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﹙⠀𝐕. ﹚only words bleed

O DIA SEGUINTE após aquele maldito jantar foi um verdadeiro inferno. Não entendo o que passou pela cabeça do meu pai ao insistir naquela ocasião. Astrella, que já demonstrava certo desprezo por mim, agora parecia desejar me ver sepultado na cripta dos Torrance. Que "afeto".

O silêncio da manhã seguinte era sufocante. Cada ruído na casa parecia um soco no estômago, uma lembrança constante do desastre que foi a noite anterior. Desci as escadas com o coração pesado, os passos ecoando como uma contagem regressiva para a próxima explosão. Eu sabia que não tinha acabado. Não mesmo.

Quando entrei na cozinha, Astrella já estava lá, sentada à mesa, com a xícara de café na mão. Ela mal me olhou, os olhos fixos na janela como se estivesse em outro lugar. Era como se eu não existisse, e isso me irritava ainda mais.

- Até quando você vai continuar com essa merda, Astrella? - Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia, mas a paciência não estava no cardápio.

Ela levou a xícara aos lábios, bebendo lentamente antes de responder, como se eu fosse um incômodo que ela precisasse tolerar.

- Continuar com o quê, Dag? Com a sua estupidez ou com esse casamento de fachada?

- Não se faça de vítima agora - retruquei, cruzando os braços e me encostando no balcão. - Você sabia muito bem o que estava fazendo quando aceitou esse casamento. Não venha fingir que é a coitadinha.

Finalmente, ela me olhou. E o ódio nos olhos dela era tão intenso que quase me fez recuar. Quase.

- Você acha que eu queria isso? Que eu escolhi passar o resto da minha vida presa a um idiota controlador que só se importa com aparências? Ou melhor, que eu tinha escolha quando tinha uma arma apontada para mim?!

O rosto de Astrella estava ruborizado de raiva, e a tensão entre nós era quase palpável. A menção da arma fez meu estômago revirar, mas mantive a expressão neutra. Ela não sabia que aquela arma estava descarregada, que todo aquele show era apenas uma peça no meu jogo doentio para mantê-la presa a mim.

- Você realmente acha que tinha escolha, Dag? - Ela continuou, o olhar incendiado. - Ou você me casava com você ou acabava com a minha vida de qualquer jeito. Não havia como eu sair ilesa dessa situação. Você me manipulou, e agora espera que eu seja grata por isso?

Eu não pude evitar um sorriso frio, embora o peso do que eu fiz começasse a se instalar em algum canto obscuro da minha mente.

- Não me venha com esse drama, Astrella. Você sabia exatamente o que estava em jogo. Se não fosse eu, você estaria ferrada de verdade. Ou prefere que eu me lembre de certos detalhes para refrescar sua memória?

Ela bateu a xícara na mesa com tanta força que pensei que fosse quebrar. - Não ouse me ameaçar de novo! Já estou presa nessa merda de casamento, vivendo essa farsa, porque você me forçou. Não acha que já fez o suficiente? O que mais você quer de mim?

Aquela pergunta, lançada como uma adaga, me fez vacilar por um momento. O que eu queria dela? Controle? Submissão? Ou, talvez, algo que nem eu estava disposto a admitir para mim mesmo? O que eu queria dela era algo mais sombrio, uma necessidade doentia de vê-la ser minha. Mas não podia admitir isso. Não agora, não nunca.

- O que eu quero de você? - Perguntei com uma calma calculada, aproximando-me da mesa. - Eu quero que você se encaixe nesse papel que você, claramente, não está disposta a aceitar. Eu quero que você entenda que, ao entrar nesse jogo, não há saída.

O silêncio se instalou entre nós como um muro de gelo. Astrella parecia prestes a explodir, mas eu sabia que sua explosão era mais uma questão de tempo do que uma ação imediata. Ela se levantou, empurrando a cadeira para trás com tanta força que quase a derrubou. O movimento foi abrupto e cheio de raiva, mas seu rosto, agora pálido, não refletia apenas a ira; havia uma tristeza profunda ali, uma sensação de derrota que ela não conseguia esconder.

- Não se esqueça de que eu conheço todos os seus truques, Dag - ela disse com a voz embargada, quase um sussurro. - E um dia, você vai pagar por isso. Por cada mentira, por cada manipulação. Não importa quanto tempo leve, não importa o que você faça para me manter aqui. Um dia, eu vou me livrar dessa prisão e vou te fazer pagar por cada minuto de dor que você me causou.

Astrella girou abruptamente sobre os calcanhares, seus olhos faiscando com raiva. Sem uma palavra, ela correu em direção à saída da cozinha.

Eu a observei enquanto ela saía, o som dos passos apressados ecoando pela casa como um tiro. Parte de mim queria ir atrás dela, puxá-la de volta, forçá-la a encarar essa merda de frente. Porque, caramba, por mais que ela me irritasse, a ideia de vê-la longe de mim era insuportável.

Suspirei, pegando uma outra xícara de café. O líquido amargo deslizou pela minha garganta, queimando enquanto eu me permitia sentir o peso do que havia acabado de acontecer. Tudo isso... todo esse inferno, era um jogo que eu mesmo criei. Mas jogos têm consequências, e por mais que eu tentasse manter o controle, havia algo em Astrella que me escapava. Uma faísca de resistência, uma chama que eu ainda não consegui apagar completamente. E, droga, como eu queria apagar essa chama... ou talvez, queria que ela continuasse queimando, só para me lembrar que ela era minha, de um jeito ou de outro.

O som de um copo quebrando no andar de cima me trouxe de volta à realidade. Ela estava no quarto, provavelmente jogando tudo que encontrasse pela frente. Típico. Toda essa raiva, toda essa energia... se ela usasse metade disso para simplesmente aceitar o que já estava feito, tudo seria muito mais fácil. Para ela. Para mim.

Deixei a xícara na pia, os dedos tamborilando no mármore frio enquanto ouvia o som da destruição lá em cima. Eu deveria ir lá? Deixar ela se acalmar? Ou talvez...

A última coisa que ouvi foi o som abafado de uma porta batendo, seguida por um silêncio que parecia muito mais ameaçador do que qualquer grito. Ela havia se trancado no quarto. Perfeito. Melhor assim.

Subi as escadas devagar, cada passo ecoando o conflito dentro de mim. Quando parei em frente à porta do quarto, o silêncio lá dentro era quase ensurdecedor. Eu podia sentir a presença dela, a raiva que ainda fervilhava, mas havia algo mais. Algo que me incomodava profundamente.

- Astrella - chamei, minha voz baixa, quase suave. Nenhuma resposta. - Abra essa porta.

O silêncio continuou, me deixando mais irritado a cada segundo que passava. Respirei fundo, tentando manter a calma. Eu sabia como ela era, como a mente dela funcionava. Ela estava fazendo isso de propósito, tentando me tirar do sério, me forçar a agir com raiva.

Eu bati na porta com mais força, meu punho quase afundando na madeira. - Eu não vou repetir, Astrella. Abra essa porta, agora.

Ainda nada. Fechei os olhos por um momento, lutando contra o impulso de simplesmente arrombar aquela droga. Eu tinha que ser mais esperto, mais calculista. Não podia perder o controle, não agora.

- Eu sei que você está me ouvindo - continuei, a voz fria. - Não vou sair daqui até que você abra essa porta e a gente resolva isso. Não adianta tentar fugir, Astrella. Não tem pra onde você correr.

Finalmente, ouvi um movimento do outro lado. Um clique suave, seguido pelo som da fechadura girando. A porta se abriu lentamente, revelando Astrella com os olhos vermelhos, mas ainda desafiadores. Havia uma espécie de calma assustadora nela, algo que me fez hesitar por um segundo.

- O que você quer, Dag? - A voz dela era um sussurro, mas carregava um peso que fez meu estômago se revirar.

Eu queria dizer tantas coisas, mas nenhuma delas era segura. Eu queria dizer que não queria nada, que tudo isso era só controle, poder. Mas, droga, a verdade era que o controle era uma desculpa para tê-la comigo, para não deixá-la escapar, porque, no fundo, a ideia de perdê-la era insuportável.

- O que eu quero? - Repeti, me aproximando, tentando mascarar o que realmente sentia. - Eu quero que você pare de agir como se não soubesse o que está acontecendo aqui. Que pare de me desafiar, Astrella. Que aceite o que temos e jogue o jogo. Você acha que pode jogar contra mim? - me aproximei ainda mais, deixando a tensão preencher o espaço entre nós. - Você acha que pode vencer, Astrella?

Ela ficou em silêncio por um, os olhos cravados nos meus como se
alguém resistente, desafiadora, pronta para qualquer coisa. Mas eu sabia que o que eu fazia era mais do que manter controle, era testar limites, os meus e os dela.

Astrella se afastou, cruzando os braços como se estivesse se protegendo de algo que eu não podia ver. Sua expressão estava neutra, mas os olhos revelavam algo mais profundo, uma mistura de sentimentos que eu não conseguia decifrar.

- Se isso é viver, Dag, então eu prefiro não existir - ela disse, a voz firme. - Eu não vou me render ao que você quer, não vou ser moldada pela sua vontade. Se você quer controlar tudo, que controle, mas não pense que vai me quebrar no processo.

Aquelas palavras, carregadas de uma determinação fria, me atingiram de uma forma que eu não esperava. Parte de mim queria continuar essa batalha, ver até onde ela iria, mas outra parte - uma parte que eu lutava para suprimir - começava a perceber que talvez o que eu procurava não pudesse ser alcançado com força ou controle.

- Então é isso? - perguntei, tentando manter minha voz estável. - Você vai continuar resistindo, mesmo sabendo que está lutando contra algo inevitável?

Ela me olhou diretamente nos olhos, e naquele momento, tudo ao nosso redor pareceu desaparecer. A casa, o casamento, o passado e o futuro, tudo se dissolveu na intensidade daquele olhar.

- Sim, Dag - ela respondeu, sem hesitar. - Vou resistir. Porque, no fim, o que mais me resta? Se queria se casar comigo pra eu não poder te ferrar, então vamos tratar isso como um casamento, e não como um jogo.

O silêncio que se seguiu foi pesado, cheio de palavras não ditas e emoções não resolvidas. Astrella se virou, caminhando até a janela, onde ficou parada, olhando para fora. A luz do sol que entrava pela janela iluminava sua silhueta, destacando a solidão que ela carregava.

Eu permaneci onde estava, lutando contra a urgência de me aproximar, de dizer algo que pudesse dissipar a tensão entre nós. Mas as palavras ficaram presas na garganta, e tudo o que consegui fazer foi observá-la, sentindo que, de alguma forma, essa luta entre nós nunca teria fim. E, de certa forma, talvez fosse isso que nos mantivesse em movimento, presos em um ciclo de resistência e controle, onde o verdadeiro desejo nunca seria totalmente admitido.

Astrella suspirou, como se estivesse cansada de tudo aquilo, e saiu da sala sem dizer mais nada. Eu a observei partir, sentindo que cada passo dela ecoava dentro de mim, como uma lembrança de algo que eu ainda não estava pronto para encarar. Por mais que tentasse afastar esses pensamentos, a verdade é que a luta entre nós não era só sobre controle. Era sobre algo muito mais profundo, algo que nem ela, nem eu, estávamos dispostos a aceitar plenamente. E isso, mais do que qualquer outra coisa, me assombrava.

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