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──── 𝗧𝗛𝗘 𝗘𝗬𝗘

̇⁺ CAPÍTULO ◌⃘ ̇ o olho
﹙+ informações﹚. . . 🕥

𝐎 𝐐𝐔𝐀𝐑𝐓𝐎 𝐄𝐒𝐓𝐀𝐕𝐀 𝐌𝐄𝐑𝐆𝐔𝐋𝐇𝐀𝐃𝐎 𝐄𝐌 𝐒𝐈𝐋𝐄̂𝐍𝐂𝐈𝐎 – um silêncio tão denso que parecia se espalhar por cada canto, como se o próprio espaço segurasse a respiração. Esse era o refúgio de Alaska, o único lugar onde ela podia fugir e se perder em sonhos que pareciam sempre tão distantes. As paredes eram cobertas com pôsteres de Demi Lovato, sua maior inspiração. Demi estava ali, em poses icônicas, os olhos determinados, a expressão forte. Cada imagem era uma motivação para Alaska, uma lembrança constante de força e autenticidade que sua ídola exalava.

Ao lado de sua cama, uma coleção de CDs estava jogada, muitos fora das caixas, riscados de tanto rodar. Cada disco ali contava uma história de noites em que ela deixava a música fazer o que nada mais conseguia – transportar sua mente para longe. Em um canto especial, estava sua vitrola vintage, em tons de azul escuro e preto. Ali, ela se sentava, fechava os olhos e deixava que o mundo desaparecesse, substituído por melodias que acalmavam tudo que havia de turbulento.

A cama era coberta com colchas coloridas e travesseiros espalhados, mas o que realmente chamava atenção estava logo acima: uma fileira de desenhos pendurados, iluminados por cordões de luzes. Eram quase todos de gatos – esboços inacabados de olhos atentos e expressões calmas. Alaska sempre sentiu uma conexão com os gatos, aquela mistura de independência e distância, como se sempre tivessem uma camada entre eles e o mundo. Ela se via nos gatos, na maneira como pareciam observar tudo à volta, mas nunca de muito perto.

No cantinho, meio escondido, ficava um espelho emoldurado em madeira envelhecida. Às vezes, Alaska parava ali, se olhava e deixava a mente vagar para um mundo onde as coisas eram diferentes. Se imaginava num baile de formatura, uma ideia simples, mas distante demais para ser real. Via a dança, o vestido, as luzes piscando, as risadas. Momentos como esses faziam seu peito apertar, uma mistura de saudade do que nunca viveu e vontade de escapar.

O quarto, apesar de todos os sonhos, tinha um toque levemente bagunçado, com coisas deixadas no meio do caminho, como se fossem esquecidas enquanto algo mais importante chamava. Aquele caos meio contido contava muito sobre ela – sobre seus sonhos, suas frustrações e o jeito dela de existir em um mundo que nunca parecia se encaixar direito.

Alaska fitava o teto, os olhos abertos, mesmo que exaustos, a mente girando, incapaz de se aquietar. Uma noite que deveria ser como qualquer outra se tornara um labirinto de pensamentos — intensos, cada um mais incômodo que o anterior. Respirou fundo, mas nem o peso das cobertas parecia capaz de sufocar a inquietação dentro dela. Um rosto que julgava enterrado no passado estava ali, se projetando em sua mente, uma sombra persistente que não desaparecia.

Dezessete anos. Era uma eternidade desde que o vira pela última vez. A vida tinha mudado muito desde então, ela própria tinha mudado. Mas agora ele estava de volta, e sua presença parecia abrir feridas que nunca se fecharam completamente, trazendo à tona um passado que não sabia se algum dia teria a chance de enfrentar de novo.

Quando finalmente o sol começava a nascer, Alaska tentava desesperadamente aproveitar os últimos minutos de sono. E então veio o som de algo caindo. Ela abriu os olhos, e lá estava Cinco, agachado, tentando recolocar um objeto onde estava, o rosto com aquela expressão de frustração que só ele conseguia fazer parecer quase permanente.

— O que você tá fazendo aqui? — ela perguntou, a voz ainda carregada de sono e desconfiança.

Cinco, sem se virar completamente, ajeitou o objeto e respondeu, impaciente.

— Não é da sua conta.

Alaska franziu o cenho, a irritação crescendo. Ele tinha aquele jeito irritante, sempre tão direto e fechado, mas invadir seu quarto era algo além do normal.

— Você invade meu quarto e espera que eu não pergunte o que tá fazendo? — ela retrucou, cruzando os braços e se sentando na cama, a expressão impassível.

Cinco soltou um suspiro impaciente, endireitando a gola da camisa.

— Fui até o laboratório. Descobri algo importante. E você é curiosa demais pra não deixar isso quieto, né? — ele disse, com um toque de desafio.

Cinco então a olhou com mais atenção, estreitando os olhos, como se algo a respeito dela tivesse acabado de captar sua atenção.

— Espera aí. — Ele franziu a testa, avaliando Alaska, o olhar passando por ela com uma desconfiança calculada. — Você deveria ter 29 anos agora, certo? Por que ainda parece ter 15?

Alaska soltou um suspiro, cansada, como se reviver aquela história fosse um peso a mais. Seus olhos vagaram por um segundo, lembrando algo distante.

— Longa história. — Ela deu de ombros, como se fosse algo trivial. — Em uma missão, mexi com um artefato temporal... Coisa complicada, acabei presa assim, desse jeito. — Ela o encarou, o olhar firme. — Isso vai ser um problema?

Cinco hesitou, os olhos fixos nela, como se estivesse processando a revelação. Em seguida, um sorriso cínico se formou em seu rosto.

— Não pra mim.

Antes que Alaska pudesse sequer reagir, Vanya apareceu na porta, os olhos expressando um misto de confusão e alívio ao vê-los juntos.

— Graças a Deus, eu tava preocupada com você — disse, dirigindo o olhar para Cinco, sua expressão oscilando entre afeto e preocupação. — Pelo visto, tava com a Alaska.

— Desculpa ter saído sem avisar. — Cinco baixou o olhar, uma sombra de culpa em sua voz, evitando o contato visual.

— Não, eu que tenho que pedir desculpa. — Vanya suspirou, como se as palavras lhe custassem algum esforço interno. — Eu não soube ouvir, e... Nåo consigo processar oque disse. Ainda é difícil de entender

— É compreensível reagir assim — Cinco disse, com um tom mais brando, o olhar deixando entrever uma vulnerabilidade rara. — Talvez nem tenha sido real. Parecia real, mas como você disse, o velho sempre alertava que viagens no tempo podem contaminar a mente.

Vanya o encarou, e por um instante seus olhos refletiam uma sinceridade quase dolorosa. — Eu não sou a pessoa certa pra ouvir você falar essas coisas. Eu me consultava com uma terapeuta, posso te passar o contato dela, se quiser.

— Obrigado. — Cinco ensaiou um leve sorriso, as palavras carregadas com um toque de falsa tranquilidade. —  Acho que eu vou descansar. Faz muito tempo que não durmo de verdade.

— Tudo bem. — Vanya assentiu, saindo do quarto em silêncio, como se uma pequena reconciliação tivesse sido alcançada.

E então, do nada, Klaus emergiu do escuro guarda-roupa, as mãos no peito, fingindo emoção exacerbada.

— Isso é tão... tão tocante! — ele exclamou, com um sorriso travesso. —Essa história de família, nosso pai, tempo... Nossa!

Cinco lançou um olhar mortal para Klaus e sussurrou entre dentes:

— Cala a boca! Ela vai escutar você.

Mas Klaus apenas riu, parecendo totalmente imune à ameaça.

— Estou úmido — comentou, ajeitando-se com um ar descontraído, como se não tivesse invadido o espaço de ninguém.

Alaska, que até então tentava entender a cena, arqueou uma sobrancelha, dividida entre irritação e incredulidade.

— O que você estava fazendo no meu guarda-roupa? — ela perguntou, tentando manter a calma.

Klaus sorriu com aquele jeito de sempre, um toque de sarcasmo em cada palavra. — Só estava... testando o nível de conforto. E olha, bem aconchegante!

— Sério? No meu guarda-roupa? Esse é o seu novo passatempo agora, Klaus? — Alaska continuou, ainda em choque.

Cinco suspirou, impaciente. — Não te disse pra vestir algo mais profissional?

Klaus olhou para a própria roupa, como se não entendesse o problema, e Alaska riu baixinho.

— Eu gostei da roupa.

— Não 'tá ajudando, Alaska! — Cinco rebateu, claramente incomodado. Mas ela apenas deu de ombros.

— Ué, mas essa é a melhor que eu tenho. — Klaus disse com simplicidade, como se uma "melhor roupa" fosse um conceito estranho pra ele.

Alaska lançou um sorriso desafiador para Cinco. — E também, não é como se o estilo dele fosse muito melhor.

Klaus piscou para ela, com um sorriso exagerado. — Por isso que você é minha preferida, Floquinho!

Ela riu, balançando a cabeça, enquanto Cinco só conseguia suspirar, visivelmente exasperado.

— Talvez fosse bom ele não parecer que acabou de sair de uma festa do pijama — Cinco sugeriu, claramente no limite da paciência. — Vamos procurar no armário do Velho.

Klaus sorriu com aquele brilho travesso no olhar. — Pode ser, contanto que você me pague.

Cinco revirou os olhos. — Só quando acabar o serviço.

Alaska franziu a testa, desconfiada, sentindo-se ligeiramente excluída do que parecia ser um plano só entre eles. Ela cruzou os braços, mirando Cinco com firmeza.

— O que vocês vão fazer? — perguntou, tentando esconder a irritação.

Cinco hesitou, visivelmente incomodado, mas tentou manter o tom evasivo.

— Nada que precise te preocupar.

Ela estreitou os olhos, a incredulidade clara no rosto. — Nada que precise me preocupar? Como se eu fosse acreditar nisso vindo de você, Cinco.

Ele suspirou, impaciente. Queria encerrar a conversa ali, mas Alaska não deixaria isso passar.

— Olha, não é da sua conta, Alaska. — Ele cruzou os braços, decidido a cortar o assunto. — Klaus e eu temos isso sob controle.

Ela soltou um riso cético. — Sob controle? Qual é o plano, Cinco? Ou vou ter que arrancar isso de você?

Cinco bufou, visivelmente frustrado. — Klaus vai fingir ser o velho. Só isso. Nada que você precise se envolver.

Alaska estudou o rosto dele, a desconfiança ainda estampada. — Fingir ser nosso pai? Por quê?

Cinco deu um passo à frente, como se tentasse intimidá-la a desistir. — Porque o cara responsável pela prótese só vai falar se achar que está lidando com alguém mais velho. Satisfeita?

Ela manteve a postura firme, insistente. — E por que essa prótese é tão importante?

Ele fechou os olhos por um segundo, a voz agora mais firme. — Já disse que não preciso te dar todos os detalhes, Alaska. A prótese pode salvar vidas, e é isso que você precisa saber.

Ela se aproximou um pouco mais, um leve sorriso se formando. — Se é tão importante assim, por que não me deixa ajudar? Eu posso convencer o cara. Ou você acha mesmo que só os dois vão conseguir?

Cinco parecia dividido, claramente incomodado. Sabia que ela tinha um ponto, mas relutava em envolvê-la.

— Não, Alaska. Isso é arriscado. Não tenho tempo pra te proteger ou pra te explicar tudo o que tá acontecendo.

Ela sorriu, percebendo que ele estava começando a ceder. — Não preciso de proteção, Cinco. Sei muito bem o que estou fazendo.

Ele a encarou, refletindo sobre o que ela dissera. Depois de um momento de silêncio, suspirou, resignado.

— Tá, você pode ajudar — cedeu, com relutância. — Mas sem perguntas. E faz exatamente o que eu disser. Entendeu?

Ela apenas sorriu, satisfeita. — Relaxa, Cinco.

Conforme caminhavam pelo corredor, ele foi explicando o plano para Alaska, enquanto Klaus, ainda meio perdido em seus próprios devaneios, tentava acompanhar o que estava acontecendo.

— Tá, deixa eu ver se entendi mesmo. Só tenho que ir até esse lugar e fingir que sou o velho e querido pai de vocês?

— Isso. Acertou em cheio. — Cinco respondeu, impaciente.

— E qual vai ser nossa história? — Klaus perguntou, confuso.

— O quê? Do que tá falando? — Franziu o cenho.

— Eu era muito jovem quando tive vocês? Tinha uns 16, tipo um jovem muito mal aconselhado que teve gêmeos com aparência trocada? — Klaus riu, elaborando a situação com um tom exagerado e cômico.

— Quer dizer gêmeos bivitelinos? — Alaska sorriu, se divertindo com a ideia.

— Ah, é. — Cinco revirou os olhos, cansado do rumo da conversa.

— Sua mãe era uma grande vagabunda! Seja lá quem ela for. — Continuou, rindo de si mesmo.

— Isso! E ela nos deixou com você enquanto foi embora curtir a vida sem responsabilidades. — Ela acrescentou, rindo, contagiada pela situação absurda.

— Ótimo acréscimo, Floquinho! Nos conhecemos... na discoteca! — Klaus finalizou com entusiasmo, rindo com Alaska.

Cinco os observava como se estivesse assistindo a um espetáculo ridículo.

— Meu Deus, o sexo era incrível! — Acrescentou, com um olhar zombeteiro.

— Que visão perturbadora vindo dessa coisa que você chama de cérebro. — O garoto respondeu, estremecendo.

Klaus fingiu estar ofendido, levando a mão ao peito. — Olha que eu vou te botar de castigo, hein? — A troca absurda arrancou um sorriso de Alaska.

Cinco andava na frente com passos rápidos, como se quisesse chegar logo ao destino e deixar as provocações para trás. Mas Klaus não conseguia deixar passar a oportunidade de implicar.

— Então, pequeno chefinho mandão, cedeu rapidinho pra Floquinho, hein? — Klaus provocou, um sorriso malicioso se formando. — Quem diria que você, o todo-poderoso Cinco, se desmonta tão fácil.

Cinco parou por um instante, o olhar carregado de irritação. — Klaus, você não cansa de falar besteira?

— Só acho curioso que você, o mestre das manipulações e respostas frias, ficou sem palavras quando ela insistiu.

— Eu não fiquei sem palavras, Klaus — Cinco resmungou em um tom exasperado. — Só tô tentando evitar que essa missão vá por água abaixo, o que vai acontecer se você não calar a boca.

— Ah, qual é, Cinco! Relaxa um pouco. — Klaus respondeu, jogando os braços para o alto. — Mas sério, você é todo calculista, não deixa ninguém se intrometer, só bastou ela dar aquele olhar e pronto... Lá vai você cedendo que nem um cachorrinho.

— Ela tem suas utilidades. — Cinco retrucou, mantendo o tom frio. — Diferente de você, que só serve para atrapalhar.

Klaus fingiu uma expressão ofendida. — Ai que cruel! E eu aqui pensando que era seu único e mais fiel ajudante.

Cinco estreitou os olhos, uma sombra de um sorriso sarcástico passando por seu rosto. — O dia em que você for "fiel" a qualquer coisa que não seja uma garrafa de bebida, talvez eu considere.

Klaus riu, claramente se divertindo mais do que deveria. — Tocou num ponto sensível, irmãozinho. Mas me diz uma coisa, ela vai mesmo seguir suas ordens ou vai te dar trabalho?

Cinco voltou a caminhar, sem responder de imediato. — Isso não é problema seu. Só tenta não transformar isso em um circo.

Klaus deu um passo mais perto, com uma expressão entre divertida e curiosa. — Eu? Transformar em um circo? Nunquinha.



☂︎



— Como eu já disse aos seus filhos mais cedo, qualquer informação sobre as próteses que fazemos é estritamente confidencial. Sem o consentimento do cliente, não posso ajudar vocês. — O doutor falou, a voz saindo firme.

— Não vamos conseguir o consentimento, se você não me der um nome. — Cinco se levantou da cadeira num impulso, os olhos fixos no homem à sua frente, quase pulando em seu pescoço.

— Ah, isso não é problema meu. — O doutor deu de ombros, sem mostrar qualquer sinal de hesitação. — Eu sinto muito, mas não há nada que eu possa fazer, então...

— E onde é que fica o meu consentimento? — A voz de Klaus interrompeu, carregada de um tom teatral.

O doutor franziu o cenho, perplexo. — Como é que é?

Klaus suspirou de modo exagerado, os olhos fixos no doutor. — Quem deu permissão a você pra colocar as mãos no meu filho? — O garoto e a jovem se entreolharam, confusos.

— Quê? — perguntaram os três restantes em uníssono.

— Você ouviu. — Klaus insistiu, cruzando os braços.

O doutor franziu ainda mais a testa. — Eu não toquei no seu filho.

— Ah, jura? — Klaus soltou uma risadinha debochada. — Então como foi que ele ficou com esses lábios inchados?

— Ele não está com os lábios inchados. — Respondeu secamente.

Em resposta, Klaus se virou para o jovem e, sem aviso, deu-lhe um soco. Cinco cambaleou, os olhos arregalados em incredulidade.

— Puta merda! — Alaska recuou, surpresa com a cena.

Klaus assumiu uma expressão de completo descontrole e se levantou da cadeira de forma dramática, chamando a atenção de todos os que passavam perto do escritório.

— Eu quero esse nome, e eu quero agora! — Ele exclamou, apontando um dedo ameaçador para o doutor.

— Você é maluco! — o doutor exclamou, a voz entre o choque e o medo.

Klaus soltou uma risada ameaçadora. — Você não faz ideia. — Seu olhar caiu sobre um globo de neve decorativo na mesa do doutor. Ele o pegou com delicadeza, observando-o com uma falsa admiração. — "Paz na Terra". Que coisa linda!

E então, num movimento rápido, atirou o globo contra a própria cabeça.

— Isso fazia parte do plano? — Ela perguntou ao garoto, perplexa.

— Óbvio que não — ele sussurrou de volta, tentando esconder a frustração.

Klaus gritou de dor, o sangue começando a escorrer da testa enquanto ele se contorcia, como se o sofrimento fosse insuportável.

— Ai, como dói! — Ele lamentou, com uma expressão exasperada.

— Merda. — A garota murmurou, percebendo que a situação estava saindo do controle.

O doutor, já com o telefone na mão, ameaçou. — Vou chamar a segurança!

Sem perder tempo, Alaska arrancou o telefone das mãos do doutor, com uma expressão chorosa.

— O que você está fazendo? — ele perguntou, atônito.

— Ocorreu uma agressão no escritório do Sr. Big! — ela exclamou com a voz trêmula. — Meu pai e meu irmãozinho foram agredidos! Precisamos de seguranças agora! — Ela fez uma pausa dramática, elevando o tom de voz, tentando chamar mais atenção.

O jovem a encarou, incrédulo. — "Irmãozinho?" — Ele murmurou, quase ofendido.

Ela revirou os olhos, mantendo o papel de filha desesperada. — Sim, meu irmãozinho! Falei algo de errado? — Ela enfatizou, olhando para ele como se fosse óbvio.

O Cinco suspirou, claramente irritado. Sabia que não tinha escolha a não ser entrar no jogo da garota.

— Não me chama assim de novo — ele resmungou.

Enquanto isso, Klaus, vendo a atenção que atraíra, adotou um tom mais sério, ainda com as mãos ensanguentadas.

— Vou te contar o que vai acontecer, Grant... — Ele começou a falar em tom ameaçador.

— É... Lance. — O corrigiu, com a voz tensa.

Deu de ombros, continuando o blefe. — Daqui a 60 segundos, seguranças vão passar por aquela porta e vão ver que isso aqui tá cheio de sangue. Eles vão querer saber o que aconteceu.

Cinco e Alaska se entreolharam, um leve sorriso cruzando seus rostos, admirados com a habilidade de Klaus em persuadir.

— E a gente vai dizer pra eles que você... — Se virou dramaticamente para a garota. — O que foi que você tinha dito antes, Floquinho?

Ela sorriu de canto, gostando do teatro. — Que meu pai e irmão tinham sido agredidos.

Klaus assentiu. — Que o pai e o irmãozinho dela levaram muita porrada! — Ele levou a mão ao peito, adotando uma expressão de vítima.

Ele suspirou, com um tom dramático. — Você vai fazer o maior sucesso na prisão. — Klaus aproximou-se do doutor, o sorriso se transformando em algo quase predatório. — Eu já estive lá, sei como é. Um nenenzinho assim que nem você... Meu Deus. Você vai rodar como se fosse uma...

Ele fez uma pausa proposital, o olhar provocativo, antes de continuar.

— Vai fazer o maior sucesso, é o que eu quero dizer.

O doutor o encarou, horrorizado. — Minha nossa, você é um louco pervertido!

Klaus abriu um sorriso confiante. — Eu sei.

☂︎

O doutor, com uma expressão de desconfiança e receio, vai até os arquivos e começa a vasculhar fichas e registros. As páginas farfalham enquanto ele busca a informação correta, até que, ao encontrar algo, seus olhos se estreitam.

— Que estranho... — murmura, franzindo o cenho.

Cinco, impaciente e desesperado, se aproxima ainda mais. — O quê? — pergunta, a voz carregada de ansiedade.

O doutor olha para ele, hesitando por um momento antes de responder. — O olho... Ele não foi comprado por nenhum cliente, ainda.

— Quê? Como assim? — Klaus, intrigado e agora claramente preocupado, se aproxima, tentando ver os registros por cima do ombro do doutor.

— Bom, de acordo com os registros, o olho com esse número de série... — Ele pausa, coçando a cabeça, a expressão confusa. — Isso não pode estar certo. Não foi nem fabricado ainda. Onde foi que acharam esse olho?

O jovem solta um suspiro pesado, frustrado, enquanto coloca as mãos na cabeça, sentindo-se como se a situação tivesse acabado de piorar. — Ah, isso não é nada bom...

A garota, sentindo o peso da nova descoberta, balança a cabeça, com o semblante apreensivo. — Não mesmo...



                                       ☂︎



Estavam saindo do local quando Klaus começou.

— Ah, mas e a minha atuação? — Ele exclamou, com um sorriso malicioso. — "E onde é que fica o meu consentimento? Babaca!" E soltou uma risada.

— Klaus, não importa — retrucou Cinco, impaciente.

— O quê? O que tem esse olho de tão importante? — Klaus questionou, inclinando-se para mais perto do irmão.

— Tem alguém que vai perder esse olho nos próximos sete dias — Disse, aproximando-se do irmão. — E isso vai causar o fim da vida na Terra e de tudo que conhecemos.

— Tá, será que você pode pagar minhas 20 pratas? — Klaus perguntou, como se nada estivesse acontecendo.

— Suas 20 pratas? — Franziu a testa, surpreso.

— É, minhas 20 pratas — Confirmou, com indiferença.

— O apocalipse está se aproximando e você só consegue pensar em ficar chapado?

— Na verdade, também tô com fominha — respondeu Klaus, colocando a mão na barriga. — Tô com a barriga roncando — ele imitou o som, rindo.

— Você é inútil — Cinco disse, sem acreditar.

— Todos vocês são inúteis — acrescentou.

— Ri com desgosto. — Acha que isso é fácil? — Alaska interveio, a voz firme. — Estamos tentando te ajudar a salvar o mundo. E, na boa, você não pode simplesmente jogar essa culpa em cima da gente. Se não fosse por nós, você estaria sozinho nessa, e bem, não seria a primeira vez que isso acontece.

— Ah, claro, porque a sua ajuda vai mudar tudo, não é? — Cinco respondeu com um sorriso sarcástico.

— Ah, para com isso! Você tem que relaxar, seu velho! — Klaus gritou enquanto os outros dois se sentavam no degrau.

— Vem cá, eu já sei. Acho que já entendi por que você é tão irritadinho — Klaus disse, piscando para Cinco. — Você deve estar com tesão reprimido — ele riu. — Esses anos todos sem ninguém, isso deve deixar qualquer um maluco, né? Ficar sozinho.

— Não estava sozinho — Cinco suspirou.

— Não? — Klaus perguntou, curioso. — Me conta.

— O nome dela era Dolores — Cinco respondeu, o olhar distante. — Ficamos juntos por mais de 30 anos.

— Eu só consigo imaginar a paciência que a Dolores deve ter tido para ficar com alguém tão insuportável como você, porque, com menos de 1 hora eu já tô com vontade de te socar. — Alaska comentou, impaciente.

— Paciência é uma virtude. Talvez seja você quem precisa de um pouco mais — Cinco respondeu, seco.

— 30 anos?! — Klaus riu, surpreso. — Caramba!

— O máximo de tempo que eu fiquei com alguém foi... Sei lá, três semanas? E isso só porque eu estava cansado de ficar procurando outro lugar pra dormir — Klaus disse, refletindo.

— E você, Floquinho? Tinha alguém? — perguntou Klaus.

— Ah, não... não tive essa opção. Acho que é meio errado ficar com alguém nesse corpo — Alaska respondeu, um pouco distante.

— Isso é ótimo e tudo, mas eu tenho coisas mais importantes pra resolver — disse Cinco, com ironia.

— Onde você vai? — Klaus perguntou, enquanto Cinco, sem responder, já começava a se afastar.

Em um piscar de olhos, ele se teletransportou para um táxi que estava na esquina, desaparecendo da vista de Alaska e Klaus sem aviso.

( ☕ ) — Comentem e favoritem, isso vai me motivar muito!

( ☕ ) — O Klaus dizendo que não ia transformar em circo. (Ngm acreditou 🙂‍↕️)

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