não a gente.

Lyna se toma de uma fúria sem tamanho, irritada que todos estejam mesmo brincando com a sua cara bem no Halloween.

— Quer saber!? Brinquem sozinhos, não quero arma nenhuma. Brincadeira chata de vocês!

E assim Lyna ajeita sua mochila nas costas e sai da sala, ignorando os chamados deles enquanto segue pelo assombroso colégio, a decoração assustadora e as fantasias monstruosas não chegando aos pés da raiva que a garota está sentindo.

Lyna saca o celular do bolso, tentando achar algum sinal de Andrey, mas não há uma mensagem sequer, o que só a deixa mais irritada. Ela solta um suspiro assim que avista a lanchonete da escola enquanto caminha, seus olhos percorrem as pessoas ali rapidamente até que se deparam com um perfeito "Jack Esqueleto" sentado em uma mesa rindo, como se não tivesse se formado há dois anos.

Sem demora, Lyna se apressa e avança em passos rápidos até a mesa que Jaysix está, pois se Jaysix Potter está aqui, ela sabe que Andrey também está.

— Olha só a Medusa, fechem seus olhos, rapazes. — Brincou o primo assim que notou a aproximação da loira

Os dois amigos de Jay riram. Nate usava um terno comum combinado com luvas de couro e tinha um chapéu preto na cabeça, em seu colo estava o complemento da fantasia, uma espingarda tão realista quanto as armas de Albus e uma máscara branca com uma cara risonha sinistra, que provavelmente o garoto tirara pois estava ocupado tomando uma bebida verde que parecia fumegar. Ercan, ao seu lado, estava sinistro. Ele tinha feito algo no cabelo para ficar espetado e usado de pintura facial para simular umas espécies de queimadura pelo corpo, em evidência no pescoço, todo o queixo e a parte abaixo do lábio inferior, e as bolsas dos olhos, isso sem falar na simulação de pregas sobre as linhas roxas, alguns piercings de argolinhas que faziam parecer que a parte roxa havia sido costurada com a pele.

— Que diabos vocês são? — Lyna não pôde evitar estreitar os olhos para eles

— Você não vê anime, não? — Ercan pareceu nitidamente ofendido — Eu sou o Dabi, é claro, de Boku no Hero. Ok, você não conhecer o Sniper Mask — E nisso indicou Nate —, mas como você não conhece o Dabi?

— Tão me confundindo com a Chiara, é ela que assiste animes, não eu. — Lyna cruzou os braços — Pareço otaku? Ou mesmo nerd geek?

— A namorada do Jay reconhece, mas acredita que ela só viu dois episódios de Boku no Hero e jurava que o Dabi era uma versão vilã do Deku? Quando ela descobrir que ele é irmão do Todoroki, a cabecinha dela explode. — Ercan comenta divertindo-se, na sua reta na mesa há um prato com um sanduíche em formato de caixão que o garoto logo trata de pegar

— Ela não viu muitos animes, Ercan. — Conta Jaysix rindo — Pelo que eu sei ela só terminou completo mesmo um, e leu o mangá, com certeza porque tem crush em um dos personagens, mas sinceramente, nem Tokyo Revengers que ela morre de amores pelo Mikey, ela acabou. Ela tem um pôster do Mikey no quarto, e do Obanai Iguro de Kimetsu, e do Todoroki, claro. Segundo ela são seus crushs supremos e nem eu chego aos pés dele.

Nate começa a gargalhar.

— Trocado por um personagem 2D, Jaysix.

— Melhor do que ser por um cantor, não acha? Os personagens 2D não existem, são só animações, ela pode adorar eles, isso não vai fazê-los sair dali pra ficar com ela, mas cantores são reais, podem até está longe da nossa realidade, Nate, mas eles existem.

— Ihh, ele te pegou agora, Nate. — Ercan gargalhou

Lyna franziu a testa sem entender a conversa deles, a não ser o fato de que possivelmente o Nate tem crush em alguém que é fanático por algum cantor famoso. Lyna se perguntou se Nate agora estava gostando de outra pessoa, pois sempre suspeitou que ele fosse afim de Dove Zabini, e a garota nunca fez a vibe "fã de artista", mas isso não era o que mais a intrigava.

— Não fazia ideia que a Dassy via anime, não é nada a cara dela.

— Dassy? — Ercan, que acabara de mordiscar seu sanduíche em formato de caixão, a encarou confuso

— Está falando da Hadassa Harper? — Jaysix completou já que o amigo estava ocupado mastigando pra fazer isso — O que tem ela?

— Sua namorada, né idiota? — Lyna rolou os olhos, sem paciência para a lerdeza Potter

Jay franziu a testa.

— Você tá louca, Ethelyna!? — Esbravejou de repente olhando para um lado e para o outro como se temesse que alguém tivesse ouvido — Quer que eu morra!? Deu pra inventar mentiras de Halloween agora foi? A Lene tá aí, se ela escuta uma coisa dessa ela me mata.

— Quer fazer o coitado morrer, Lynazinha. — Ercan riu

— Enforcado, degolado ou esquartejado? — Nate analisou ainda rindo — Ela é pequena, mas é assustadora quando se irrita.

Lyna fica mais perdida do que já estava, mas a resposta para suas dúvidas logo aparece.

— Acredita que não tem pasta de amendoim? Definitivamente não tem! — A voz parece infantil e um pouco manhosa e vem justamente de uma figura baixa com os braços cruzados que para assim que se aproxima de Jaysix. Seu cabelo castanho avermelhado está preso em marias-chiquinhas com algumas mechas rosas entre ele, seu traje parece extremamente fofo em tons rosa e preto, uma fantasia muito bem feita e exata da Draculaura, personagem de Monster High que é filha do Drácula. Tal como Chiara, a garota usa enormes botas de salto, sendo essas rosa e de cano longo com cadarço preto

— Não, amor? — Jay a olha com carinha de bobo parecendo lamentar aquilo — Tem certeza?

— Tenho sim. — A maquiagem está toda fofa, cílios enormes, delineado aparente, e os lábios bem rosa, além de um coraçãozinho ter sido desenhado abaixo do olho esquerdo. Lyna também notou que a garota estava usando presas de vampiro — Por isso eu fui lá perguntar. Queria milkshake de creme de amendoim, você sabe que é o meu sabor favorito, mas não tem, definitivamente não tem amendoim. Que ódio! Eu não quero chocolate, é muito normal.

Lyna não demora muito mais para reconhecer a garota na sua frente. Selene Sharman-Robbins, a garota que Andrey disse ter surtado por medo de um palhaço na "Noite do Terror" em que eles estavam no sétimo ano. Lyna não a conhece bem, apenas o básico: Dezenove anos, filha da melhor amiga de sua tia Ginny, Demelza Robbins, com uma segunda mãe chamada Chrissy Sharman, e é irmã mais velha de Cody, um garoto da sala de Lyna que faz parte do time da escola e atualmente está saindo com Lilu Potter (irmã mais nova de Jaysix e Albus). Lyna também sabe que ela trabalha em uma das livrarias Nott's Book, a mais próxima da escola, junto com Brutus Nott, seu também melhor amigo, desde que ela e Jaysix se afastaram em seus primeiros anos de Hogwarts. Segundo Andrey, antes disso Lene e Jay eram amigos inseparáveis, ele acha que Dove Zabini – a garota por quem Lene foi apaixonada por quase seis anos, mesmo que a garota fosse claramente hétero – é a principal culpada por Jay e Lene terem se afastado.

— Selene? — Lyna acaba soltando, pois aquilo é bizarro demais para ser verdade. Jay e Selene? Isso não faz o menor sentido, eles até voltaram a ser fortes amigos com o tempo e Lyna sabe que eles já haviam dormido juntos uma vez, mas Jaysix dormiu com metade das meninas de Hogwarts, não fazia diferença. E agora, Lene estava saindo com Ártemis Guarlotti, não era isso?

— Ah, oi Lyna. — Selene a olhou e sorriu, os caninos de vampiro ficando bem aparentes — Você ficou linda de Medusa. Adoro mitologia grega, e também gosto de cobras.

Jaysix acabou soltando uma risadinha.

— Qual a graça, James Sirius? — A menina o encarou nitidamente séria

— É que você tem medo de cobras. Bom, e de qualquer coisa que se mexa. — O garoto comentou rindo até receber um cascudo na cabeça — Ai, amor!

— Cala a boca, James!

— Para de me chamar de James, Lene, você não gosta quando eu te chamo de Selene. — O garoto fez bico, claramente sendo dramático

Lyna ainda está confusa e completamente perdida. James e Selene? Mas James estava rendido pela Hadassa. Isso agora não parece uma simples pegadinha.

— Hey. — A menina tenta manter a cabeça no lugar e observa os quatro à mesa, assim que Selene puxa a cadeira ao lado de Jaysix — Cadê o Andrey?

— Quem? — Lene pergunta desviando o olhar momentaneamente do milkshake de cookies que Jaysix oferece pra ela em substituição do creme de amendoim

— Andrey Finnegan! — Lyna suspira — Onde ele está que não está com vocês?

— E quem é esse e por que estaria com a gente? — James a olha — Não conheço ninguém com esse nome.

— Nem eu. — Ercan e Nate completam

— Muito menos eu, posso até já ter visto, mas sou péssima com nomes. — Lene suspira e finalmente aceita o milkshake de cookies que parece a agradar assim que ela dá o primeiro gole — Hum, esse tá ótimo.

— Eu disse pra você. — Rebate Jaysix antes de olhar pra Lyna — Mas e aí, esse Andrey estuda aqui em Hogwarts?

Lyna sente ainda mais perturbação, a ideia de que eles estão brincando com a sua cara, mas agora ela percebe que não tem sentido eles também estarem brincando. Rose, seu irmão, Al, Kiki e Mel ok, são de sua turma e tem a possibilidade de estarem pregando uma peça em Lyna, mas a Marauders 2? Não, isso não faz sentido.

— Gente... vocês conhecem a Louise, não é? — Mas eles continuam perdidos — O Rich ou a Anne Weasley? — Eles negam novamente

Então Lyna lembra do que Rose falou mais cedo, que a única tia Sol que ela conhecia havia morrido quando tinha dezesseis anos, e é aí que as lembranças de Lyna vão inesperadamente para o livro. Se Sol Lestrange houvesse mesmo morrido em 1996, ela nunca teria se casado com George Weasley e consequentemente Anne e Rich não existiriam, mas isso não pode ser possivel. Lyna os viu ainda no dia anterior, e o que Andrey e Louise tinha a ver com isso? O nome dos pais deles nem estavam no livro.

— Lyna, você está bem? — James pergunta para a prima — Bebeu antes da festa?

A garota pisca levemente, tentando colocar as coisas no eixo, mas parece bizarro demais.

— Jay, você sabe da minha madrinha? — Lyna pergunta imediatamente, temendo ouvir que ela está morta assim como Sol Lestrange

— A Sra. Zabini?

— Quê? — Lyna grita, pois aquilo é ainda mais bizarro. Daphne não é madrinha de Lyna, como seria? Ela nunca foi amiga próxima de nenhum de seus pais, o seu marido, okay, era melhor amigo de seu pai, mas ela? — A Daphne Zabini?

— Daphne Zabini? — James questiona — Quem é essa? Eu tô falando da sua madrinha, Lyna, Lavender Zabini.

Lyna sente que está ficando maluca, é a única explicação plausível para o que acaba de ouvir. Sua madrinha Lav com o Prof. Zabini? Jaysix com Selene Sharman-Robbins? Ninguém conhece Andrey, Louise, Rich ou Anne? Mas que mundo é esse?

Ela pensa no caderno, as quatro mortes lidas por ela: Theodore Nott, Daphne Greengrass, Sophie Roper e Sol Lestrange. Será que Lyna está louca, será que eles realmente morreram?

Sem olhar para trás, Lyna sai depressa da lanchonete para o corredor, está tremendo agora, seu fôlego falhando enquanto ela tenta pensar, raciocinar o que está acontecendo. Seu fôlego está quase recuperado quando a garota pensa na única possibilidade plausível: James e os amigos também devem estar pregando uma peça nela.

É claro, todos devem ter se juntado para brincar. Jaysix e Lene nem se beijaram mesmo pra justificar que estão mesmo namorando, como se um universo paralelo em que Dove Zabini nunca existiu fosse o suficiente pra fazê-lós ficar juntos. Não, não, é tudo uma pegadinha, o caderno faz parte da brincadeira, é isso, claro, deve ter sido ideia do Rich... ou do Andrey. Lyna vai matá-lo assim que ele aparecer.

Lyna suspira, tentando não dá pra eles o gostinho de a ver desesperada e pensa exatamente como pode desvendar a brincadeira.

Ela pensa nas mortes. Se Theodore Nott morreu, Brutus e Tiberius possivelmente não existiriam, e obviamente os dois estão jogando, se Selene está, eles também. Então vem Daphne Greengrass... Dove Zabini não parece alguém que pregaria uma peça em Lyna, mas ela também na está na cidade para responder nada, Cameron Zabini, por outro lado, super aceitaria a brincadeira, mas e o Luke Zabini? Ele aceitaria? Talvez sim, sim se Cameron o convencesse. Depois de Daphne veio a morte de Sophie Roper, Lyna tenta pensar no que sabe dessa mulher, e só lhe vem à cabeça a Sra. Pierrete, claro, casada com Klaus Pierrete, Sophie é uma das amigas mais antigas do pai de Lyna. A loira consegue se lembrar que Sophie tem dois filhos, um já se formou em Hogwarts, mas o outro...

— Kyle Pierrete. — Lyna sussurra para si mesma tentando recordar, até que uma luz se acende em seu rosto — Claro, sexto ano.

Todos os outros parecem ter motivo para brincar com Lyna, a enlouquecer, mas não os irmãos Pierrete, a quem Lyna só conhece por vista, considerando que os dois já fizeram parte do time, e claramente Kyle ainda faz, então se alguém não estaria brincando, esse alguém era eles, por isso Lyna tinha que encontrar Kyle, comprovar que ele está ali na escola, e que tudo o resto foi só uma brincadeira.

Lyna suspira e tenta se concentrar no que sabe sobre Kyle para poder procurá-lo, mas o fato é que ela não sabia basicamente nada, somente que ele era do sexto ano e fazia parte do time de futebol masculino do clube das serpentes, e...

— Strike de novo! — Uma garota grita festejando, não está muito longe de Lyna, apenas passos à frente em um novo estande que tem uma pista de boliche, as bolas enfeitadas como abóboras e os pinos parecendo fantasmas. A garota está de costas pra Lyna comemorando, belos cabelos loiros caindo em ondas nas suas costas. Um corset muito bem acinturado está na sua cintura, acima de um vestido preto rendado, com babados na saia curta e mangas boca de sino nos braços, de modo que as mãos da garota quase sumiam ali, nas pernas uma meia rendada que alcançava suas coxas e uma botinha coturno pra completar o traje

— Você é a melhor! — O menino ao seu lado afirmou. O cabelo longo chegava até o ombro e suas vestes eram inteiramente pretas com uma jaqueta de couro

Lyna estava se perguntando do que eles estavam fantasiados no instante que a garota se virou, contente, e deu um rápido beijo no menino, depois de dizer um "Eu sei!". O batom vermelho dela manchando os lábios dele, e momentaneamente deixando aparente os caninos de vampiro e o sangue falso escorrendo pela boca dos dois, sem falar na lente de contato vermelha que ambos usavam.

Vampiros. Lyna odiava vampiros com toda a força, morria de medo deles, queria dar meia volta naquele exato momento, mas o problema é que ela acabara de lembrar algo sobre Kyle Pierrete. Ele era monitor de sua turma, junto com Tessa Crawford, sua também melhor amiga, e exatamente a garota vestida de vampira bem ali, na frente de Lyna. Se alguém saberia onde Kyle poderia estar esse alguém tinha que ser Tessa.

— Como está a pontuação mesmo, Alex? 38 a 10? — Tessa perguntava rindo no instante que Lyna se aproximava

— Nem vem, Tess, o jogo acabou de começar.

Alex Crawford. Lyna logo lembrou-se quem era a pessoa com Tessa, mas aquilo começara a ser um pouco estranho, não o fato deles serem primos e terem se beijado, mas o fato deles estarem agindo como se fossem... namorados? Se não lhe faltasse a memória, Lyna lembrava brevemente que ainda no ano anterior houve alguns problemas que vazaram em Hogwarts envolvendo Tessa, Alex e a prima dos dois, a própria Selene Sharman-Robbins, então ver Tessa e Alex se beijando na escola como se aquilo no ano anterior não tivesse acontecido é bem bizarro.

— Oi. — Lyna saudou assim que conseguiu se aproximar e deu um sorriso que pretendia que parecesse simpático e não que explanasse o quanto ela odiava vampiros

— Lyna. — Tessa observou, parecendo surpresa. Lyna não a conhece bem, e não pode dizer que são amigas, mas Tessa entrou no time de seu clube bem no ano que Lyna virou capitã, então há um certo nível de consideração — Algum problema?

— Sim, digo, não. — Lyna tenta não olhar para o falso sangue escorrendo do batom vermelho da loira à sua frente, então suspira — Só queria fazer uma pergunta, Tessa, se for possível.

— Ah, claro, pode dizer. Aliás, amei sua fantasia, capitã, acho que o prêmio é seu.

Lyna dá um sorriso e agradece, embora não pareça de fato verdadeiro por conta de seu nervosismo.

— Okay, Tessa, você conhece alguém chamado Kyle Pierrete, não conhece?

Os olhos da garota Crawford se estreitam levemente, confusos.

— Pierrete?

— Isso.

— Tem um Pierrete na minha turma, mas não é um garoto, é uma garota. — Tessa conta, e nisso seu olhar percorre o ambiente — A Phoebe. Filha de Pansy e Klaus Pierrete. Você deve conhecer ela, Lyna, ela namora com a Didi Weasley, sua prima.

— Didi Weasley? — Lyna repente, achando que está literalmente maluca, não só pelo nome, mas também pelo que ouviu a respeito da Sra. Nott com o Sr. Pierrete — A suposta filha do meu tio George e minha tia Patty?

Sim? — Tessa parece de fato confusa, então dá uma risadinha nervosa — Desculpa, Lyna, mas você tá bem?

Lyna sente o exato momento que o seu mundo cai no chão. Está tudo turvo e sua respiração ficou ofegante, Lyna ignora os chamados de Tessa e simplesmente sai, mais vozes chegam até ela, conversas, risos, sustos, também há uma música tocando. Lyna não consegue interpretar nada, pois tudo que ouve é um eco, suor pinga de sua testa e a loira só consegue pensar no caderno. "O Caderno da Morte", mas o que é aquele caderno? Como aquelas coisas podem ter acontecido?

O coração de Lyna se agita enquanto ela anda sem rumo, e, no momento em que uma mão agarra o seu ombro e a puxa para uma salinha, Lyna nem consegue gritar.

A garota percebe que está na salinha de limpeza no instante em que alguém liga as luzes, e ela pode olhar quem a puxou.

Se trata de uma mulher alta, muito bonita, que Lyna tem impressão de nunca ter a visto na vida. Seus olhos são pequenos e puxados, os traços asiáticos bem aparente, o cabelo preto muito liso e comprido, e ela usa franja. Surpreendentemente, parece ser a única pessoa em Hogwarts sem fantasia.

— Oi, Lyna.

— Quem é você? — Lyna continua nervosa, seus pensamentos ainda se decaindo sobre o caderno, sem tempo para raciocinar o que essa mulher pode querer com ela

— Sou a Ayumi. Ayumi Nakamura. — Apresenta-se a mulher — Você está com ele, não é? Você está com o caderno.

Há tensão no rosto da mulher com aquela afirmação, e Lyna sabe bem de que caderno ela está falando.

— O Caderno da Morte. Você... você sabe o que é ele? — O desespero salta a voz de Lyna, querendo respostas — O que tá acontecendo? Como... como isso parou nas minhas coisas? E agora as pessoas...

— Você o abriu, não foi? Você leu?

Os batimentos de Lyna ficam descontrolados com a afirmação.

— Li, li, mas foi só algumas páginas. Eu... eu não sabia o que era.

A mulher suspira, com temor.

— Era isso o que ele queria. Ele queria que fosse lido, só dessa forma ele ficaria liberto.

— Ele... ele quem?

— A pessoa que escreveu o caderno, óbvio. Um garoto que morou aqui... há vinte e sete anos, até que ele morreu, aqui em Hogwarts.

— De quem você está falando?

— Você não tem tempo, Lyna, você precisa destruir esse caderno.

— Mas... mas...

— Você precisa antes que seja tarde de mais, o caderno descreve sete, sete exatas mortes que supostamente aconteceram em outubro de noventa e seis, todas na tentativa de parecer um acidente, nenhuma realmente um acidente.

Lyna sente que está mais agitada, o medo correndo por seu corpo sem se aquietar enquanto as palavras controladas de Ayumi chegam até ela.

— Ele quer se vingar, por isso você precisa acabar com isso. Você viu? A cada morte concretizada, pessoas desaparecem e uma nova linha do tempo é formada... Lyna, se você não o impedir, você vai ser a próxima a sumir.

— Meus pais. — Lyna nota tremendo — Eles estão no livro, não estão?

— Os dois. — A mulher confirma de maneira impassível

Lyna está tremendo, mas ela não pode sumir, não pode desaparecer assim.

— Não. Isso não pode ser possível. Eu não... eles... ninguém... Precisamos trazer eles de volta! Me diz que há uma forma de impedir tudo isso... eu não posso.... O Andrey...

— Há uma forma. — Ayumi desvia momentaneamente o olhar de Lyna e suspira, logo as íris castanhas estão nela novamente quando ela diz: — Você precisa ir à 1996.


















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a parte três será liberada em breve

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