﹙⠀𝐕III. ﹚ And you got a Smile...
ENQUANTO DESCIA AS escadas para o salão principal, o eco dos meus passos reverberava pelas paredes frias da mansão. A decisão de Astrella estava prestes a se concretizar, e eu desejava acompanhar cada momento desse processo crucial.
Ao adentrar o salão, os três homens esperavam, todos cuidadosamente selecionados. Cada um deles representava uma faceta distinta da influência que preciso exercer sobre a vida de Astrella. Eram mais do que simples agentes de segurança; eram peças de uma estratégia meticulosamente arquitetada. Era fascinante imaginar que ela acreditaria ter uma escolha genuína entre eles.
Coloquei-me ao lado da lareira, observando-os com atenção. O primeiro, alto e magro, parecia ideal para quem valorizava disciplina rígida. O segundo, com cicatrizes visíveis, era um lutador nato, alguém que enfrentaria qualquer ameaça com determinação inabalável. E o terceiro... Ethan.
Ethan possuía algo diferente. Era isso que tornava sua inclusão tão intrigante.
Quando Astrella entrou, tentei manter um sorriso que não alcançava os olhos. Ela estava claramente nervosa, embora tentasse disfarçar. Conhecia-a bem demais. Cada movimento seu era calculado, e eu já havia previsto isso. Sua escolha estava prestes a ser feita, mas a decisão já estava, na verdade, antecipada.
— Bom dia, Astrella — saudou-a com uma voz calma e controlada. — Estes são os candidatos que selecionei para você. Tome seu tempo e escolha com sabedoria.
Era quase cruel oferecer-lhe a ilusão de controle quando, na realidade, cada um dos três estava posicionado para se adequar ao meu plano. Mas havia algo fascinante em observar até onde ela iria com essa percepção de autonomia.
Acompanhei-a enquanto avaliava os homens. Astrella era perspicaz e sabia o que procurava, e isso apenas aumentava meu respeito por sua determinação. Sua escolha entre os três estava sendo feita com um discernimento que eu havia aprendido a admirar.
Ela não escolheu o primeiro, deixando claro seu desinteresse. O segundo também não a atraía. Astrella compreendia que seria difícil lidar com um homem daquela postura.
Finalmente, seus olhos se fixaram em Ethan.
Como eu esperava.
Ela manteve a expressão neutra enquanto conversava com ele. Ethan era uma incógnita. Sua aparência tranquila ocultava uma complexidade que ele mesmo mal compreendia. No entanto, eu enxergava além disso. Ele era o ponto de tensão que Astrella acreditava ter identificado, mas que, ao mesmo tempo, era suficientemente confiável para não desviar o controle.
Quando ela o escolheu, um leve sorriso formou-se em meu rosto. Tudo estava saindo conforme o planejado. Astrella acreditava ter encontrado uma escolha que a libertaria, sem perceber que, mesmo com essa escolha, ainda estava sob minha influência.
Aproximando-me, minha voz soou baixa, carregada de um significado sutil.
— Muito bem, Astrella.
Os outros dois homens se retiraram, deixando Ethan ao lado dela. Notei o entendimento silencioso entre eles. Havia uma tensão que poderia ser explorada mais tarde. Por ora, Ethan seria o observador perfeito, alguém que Astrella acreditava que poderia manipular, mas que, no fundo, ainda respondia a mim.
Dei um passo para trás, admirando o cenário, e lancei um olhar significativo para Ethan.
— Cuide bem da minha esposa — falei, com um peso que ressoava tanto para ele quanto para Astrella.
Ela revirou os olhos, e eu contei mentalmente para conter o sorriso. Sua rebeldia era algo que eu respeitava, e era essa rebeldia que me fez me apaixonar por ela, pela primeira vez.
Quando Astrella saiu do salão, acompanhada por Ethan, permaneci ali, contemplando o fogo da lareira. A escolha dela não era o fim, mas apenas o começo. O que viria a seguir prometia ser ainda mais intrigante.
Só precisava esperar.
A tarde se desdobrava em tranquilidade, com o sol tingindo o céu de matizes alaranjadas e rosadas. O silêncio na casa parecia mais profundo do que o habitual, começando a me incomodar. Passei as últimas horas revisando contratos e planejando estratégias. Com meus irmãos, as coisas nas construtoras Torrance tudo estava mais fácil. Mas minha mente sempre voltava para Astrella e Ethan. Eles saíram depois do almoço, e agora a ausência dela estava se tornando cada vez mais perceptível.
Levantei-me da mesa e me dirigi até a janela do escritório, onde observava o jardim vazio. A escolha de Ethan não era uma casualidade; Astrella sempre tinha um motivo por trás de suas ações. Esse pensamento provocou um sorriso sutil em meus lábios; ela ainda subestimava o quanto eu estava atento a cada movimento seu.
O som dos pneus roçando no cascalho anunciou a chegada do carro. Afastei-me da janela e desci as escadas com uma sensação de expectativa crescente. Quando as portas se abriram, encontrei Astrella e Ethan acompanhados por dois cachorros: um golden retriever e um pastor-alemão. O sorriso satisfeito de Astrella parecia um desafio disfarçado, como se estivesse testando meus limites de maneira inesperada.
— Dag, esses são Salem e Lando — ela anunciou, como se revelasse um segredo importante.
— Você sai e volta com dois cachorros? — perguntei, a incredulidade aparente em minha voz.
Astrella sorriu com um toque de ironia, como se a situação fosse parte de um jogo entre nós.
— Não são apenas cachorros. São meus filhos.
Ethan, ao seu lado, parecia divertido com a situação. Ele havia se integrado bem ao papel de acompanhante de Astrella.
— Filhos, é? — respondi, me aproximando e acariciando o golden retriever, que abanava o rabo com entusiasmo.
Astrella manteve seu olhar fixo em mim, desafiando-me a recuar.
— Se são seus filhos, espero que esteja pronta para as responsabilidades — acrescentei, observando-a com uma intensidade calculada.
O sorriso de Astrella persistia, mas seus olhos brilhavam com um desafio claro. Ela estava jogando um jogo, e estava disposta a levá-lo até o fim.
— Eu sei, Dag. — Sua voz era doce, mas com um tom subjacente de desdém.
Ethan, com um tom baixo e assertivo, comentou:
— Eles serão bons companheiros para a senhorita Vaughn.
Sua observação, marcada por um tom de lealdade sutil, não passou despercebida. Era algo que eu precisaria considerar cuidadosamente.
Dei um passo para trás, permitindo que o novo status quo se estabelecesse.
— Muito bem — disse, com um sorriso enigmático. — Vamos ver como nossos novos "filhos" se ajustam à casa.
Astrella trocou um olhar breve com Ethan, mantendo o sorriso.
— Eles já se adaptaram, Dag. Agora, é apenas uma questão de tempo para o resto se encaixar.
Enquanto Astrella e Ethan acompanhavam os cachorros para o jardim, eu permaneci na sala, absorto em pensamentos. A presença dos novos "filhos" de Astrella era mais do que uma simples adição à casa.
Dirigi-me ao escritório para verificar se havia algo mais para fazer, mas a inquietação não me permitia focar. Decidi então seguir para o jardim. A cena que encontrei me fez perceber o quanto Astrella estava disposta a desafiar minhas expectativas.
Ela estava se agachando, brincando com os cachorros, enquanto Ethan observava de um canto, uma expressão de curiosidade e uma dose de lealdade no olhar. Astrella parecia em seu elemento, como se o jardim fosse seu reino e os cachorros, seus súditos fiéis.
Quando me aproximei, ela levantou o olhar, encontrando o meu com um brilho de desafio que não havia desaparecido. Sem se levantar, ela falou com uma confiança relaxada:
— Os cachorros adoram o espaço. E você, Dag, o que acha do novo ambiente?
Olhei ao redor. O jardim estava bem cuidado, mas agora parecia ter um ar de possessão, como se Astrella o tivesse reclamado como seu.
— Parece que você está criando um lar aqui, Astrella — respondi, com um sorriso gentil nos labios. Astrella estava feliz. — E o que mais você planejou para nós?
Ela me encarou, exibindo uma mistura de medo e ansiedade. Levantou-se e virou-se para mim. Por um instante, pensei que toda a alegria que ela costumava demonstrar havia desaparecido, mas não era o caso; ela apenas desejava algo que eu nunca hesitaria em conceder.
— Sabe... eu sei que temos nossas peculiaridades — ela hesitou ao escolher as palavras, evitando usar termos como "controladores e tóxicos" na presença de Ethan. — Mas, considerando tudo o que está acontecendo, eu... eu gostaria de ter um estúdio de dança só para mim.
— Um estúdio de dança, é? — repeti, ponderando sobre o pedido. — E o que fez você pensar que isso seria algo que eu não apenas aceitaria, mas desejaria realizar?
Ela me lançou um olhar desafiador, mas seus olhos carregavam um brilho de esperança.
— Porque você sempre entende o que eu realmente quero, mesmo quando não digo diretamente — respondeu, com uma voz que misturava firmeza e vulnerabilidade. — E dançar tem sido sempre meu escape, meu jeito de encontrar algum controle em meio ao caos.
Havia uma sinceridade em suas palavras que me fez refletir. Se havia algo que eu sempre valorizara, era a capacidade de Astrella de transformar suas aspirações em realidade, mesmo quando a situação parecia adversa.
— Muito bem — concordei, um sorriso surgindo lentamente em meu rosto. — Se é isso que você deseja, farei o possível para tornar isso realidade.
A expressão de alívio e alegria que se formou em seu rosto foi o suficiente para justificar qualquer esforço necessário.
— Obrigada, Dag — ela murmurou, seu tom de voz carregado de gratidão genuína. — Significa muito para mim.
Ethan, que havia permanecido em silêncio até então, deu um passo à frente com um olhar de aprovação.
— Um estúdio de dança é uma ótima ideia — comentou, com um tom de respeito. — Acho que será um espaço perfeito para a senhorita Vaughn expressar sua criatividade.
Olhei para ele e, embora houvesse um reconhecimento sutil em seu tom, percebi que ele estava alinhado com a mesma ideia de dar a Astrella o que ela precisava. A decisão estava tomada, e eu já começava a imaginar como isso se encaixaria no planejamento geral.
— Vamos iniciar os preparativos então — disse, decidindo firmemente. — Quero que você tenha o melhor estúdio possível, Astrella.
Ela sorriu, um sorriso que parecia iluminar todo o ambiente. O pedido dela havia sido atendido, e a realização de um desejo tão importante para ela parecia agora um passo natural no desenvolvimento de nossa relação.
Ela está voltando a confiar em mim.
۫ㅤ݂ 〔 🫀 〕Eu simplesmente amei este capítulo com todo o meu coração! No começo, confesso que estava um pouco confusa, talvez por estar morrendo de sono enquanto o escrevia. No entanto, quando li novamente esta manhã, fiquei encantada!
۫ㅤ݂ 〔 🫀 〕Sobre o legado dos cavaleiros, sei que é uma questão que pode causar algumas dúvidas. No decorrer da história, vou explicar por que Dag não faz parte do legado, enquanto seus irmãos e primos estão envolvidos. E sim, haverá uma Dn no livro, porque é uma parte fundamental do universo que a Penélope criou.
۫ㅤ݂ 〔 🫀 〕Estou sempre animada para saber o que vocês pensam e para responder às suas perguntas. Se tiverem mais curiosidades ou feedback, fiquem à vontade para compartilhar! É sempre um prazer discutir a trama e explorar as nuances da história com vocês. E sim, isso é uma suplica para comentarem mais!
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