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║🎃 - Parte VII

— HALLOWEEN SPECIAL —
SCREAM: Sombras do Passado

VII. O ÚLTIMO ATO

   Millie e Ernie só descobriram do mais recente assassinato no outro dia, e, ainda mais, por intermédio da babaca da repórter Rita Skeeter. Naquele ponto, eles já sabiam que não deveriam ficar brincando, alguém estava finalizando qualquer um que tentasse ajudar Millie, o que não era nada bom. Até o jornal estava começando a especular que os assassinatos estavam interligados, que Londres estava sendo assombrada por um tenebroso Serial Killer, um misterioso e brutal assassino que estava sendo surpreendentemente comparado com Jack, o Estripador, que parecia até mais brutal.

   Para piorar tudo, era véspera de Halloween, e isso só deixava o clima mais assombroso, como se o serial killer estivesse só esperando para o tão temido Grand Finale.

— Temos que fazer alguma coisa. — Millie encarou Ernie

  Eles estavam sentados no sofá já há alguns minutos, em profundo e longo silêncio, e só agora algum se pronunciava.

— Parar com isso de uma vez, antes que mais pessoas morram. — Prossegue ela, sua fala firme e intensa

— Só precisamos de um plano. — O loiro suspira, se remexendo no lugar — Um excelente plano, sem falhas. Não temos como saber quem o assassino quer e por quê, então temos que atraí-lo.

   Os dois se entreolham e há intensidade na forma como aqueles olhos azuis parecem se compreender.

   Eles se encontraram com os amigos no Beto's na hora do almoço. Lisa, Tony, Isaac e Ginny já estavam lá quando eles chegaram, não se mostrando muito preparados para o que estavam prestes a ouvir.

— Isso só tá piorando. — Isaac solta o ar, sua voz levemente trêmula enquanto mexe o canudo em seu smoothie de pistache, sem parecer querer beber

— Sabem o que eu acho que deveria ser feito, né? — Tony os encarou, seu tom sério, mas mantendo a voz em um tom baixo, notando como o grupo na outra mesa parecia interessado até demais no assunto — Ir a polícia, óbvio! Não viram o jornal? É o melhor a ser feito, eles já sabem que se trata de um lunático mascarado, mas não sabem sobre os bilhetes que deixaram pra você, Millie, nem que isso tem a ver com o Mark. A polícia pode fazer algo, nós não.

— Ah. — Lisa soltou uma risadinha — E até chegarmos lá, morrer também? Porque, pelo que eles disseram, qualquer um que os ajude tá indo de Beatles, então dou graças a deusa Rosetta Tharpe que eu não sei informação nenhuma.

— Deusa quem? — Millie encara a amiga

— Sister Rosetta Tharpe, a mãe do rock, claro. — A garota dá de ombros

— O "deus" do rock não seria o Elvis Presley? — Isaac questiona um tanto intrigado

   Ginny solta uma risadinha já percebendo a mudança na expressão de Lisa quando a ruiva fecha o rosto e se remexe no assento, pousando sua taça de sorvete na mesa.

— Eu odeio a mídia. — Resmunga ela — O rock foi praticamente criado por uma mulher negra e lésbica, mas claro que foi ofuscado por um homem branco, é claro que Elvis que ia ganhar a popularidade. Um homem cis, branco e hétero no topo, qual a surpresa?

— Nenhuma, ginger. — Ginny passa uma mão pelo ombro da namorada tentando acalmá-la — A sociedade é uma merda.

— Acho que perdemos um pouco o foco. — Millie tenta intervir e contornar o assunto — Mas é isso, não dá pra ir a polícia, nem sabemos se vão mesmo acreditar ou se vão querer nos ouvir, e, até lá, o assassino pode ser mais rápido.

   Ernie suspira.

— Um assassino. Dez mortes. Cinco dias. — Calcula ele — Alguns mortos por tabelinha.

— Como os outros dois do posto de gasolina que morreram só por estar lá. — Comenta Tony

— E Heather e Noah que morreram por estar com o Gaspard na hora. — Completa Millie — Assim como a Rubi com... com o Draco.

— Mas e o Comárc? — Lisa questiona, atraindo a atenção dos amigos — O que ele sabia?

   Millie franze a testa, levemente intrigada, como se só agora considerasse a questão.

— Foi outra morte por tabela. — Pondera Ernie — O assassino estava atrás de Millie naquela noite.

— Uma pista temos. — Diz Isaac voltando a pegar sua bebida, mas ainda parecendo enjoado demais para beber — Sabemos que o cara é brutal e não se importa em matar qualquer um no caminho até chegar no seu objetivo.

— "Cara". — Lisa murmura — E por que você acha que é um cara?!

— Uma mulher não faria isso. — O amigo rebate, meio retraído — Serial Killers normalmente são homens brancos.

— Sabia que eu consigo citar pelo menos dez nomes de mulheres que foram assassinas em série bem mais brutais? — Ela retruca, assumindo uma nota irritada muito rápido — Nem sempre mulheres são anjos indefesos, querido.

— Isso... isso quase te faz parecer suspeita.

— Pelo amor de Deus, Isaac. — Lisa bate a mão no rosto

   Millie suspira fundo, seu olhar passeando para as outras mesas, tentando perceber se estão sendo observados, pois de alguma forma, algo não parece certo.

— Hey. — Ginny implica, o tom um pouco mais alto enquanto interrompe Lisa e Isaac — Temos uma pista, ao menos, o assassino quer a Millie, não é?

   A mencionada suspira fundo, voltando a olhar para os amigos.

— Quer que eu esqueça a investigação, isso sim. — Ela suspira —  Ao que parece, as coisas voltariam ao normal se eu tivesse deixado tudo quieto. — Então seu tom fica mais firme — Mas e o tormento? Eu não posso deixar o meu irmão sem justiça, e então agora, o Draco... e todos os outros.

   Ginny suspira.

— Eu tenho uma ideia. — Começa ela, se inclinando na mesa e abaixando o tom de voz — Eu estou com a chave da casa de campo dos meus pais, sabem, é bem afastado da cidade, duas horas de carro praticamente. Eu tinha outras ideias para o fim de semana, mas... vocês não acham que parece o lugar perfeito para planejarmos um plano e acabar de vez com esse assassino? Tipo, ninguém pode encontrar a gente lá. Vamos estar seguros. E quanto mais o tempo passa... parece melhor pra ele, não pra nós.

Amor. — Lisa franze a testa quando se vira pra ela — Você que tá meio suspeita agora.

   Ginny sorri.

— Ah, claro. — Disse em um tom de ironia — Descobriram meu plano maléfico, que horror. — Então encarou a namorada — Meu Deus, Lisa, foi você que pediu pra eu pegar as chaves da casa de campo, esqueceu? Seria o nosso fim de semana romântico.

— No Halloween? — Isaac ergue uma sobrancelha

   As duas garotas ruivas o encararam, no que o menino se retraiu, erguendo as duas mãos.

— Tá, tá, me desculpem se eu acho assustador ir pra uma casa de campo afastada de tudo, bem no Halloween. Ainda mais com um assassino à solta.

   Ernie aperta a mão de Millie distraidamente por debaixo da mesa, acariciando-a e enviando uma nota de eletricidade pelo seu corpo enquanto a menina só suspira, tentando pensar no que fazer.

— Talvez a Ginny esteja certa. — Ela diz com a voz mais suave — Nana foi morta na própria casa, no próprio quarto. Estamos tão seguros aqui quanto em qualquer lugar. Talvez um ambiente afastado seja exatamente o que a gente precise, sabem, para pensar como acabar com esse assassino de uma vez por todas.

   Eles se entreolham, o olhar cheio de significado quando entram naquele consenso mútuo, Isaac ainda parece um pouco assustado, mas logo cede, sabendo que não tinha pra onde fugir, e, como um bom entendedor de terror, ele sabia bem o que acontecia quando alguém do grupo ficava pra trás.

xxx

   A viagem aconteceu naquele mesmo dia durante a tarde, eles haviam combinado de se encontrar no centro de Londres, antes dos três carros partirem juntos, seguindo o Escort XR3 de Lisa até os arredores de Bournemouth, localidade onde se encontrava a casa de campo dos Weasley. Millie e Ernie não conversaram muito durante a viagem, momento que ela aproveitou para ocupar sua mente e mexer no aparelho de som do automóvel, admirando os CDs player que o garoto possuía.

Mozart. — Millie o zoou certa hora ao ler as músicas gravadas da capa de um dos cds — Você escuta música clássica quando dirige?

— Qual a graça? — Ele questiona com o olhar indo rapidamente pra ela e se afastando, um risinho no rosto — Você também adora música clássica.

   A garota apenas balançou a cabeça negativamente, um sorriso transparente, antes de pegar um cd específico e o colocar, atraindo assim o olhar furtivo de Ernie assim que Everybody de Backstreet Boys começou a tocar.

— Só pra lembrar, o Cd é seu. — Ela retrucou com um sorrisinho satisfeito. Suas mãos ainda segurando a capa com a setlist que informava todas as músicas gravadas ali, não era o Cd oficial da banda, mas uma playlist montada pelo próprio Ernie, que continha músicas de outros artistas como: Oasis, Michael Jackson, 'N Sync e até Britney Spears.

   Foi bom ouvir aquelas músicas, como uma distração do mundo exterior, considerando que Millie não conseguiu dormir durante a viagem, seus olhos apenas fitando o caminho e ouvindo a melodia da qual nem conseguia discernir a letra. O aroma fresco da grama e das flores silvestres invadiu o carro quando Millie resolveu abrir o vidro para senti-lo, admirando a simplicidade dos vilarejos pitorescos por onde passaram, observando as casas de pedra com telhados de colmo que exalavam um charme rústico. Crianças brincando nas ruas, parecendo felizes, apesar da humildade.

   Estava anoitecendo quando o carro de Lisa contornou o trecho da cidade e se desviou para uma combinação de florestas densas e campos abertos. Um lugar onde a estrada se estreitava e se transformava em uma via coberta por árvores altas que formavam um dossel verde sobre a pista. O carro deu uma balanceada no terreno íngreme, mas Millie pareceu mais interessada quando se inclinou na janela.

   Demorou ainda dez minutos, até o carro de Lisa parar, foi quando perceberam estar de frente a uma porteira imponente, feita de ferro forjado, que se abriu automaticamente depois de alguns segundos, logo permitindo que Lisa seguisse, e então Tony em seu conversível, antes de Ernie fazer o mesmo.

   Na medida que se aproximavam, a magnitude do edifício ficou mais visível aos olhos azul-Safira de Millie. A casa de campo dos Weasley era, sem dúvidas, incrível, uma magnífica mansão de estilo georgiano, com inúmeras janelas grandes e de vidro. O terreno é vasto, com jardins bem cuidados, fontes elegantes e um caminho de pedras que se estende até sua entrada.

    Está escuro, mas é uma noite brilhante e estrelada, e, ademais, a casa felizmente está com as luzes acesa, que parecem lançar-lhe uma luz bruxuleante.

Tudo, ainda assim, parece assustador, uma casa tão grande e vazia em plena véspera de Halloween.

   Os três carros param em frente a casa, Lisa e Ginny são as primeiras a saírem, mas Millie e Ernie logo fazem o mesmo, o garoto fazendo questão de pegar as duas mochilas dos dois enquanto contornam o carro e se aproximam dos amigos.

— Uau. — Isaac ia dizendo com o olhar na entrada da casa

— Incrível, não é? — Ginny riu, rodando a chave nos dedos e segurando na mão de Lisa enquanto se aproximavam da casa

— Eu ia dizer "assustador". — O menino diz em voz baixa, também começando a subir os degraus junto com Tony, Millie e Ernie

   Ao entrar na mansão, os garotos são recebidos por um hall espaçoso, com tetos altos. O chão é coberto por um tapete persa, que amortece os passos e adiciona um toque de elegância ao ambiente. Nas paredes, retratos abstratos e interessantes os observam com olhares curiosos, como se estivessem avaliando os novos inquilinos da casa.

Millie, como uma boa amante de arte, demorou alguns segundos a mais analisando e admirando os quadros, tentando não dar voz ao remorso de notar como a família Weasley os superara drasticamente.

   Passando pelo hall, os garotos chegam na sala de estar, onde um grande sofá de couro marrom se destaca, cercado por poltronas confortáveis e uma mesinha de café repleta de livros e revistas. De fato, a casa não parecia estar vazia há muito tempo, Ginny devia ter conversado com os empregados e avisado que estaria indo, por isso o lugar parecia impecável, como se alguém estivesse estado ali há pouquíssimo tempo.

   Millie analisou o resto do ambiente, notando uma escadaria de madeira escura que se erguia até o andar de cima, e então a lareira forrada com uma brasa suave, proporcionando uma luz quente e convidativa. As estantes ao redor estavam repletas de objetos de arte e fotografias, além de muitos livros, e outras prateleiras específicas com uma coleção de DVDs e fitas VHS que sugeriam excelentes noites de cinema passadas em família. Millie conseguia claramente imaginar todos os Weasley ali, naquela sala, comendo pipoca e rindo enquanto assistiam a um filme na tv do lado oposto, todos sorrindo como uma família feliz.

   Esse sentimento lhe lembrou do que nunca teve, nem quando ainda morava com seus pais.

— Não sabia que você ou seus irmãos tocava piano. — Comenta Tony, seus olhos se desviando para o piano de cauda no canto da sala

— Não tocamos. — Ginny sorriu, enquanto se espreguiçava, fazendo pouco caso — Bom, o Rony arrisca um pouco, mas quem gosta mesmo é o papai. — A garota andou até as escadas, seus olhos observando o andar de cima — Querem guardar as coisas nos quartos? Logo a gente desce e tenta pensar em um plano.

   Ginny os dividiu ao chegar no corredor do segundo andar, indicando três quartos, com a suposição de que Millie e Ernie ficariam juntos. O que ela aceitou de bom grado, antes de indicar um quarto para Tony e outro pra Isaac, considerando que Lisa ficaria com ela.

— São os quartos dos seus irmãos? — Tony questionou, mesmo que já imaginasse a resposta

— Sim. — Ela os olhou com um olhar divertido, mexendo em seu cabelo ruivo e fazendo um coque no topo da cabeça  — A nossa casa de campo só tem oito quartos, não é muito comum trazermos visitas quando todos estão aqui, então são os quartos dos meus pais, o meu e os dos meus irmãos. Não costumo mexer no quarto dos mais velhos que fica no andar de baixo, então...

   Millie encarou a porta na qual Ginny havia indicado que ela e Ernie poderiam ficar, e ela sabia bem de quem deveria ser aquele quarto, mesmo antes de entrar nele.

   Era um espaço de tamanho mediano. Duas janelas de vidro muito próximas, cada qual em um eixo da parede, uma cama de casal bem arrumada, duas poltronas ao lado da janela, além dos armários. Um criado-mudo do lado da cama com abajur e gavetas e então uma estante baixa cheia de livros, em sua maioria, historinhas de quadrinhos. Havia algumas plantinhas em uns vasos acima da estante, junto com bonequinhos de futebol. Em um quadro acima da cama, um pôster enorme da Copa Mundial de 1966, com jogadores felizes, usando vermelho e erguendo a taça, o também único título mundial da Inglaterra.

— Já adivinhou o dono desse quarto? — Millie cruzou os braços quando Ernie colocou as duas mochilas na poltrona e se sentou para tirar os sapatos 

— O seu fã número um dessa família? — O menino retrucou com um risinho

   Millie bufou e revirou os olhos.

— Ele que me odeia sem motivo.

   Ernie olhou para a porta no quarto, ao lado do closet, que deveria levar ao banheiro.

— Quer tomar um banho antes de descer? — Pergunta

— Queria era lavar esse quarto, quem sabe assim purificar todas as impurezas do ambiente.

   O menino solta uma risadinha, mas vai até ela, acariciando seu cabelo e tocando seu rosto de forma suave, a garota respira fundo, aceitando o toque e relaxando.

— Eu tô preocupada.

— Eu também. — Admite ele — Mas viemos aqui para pensar em uma solução, okay?

— Okay.

    Se passam alguns minutos até Millie e Ernie descerem e encontrarem com os amigos na sala de estar, o cabelo molhado e roupas quentes e confortáveis, logo eles percebem que os amigos tiveram a mesma ideia do banho relaxante e agora parecem estar passando por outro tipo de embate.

— Vocês tão de brincadeira né? Vocês querem assistir um filme de terror? — Mille pergunta, sem acreditar naquilo — Esqueceram por que viemos aqui?!

   Tony suspira.

— O assassino está usando a fantasia do Ghostface. — Lembra ele — E se ele só tiver tentando fazer o próprio filme? E se ele tiver se inspirado no enredo e nós só somos peças desse jogo?

— Isso faria um de nós ser o assassino. — Implica Isaac, abraçando as próprias pernas e encarando o chão, sua voz um pouco fina

   Ginny está sentada no tapete felpudo junto com Lisa, algumas fitas VHS espalhadas ao redor dela e da namorada, seu olhar vai para os dois garotos nas poltronas e deles para o casal que continua em pé.

— Não vai dar em nada se começarmos a desconfiar um dos outros. — Ela resmunga,

   Millie cruza os braços.

— Okay, e vocês acham que ver um filme vai ajudar?

— Se o maníaco tiver se inspirado aqui? Sim. — Reforça Lisa, seus olhos passando pela fita de pânico um e pânico dois que estão em sua mão

   Ernie puxa Millie para o sofá e os dois se sentam, a garota ainda incerta.

— Você foi a única daqui que viu o assassino e que falou com ele. — Diz Ernie para a namorada — Mas também é a única de nós que nunca assistiu a franquia. Eles tem razão, Millie, talvez assistir nos ajude a entender melhor.

   Millie suspira.

— Isso tudo só é tão... que tipo de pessoa perturbada saíria matando os outros, só porque viu em um filme de terror e achou legal? — Ela encara os amigos, sua voz levemente trêmula — É desumano.

— Gente maluca, com certeza. — Sussurra Isaac

   Lisa não espera nenhum comando quando se levanta e vai até o aparelho ao lado da tv, logo tirando a fita de "Pânico um" e colocando ali.

— Seria legal pipoca.

   Ginny sorri.

— Vem, Ginger, vamos preparar pipoca para essa galera.

   As duas garotas se levantam do tapete, indiferente a introdução do filme que começa na tv.

— A gente volta antes do filme começar a ficar interessante. — Anuncia Ginny

— Ei. — Isaac resmungou vendo-as rir e se afastar — Já vão desobedecer a primeira regra do terror?

   As garotas só riram, não o dando muita atenção antes de sumirem na direção do corredor. Millie só riu, se acomodando melhor no sofá e colocando os pés com meia sobre o colo do namorado enquanto apoiava o cotovelo no braço do sofá e o rosto na mão, seus olhos na tela.

— Somos vela, Zac. — Lenbrou-o Tony — Velas.

— Ninguém tá impedindo vocês de se pegar. — Millie implicou com um risinho

   Isaac ficou terrivelmente pálido quando a encarou e levou o dedo indicador aos lábios.

Shh. Você não tá vendo que o filme já vai começar?

   Millie deu de ombros e voltou a encarar a tela, surpresa como o título mal tinha aparecido antes da cena cortar para um celular fixo tocando, logo sendo atendido por uma atriz loira e bonita. Uma ligação errada, okay, parecia normal, mas o celular continua tocando. Seria alguém interessado nela? Ou melhor, sua mente foi perspicaz em ver os sinais, seria o assassino? Um assassino que gosta de ligar e atormentar suas vítimas antes de acabar com elas?

    A garota sentiu a mão de Ernie acariciar sua pele, embora a atenção dele estivesse na tv, assim como a dela, o toque parecia automático, um gesto protetor como se ele tivesse notado a agitação dela com o filme, a desconfiança, o medo com a tensão aparente.

— Eu tinha esquecido que ela tava em uma casa no meio do nada. — Isaac murmura e parece nervoso — Como a gente... e que estava prestes a assistir um filme de terror... como a gente. E que alguém está preparando pipoca...

— Caralho, Zac, você tá me deixando nervosa! — Implicou Millie fazendo o menino se aquietar, embora ele ainda parecesse nervoso 

   Millie soltou um grito junto com a personagem loira, assim que ela avistou o namorado no pátio, amarrado, amordaçado, sangrando. Ernie olhou para Millie na hora e deixou a garota ficar mais perto dele, colocando a cabeça em seu peito e as pernas para o outro lado.

— Calma, minha lua. — Ele sussurrou, mas mesmo ele não parecia confortável com o filme

   A tensão com a ligação continuava na tela, absorvendo toda a atenção da sala de estar, até um novo som os assustá-los, quase fazendo-os saltar.

   A campainha tinha acabado de tocar.

— Cristo redentor! — Isaac gritou

   Millie ergue a cabeça, intrigada.

— Quem deve ser?

— Por que alguém viria aqui? — Tony apenas olha

— E se for o assassino? — Isaac questiona, nitidamente pálido

— Ótimo jeito de quebrar o "efeito surpresa." — Comenta Ernie, também parecendo confuso

— Eu vou ver quem é. — Anuncia Tony se levantando, ignorando os pedidos dos amigos para que não fosse, mas o garoto anda diretamente até a porta, espiando pelo olho mágico, antes de suspirar — Vocês não tem ideia.

   Tony girou a maçaneta, e os garotos não puderam acreditar quando viram os rostos de Rony Weasley e Hermione Granger serem iluminados pela luz da sala, com expressões de surpresa e indagação.

Vocês? — Millie franziu a testa

   Hermione estava com o cabelo em um rabo de cavalo, quase parecia uma mulher de negócios, embora seu estilo estivesse mais para a Rachel da série Friends.

— Que vocês estão fazendo aqui? — Rony estreitou os olhos. Millie não se lembrava o quanto odiava até a voz daquele ser de cabelos ruivos e estilo despojado

— Nós viemos com a Ginny. — Tony responde, seu tom de repente tão sério e desconfortável — Não sabíamos que vocês...

— Ah, que legal. — Se adiantou Mione olhando para a tela — Vocês estão assistindo "Pânico". Esse filme é muito bom. Olha só ele, Billy Loomis. Ele é ou não é um gato?

   Rony rolou os olhos para o alto, indiferente.

   Millie olhou para a tela, só agora notando os novos personagens, nem conseguira ver o que aconteceu com a garota loira de cabelo curto e agora tinha aqueles dois atores, e sim, Millie com certeza concorda com Hermione, esse cara, Billy Loomis, é um gato.

Rony! — Ginny estava de volta, não parecendo muito contente — Que você tá fazendo aqui? Vocês, né? Oi, Mione.

   Hermione acenou, logo se jogando na poltrona e se sentando.

— Mamãe me disse que você pegou a chave da casa de campo. — O irmão respondeu com um dar de ombros, também se jogando no sofá ao lado da namorada — Imaginei que só você e a Lisa estivessem aqui, não que era uma festinha. Se soubéssemos, teríamos chamado Harry e Mason também.

   Millie olhou pra Ginny, com desconforto, não esperava que a noite tivesse esse desenrolar.

— Não é uma festa. — Ginny retrucou cruzando os braços — E você deveria ter ligado, eu pedi a chave primeiro, o fim de semana é meu.

— Por que não só... continuamos o filme? — Considerou Isaac

— E a Lisa? — Mione perguntou

— Na cozinha, estávamos fazendo pipoca e separando alguns doces. Só vim ver se está tudo bem mesmo, não esperava essa surpresa.

— Gin, eu tô com sede, onde fica a cozinha? — Millie perguntou, uma tentativa de só sair dali momentaneamente

— É só seguir reto por esse corredor. — Ginny indicou — Você logo vai ver o arco, a Liz tá lá.

— Okay. — Millie se levantou

   Sua cabeça martelava freneticamente, uma dorzinha chata que ela só tentava ignorar. Seus passos seguiram o caminho direto, mas Millie estava com um pressentimento nada bom, devia ser só porque não gostava de Rony e Hermione, ou tinha algo errado, algo muito errado ali.

   Millie avistou o arco que levava até a cozinha e entrou, seus olhos passando rápido pelo ambiente grande, em um modelo rústico, até que seus olhos se arregalaram consideravelmente.

Lisa! — Millie gritou

   Lá estava a cena mais horrenda que os olhos de Millie já presenciaram.

   Havia milho de pipoca espalhado por todo o chão, e Lisa caída aos pés do fogão, com os olhos semi-abertos sem foco, a boca em um grito silencioso. Suas mãos ensopadas de sangue estavam próximo ao pescoço, onde um corte profundo se abria, como se uma lâmina grande e afiada a tivesse cortado de uma vez.

— Lisa! — Millie gritou de novo se ajoelhando próximo dela e entrando em desespero, lágrimas caindo de seus olhos quando tentou sentir o pulso da amiga, mas não sentiu nada — Lisa, responde, por favor. — Ela se virou para o corredor, elevando a voz — GENTE!? GENTE? GENTE?!

   Lágrimas escorriam sem parar do rosto de Millie, ela começou a tremer.

   O assassino estava ali.

   Claro que ele estava ali.

   Passos irromperam pela cozinha quando Ginny apareceu, atônita. Os outros estavam com ela.

Liz! — Ginny gritou, o desespero tomando conta dela — O que você fez?

— Eu não fiz nada! — Millie gritou se virando — Eu cheguei aqui e ela... ela...

   Ginny se jogou no chão próximo a namorada empurrando Millie para trás.

— Ela estava bem quando eu saí e agora isso... — Seus olhos pareciam irados e desesperados — Ela tá morta! Minha namorada tá morta!

   Millie ficou ainda mais trêmula quando se levantou do chão.

— Só temos nós aqui, alguém fez isso! — Rony insistiu, encarando Millie

— Por que está me olhando? — Ela perguntou com a voz fraca e levemente embargada

— Não acuse a minha namorada! — Ernie se aproximou dela em sinal de proteção

— Só ela estava aqui. — Hermione a fuzilou — E a namorada da Gin morreu. O que explica?

— A Lisa é minha melhor amiga! — Millie gritou

— Precisamos ligar pra polícia. — Se adianta Tony nervoso

— Não tem sinal. — Isaac, que segurava um celular na mão, responde — Definitivamente não tem sinal.

   Millie apenas chorava, desesperada, o sangue em suas mãos.

— Eu não fiz nada! — Ela gemeu

— Alguém aqui fez! — Ginny gritou se levantando e enxugando as lágrimas com o canto do braço, porque as mãos brilhavam com sangue 

  O grupo se entreolhava, de um a outro, o desespero preenchendo o peito, o medo tomando conta do ambiente. A tensão nítida naquele silêncio que se arrastava, todos se observando como se não se conhecessem desde criança, começando a considerar o quanto confiavam em cada um.

— Não podemos começar a suspeitar uns dos outros. — Se apressou Ernie a falar — E se o assassino quiser isso? Que comecemos a desconfiar, a discutir, a querer se matar.

— E qual a garantia que o assassino não é um de nós? — Ginny o fuzila, seu rosto de luto sendo substituído por raiva, ódio

— E qual a garantia de que não é uma outra pessoa? — Ele retrucou — Nos observando e esperando o momento certo de agir.

— Eu disse... — Isaac ficou muito trêmulo e pálido — Eu disse que não deveríamos ter vindo. Eu disse...

   Bang.

   Um disparo.

   Sangue voou para todo lado da cabeça de Isaac.

   Os demais mal tiveram tempo de raciocinar até notar o vulto na janela aberta da cozinha, os encarando.

   A máscara em um grito aterrorizante.

   Um riffle de caça na mão.

   Ghostface.

— Merda! — Ernie puxou Millie para o chão antes do novo disparo

   Os garotos começaram a gritar, antes de se dispersar, correndo em desespero para sair do cômodo.

   Millie tremia, sentindo a mão de Ernie a segurando, quando também a puxou. Ela tentava urgentemente manter a mente no eixo e ser racional, mas ainda tinha o sangue de Lisa em suas mãos e isso a impedia de reagir.

   Seus olhos tatearam o lugar imenso, mas sua mente também podia ouvir o som do vidro espatifando e conseguia imaginar o assassino invadindo o lugar bem no seu encalço. Isaac... Lisa...

   Precisava correr, ele logo a alcançaria.

   Tinha muitos cômodos, o que só servia para deixá-la mais nervosa. Onde iria? Onde se esconderia? Como chamaria ajuda?

   Tony, Ginny e o Casal de Ouro haviam sumido no caminho até a sala de estar. Millie levou seus olhos até o hall. Será que Ernie e ela chegariam ao carro a tempo? Será que conseguiriam ir atrás de ajuda? Mas e os outros? Eles aguentariam até lá?

    Foco Millie, seja racional.

   Por sorte, ela sempre foi atlética, seu coração podia estar pulsando descontrolado, mas o desespero pela vida a deixou mais veloz quando tentou se adiantar para as escadas, subindo dois degraus por vez no desespero. Podia sentir Ernie um pouco mais atrás dela quando surgiu no andar de cima, os olhos passeando pelo corredor tentando pensar onde ir.

   Ela andou, mas mal tinha dado alguns passos quando sentiu ser puxada.

   Millie quis gritar, mas foi impedida quando uma mão cobriu sua boca e voltou a fechar a porta. Tinha olhos arregalados, mas também um tanto assustados.

   Ginny.

Shh. — Ela pediu, o que só serviu pra deixar Millie mais nervosa, pois podia ouvir os passos de Ernie do outro lado, a procurando

   Ela olhou ao redor. Era um quarto. Evidentemente devia ser o quarto do casal Weasley.

— Por favor, não grita. — Sussurrou Ginny, tirando a mão da boca de Millie e a soltando

— Que merda foi essa, Ginny? — Millie perguntou assustada, sua voz sussurrada, mas sem entender o que estava havendo — O Ernie...

— Millie, são dois. — Ela conta trêmula, nervosa, começando a rodar pelo quarto — Sempre são dois assassinos.

— Quê?

   Ginny se afastou da porta e começou a mexer na gaveta dos pais, ainda trêmula. Ela suspirou fundo antes de continuar.

— Os dois filmes de "pânico" seguem a mesma regra, dois assassinos. Se esse está seguindo mesmo os filmes, como achamos que está, deve ter dois. — E ela encarou Millie — O outro está aqui. O cúmplice é um de nós.

   Millie apenas pisca, incrédula.

— Você tava desconfiando de mim ainda pouco, por que agora...

— É o Ernie, Millie! — Ginny diz com firmeza — Ele é o assassino!

LEVEL UP

você acaba de passar de nível

a parte final

será liberada

em breve

✨🎮

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