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║🎃 - Parte I

— HALLOWEEN SPECIAL —
SCREAM: Sombras do Passado

I. O ECO DO SILÊNCIO

Outubro, 1998

     Tudo começa com míseros (para amenizar) casos de corrupção, assassinato, lavagem de dinheiro, crimes até sem cabimentos demais para ser descritos, como prostituição e até tráfico de crianças, crimes que evidentemente por lei devem acabar em prisão perpétua ou até mesmo pena de morte. E o que acontece quando seus próprios pais são acusados de estarem envolvidos em coisas tão bárbaras que você não tem coragem nem de pronunciar em voz alta? Cadeia, obviamente, isso quando a justiça consegue ser justa e agir com eficácia.

   Claro que tudo fica pior quando você nem mesmo consegue se manter, considerando que todo o dinheiro da família foi congelado, que tudo que você tinha foi aprisionado pelo governo, dito como "dinheiro sujo", e então, de um dia pra outro, você e seu irmão mais velho não tem mais nada.

   E onde ficam seus amigos quando você perde tudo? Eles somem, evidentemente somem.

   Mas se pensa que isso já é demais, que isso supera o que qualquer pessoa suportaria, lembre que tudo pode ficar muito, mas muito pior.

   Milenna Yaxley sabe bem disso, ela só tinha catorze anos quando seus pais foram presos, catorze quando teve que ver seu mundo virar de cabeça pra baixo, e, da noite pro dia, ser mandada junto de seu irmão mais velho para um miserável abrigo para menores, considerando que os únicos parentes que ainda possuíam, não tinha como conseguir a guarda dos dois irmãos, não quando acabavam de ser presos pelo mesmo motivo que seus pais, fazendo o único filho do casal também ser mandado para o mesmo abrigo. E, foi assim, que Milenna se viu tendo que se apoiar em seu irmão mais velho e no seu primo, sabendo bem como a partir daquele momento eles só poderiam contar uns com os outros, não tinham mais ninguém. Arrogância, dinheiro, tudo que possuíam, perdidos em um passado longínquo.

   Mas Marcus Yaxley fez 17 anos, Mark conseguiu sair do abrigo antes da irmã e do primo, conseguiu um emprego – mesmo que miserável – mas que o fez se esforçar ao máximo para conseguir assim a guarda dos dois que ficaram, parecia uma vida medíocre, bem diferente do que estavam acostumados, mas ele estava se esforçando.

   E então, como se tudo já não fosse ruim o suficiente, Marcus Yaxley morreu misteriosamente em uma noite avulsa de sexta-feira, no dia 14 de março de 1997. Um momento onde a polícia mostrou claramente o nível de importância que se dá aos descendentes de criminosos no nível do casal Yaxley, momento em que a justiça mostrou como dinheiro e poder interfere na maneira que um crime vai ser conduzido, já que nunca, nunca se importaram em investigar a fundo o que acontecera com Mark, alegando ser um mísero e triste acidente, deixando assim que Millie e Draco ficassem sozinhos novamente, sem esperanças, sabendo que precisavam de seus próprios esforços quando saíssem daquele abrigo, começando do zero, mesmo depois de experimentar os melhores luxos da vida.

— Mills, acabou o pão? — Ela escuta a pergunta vindo da cozinha. Com uma casa tão minúscula como aquela, era óbvio que dava pra escutar tudo de qualquer cômodo em que estivesse

— Acabou? — Ela gritou do chuveiro, de onde gotas de água terrivelmente geladas caíam sobre seu corpo. Millie lembrava-se vagamente de banhos com água quente, ou de sais de banho para relaxar na banheira, mas parecia fazer parte de outra vida, uma que não lhe pertencia mais. Água gelada era o que lhe restava, e era um luxo, desde a época no abrigo — Mas eu comprei ontem!

Quê? — O primo grita de volta — Sai logo desse chuveiro, eu não tô entendendo nada.

   Milenna saiu do pequeno banheiro, estava enrolada em uma toalha branca e usava sandálias simples quando em poucos passos entrou na área da cozinha. Um espaço minúsculo de pouco mais de dois metros com um amontoado de móveis velhos e de segunda mão que mal funcionavam direito, o que ficava claro pelo ruído irritante da pia que gotejava, ou do pequeno refrigerador barulhento.

— Credo, veste uma roupa. — O primo pediu se afastando do armário assim que a viu

  A garota ignorou se aproximando e abrindo as portas da parte superior do velho armário, onde tinha um amontoado de caixas de cereal vazias, alguns potes de vidro com arroz e feijão pela metade, uma lata de molho de tomate também quase vazia e um pacote de bolachas quebradas. Só quando tinha aberto a terceira porta foi que finalmente encontrou o pacote de pão integral, estava aberto e preso com um prendedor para mantê-lo fresco por mais tempo, apenas algumas fatias do conteúdo ainda ali.

— Você não acha nada, né? — Resmungou a garota entregando o alimento ao primo — Está cego? Como se o armário estivesse muito cheio pra você não enxergar um pacote de pão.

   O menino suspira e revira os olhos para cima, pegando o pacote e apoiando-o na pequena mesa de madeira para três que de alguma forma ficava naquele local apertado. Na mesa já estava um pote de geleia, uma caixa de leite, um prato e um copo, de modo que o garoto pálido só puxou uma cadeira e pegou uma faca para começar a se servir.

— Você deveria comer uma sopa de legumes ou um mingau. — A prima suspirou — Pão e geleia não são fortes o suficiente pra você trabalhar a noite toda.

— Eu não vou trabalhar hoje. — O menino diz, sem nem olhar nos olhos dela, sua preocupação inteiramente em passar geleia naquela fatia de pão

— Por que não? — A prima cruza os braços

   Draco a encara com seus olhos cinzentos, e só isso é o suficiente para a compreensão atingir a menina.

— Draco, não me diz que você foi demitido de novo!? — A menina o olha, exasperada — Você tá de brincadeira comigo, não é!?

— É aquele cara que é maluco! — O menino grita de volta — Eu só... eu só...

— Você finalmente estava com um emprego estável no bar e você vem me dizer que foi demitido!? — Millie retruca, uma fúria se apoderando dela — O que passa na sua cabeça!? Você acha que estamos muito bens de vida pra você se dar ao luxo de escolher ficar sem emprego?!

   Draco suspirou fundo e passou as mãos pelos cabelos loiro-brancos, afastando-os dos olhos.

— Ela tava lá... — Ele diz, sem conseguir olhar nos olhos da prima — Ela foi lá ontem à noite, tão exuberante como sempre, e tava com aquele cara... aquele idiota que ela tá saindo... eles estavam dançando, mas então eu achei que ela não tivesse gostando e... e... eu não me aguentei, Milenna! Quando vi já tinha batido nele...

— Você bateu em um cliente do lugar que você trabalha!? — Millie pergunta, incrédula, pois é absurdo demais pra ser verdade

   Draco a encara, suspirando fundo.

— Você precisa entender que a Jessie Finch-Fletchley não faz mais parte da sua vida, Draco. — Ela murmura, um tom frio, mas ele precisa entender — Olha o nosso nível de vida, é difícil entender?! Não temos nada!

   Draco bufou, extremamente irritado.

— Eu sei! Eu sei! Okay!? Você não precisa me lembrar todo dia!

— Parece que preciso. — Ela retruca — Porque você não parece ver que somos só nós dois pra tudo. Aluguel não se paga sozinho, água não se paga sozinha, luz não se paga sozinha, comida não se paga sozinha!

   O menino suspirou, evitando falar quando parecia mastigar o pão com ódio.

— E até aquelas drogas de cigarro e álcool que você compra, isso também é dinheiro! Tá achando que meu salário dá pra nós dois!?

Milenna! — Draco esbravejou irritado — Eu vou arrumar outro emprego, tá bom!?

— Espero que sim. — Exige ela, se mexendo enquanto sai da cozinha em direção ao quarto — E rápido.

xxx

   É incrível como seus olhos mal tem se fechado quando são forçados a abrir de novo, e é assim que se começa a rotina.

   O colchão duro solta um rangido quando Millie se mexe para se levantar, sentindo dor nas costas enquanto se espreguiça, tendo o cuidado de se inclinar e abaixar a cabeça para não bater na beliche mais alta. Draco ainda dormia na cama de cima, a prima não podia o julgar, sabia que ainda era muito cedo, mas esperava que ele tivesse consciência de levantar cedo para ir atrás de um trabalho.

   Entretanto, enquanto ele não fazia isso, era hora de Millie trabalhar.

   Um banho rápido, roupas básicas constituídas de uma calça jeans e a camisa branca do uniforme junto de sapatos pretos simples que já estavam quase apertados demais. A garota saiu rápido, ainda apertando o relógio no pulso enquanto descia os degraus da pensão em que vivia.

Yaxley.

   O cumprimento não foi nada simpático. Millie notou a mulher velha e gorda parada na pequena recepção do prédio, em pé, como se apenas a estivesse esperando. Ela sempre usava uma péssima combinação de roupas de tweed rosa que ficavam definitivamente horrendas nela, além dos seus habituais bobs coloridos que nunca saíam daquele cabelo loiro desbotado. E tinha aquele gato, um adorável gato bege de olhos azuis que Millie sempre se questionava como podia suportar aquela velha.

   Millie adora gatos, teve um há muitos anos, chamado Perséfone, uma bela gata angorá branca que sumiu junto com tudo que ela amava.

— Bom-dia, Sra. Umbridge. — Millie saudou sem jeito — Como vai?

   Há cerca de quatro anos, Dolores Umbridge foi uma mulher importante no governo de Londres. Um bom cargo, um status impecável, Millie sabe que ela trabalhava no mesmo esquema de seus pais, mas a velha conseguiu escapar das acusações, embora não tenha recuperado seu brilho, restando para ela apenas aquele imóvel medíocre que fora uma herança de seu pai.

— Com certeza vou ficar melhor assim que receber o pagamento do mês. — Ela sorriu. Millie já tinha medo daquele sorriso quando era criança e a via em algumas reuniões com seus pais, mas agora, sem dúvidas, era bem pior. Ela parecia uma sapa gorda, era impossível ter ideia de sua idade verdadeira quando seu rosto nem parecia ser real, era como se tivesse sido esteticamente esticado e modificado para parecer mais jovem, mas só o fazia parecer uma espécie de outro planeta

— Eu vou pagar esse mês, Sra. Umbridge. — Garante Millie, levemente nervosa, percebendo o sibilar do gato que esfrega seu pelo em sua perna

— Vai? — A velha não parece convencida — Mas eu fiquei sabendo que aquele seu primo perdeu o emprego, não, Yaxley?

   Além de velha e gorda, é claro que ela também era bisbilhoteira. Millie se perguntava se as casas daquele imóvel medíocre tinham câmeras instaladas secretamente para ela poder vigiar atentamente seus inquilinos.

— Ele já vai conseguir um novo emprego, senhora. Foi só um incidente, mas... nós vamos pagar, eu garanto.

— Espero que sim. — Ela sorriu mais abertamente. Sinceramente, aquela mulher parecia comer criancinhas no jantar

— Bom, Sra. Umbridge, seria melhor eu ir, preciso mesmo ir logo para o trabalho.

— Claro, claro. Bom-trabalho, querida.

   Millie deu um sorriso sem jeito e desconfortável para a velha antes de andar até a porta, apenas desejando-a um "bom dia", que na verdade nem queria desejar.

   Tower Hamlets, o bairro onde o Imóvel Umbridge ficava, parecia ter saído de um filme medíocre de quinta categoria. Mas, como toda Londres ultimamente parecia ter saído de um filme de terror, não fazia tanta diferença. Estavam em outubro, afinal.

   Millie se lembra vagamente de um tempo em que ela gostou do Dia das Bruxas. Cidade toda decoradora, pessoas fantasiadas, o clima perfeito de horror por onde você andasse. Era legal ser criança, se vestir do que quisesse e sair pelas casas pedindo doces. Era agradável na sua infância, mas nada era mais agradável depois que seus pais foram presos e, com certeza, não essa data.

   Com dezoito anos, Millie tem outro pensamento sobre esse dia. Será que as pessoas não conseguem pensar na facilidade que um assassino ou um assaltante tem de se camuflar no Halloween?

   A garota acaba de pegar o metrô, a caminho do trabalho, e é tudo o que consegue pensar ao quase ter um infarto depois de trombar com um horrendo palhaço assassino com uma faca extremamente realista. Mas e se for realista? É isso, o Halloween pode passar de algo divertido para o completo e verdadeiro horror em questão de segundos.

   Mas Millie não tem tempo para isso. Doces e travessuras estão no seu passado. Seu trabalho a espera, e é nisso que ela tem que pensar se quiser comer à noite.

Droga. — Millie murmura ao observar o relógio no pulso. Era fato que ela sempre saía de casa meia hora mais cedo do que o esperado, porém, ainda assim, estava atrasada pra chegar adiantada no trabalho

   A garota suspirou fundo, parada enquanto observava a luz vermelha do semáforo. Ela acabara de descer do metrô em Soho, agora tinha mais oito minutos de caminhada para chegar até seu destino final.

   O semáforo indicou a luz verde para pedestres e Millie atravessou a rua com pressa, já satisfeita de ver o prédio da empresa ainda de longe. O Oásis do Cinema aparentemente era um lugar agradável, um prédio grande com a fachada vibrante e chamativa, o lugar perfeito com o que qualquer pessoa dos anos 90 mais poderia querer. Desde filmes, programas de TV pré-gravados, jogos eletrônicos a outros conteúdos que podiam agradar qualquer idade. Afinal, quem não iria querer transformar sua casa em um cinema?

   Entretanto, é verídico que... nem tudo que é bom, é realmente bom.

Millie Yaxley! — Ele praticamente cantarola assim que a vê se aproximando da entrada, e ela odeia, odeia seu tom de voz, odeia a forma como ele arrasta o "x" em seu sobrenome, odeia o modo que ele cantarola as palavras, enfim, Millie o odeia. Ela odeia Comárc McLaggen.

   Comárc está caminhando em direção à porta vindo do lado direito, o que indica que ele vinha do estacionamento do prédio onde, sem dúvidas, deixara seu carro. Carro esse que custa mais que a vida de Millie. Comárc usa calças jeans largas e combinou a camisa do uniforme com sua ridícula e tradicional jaqueta de couro. Ridícula porque custou duas mil libras.

   Millie lembra de um tempo longínquo onde ela e Draco também andavam pelas ruas com acessórios de preços absurdos. Hoje ela só consegue pensar no quanto é ridículo alguém ter algo tão caro quando outras pessoas não tem nem o que comer.

— Caiu da cama hoje, McLaggen? — Millie questiona. Uma dúvida válida, são 6h50 da manhã, Comárc nunca chega antes das 7h30, embora a locadora abra às 7h15.

   Ele sorriu. Um sorriso idiota que só nos sonhos dele é considerado atraente. Ele mexe no cabelo loiro coberto por um spray que o deixa com uma aparência de permanentemente molhado.

— Digamos que tem dias que é preciso ser responsável, né?

   Millie sentiu vontade de rir. Comárc não leva o emprego na locadora a sério, não tem porque levar, ele não era como os outros funcionários do Oásis que precisavam de emprego. Comárc não passava de um filhinho mimado de um empresário importante que estava sendo obrigado a trabalhar como forma de castigo para ganhar responsabilidade, embora, evidentemente, ele tenha entendido a ordem do pai como: "vá lá filho, flerte com seus colegas de trabalho e com os clientes."

— É, se você diz. — Millie murmurou, começando a andar para a porta e tentando ignorar os passos de Comárc a acompanhando

   A garota empurrou a porta do estabelecimento já sentindo aquele aroma no ar que ironicamente lembrava pipoca, o ambiente gelado, sem dúvidas, parecia um cinema. Não que Millie tenha estado em um cinema recentemente, mas conseguia lembrar vagamente de como era uns bons anos antes.

   Havia estantes e mais estantes de obras cinematográficas divididas por categoria, tudo de uma forma esplendidamente organizada e alinhada, um esforço mútuo dos funcionários (aqui se excluiu Comárc McLaggen, é claro).

— Bom-dia, Marietta. — Millie diz assim que vê a garota de belos cachos loiros e intensos olhos verdes passando um espanador em algumas estantes

   Marietta Edgecombe sempre é a primeira a chegar, motivo que se dá pelo fato dela morar no prédio vizinho à locadora, e, por isso, é ela quem sempre abre e fecha o Oásis, embora todos os funcionários tenham uma chave extra.

— Hey, Millie. — A garota lhe oferece um sorriso gentil — Bom-dia.

— Sempre bonita, Mari-Mari. — Comárc faz a cantada da vez

— Me erra, McLaggen. — A loira revira os olhos

   Millie vai primeiro até a área de funcionários onde logo guarda sua mochila em seu armário, antes de voltar para o balcão da área de filmes e começar a se acomodar, enquanto McLaggen já tem seguido direto para a área de jogos eletrônicos, o lugar favorito dele para jogar charme em quem quer que fosse. Se engana quem pensa que Comárc só flertava com as garotas, faz algum tempo que Millie notou o olhar discreto dele para com garotos, certamente que ele queria pagar de hétero top, mas suas preferências pareciam bem variadas.

    Lauren Turpin apareceu segundos depois da abertura da locadora. Saltos altos, terninho feminino vermelho vivo com uma saia drasticamente curta e aqueles cabelos ruivos e longos sempre impecáveis, caindo em ondas perfeitas sobre seus ombros enquanto ela praticamente desfilava pelo corredor.

— Milenna! — Lauren praticamente gritou enquanto se aproximava do balcão — Vou precisar que você cubra doze horas hoje de novo, algum problema, querida?

— Ah, é...

— Ótimo. — Ela deu um daqueles sorrisos que não tinham nada de simpático, mas pareciam crueis — Sabia que você poderia. Pode aproveitar para ver também o que está precisando de reposição? Preciso passar para o papai o que tá faltando no estoque, os filmes slasher tão saindo muito esse mês, não é?

— É, sim, bastante. — Millie murmura com um sorriso um tanto forçado — Eu vou ver os filmes que estão saindo com mais frequência e o que está faltando no estoque.

— Perfeito. Quero isso na minha mesa até o fim do dia. Obrigada, Milenna.

   Millie suspira fundo quando os saltos altos de Lauren se afastam, tentando recuperar o ar perdido naquele sufocamento tóxico. Ela nunca gostou muito de Lauren, nem quatro anos atrás quando estudavam na mesma escola e Lauren só era a irmã mais velha de uma das amigas mais próximas de Millie, mas tudo piorou agora que Millie não é mais ninguém, que seu sobrenome está na lama. Ela teve muita sorte de, ao menos, conseguir esse emprego.

— Tá de brincadeira, né?! — Lisa exclama ao se inclinar no balcão de Millie cerca de duas horas mais tarde. Sendo irmã de Lauren, era esperado que Lisa também fosse gerente nos negócios da família, mas a garota preferiu tirar um ano sabático depois da escola e só aparecia na locadora mesmo por causa de Millie, sendo uma das poucas amigas que a garota ainda conseguiu manter mesmo depois de ter ficado um tempo no abrigo

— Queria, mas não estou. — Millie suspira

— Milenna, você quer, pelo amor de Deus, parar de aceitar tudo que a tosca da minha irmã pede!? — Lisa esbraveja, algo que costumava dizer com frequência. Ela não era tão diferente da irmã em questão de aparência, embora seu cabelo ruivo fosse mais curto e suas roupas definitivamente em um estilo diferente. Lisa estava quase sempre com blusas de bandas de rock, calças de cintura baixa largas e em um modelo rasgado, além de suas habituais botas tratorada ou tênis all-star

— Não é nada, Lisa. — Millie suspira enquanto tecla o mouse no computador para descer a tela e vai observando a planilha com o estoque — São só horas extras.

— Pra mim parece trabalho escravo. — Ela murmura virando de costas e observando as pessoas que iam e vinham pela locadora

   Millie tem se inclinado sobre o computador, sua mente focada enquanto seus dedos apertam o teclado até que ouve Lisa soltar o ar.

— Acho que eu vou pegar um café. — A ruiva diz de repente

— Agora? — Millie se mostra perdida, mas não desvia o olhar do computador 

— Sim, agora. — Lisa diz depressa — Tchauzinho.

   Millie levanta a cabeça confusa, mas logo seus olhos se fitam na nova presença na locadora que se aproxima rapidamente dela. Cachos loiros e olhos azuis intensos.

— Oi, Millie. — Ele sorri e isso faz uma valsa de borboletas se iniciar no estômago de Millie

— Macmillan. — Ela consegue cumprimentar

   Eles namoraram, tipo, há dois milhões de anos. Okay, só fazem quatro. Millie terminou antes de ser mandada para o abrigo de menores, assim que soube tudo que seus pais fizeram. Ernest nunca quis o término, sempre alegou como ela não tinha culpa dos erros dos pais e que não se importava com o que os outros podiam pensar dela.

   Mas Millie iria embora, iria mudar de escola, não fazia mais parte da alta sociedade. Por que continuaria com Ernest? Um descendente da família real dinamarquesa. Porém, Ernie a escreveu quando ela estava no abrigo, todos os dias, mesmo sem receber respostas, e ele continuava indo na locadora desde que Millie começou a trabalhar ali, dia após dia, sempre com aquele sorriso vívido e brilhante.

   Ele parecia um anjo. Um anjo que Millie não merecia.

   Draco se convenceu que nunca mais seria merecedor de Jessica Finch-Fletchley e Millie também já tinha entendido que ela e Ernie viviam em mundos diferentes agora. Não importa quantas vezes ele investisse, ela continuaria sendo uma simples balconista de uma locadora que precisa pegar horas extras para conseguir pagar as contas e só torcer pra sobrar algo para comer, enquanto Ernie sempre seria um herdeiro rico que acaba de ingressar na faculdade de Relações Internacionais.

— Veio devolver o que alugou ontem? — Ela pergunta lhe oferecendo um sorriso simpático, se amaldiçoando pelo tempo só o ter deixado mais bonito

— Ah, sim. — Ernie entrega a sacola para Millie — Aqui estão. Mais uma boa noite com ficções científicas inteligentes com críticas sociais incríveis.

   Millie abre a sacola e retira as fitas VHS de dentro. Ela ainda lembrava os filmes que Ernie alugara na noite anterior, "1984" e "Episódio VI: O Retorno de Jedi".

— Você já alugou "Star Wars" mais vezes do que se lembra, não é? — Ela pergunta desviando o olhar dele enquanto entra na nova planilha do computador e relata as fitas devolvidas

— Eu gosto de Star Wars. — Ele diz, um tom que ela entende bem — Você sabe.

   Lembranças invadem sua mente quando uma conversa antiga surge na mente de Millie. Ela lembra dela e Ernie, tão novos, sentados nos jardins da antiga escola que estudavam. Hogwarts. Ernie está com a cabeça deitada no colo de Millie e ela acaricia seus cachos enquanto conversam.

— Eu vou de Princesa Leia para o Halloween esse ano, é claro. — Millie diz convicta

  Ernie solta uma risada gostosa de ouvir.

— Você vai ficar linda de princesa Leia.

— Claro que vou. — Ela brinca — E você vai ser meu Han Solo.

— Eu nunca ousaria negar. — Ele sorri — Mas eu não vou pintar meu cabelo de preto.

   Millie o encara e o menino solta um leve risada, e, naquele momento, o mundo parece ter só eles. Dias antes de tudo se quebrar. Millie viu seu mundo virar de cabeça pra baixo um mês antes do Halloween, ela nunca pôde se vestir de Princesa Leia, e Ernie nunca mais poderia ser seu Han Solo.

— Acho que só estou repetindo "O Retorno de Jedi" tantas vezes porque tô ansioso para o próximo filme, você não? — O Ernie do presente a pergunta, puxando-a de volta de seu flashback

— São basicamente dezesseis anos desde o último filme. — Millie soltou uma risada nasal olhando pra ele — Todos os fãs estão ansiosos.

— Meu convite pra você ir ao cinema comigo ainda está de pé.

   Millie sente duas borboletas fazendo piruetas em seu estômago.

— E minha resposta continua a mesma. Convida alguém da faculdade, Ernest.

   O sorriso dele desapareceu e um tormento se forma no fundo de seu estômago quando Millie evita olhar para ele, fitando, sem foco, a planilha no computador.

— Ninguém daquela faculdade me interessa. — Sua voz saiu firme, séria — Você sabe. Meu Deus, Milenna, eu esperei você sair daquele lugar, eu ainda tô esperando por você. Você não percebeu?

— Percebi que você tem que viver e parar de esperar por mim.

   O garoto solta um suspiro fraco. Ela não o olha, não teria forças se olhasse.

— Você deveria fazer a prova, o vestibular pra faculdade. Você sempre adorou estudar... Artes...

   Millie suspira fundo.

— Ernie, eu tô trabalhando, por favor. — Ela percebe um olhar de soslaio e nota como Lauren parece a observar de longe — Minha gerente está nos encarando, e eu não posso perder esse emprego.

— Eu quero te ajudar, Millie. — Ele sussurra, a voz urgente e receosa

— Me ajuda se você parar de vim atrás de mim. — A garota o fita — Eu não sou a mesma, nós vivemos em mundos diferentes, Ernie, você não consegue ver?

   O garoto suspira, mas assente.

— Você precisa parar de se autopunir pelo que seus pais fizeram. — Ele diz, o tom se mostrando um tanto irritado — Sinto falta da minha namorada, aquela que parece que morreu há quatro anos, você lembra dela?

   Millie respira fundo e abaixa o olhar, apenas ouvindo o movimento e os passos quando Ernest se afasta. Ela levanta a cabeça apenas para o vê-lo andar em direção à porta, tentando forçar as malditas lágrimas a voltar para dentro.

— Vai rejeitar o garoto que você ama para o resto da vida? — Lisa pergunta assim que retorna, a voz suave, tentando parecer casual

   Millie tenta não se mostrar abalada.

— Ele precisa arrumar alguém a altura dele.

— Ele te ama. Meu Deus, Millie, seu orgulho é um saco.

— Já fazem quatro anos!

— E eu e Tony continuamos sendo seus melhores amigos, por que se nega a deixar o Macmillan voltar pra sua vida!?

   A garota suspirou, sem dar muita atenção, apenas notando o barulhinho baixo do seu relógio e abaixando o olhar para o próprio pulso.

— Parece que é meu intervalo pro almoço agora. — Ela sorri, sem se importar com o que Lisa falava, apenas erguendo a mão e acenando pra Virgínia Eekins que organizava fitas em uma estante do lado oposto

   Virgínia abaixou o olhar para o relógio e assentiu antes de se aproximar.

— Ótimo. — Lisa sorriu empolgada — Vamos almoçar no Beto's? O Tony está nos esperando lá. E sem cara feia, Milenna!

   Millie apenas mostra uma careta pra amiga, mas assente, logo trocando de lugar com Virgínia assim que ela assume o posto no balcão, e seguindo para a entrada com Lisa.

   O Beto's ficava em Marylebone, apenas alguns quarteirões da locadora, mas Lisa já balançava as chaves do seu belo carro vermelho, sempre enérgica e animada como sempre fora, mais que preparada para colocar "The Beatles" no toca-fitas do seu Escort XR3 enquanto dirigia.

   Millie se acomodou no banco de passageiro do carro de Lisa, logo colocando o cinto e tentando não pensar nas palavras que Lisa dissera anteriormente. Era difícil pra ela aceitar algo de alguém depois de tudo o que aconteceu, ela sempre sentia como se fosse culpada pelo que os pais fizera, e agora só queria o que pudesse ganhar pelo seu próprio esforço.

   Mas Lisa e Tony continuaram como seus melhores amigos depois de tudo, incapazes de a deixar só e sempre insistindo para que Millie fosse menos orgulhosa. O Beto's, por exemplo, não era em si o melhor lugar para alguém com a vida atual de Millie almoçar no intervalo do trabalho, mas os amigos sempre insistiam tanto, que ela acabava cedendo, mesmo que meio receosa de deixar eles pagarem para ela.

   Mas eles não se importavam, e eram os únicos com quem Millie ainda podia contar. A garota pelo menos conseguia fingir que não estava tão ruim quanto realmente estava. Não deixando-os saber em que condições ela realmente vivia.

   Millie e Lisa não conversaram muito durante o caminho, até verem o vibrante prédio se aproximando à frente. A fachada do Beto's era, sem dúvidas, chamativa, mesmo durante o dia. Havia um letreiro em neon que piscava durante a noite com o nome do restaurante em letras cursivas e brilhantes. O uso de cores como azul, vermelho e rosa predominavam, deixando o ambiente ainda mais chamativo, assim como suas grandes janelas de vidro que permitiam que se visse um pouco o ambiente de dentro. Havia alguns carros dispostos ao redor do Beto's, onde as linhas indicavam as paradas para estacionar.

— Meninas! — Tony acenou assim que as viu no instante que Lisa foi estacionando próximo à entrada daquele lugar que mais parecia ter saído de uma revista retrô dos anos 50

   Anthony Goldstein ia saindo do seu carro azul de teto conversível, o sorriso vibrante de sempre, uma mochila nas costas e os cabelos loiros um tanto bagunçados pelo vento.

— Vocês demoraram. — Disse ele fazendo as meninas rirem

   Ele abraçou Millie e Lisa quando elas saíram do carro, antes dos três entrarem juntos na lanchonete vibrante.

    O piso do Beto's era de ladrilhos preto e branco, lembrando um enorme tabuleiro de xadrez. Suas paredes estavam adornadas de inúmeros quadros retrô, pôsteres de filmes clássicos, fotos de ícones de época como Elvis Presley e Marilyn Monroe, e anúncios vintage de refrigerante e lanches, sem falar nos discos de vinil.

   Haviam cadeiras de vinil acolchoado vermelho de frente ao balcão, e então mesas de fórmica branca de cada lado do ambiente com bancos booth também vermelhos, uma cor que predominava no ambiente.

   No fundo do restaurante tinha duas máquinas de chiclete e um fliperama, ao lado de uma jukebox, um clássico, de onde se ouvia, surpreendentemente, "Thiller" de Michael Jackson.

— Alguém quer entrar no clima de Halloween. — Millie murmurou enquanto acompanhava Lisa e Tony até uma mesa, não reparando muito nos outros clientes do local

— Parece que sim. — Tony riu, indicando uma mesa para as meninas e logo se acomodando — E eu até já imagino quem.

   Lisa foi a primeira a pegar o cardápio quando Millie, enfim, começou a observar as outras pessoas do local.

— Eles estão aqui! — Millie exclamou, não percebendo se sua voz estava suficientemente baixa

— Por isso eu disse que imaginava quem. — Tony suspirou

   Lisa nem desviou o olhar do cardápio. Sabia bem de quem falavam.

— É sério? Eles não tem um restaurante mais caro para irem não? Aposto que estão nos perseguindo.

   Millie respirou fundo. Duvidava que eles sequer pensassem neles, com certeza não pensavam em ninguém que não fosse eles mesmos.

   Quem? Vocês devem estar se perguntando. Mas eram exatamente quem Millie encarava do outro lado do restaurante, a mesa no fundo do ambiente, do lado do fliperama, o próprio trio de ouro.

   Harry Potter, Hermione Granger e ele, o dono de todo o ódio de Millie, Ronald Weasley.

   Um trio composto de jovens bastantes proeminentes na sociedade. Harry é herdeiro de um empresário importante e bem sucedido, o garoto de cabelos escuros bagunçados e óculos redondos é o filho mais velho de uma das famílias mais ricas de Londres; então vem a garota, Hermione, dona de ideia revolucionárias, militante, ativista dos direitos humanos, feminista, cheia de projetos incríveis que promete mudar o mundo. A garota de cabelos castanhos ondulados e vestes formais obteve a nota mais alta da turma por quatro anos seguidos, além de ter passado com 97% de acertos para a melhor faculdade do país. E, óbvio, com tantas ideias para mudar o mundo, ela estuda ciência política. E assim, sobra só ele, bem ao lado de Hermione, o garoto branco, sardento e extremamente ruivo com os olhos azuis travessos. Ronald. Sexto filho de uma família formada só de ruivos, curiosamente, era esperado que não se tivesse muito a falar sobre ele, tendo em vista que, por um bom tempo, Ronald só foi importante por estar acompanhado de Harry e Hermione, mas as coisas mudaram para a família Weasley.

   Enquanto os Yaxley e os Malfoy se afundaram drasticamente, os Weasley ganharam uma bolada de dinheiro com investimentos, além do fato dos irmãos mais velhos de Rony parecerem uma máquina de lucrar. (Bill, o mais velho, trabalha no maior banco da Inglaterra; Charlie, o segundo, é um paleontólogo importante; Percy, o terceiro, tem um alto cargo no Ministério de Justiça; Fred e George, os gêmeos, são donos da maior loja de logros e brincadeiras do estado; e Ginny, a caçula, acaba de ingressar como jogadora titular da liga de futebol feminino do Tottenham, além de ser convocada para jogar pela seleção da Inglaterra). E, obviamente, com irmãos assim, Rony também não fica atrás, ele e Harry são peças chave do time de futebol da faculdade que estudam, embora o curso que o ruivo estude, diferente de Harry, não tenha nada a ver com esportes. Gastronomia. Parece patético a forma como ele é obcecado por comida.

— Eu mereço. — Millie murmura com um suspiro baixo

— Só ignora. Ignora. — Diz Lisa abaixando o cardápio e empurrando para a amiga — Vai lá, escolhe uma comida deliciosa e esquece o trio de ouro de Londres, anda.

   Tony, nada discretamente, também olhava para a mesa oposta, mas não tinha raiva em seu olhar, pelo contrário, parecia mais chateado com o fato de Hermione estar do lado de Rony, sorrindo de alguma piada boba do garoto que tinha um braço passado pelo ombro dela.

— Terra chamando Anthony. — Millie aceita o cardápio só pra bater na cabeça do amigo — Qual é, você nunca vai esquecer ela?

   Tony tem uma paixonite nada secreta por Hermione desde que eram crianças, desde que Millie ainda era rica e todos estudavam juntos na mesma escola. Período que Millie batia de frente com a garota morena, sempre competindo para ver quem seria a melhor.

   Millie sempre foi dedicada, mas Hermione venceu. É do nome dela que todos lembram, com notas excelentes, boletim e currículo perfeito. Não importa nada que Millie faça, não mais, tudo decaiu depois que ela foi para o abrigo, a nova escola não tinha todas as honrarias, e Millie tentou, tentou mesmo a bolsa de estudos para a faculdade, mas com o trabalho e as horas extras lhe cobrando tanto, seus sonhos para o futuro tiveram que ser apenas sonhos.

   Tony meramente suspirou e desviou o olhar.

— Ainda não acredito que eles estão mesmo saindo. Uma estudante de ciência política com um garoto de gastronomia. — Murmurou

— Seria melhor se ela saísse com um estudante de física, não é? — Millie brincou, os olhos correndo pelo cardápio que tão bem conhecia

   Tony a encarou.

— Lindinho, esquece a miss salvadora do mundo. Você é muito fofo pra sofrer por garotas. — Aconselha Lisa, falando como se o garoto tivesse dois anos de idade

— Fácil pra você falar, né? Sua vida amorosa tá perfeita.

   Lisa sorriu e mandou beijinho para ele. Era de conhecimento público seu relacionamento duradouro e saudável com a caçula da família Weasley, sim, a jogadora do Tottenham, a própria Ginny Weasley.

— Acho que um smothie de frutas vermelhas e batatas recheadas com frango e queijo tá ótimo. — Decide-se Millie

— Não quer um scone? — Tony pergunta ao receber o cardápio — Seu favorito. Tem blueberry.

   Millie dá um sorriso um pouco sem graça.

— É, pode ser.

— Mimi, você tá tão magra. Tem certeza que tá se alimentando direito? — Lisa a encarou

   E lá estava, ia começar.

— Eu tô bem, okay, é a correria do trabalho. Me esqueçam. — E se remexeu no assento — Então Tony, e aí, como vai a faculdade?

   Os amigos pareceram entender que não deviam insistir e aceitaram mudar de assunto, o que deixou o clima bem mais leve. Millie amava esses momentos, onde podia esquecer por milésimos a merda de vida que tinha atualmente e se lembrar de resquícios de como tudo era antes. Será que um dia Millie conseguiria ingressar na faculdade? Reconstruir seu caminho? Recuperar só um pouco do que era?

   Se ela conseguiria ou não, esse dia não seria hoje.

   De doze horas, o tempo de Millie se estendeu um pouco mais na locadora. Quando percebeu, ela estava sozinha, organizando fitas VHS que os clientes haviam tirado do lugar, limpando a poeira de alguns cômodos, ocasionalmente bocejando de cansaço pelo dia.

   Draco ligou uma hora antes do telefone do Imóvel Umbridge para saber da prima, algo que Millie censurou, pois ele não tinha nada que tá gastando o dinheiro que não tinham com ligações, mas ela o avisou que chegaria mais tarde.

    Agora faltava pouco.

    Millie foi até o corredor de filmes de terror, o mais visitado nos últimos dias, caras horrendas de máscaras, sangue e armas encaravam Millie daquelas capas assombrosas. Ela sempre odiou terror, mas era Halloween, não julgava os outros por quererem ter um pouco de susto, embora ela já sentisse que sua vida parecia assustadora até demais, como um conto de terror.

— Okay. — Millie suspirou — Acho que foi.

   A garota se espreguiçou, esfregando os olhos e soltando mais um bocejo quando se arrastou até o balcão. Ela deu uma última olhada no caixa e nas planilhas antes de ir até seu armário na área de funcionários, estava tão cansada que a chave não entrou de primeira, demorou alguns segundos até que Millie conseguisse abrir. Ela puxou a mochila de dentro, percebendo que algo caiu no chão assim que ela abriu, parecia apenas um pedaço de papel amarelado que a garota tratou de se abaixar para apanhar.

   Na primeira vista não parecia nada, mas Millie o virou e foi ali que todo o ar de seu corpo se esvaiu.

"Eu sei quem matou seu irmão."

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LEVEL UP

você acaba de passar de nível

a parte dois

será liberada

em breve

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