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──── 𝗩𝗔𝗡𝗬𝗔

̇⁺ CAPÍTULO ◌⃘ ̇ vanya
﹙+ informações﹚. . . 🕥

𝐎 𝐒𝐎𝐌 𝐄𝐒𝐓𝐑𝐈𝐃𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐔𝐌 𝐒𝐈𝐍𝐎 balançando freneticamente tirou Alaska do sono, trazendo-a de volta à realidade com um susto. Seus olhos se abriram lentamente, piscando contra a luz fraca da manhã que entrava pela janela.

— Hora de acordar, Bela Adormecida! — a voz familiar e irritantemente animada de Klaus ecoou pelo corredor enquanto o sino continuava tocando.

Ela virou a cabeça para o lado, procurando por Cinco, mas a cama estava vazia. O cobertor estava dobrado de maneira desleixada, sinal de que ele tinha se levantado há algum tempo.

Antes que pudesse raciocinar completamente, a porta do quarto se abriu com força, Número 4 entrou, balançando o sino mais uma vez, como se fosse a própria personificação de uma banshee.

— Vamo, vamo, levanta! Assunto de família na cozinha. — Ele falou com um sorriso, apoiando-se no batente da porta.

— Cadê o Cinco? — A garota perguntou, sentindo o cansaço pesar na voz enquanto se levantava devagar.

— Ah, ele tá lá embaixo, andando como se não tivesse levado um tiro ontem. Francamente, a regeneração daquele garoto assusta. Agora, se mexe — Klaus apontou o sino na direção dela, quase como uma ameaça.

Ela revirou os olhos e calçou os tênis antes de segui-lo pelo corredor e depois pelas escadas. Conforme desciam, o cheiro de café invadia o ar, junto ao som abafado de vozes na cozinha.

Alaska entrou na cozinha, ainda meio sonolenta, esfregando os olhos. Ela viu Luther na mesa, com a cabeça apoiada na mão, claramente tentando sobreviver à ressaca. Klaus, com seu entusiasmo habitual, estava ao lado dele, servindo uma xícara de café preto.

— Aqui, bebe que você vai ficar melhor. — Klaus cantarolava enquanto colocava a xícara na frente do loiro.

Mas antes que ele pudesse sequer mexer a cabeça, Cinco apareceu do nada e pegou a xícara das mãos do seu irmão.

— Eu fico com isso. — O garoto disse, quase sem notar.

Klaus, visivelmente ofendido, ergueu as mãos em um gesto dramático.

— Ah, que falta de educação, Cinco! Eu tava tentando ajudar o grandalhão aqui!

O jovem se sentou à mesa e, sem nem olhar para o café, deu um gole, fazendo uma careta imediatamente.

— Caramba, quem eu tenho que matar pra arranjar um café decente? — Ele reclamou, franzindo a testa.

Alaska, curiosa, pegou a xícara de Cinco e tomou um gole. Instantaneamente, ela quase fez uma careta também. O café estava horrível, amargo demais, como se tivesse sido feito com pedaços de carvão.

— Ugh, você tem toda razão — A garota disse, fazendo uma expressão de desgosto. — Isso tá mais pra veneno do que café.

Cinco a olhou, um pequeno sorriso no canto da boca, enquanto Klaus parecia se divertir com a cena.

— Viu? Eu disse. — O moreno deu de ombros, voltando a olhar para a xícara. — Acho que é por isso que a gente nunca pode confiar em coisas que vêm do Klaus.

— Dá pra começar, por favor? — Luther resmungou baixo, incomodado com o barulho excessivo do Número 4.

Klaus, sem dar muita atenção, continuou a bater a espátula na mesa de forma ritmada, ignorando a tensão no ar.

— Alguém aí viu os outros? Cadê Diego? Allison? Não? — Perguntou, olhando para os três, que pareciam tão perdidos quanto ele. Ninguém sabia onde estavam os outros.

— Tá bom, então isso é o mais perto de um quorum... que a gente vai conseguir ter aqui, né? — Ele disse, com um suspiro teatral.

Klaus se virou, finalmente pronto para falar.

— Prestem atenção, não tem jeito fácil de dizer isso, então vou falar logo. — Suspirou profundamente, encarando a parede por um momento.

Luther rolou os olhos e respirou fundo, tentando manter a calma.

— Klaus! — Ele chamou, sem paciência.

— Ontem à noite, eu falei com o papai.

Os três se entreolham, a dúvida começando a crescer. O loiro foi o primeiro a quebrar o silêncio.

— Achei que tinha dito que não conseguia invocar ninguém há anos. — Ele franziu as sobrancelhas, claramente confuso.

Klaus deu de ombros, como se fosse algo trivial.

— Pois é, eu sei, mas eu tô sóbrio. Tã-dã! — Ele respondeu, com um sorriso de quem estava se divertindo com a situação.

Alaska o olhou com um olhar genuíno.

— Parabéns, Klaus. Eu sei o quanto é difícil. — Ela disse com sinceridade, reconhecendo o esforço dele.

Klaus olhou para ela por um momento, um sorriso fraco aparecendo em seu rosto.

— Valeu. Mas foi só ontem. — Ele respondeu com um suspiro. — Não sei se consigo manter isso por muito mais tempo.

— Continuando... eu fiquei puro, ontem, pra poder falar com alguém especial e acabei tendo... essa conversa com nosso querido pai em pessoa. — Disse, olhando sério, mas logo notou as expressões céticas dos outros.

Um silêncio se arrastou pela sala. Todos se entreolharam, sem saber o que dizer. Se fosse qualquer outra pessoa, talvez eles até acreditassem. Mas, vindo de Klaus...

— Algum de vocês tem aspirina? — Luther finalmente perguntou, quebrando o silêncio, esfregando as têmporas.

— Ali em cima, do lado do biscoito. — Cinco apontou desinteressado, tomando mais um gole do café ruim.

— Ô, ô, ô, é sério isso, gente. Isso aconteceu de verdade, juro pra vocês. — Klaus disse, sua voz trêmula, mas tentando convencer.

— Tá, tá legal, eu vou brincar. O que o velho tinha pra dizer? — O garoto perguntou, levantando uma sobrancelha e gesticulando com as mãos, claramente cético.

Se recostou na cadeira, mexendo na xícara de café, claramente tentando descontrair, mas o silêncio era denso. Cinco, Luther e Alaska o observavam, ainda tentando processar o que ele acabara de dizer.

— Então, ele me deu aquele sermão de sempre, sobre minha aparência, sobre meus fracassos na vida etc e tal, até aí nada de novo, nem a vida no além conseguiu amaciar o coração de pedra do papai.

Número 4 fez uma pausa, olhando para os outros, como se esperasse uma reação. Ninguém respondeu.

— Mas, ele falou uma coisa sobre o assassinato dele, ou sobre o não assassinato, porque... o papai... se suicidou.

O silêncio se instalou de novo, pesado e estranho. Cinco olhou para Klaus, tentando ver seriedade nas palavras dele. Luther, com a cabeça entre as mãos, suspirou fundo.

Ninguém sabia o que dizer.

Ela mordeu o lábio, refletindo. Alaska sabia que algo grande. Algo realmente grande teria que acontecer para reunir todos. Mas, ele se suicidou apenas por causa disso?

A garota se inclinou para frente, tentando formular um pensamento coerente, mas o que ela tinha era uma sensação estranha, como se algo ainda estivesse errado. Algo que eles ainda não entendiam, algo que nem Klaus parecia entender totalmente.

— O que ele queria, Klaus? — Alaska finalmente perguntou, a voz quase inaudível, como se ela mesma não acreditasse nas palavras.

Klaus deu uma olhada rápida nos outros, os olhos apertados, tentando processar tudo. Ele deu um suspiro baixo antes de responder, a incerteza em sua voz.

— Eu não sei... — Ele gagueja, quase tentando convencer a si mesmo.

O loiro olhou para ele com ceticismo, revirando os olhos antes de se levantar da cadeira e começar a sair da cozinha.

— Não tenho tempo pra suas brincadeiras.

Klaus o seguiu com os olhos, desesperado para que ele acreditasse.

— Não, tô falando a verdade. Eu tô falando a verdade! — Falou rapidamente, um pouco mais alto, tentando manter o tom de convicção.

Cinco estava pensativo, os dedos batendo levemente sobre a mesa, enquanto tentava juntar as peças.

— Por que ele fez isso? — O jovem perguntou, a voz carregada de uma curiosidade desconfortável.

Klaus suspirou profundamente antes de continuar.

— Ele falou que era o único jeito da gente voltar pra casa.

Luther parou de caminhar e virou-se para o irmão, a incredulidade estampada em seu rosto.

— Não, o papai não ia se matar assim. — O defendeu, com um tom de certeza na voz.

Cinco não se deixou levar pela defesa de Luther e continuou com a conversa.

— Você mesmo disse que ele tava deprimido. Trancado no escritório, no quarto, o dia inteiro. — O garoto rebateu, o olhar fixo nele.

— Não tinha nenhum sinal. Pessoas suicidas apresentam certas tendências... comportamentos estranhos. — Luther respondeu, as palavras saindo com mais peso, tentando se agarrar a uma lógica.

— Tipo mandar alguém pra lua sem motivo? — Klaus ironizou, a dúvida em sua voz misturada com a provocação.

Alaska olhou para ele. Ela cruzou os braços, seu tom direto e sem hesitação.

— Não duvido de mais nada que aquele velho faça. Ele não se importava com ninguém, contanto que tivesse o que queria. — A garota disse, a expressão no rosto sendo a mistura exata de cansaço e desilusão.

— Juro por Deus, se estiver mentindo... — Luther fala, quase ameaçando Klaus, os olhos escuros e a voz carregada de desconfiança.

— Não tô. Não tô, não. — Apressa a fala, sua expressão quase suplicante, como se estivesse desesperado para que o loiro acreditasse que ele estava dizendo a verdade.

O silêncio caiu sobre a cozinha antes que uma voz familiar interrompesse o momento.

— O Sr. Klaus está correto. — Pogo apareceu, com sua bengala balançando suavemente enquanto ele caminhava.

Os quatro se viraram, surpresos com a presença do chimpanzé.

— Lamentavelmente, ajudei o Sr. Hargreeves a executar o plano dele. — Pogo disse calmamente, o tom sério contrastando com sua aparência.

Luther olhou para ele, os olhos arregalados de incredulidade.

— O quê? — Ele perguntou, a voz cheia de espanto.

— Assim como a Grace. Foi uma decisão difícil para nós dois. — Completou, seus olhos fixos no chão, como se não conseguisse olhar para os outros enquanto falava.

— Mais difícil do que poderiam imaginar. — Suspira, avançando um pouco mais até os Hargreeves, seu tom grave ecoando pela cozinha. — Antes da morte do pai de vocês, o sistema da Grace foi ajustado para que ela fosse incapaz de aplicar os primeiros-socorros naquela fatídica noite.

— Que velho maluco. — Cinco resmunga, balançando a cabeça com uma mistura de incredulidade e raiva pela insanidade do seu pai, que havia planejado sua própria morte.

— Então, aquelas imagens de segurança? — Luther pergunta, já sabendo a resposta, mas ainda assim precisando confirmar.

— Serviam pra fomentar o mistério do assassinato. — Pogo responde, com uma calma assustadora. — Seu pai achava que, tendo vocês aqui, investigando isso juntos, reacenderiam o desejo de serem uma equipe de novo.

— E pra quê? — O menino pergunta, sua expressão séria, quase desinteressada, mas o ceticismo evidente em sua voz.

— Pra salvarem o mundo, é claro.

— Ah, tá. — Klaus zomba, soltando uma risadinha nervosa enquanto balança a cabeça, tentando digerir o absurdo da situação.

— Então, tudo isso... tudo o que passamos, o caos, a morte do nosso pai, foi só pra ele tentar juntar a gente de novo? — Ela balança a cabeça, rindo sem humor. — Que ótima ideia.

— Primeiro a missão na lua e agora isso... — O homem forte cuspiu as palavras, a raiva queimando em sua garganta. — Você me viu atrás de respostas e não disse nada. Agora quer compartilhar mais alguma coisa, Pogo? Mais algum desses segredos?

Cinco tentou acalmar a situação antes que piorasse.

— Calma, Luther.

Luther o ignorou, virando-se completamente para Pogo. Seu rosto estava contorcido, a angústia dilacerando seus olhos.

— Não, não vou me acalmar! Fomos enganados pela única pessoa na família em quem nós confiávamos!

Alaska, do canto da cozinha, observava a cena com um olhar diferente. Ela não estava tão indignada quanto Luther. Ela entendia. Sabia o quanto Reginald significava para Grace e Pogo. Era um vínculo que não podia ser desfeito tão facilmente, mesmo que o velho fosse um idiota para seus filhos. Talvez não fosse para todos.

— Foi o último desejo do seu pai, Sr. Luther. — A voz de Pogo saiu baixa, mas firme, como se tentasse se explicar.

Ela suspirou, sentindo o peso da situação. Ele teve escolha, sabia disso. a jovem olhou para Pogo, e, ainda sim podia entender o lado dele.

O silêncio tomou conta da cozinha, pesado e sufocante. O loiro se aproximou de Pogo, seu olhar afiado, penetrante. Ele o encarou, as palavras mais difíceis que ele já tinha dito saindo com um tom frio.

— Sempre há uma escolha.

Luther se virou, os punhos cerrados, a raiva ainda pulsando em suas veias. Ele não queria ouvir mais nada. Não sabia mais o que fazer, então simplesmente se afastou, deixando a cozinha para trás. Pogo fez o mesmo, seu semblante triste e resignado.

Cinco esfregou as mãos no rosto, o impacto da revelação ainda martelando em sua mente. Ele olhou para a garota, mas ela parecia distante, perdida em seus próprios pensamentos. Alaska mexia nervosamente nos cabelos, tentando processar tudo, esperando um sinal de alguma coisa que fizesse sentido.

— Eu tenho que pensar. — Disse, a voz carregada de cansaço e frustração. Em um piscar de olhos, ele desapareceu, se teletransportando para longe, deixando o vazio que restava.

Agora, só sobravam Klaus e Alaska. Eles se encararam por alguns segundos, o silêncio se estendendo entre eles, mais pesado do que qualquer palavra poderia ser. Ambos pareciam perdidos, sem saber o que fazer a seguir.


O calor era insuportável, o tipo de tarde que fazia até o ar parecer preguiçoso. Alaska estava jogada na cama, braços e pernas esticados em formato de estrela, como se estivesse tentando ocupar o máximo de espaço possível para lidar com a sensação de sufocamento. O ventilador quebrado no canto do quarto parecia zombar dela, girando devagar e sem nenhum propósito. 

Ela fechou os olhos, tentando ignorar o suor na testa, quando o som de passos a fez abrir um olho preguiçosamente. 

— Levanta. — A voz direta de Cinco cortou o silêncio do quarto. 

— Você nunca ouviu falar em bater na porta? — Alaska resmungou, sem sequer se mexer. 

— Não. — Ele cruzou os braços, a expressão relaxada. — Agora levanta. 

Ela suspirou dramaticamente e finalmente virou a cabeça para olhá-lo. Ele estava parado ali, com aquela farda que parecia tão ridícula quanto sua expressão.

— Qual é a crise agora? 

— Salvar o mundo. — O garoto respondeu.

Ela riu pelo nariz, voltando a encarar o teto. 

— Claro. Porque isso é super conveniente agora que eu tô derretendo. 

— Alaska. — Ele inclinou a cabeça. — Tô falando sério. 

Ela se sentou, bagunçando os cabelos com uma das mãos, claramente irritada. O calor fazia parecer que o ar estava colando na pele, mas Alaska finalmente se sentou na cama, encarando Cinco com uma expressão que misturava exaustão e ansiedade. 

— Você não tá falando sério. — Ela repetiu, cruzando os braços. 

— Alguma vez na vida eu pareci o tipo de pessoa que brinca? — O jovem começou, cruzando os braços e lançando um olhar cético na direção dela.

Ela virou a cabeça para encará-lo, os olhos semicerrados por pura preguiça. — Não, mas pra tudo tem uma primeira vez.

— Mais cedo, quando o Klaus disse que o nosso adorável pai se matou para reunir todos nós... Isso me fez pensar. — Ele ignorou o comentário, contudo, dessa vez, não parou por aí. Cinco começou a andar de um lado para o outro, os olhos brilhando com aquele misto de frustração que sempre fazia a garota querer bater ou ouvir o que ele tinha a dizer.

A jovem arqueou uma sobrancelha, já se preparando para o que vinha a seguir. 

— Eu tive que saltar pro futuro para descobrir quando o apocalipse aconteceu. Só assim eu soube como voltar e tentar impedir. Mas o papai? Ele não viaja no tempo. Então, como ele sabia que tinha que se matar exatamente uma semana antes do fim do mundo? 

Ela abriu a boca para responder, mas o menino levantou a mão antes que qualquer palavra saísse. 

— Foi uma pergunta retórica. — Ele bufou e continuou, o tom acelerado, como se já estivesse vários passos à frente.

— Ótimo, porque eu não ia responder mesmo. — Ela caiu de volta na cama, mas continuou ouvindo.

— A vida inteira, o velho disse que nós, éramos os escolhidos para salvar o mundo de um apocalipse iminente. Lembra disso? 

— Eu lembro. — Alaska respondeu, revirando os olhos. — E sempre achei que era bobagem. 

— Concordo. — Cinco parou, cruzando os braços, o olhar fixo nela. — Mas e se não for? E se ele realmente soubesse que isso ia acontecer? 

Ela estreitou os olhos, intrigada. 

— Tá, mas como ele sabia? 

— Isso, eu ainda não faço ideia. — O moreno admitiu, balançando a cabeça, antes de continuar no mesmo tom calculado. — O que eu sei é que o plano de merda dele funcionou. Ele conseguiu reunir todos nós de volta aqui. 

— Nossa, parabéns pro velho. — A garota zombou, balançando a cabeça enquanto deixava o sarcasmo escorrer da voz. — Só um problema, a gente não tá nem se salvando direito.

— É, mas estamos juntos. Então, por que não tentar salvar o mundo? 

Alaska deu uma risada curta, cruzando os braços. 

— Ah, claro. Você e eu? Só nós dois vamos salvar o mundo? 

— Nós dois... — Cinco fez uma pausa, os olhos dela se estreitando em alerta com o que viria a seguir. — E o Klaus. 

Ela suspirou, balançando a cabeça enquanto se levantava da cama, procurando os tênis. 

— Tá bom, gênio. Mas só pra constar, isso é a coisa mais estúpida que a gente já fez. 

— E isso vindo de quem já atirou com os poderes num tanque de gás por diversão. — Respondeu, com aquele sorriso irritante que sempre parecia saber mais do que ela. 

— Justo. — A morena disse, com um sorriso breve.

Ela o encarou por alguns segundos, a expressão alternando entre curiosidade e hesitação. 

— Tá. Me dá cinco minutos. 

— Cinco minutos e o mundo acaba. — Ele rebateu, já virando para sair. 

— Então é melhor você me esperar lá fora. — Alaska falou enquanto se espreguiçava. — Se eu tiver que salvar o mundo sem nem lavar o rosto, pode esquecer. 

Cinco parou na porta, lançando-lhe um olhar de exasperação antes de esperar na porta. 

— Sempre dramático. — Murmurou para si mesma enquanto ia lavar o rosto.

A jovem apenas bufou, ajustando a alça da blusa antes de segui-lo. Salvar o mundo... claro, por que não?

Alaska andou pra fora do quarto, puxando o cabelo e o amarrando, e deu de cara com Klaus saindo do quarto dele. Cinco estava mais à frente, parecendo apressado, como sempre. Ela não teve nem tempo de perguntar o que estava acontecendo, porque Diego surgiu no corredor, praticamente correndo como se tivesse algo muito importante para fazer. 

— Onde tava? — O menor perguntou, direto, franzindo a testa. 

— Na cadeia. — O latino respondeu sem nem diminuir o passo, entrando no quarto dele e começando a revirar uma gaveta. — A história é longa. 

— E o Luther? — Diego gritou lá de dentro, ainda procurando algo. 

— Não vejo ele desde o café. — O garoto respondeu com indiferença, os braços cruzados. 

— Faltam dois dias pro fim do mundo, hora perfeita pra ele desaparecer. — Klaus murmurou, apoiando o ombro na parede.

— Ele deve estar por aí. — A jovem respondeu, tentando parecer mais otimista do que realmente estava. Ela cruzou os braços e deu de ombros. — Luther não é exatamente... discreto. 

Dois dias pro fim do mundo, e eles continuavam do mesmo jeito de sempre: um caos completo.

Mas só por um instante. Diego reapareceu abruptamente, vestindo um colete apertado como se estivesse pronto para uma "missão", com a testa franzida e os olhos inquietos. 

— Merda. — Ele resmungou enquanto ajustava o colete com movimentos rápidos. Parecia mais uma versão de Robin latino mal-humorado. 

Ele olhou para os três, o rosto carregado de uma aflição que fez o coração de Alaska bater mais rápido. — A Allison tá em perigo. 

As palavras pareciam ecoar no corredor. Klaus ficou imóvel por um segundo, Cinco estreitou os olhos, como se processasse tudo.

Ela quebrou o silêncio. — O que você quer dizer com "em perigo"? 

Diego deu um passo à frente.  — Não tenho tempo pra explicar. Só sei que, se a gente não fizer nada, ela tá ferrada.






                                          ☂︎





Depois de procurarem por um tempo, os quatro finalmente chegaram a um lugar que Klaus mencionou, onde ele achava que Luther poderia estar. O bar era pequeno, com uma atmosfera antiquada, cheio de móveis de madeira escura e uma decoração que parecia ter saído de uma época passada. Eles entraram pela porta da frente, e, lá no fundo, avistaram Luther sentado sozinho, bebendo em uma mesa.

— Olhaí. — Klaus apontou com um sorriso irônico, andando à frente dos outros enquanto observava o irmão. — Tomando uma pra curar a ressaca? Hum?

Os quatro ficaram parados em volta da mesa, bloqueando completamente a visão dele, como se ele estivesse preso entre eles. O loiro olhou para cima, com o semblante pesado e melancólico.

— Me deixem em paz. — Ele murmurou, a voz carregada de cansaço e desgosto.

Diego, sem perder tempo, deu um passo à frente e se sentou na cadeira em frente do homem forte. — Deixa eu conversar com ele. — Ele disse com firmeza, como se já tivesse decidido o que fazer.

Klaus observou a cena e deu de ombros, um cansaço aparecendo no rosto. — Tá bom, vamos lá. Eles vão ficar se lamentando aí até a morte. — Ele se virou, caminhando em direção à mesa de sinuca, com Cinco e Alaska o acompanhando.

Os três se encostaram na mesa de sinuca, já mais distantes, mas ainda assim próximos o suficiente para escutar a conversa entre os dois.

— O papai errou ao mentir pra você. Pra todos nós. — o latino falou, os olhos fixos em Luther enquanto tentava manter a calma.

Luther bufou, não querendo mais ouvir aquilo. — Olha, eu cumpri minha pena, tá legal? — Ele falou, o tom pesado e cansado. — Quatro anos lá em cima, só esperando, porque ele disse que o mundo precisava de mim. Quatro anos comendo pasta de soja e respirando ar processado. Fui ingênuo o suficiente pra acreditar que ele, pelo menos, não mentiria pra mim. E adivinha só? O idiota fui eu.

Ele deu um gole grande na bebida, o amargor misturado com o ódio que sentia por Reginald.

— Eu tô cheio. De tudo. De você, dessa família toda. Quer salvar o mundo? Vai lá, vai em frente. — o loiro jogou a última palavra como se fosse um peso, antes de dar outro gole em sua cerveja.

Klaus fez um gesto para Alaska e Cinco, um movimento com o pulso, como se dissesse que não tinha tempo pra ouvir mais lamentações de Luther. Mas ainda ouvindo a conversa.

— Eu tô de boa aqui, bebendo minha cerveja e... ficando... alegre. — Luther continuou, o tom de desprezo no rosto enquanto tentava ignorar tudo ao seu redor.

Diego suspirou, sem paciência. — Quer virar as costas pra mim? E pra eles? — Ele olhou para os irmãos, visivelmente incomodado com a situação. — Tudo bem, mas a Allison não merece isso.

— Allison? Do que tá falando? — Perguntou, ainda sem entender.

— Conseguimos a ficha criminal do Harold Jenkins. Acontece que o namorado da Vanya foi condenado por homicídio. — Disse, sem dar muita atenção à reação do irmão. — E pra mim, não é surpresa. Eu nunca confio em alguém que usa veludo.

— Peraí, onde a Allison tá agora? — Luther perguntou, o pânico começando a tomar conta de sua voz.

O latino olhou para ele, sem paciência. — Ela decidiu ir atrás do Harold Jenkins. Sozinha.

O silêncio se espalhou pela sala como um peso. O loiro não queria acreditar no que acabara de ouvir. Foi o mesmo quem quebrou o silêncio, seu tom carregado de desespero.

— Era pra você estar no comando! — Ele gritou, empurrando a cadeira para se levantar rapidamente. — Meu Deus! Caramba! — Estava prestes a perder o controle. Luther virou-se e saiu correndo em direção à porta, seus passos pesados ecoando pelo chão. — Merda.

Cinco, Klaus e Alaska se entreolharam e logo começaram a segui-lo, mas Luther estava rápido demais, a adrenalina tomando conta. Quando chegou à porta, ele tentou abrir, mas não conseguiu. Furioso, ele usou toda sua força, arrancando a porta do batente com um único puxão, o som de madeira estalando ecoando pela sala.






                                         ☂︎






Estava anoitecendo, e a luz suave do final da tarde ainda lutava contra a escuridão crescente. O céu estava tingido de tons azulados, mas as sombras já começavam a tomar conta da estrada à frente. O som do motor do carro era o único barulho que quebrava o silêncio, enquanto os cinco viajavam sem trocar muitas palavras.

Cinco dirigia com uma concentração silenciosa, seus olhos fixos na estrada, a tensão visível nos ombros e no jeito como ele segurava o volante. Do lado, Alaska estava no banco do passageiro, olhando fixamente para a estrada à frente, mas sua mente estava distante. Ela sentia um peso no peito, algo inexplicável, como se a ansiedade estivesse se acumulando a cada quilômetro que passavam.

Ela pensava em Allison. As duas haviam se afastado por tanto tempo, mas aquele pressentimento, aquele aperto em seu estômago... não conseguia se livrar disso. Algo não estava certo. Ela se forçou a respirar fundo, tentando afastar as piores ideias, mas a preocupação só aumentava.

Atrás, Klaus, Luther e Diego estavam em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Klaus parecia imerso em um estado de reflexão, mas seus olhos se moviam inquietos, como se procurassem por respostas que nunca vinham. Luther estava tenso, os braços cruzados, o corpo rígido. Diego, com sua expressão fechada, observava a estrada com atenção, mas também parecia distante, pensando em algo que não conseguia verbalizar.

A estrada parecia longa, os minutos se arrastando enquanto o carro avançava. A luz do dia estava desaparecendo, e o calor da tarde começava a dar lugar ao frescor da noite, mas a sensação de que o tempo estava se esgotando, permanecia com eles. A jovem não sabia por que, mas sentia que algo estava prestes a acontecer. E, no fundo, ela temia que não fosse nada bom.

— Aí, da pra ir mais rápido? — O loiro se levanta, sua voz cheia de impaciência enquanto se aproxima do banco do motorista.

O menino não tira os olhos da estrada, mas responde com uma calma assustadora. — Se perguntar de novo, eu vou queimar você com o isqueiro.

Luther olha para Alaska, esperando uma reação, mas a garota apenas dá de ombros. Ela já conhecia bem a personalidade impaciente de Cinco, algo que ele sempre teve desde quando eram crianças. Não havia mais o que discutir. Ele suspira e volta a se sentar no banco traseiro, seu corpo pressionado contra o estofado, mas ainda tenso. O silêncio volta a tomar conta do carro, pesado e denso, enquanto o som do motor e as rodas rolando na estrada são os únicos barulhentos da viagem.

Finalmente, o carro estaciona em frente à cabana. Cinco joga a marcha para o ponto morto e todos saem do veículo, O loiro não perde tempo. Ele é o primeiro a correr até a porta, sua ansiedade tomando conta, e arromba-a com um único empurrão. O som da madeira quebrando ecoa pela noite silenciosa.

Quando a porta se abre, o cenário que se revela é um choque para todos. Allison está no chão, o corpo estendido de forma inerte. Sua roupa está encharcada de sangue, e a visão mais aterradora é a sua garganta, cortada de forma brutal.

— Allison. Não! — Luther grita, sua voz quebrada pelo desespero. Ele corre até o corpo dela, os passos pesados e apressados.

— Ai meu Deus, ai meu Deus... — Alaska está quase em pânico, a voz chorosa enquanto ela se aproxima e tenta ajudá-la. Seus dedos tocam a pele ainda quente da cacheada, mas há uma pequena reação.

Klaus está parado ao lado, com as mãos na boca, os olhos arregalados, incapaz de processar o que vê. Ele engole em seco, a visão da irmã em tal estado o deixando sem palavras.

Diego está de pé, imóvel, os olhos fixos na cena à sua frente. Seu corpo parece congelado, o choque evidente em seu rosto. Ele tenta entender o que aconteceu, mas as palavras se perdem na garganta.

Luther, tomado pela dor, abraça o corpo de Allison, suas lágrimas escorrendo livremente. Ele a segura com força, o lamento dele ecoa pela cabana, profundo e desesperado. A cena é caótica e cruel, um pesadelo vivido por cada um deles.

O silêncio após o grito de Luther é quase ensurdecedor, e, no entanto, ninguém sabe o que fazer a seguir. Eles estão todos paralisados, tentando entender como algo tão horrível pôde acontecer.

( ☕ ) — esse capítulo foi mais curtinho, porque na série o foco era mais entre outros personagens!

( ☕ ) — favoritem e comentem pra ajudar, bjos e até o próximo capítulo!

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