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★ ۫ ݂﹙DAG TORRANCE ﹚ㅤׅ ۫ㅤ݂ ५
𝐂αpítulo: "eu te amo, me desculpa."

Eu queria matar a Athos.

Ela teve a ousadia de chamar Astrella para uma festa, bem no meio de todo esse caos. E Astrella, como se o perigo não existisse, simplesmente foi.

Astrella e Athos sempre foram amigas, duas almas tão diferentes que, de alguma forma, se completavam. Athos não tinha más intenções, jamais teria. Seu jeito destemido, livre, fazia com que Astrella saísse da bolha de cautela e controle. Para ela, a vida era para ser vivida, não para ser temida.

Mas, sendo sincero, esse divórcio já estava me tirando do sério.

Enquanto isso, os preparativos para a Devil's Night em homenagem ao meu tio seguiam a todo vapor. Eu não sabia se deveria me preocupar por ter sido convidado, apesar de ainda fazer parte daquilo.

Athos foi uma das poucas que teve o prazer de participar de uma Devil's Night de verdade. Depois que Octavia e Madden foram sequestrados, a prefeita Fane — também conhecida como minha tia — e a senadora Banks decidiram pôr um fim na tradição, em nome da nossa segurança.

Mas nós somos como animais à espreita, sempre famintos por diversão. Já estamos preparando o velho Cove para a noite.

Antes de adentrar um território que, ao mesmo tempo, pertencia a mim e a Madden e Jett, eu precisava estabelecer um tratado de paz com os Mori — Kai.

A porta da sala de visitas se abriu com um rangido, revelando Kai, que se sentou rigidamente. Sua expressão era um misto de frustração e resistência, mas quando seus olhos encontraram os meus, o tempo pareceu congelar. Ele sempre teve esse efeito sobre mim, mas hoje, eu estava decidido a não me deixar intimidar.

— Dag, não esperava te ver por aqui — disse ele, a voz arrastada, como se cada palavra carregasse o peso do mundo.

— Eu também não esperava que fosse necessário — respondi, a voz firme e impositiva. — Precisamos esclarecer isso.

Aproximando-me da mesa, adicionei peso à minha presença, minha postura reta e desafiadora. O silêncio na sala era denso, a tensão quase elétrica.

— O que você quer saber? — Kai perguntou, endurecendo o olhar. — Estou aqui por causa de uma mentira.

— Eu sei disso — afirmei, desafiador. — E também sei que você não fez nada com a Maevie.

Um sorriso amargo se formou nos lábios dele, mas não me deixei abalar.

— E ainda assim, você me deixou aqui, Dag. Sabia que eu era inocente e mesmo assim... aqui estou.

Desviei o olhar por um instante, a raiva fervendo em meu peito.

— A máscara que encontraram perto do corpo era sua — continuei, a voz baixa e controlada, mas com a intensidade de um trovão. — Eles sabiam que isso te ligaria ao crime.

— Eu não sabia o que fazer — confessei, os sentimentos tumultuosos se agitando dentro de mim. — Estava dividido entre a lealdade à família e a minha mulher.

Ele riu secamente, uma risada amarga que reverberou pela sala, mas não me deixei levar por isso.

— Você deveria ter acreditado em mim, Dag! — Kai exclamou, os olhos brilhando com uma intensidade feroz. — Eu te ensinei a lutar. Ensinei a ver além do que se apresenta.

— E eu confiei em você! — retruquei, a frustração queimando em mim. — Mas as evidências estavam contra você, e eu não consegui descobrir quem estava por trás disso.

Kai fez uma pausa, o olhar de repente se tornando mais pesado.

— E Astrella? Como ela está lidando com tudo isso? — perguntou, seu tom de voz agora carregado de preocupação.

A menção do nome dela me atingiu como um soco no estômago.

— Estamos nos divorciando — respondi, a sinceridade pesando em cada palavra. — Está tudo um caos. Jett e Madden estão me odiando, e não posso nem culpá-los. — A frustração e a dor transpareciam em minha voz. — Foi difícil demitir o Ethan, o segurança dela, do nada. Ele sempre foi um pilar de apoio, mas não posso permitir que ninguém fique entre nós nesse momento.

— Isso é... muito complicado — Kai murmurou, a raiva e a tristeza entrelaçando-se em seu olhar.

— Complicado é pouco — afirmei, a determinação pulsando dentro de mim. — Vou encontrar a verdade e lutar por tudo que perdi. Ninguém vai me parar.

Kai sorriu, mas havia algo inquietante em sua expressão. Eu não conseguia entender como ele não me odiava.

— Você é igual ao seu pai — ele disse, e, vindo do Tio Kai, não tinha certeza se era um elogio. — Determinado, ambicioso e, por que não, um pouco louco.

Soltei uma risada, a incredulidade misturada à ironia.

Enquanto deixava a sala de visitas, uma onda de emoções conflitantes me acompanhava. As palavras de Kai ecoavam em minha mente, mas eu precisava focar no que vinha a seguir. A Devil's Night estava se aproximando, e, para mim, significava mais do que apenas uma celebração; era a noite em que as máscaras se tornavam tão reais quanto os segredos que escondíamos.

Ao sair do prédio, a brisa fria da noite acariciou meu rosto, trazendo consigo um aroma de folhas secas e um leve toque de melancolia. O céu estava carregado de nuvens escuras, como se o próprio universo estivesse prestes a se manifestar em um espetáculo de luz e sombra.

Dirigi-me à moto estacionada, uma máquina negra reluzente, esperando por mim como uma fera pronta para a ação. O motor rugiu ao ser acionado, um som que pulsava como o meu coração. Mas, ao subir na moto, uma certeza me atingiu com força: Astrella não estava aqui. A lembrança de seu sorriso, de como ela iluminava até os dias mais sombrios, se esvaiu como fumaça. A ausência dela pesava sobre mim como uma sombra, e a ideia de passar aquela noite sem ela parecia um castigo.

Arranquei com um acelerão, sentindo a liberdade que a velocidade proporcionava. O vento cortava meu rosto, e a adrenalina pulsava em minhas veias, tentando ofuscar a dor da sua ausência. A Devil's Night era um campo de batalha e, mesmo sem Astrella ao meu lado, eu não desistiria. A noite seria minha, e eu faria o que fosse preciso para me reconectar com a escuridão que sempre esteve à espreita.

Este foi, sem dúvida, o pior capítulo que já escrevi. Se apresente, por favor. Ah, espera! É este que vocês acabaram de ler!

Mas, leitores, me contem: com essa revelação, quem vocês acham que incriminou nosso Kai?