𝟖° 𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎
𝐍𝐀𝐐𝐔𝐄𝐋𝐀 𝐍𝐎𝐈𝐓𝐄, Sarah deitou-se em sua cama, imersa na leitura de um de seus livros favoritos. O tédio dominava seu corpo e mente, pois nada de interessante havia acontecido naquele dia.
Sarah perdeu a concentração em seu livro ao ouvir o apito do celular. Ao verificar a mensagem de Cameron, convidando-a para uma noite entre amigas com Keila, ela levantou-se da cama, colocou uma calça por estar apenas de blusa e dirigiu-se ao quarto das meninas.
── Que bom que você chegou — Assim que Sarah bateu à porta, Keila prontamente a abriu e a trouxe para dentro do quarto.
── O que rolou? — Confusa, Sarah dirigiu a pergunta a Cameron, que estava sentada na cama.
── A Keila gosta do Bruce — Cameron afirmou, surpreendendo Sarah, que arregalou os olhos. Em seguida, Cameron a convidou para se sentar ao seu lado na cama.
── Eu não gosto do Bruce — Keila negou.
── Você gosta do Bruce — Sarah e Cameron sorriram quando falaram ao mesmo tempo.
── Não, eu não gosto, imagina, não, não, é que eu vejo ele lá sujo, suado e me dá uns calouros, eu percebo como ele me acelera o ritmo cardíaco e me dá uma dispnéia respiratória, vocês sabem o que que é? A sensação de quando o oxigênio não chega direito nos pulmões — Keila disse, Sarah e Cameron se olharam.
── Isso já te aconteceu outras vezes, né? — Cameron perguntou para Keila.
── Bom, não assim — Keila respondeu. ── É que quando eu fecho os olhos, eu vejo ele lá nas catacumbas se jogando água, eu vejo como a água escorre pela pele dele e aquele pingente que ele usa de âncora que cada vez que ele se mexe bate contra o peito e faz tum tum tum, e parece que tá em loop infinito como um gif, como se me chamasse.
── E você tem mais imagens que nem essas? — Sarah sorriu travessa para a amiga.
── Caramba, a cueca — Keila disse, Sarah arregalou os olhos.
── Como assim a cueca? — Cameron perguntou
── Eu vi uma vez aparecendo em cima da calça, a tirinha de elástico branca e agora me aparece o tempo todo a marca — Keila disse.
── E que marca era? — Cameron perguntou.
── Lobo — Keila respondeu. ── Aparece várias vezes repetidamente lobo na minha mente e agora me acontece uma coisa inesperada.
── Ele deu um tapão nessa sua raba? — Cameron perguntou.
── Não, idiota — Keila respondeu, as duas garotas lado a lado riram ── É que eu tô viciada no cheiro dele.
── como é isso? — Sarah perguntou com crescente interesse, era reconfortante descobrir que não era a única a apreciar a travessura comum com o colega.
── É que eu cheiro ele, quando ele tá perto ou quando ele passa perto eu cheiro ele — Keila revelou, e Sarah e Cameron trocaram olhares surpresos, sem esperar essa revelação da parte dela.
── E qual é o cheiro? O perfume dele? — Cameron perguntou.
── Não, não porque ele não usa eu acho, ele tem um cheiro de homem, tipo um homem rude, tipo feromônios, sei lá — Keila disse.
── Na boa linda, isso é suor — Cameron disse, Sarah concordou.
── Deve ser suor, é que pra mim suor sempre me deu um nojinho, mas é que agora o Bruce passa e eu cheiro — Sarah fez uma expressão de desagrado, detestava o odor do suor.
── Você cheira — Sarah expressou como se achasse aquilo estranho, chegando até a considerar usar a mesma tática com o Roi. Keila deslizou a mão por baixo do travesseiro, retirando uma toalha de lá.
── Ele se limpou com a minha toalha — Keila disse.
── Keila — Cameron disse.
── Eu ia colocar pra lavar com a roupa suja, mas eu deixei aqui, eu não sei o que eu tô fazendo, isso é um impulso muito raro em mim, eu não sei o que tá acontecendo — Keila disse rapidamente.
── Você não precisa ser tão dramática, qual o problema de você gostar do Bruce? A Sarah gosta do Roi — Cameron disse, Sarah olhou ofendida pra ela.
── Eu não sei, é que pra começar ele é um bebê, ele tem 23 anos e eu tenho 36 — Keila disse. ── O que eu faço?
── Bom, se tiver vontade de trepar com ele, trepa, mas depois esquece logo, se você ver que vai dar problema nem se mete, isso vale pra você também —Cameron disse pra Keila e Sarah que se olharam. ── Porque o sexo é muito divertido, mas o amor nem tanto.
── Porque fala isso do amor? — Keila perguntou para Cameron.
── É uma doença que tem várias fases, a ansiedade pra conseguir, o medo de perder e a depressão quando te abandonam — Cameron disse.
Sarah pausou para refletir, considerando que talvez estivesse passando por uma fase de ansiedade para conquistar algo, e aquilo fazia sentido de alguma forma.
── Mas sabem o que eu faço? — Cameron pegou na mão de Sarah e depois na de Keila ── Quando eu fico louca assim por alguma coisa?
── Que? ── Keila e Sarah perguntaram juntas.
── Eu danço — Cameron respondeu e levantou-se da cama, dirigindo-se ao computador.
── E você dança pra que? — Keila perguntou confusa, Sarah sorriu quando a música começou a tocar.
── Levanta que a gente vai fazer uma balada — Sarah levantou animada da cama. ── Vem Keila, vamos.
Sarah puxou Keila da cama para dançar com ela e Cameron. A música invadiu o corpo de Sarah, que se sentiu feliz com suas novas amigas, que agora não eram apenas colegas.
Cameron abriu o armário, pegando umas mini bebidas. Sarah prontamente abriu uma delas, deu um gole e fez uma careta ao sentir o ardor na garganta enquanto a bebida descia.
As três tentavam sincronizar uma dança que estava saindo totalmente errada. Cameron pegou o abajur e começou a descer até o chão, segurando-se nele. Sarah a seguiu, simplesmente aproveitando o momento e esquecendo que estavam no meio de um roubo, deveriam estar descansando. A diversão foi interrompida quando alguém bateu à porta.
── Minha calça — Cameron indicou a calça em cima da cama, e Sarah a jogou para ela, enquanto Keila dirigia-se para abrir a porta.
── Bruce — Sarah e Cameron gritaram para o rapaz ao vê-lo, e ele sorriu de volta para elas.
O rapaz juntou-se a elas, Cameron e Sarah retomaram a dança, enquanto Keila estava um pouco tímida com a presença de Bruce. No entanto, logo se soltou e voltou a dançar. Sarah dirigiu-se ao armário e avistou a última garrafinha da bebida.
── Temos um probleminha — Sarah mostrou a última garrafinha para eles.
── Deixa comigo — Bruce disse indo até o telefone do quarto.
Eles retomaram a dança quando Bruce mencionou que o reforço estava a caminho. Sarah não conseguia conter o sorriso, seu coração pulsava de alegria e felicidade. Fazia tempo que não se divertia. Alguém bateu na porta novamente, e Bruce foi atender.
── Eu tô cansada — Sarah se jogou na cama de Cameron.
── Nada disso — Cameron puxou Sarah da cama com a ajuda de Keila.
── Roi — Keila gritou quando avistou o garoto na porta.
Roi juntou-se a eles na mini balada. Sarah levantou-se da cama e retomou a dança com Cameron, bebendo mais algumas garrafinhas. Cameron brincou ao jogar Sarah em direção a Roi, quase a fazendo cair, mas ele a segurou, e ela sorriu para ele.
Os dois começaram a dançar juntos enquanto bebiam. Por um momento, Roi olhou para Sarah rindo e percebeu que não conseguia mais esconder o que sentia por ela. Ela era única, sua risada e seus olhos azuis o encantavam como o mar, brilhando como a Lua nas noites de lua cheia.
Sarah olhava para Roi como uma criança apaixonada, como se ele fosse o único capaz de provocar sensações únicas em seu coração. Seus olhos brilhavam enquanto ele sorria para ela, sem saber se era o efeito da bebida ou o amor dentro dela crescendo cada vez mais.
Aquele grupo era o lugar de Sarah, eles a completavam de uma forma que ela nunca tinha sentido antes. Não eram apenas colegas de trabalho, mas amigos que ela guardaria para sempre em seu coração.
── Pra mim deu, temos que acordar cedo amanhã — Sarah disse totalmente cansada.
── Mas já? — Cameron olhou triste para a amiga.
── Outro dia podemos fazer mais uma festinha, quando não estivermos planejando um roubo — Roi disse, Sarah concordou.
── Um beijo pra todos vocês — Sarah disse indo em direção a porta.
Sarah saiu do quarto, dirigindo-se ao seu. Seu coração transbordava de alegria, e seu cabelo estava todo bagunçado devido à dança animada com Cameron..
── Sarah — A garota olhou para trás e viu Roi correndo em sua direção, lançou um olhar confuso para ele ──Eu queria conversar com você.
── Acho melhor a gente entrar — Sarah abriu a porta de seu quarto e entrou, seguida pelo garoto, que fechou a porta. ── Então, o que você quer falar?
── Eu posso me arrepender do que eu falar ou fazer, mas tenho certeza que vou me arrepender muito mais se eu não fizer isso — Roi disse um pouco nervoso, os dois estavam próximos.
── E o que seria? — Sarah perguntou confusa.
── É sobre nós dois — Roi disse.
—Olha eu sei que você não gosta de mim e eu….
Sarah cessou as palavras quando Roi a puxou pela cintura, envolvendo-a em um beijo. Por um momento, ela paralisou, sentindo seu coração e o tempo ao redor deles congelarem. A garota respondeu ao beijo, suas línguas dançavam como numa linda valsa, calma e repleta de paixão e nervosismo.
Roi apertou levemente a cintura de Sarah enquanto ela arranhava sua nuca. Os dois se separaram do beijo por falta de ar, olharam-se ofegantes e sorriram um para o outro. No entanto, o sorriso desvaneceu quando alguém bateu à porta.
── Quem é? — Sarah gritou, Roi se manteve em silêncio
── Sou eu — Roi e Sarah arregalaram os olhos quando ouviram a voz do Berlim.
── Já vou — Sarah indicou a cama, enquanto Roi assentiu e se dirigia até lá, enfiando-se embaixo dela. Ela ajeitou o cabelo e dirigiu-se à porta, abrindo-a.
── Tá acordada — Berlim disse quando a garota abriu a porta.
── São só onze da noite — Sarah disse, ela estava visivelmente nervosa.
── Roi — Berlim disse, Sarah engoliu seco ── Você tá embaixo da cama?
── To — Sarah apenas percebeu a voz de Roi ecoando da cama, ambos reconheciam que mentir para Berlim não seria eficaz.
── Posso saber o que você tá fazendo embaixo da cama da minha afilhada? — Berlim olhou com raiva para Roi.
── Estávamos conversando — Sarah disse.
── Tanto faz, Roi — Berlim olhou para a porta indicando que era para ele sair.
Sarah e Roi trocaram olhares tensos, cientes de que haviam cometido um erro. Roi saiu do quarto, deixando Berlim e Sarah a sós.
── Eu queria conversar com você — Berlim disse.
── Pode falar — Sarah cruzou os braços.
── Eu não quero que faça mais parte do plano — Berlim disse sério, Sarah olhou para ele.
── O que? — Sarah perguntou confusa e surpresa com aquilo.
── Você quebrou a única regra que eu disse que teria aqui pra você — Berlim disse ──Você se apaixonou pelo seu colega, dessa forma você coloca ele e você em perigo.
── Quem é você pra julgar sobre eu estar apaixonada? Você ta apaixonado pela mulher do cara que vamos roubar — Sarah disse irritada.
── Eu sou adulto, Sarah, você é só uma criança desequilibrada, vamos supor que a polícia pegue você, você nos entregaria na primeira ameaça que eles fizessem ao Roi — Berlim disse, Sarah olhou desacreditada para ele.
── Acha mesmo que eu faria isso? — Sarah perguntou.
── Então vamos começar a pensar nas formas que eles poderiam te atormentar, começando pelas ameaças ao Roi e terminando com a sua mãe morta — Berlim expressou desapontamento em suas palavras, e os olhos de Sarah começaram a se encher de lágrimas, ela jamais imaginou ouvir algo assim dele.
── Não faz isso, não gosta que eu tenha quebrado as regras como líder, ótimo, me castiga, mas não ousa fazer o papel de pai decepcionado porque você não é meu pai — Sarah disse tentando conter as lágrimas e saiu do quarto batendo a porta.
Lágrimas escorreram pelos olhos de Sarah enquanto ela se encaminhava para o elevador. Ao entrar, justo quando as portas estavam prestes a se fechar, Roi entrou. Ele a envolveu em um abraço reconfortante. Sarah detestava quando falavam de sua mãe ou duvidavam de sua lealdade, jamais trairia Berlim, e ele duvidou dela.
➳Eu postando dois dias seguidos, isso é um milagre, eu espero que tenham gostado.
➳Quem topa matar o Berlim? Ah esqueci, ele já tá morto.
➳Saiu o beijinho deles, mas não fiquem felizes, adoro acabar com casais que nem são casais.
➳Ate o próximo capítulo.
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