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──── 𝗠𝗔𝗥𝗚𝗔𝗥𝗜𝗧𝗔

̇⁺ CAPÍTULO ◌⃘ ̇ margarita
﹙+ informações﹚. . . 🕥

𝐀𝐋𝐀𝐒𝐊𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐀 𝐎 𝐀𝐑 𝐄𝐒𝐂𝐀𝐏𝐀𝐑 𝐃𝐄 𝐒𝐄𝐔𝐒 𝐏𝐔𝐋𝐌𝐎𝐄𝐒 como se o ambiente ao redor estivesse desabando sobre ela. Cada respiração parecia impossível, presa em um torpor que a arrastava para o mesmo pesadelo de sempre: perder outro irmão. Suas mãos tremiam, sem força para se fecharem. Ela não sabia o que fazer.

Diego já estava de joelhos ao lado de Allison, assumindo o controle da situação. 

— Klaus, ajuda aqui! — gritou, sua voz carregada de desespero.

Esse, que estava paralisado com as mãos cobrindo a boca, deu um passo hesitante. Ele finalmente se moveu, indo até Luther, que segurava Allison com um cuidado desesperado.

— Certo. Certo. Vamos levá-la pro carro. — Klaus murmurou, tentando soar firme enquanto ajudava a erguer o corpo da cacheada. O rosto dela estava pálido, mas seus olhos ainda se abriam e fechavam lentamente, resistindo ao desmaio.

Enquanto os irmãos trabalhavam juntos, Alaska permaneceu imóvel, um vazio crescente a consumindo. Foi quando Cinco se aproximou. Ele não gritou, nem soou irritado. Apenas tocou o ombro dela, firmemente, mas sem pressa.

— Ei, olha pra mim. — Ele disse, sua voz baixa, quase calma, diferente do tom severo de sempre. — Vamos. Você consegue.

A garota piscou, tentando dissipar o nó que apertava sua garganta. Ela olhou para o moreno, percebendo um olhar que não vinha carregado de críticas ou sarcasmo, mas de algo próximo a compreensão. Depois de tudo que haviam passado juntos recentemente, parecia que ele finalmente a via como mais do que apenas uma pessoa insuportável, diferente de quando eram crianças.

— Ela precisa de você agora. — Ele acrescentou, a firmeza misturada com uma gentileza que Alaska não esperava ouvir.

Ela respirou fundo, forçando-se a sair daquele estado de paralisia. Um passo, depois outro, e logo estava ao lado de Klaus, ajudando-o a levar a cacheada até o carro.

O carro estava mergulhado em um silêncio inquietante, quebrado apenas pelos soluços abafados de Alaska e a respiração fraca de Allison. A jovem estava no banco do meio, segurando a cabeça da irmã com cuidado no colo, os olhos marejados enquanto passava os dedos pelos cabelos ensanguentados dela.

— Você vai ficar bem, Allison. — Alaska murmurou, forçando sua voz a soar firme, embora ela mesma não tivesse certeza se acreditava nisso. — Eu prometo.

A cacheada abriu os olhos por um instante, o olhar vago e perdido, antes de fechá-los novamente.

— Ei, não dorme, tá? Fica comigo. — A jovem insistiu, acariciando o rosto da irmã. Era o máximo que podia fazer naquele momento.

Diego estava ao lado de Alaska, o rosto sério enquanto mantinha pressão na ferida de Allison com as mãos trêmulas.

— Klaus, me dá mais alguma coisa pra parar o sangramento. — Ele pediu, a voz baixa, mas urgente.

Número 4, sentado no banco do passageiro, abriu o porta-luvas e começou a revirar o conteúdo com pressa. Encontrou um lenço velho e passou para Diego sem olhar para trás.

— Isso é tudo que tem. — Murmurou, mais para si mesmo do que para os outros. Ele estava pálido, as mãos apertando os joelhos.

— Não é o suficiente. — O latino murmurou, frustrado, enquanto fazia o melhor que podia para estancar o sangue.

Luther, espremido no canto, mantinha os olhos fixos em Allison. Ele parecia petrificado, as mãos fechadas em punhos, incapaz de encontrar palavras para expressar o que sentia.

— Ela vai conseguir, não vai? — Ele finalmente perguntou, mas ninguém respondeu.

No banco da frente, Cinco mantinha as mãos firmes no volante, os olhos fixos na estrada. Sua expressão estava quase inabalável, mas qualquer um que o conhecesse bem saberia que sua mente estava a mil.

— Estamos quase lá. — Ele anunciou, sua voz cortando o silêncio.

— Quanto tempo? — Diego perguntou, sem tirar os olhos da irmã.

— Uns quinze minutos. — O garoto respondeu.

— Isso é muito tempo. — O loiro disse, o medo evidente em sua voz.

— Eu estou indo o mais rápido que posso, tá legal? — Cinco rebateu, sem paciência.

Alaska voltou sua atenção para Allison, acariciando o rosto dela e falando em voz baixa.

— Você vai ficar bem. Não vou deixar você ir embora. Você me ouve? Eu não vou deixar. — Suas palavras eram um misto de súplica e promessa.

O carro continuava cortando a estrada, cada segundo se arrastando quase como se o tempo estivesse contra eles. Todos sabiam que estavam em uma corrida contra o inevitável, mas ninguém ousava dizer isso em voz alta.

Os pneus cantaram no asfalto quando Cinco parou o carro tão bruscamente que todos quase voaram para frente.

— Vamos, saiam logo! — O garoto gritou, já saindo e batendo a porta atrás de si.

Luther e Klaus começaram a tirar Allison do carro, sendo mais cuidadosos do que em qualquer outra coisa que já fizeram na vida. Ela parecia tão frágil, o rosto pálido, o corpo mole... Alaska teve que desviar o olhar por um segundo para não perder o controle.

— O loiro parou no meio do caminho, o pânico estampado no rosto. — Ela não tá mais respirando.

— Se não levar ela, vai morrer. — Klaus disse, com um tom tão sério que até Diego olhou para ele.

A jovem correu na frente, os dedos tremendo enquanto puxava a maçaneta da porta. Claro que a bendita emperrou, porque nada nunca era fácil.

— Anda, abre logo isso! — Cinco já estava ao lado dela, empurrando a porta com mais força.

— Já tô abrindo, calma! — Alaska rebateu, conseguindo finalmente abrir a porta e segurando-a para os outros.

Grace apareceu na entrada, a mesma expressão serena de sempre, como se não tivesse reparado que o mundo estava caindo ao redor dela.

— O que está acontecendo? — perguntou, a voz apreensiva.

— Ela precisa de ajuda! — Cinco disse, o tom quase uma faca de tão cortante.

Os dois passaram pela garota, carregando Allison. Diego vinha logo atrás, o rosto tão tenso que parecia prestes a explodir. Alaska engoliu em seco e fechou a porta atrás deles.

E naquele momento, a menina, que não era tão religiosa, só conseguia rezar para que aquilo desse certo.

Allison foi levada até uma sala que parecia uma mistura de clínica médica com laboratório de filme de ficção científica. Aparelhos piscavam, seringas e tubos de ensaio estavam espalhados, e o cheiro de antisséptico queimava as narinas. Grace examinava o corte na garganta de Allison com uma precisão assustadora, as mãos se movendo como se fossem feitas de programação.

— Sofreu uma laceração grave na laringe. — Grace disse, sua voz lamentosa enquanto pressionava delicadamente a área. — Quem pode doar sangue?

— Eu doo. — Todos responderam ao mesmo tempo, quase que instintivamente.

— Eu vou doar! — Luther repetiu, mais alto, dando um passo à frente com convicção. Ele parecia disposto a se abrir no meio se fosse necessário.

Grace levantou os olhos para ele, como quem observa um dado interessante em um relatório.

— Infelizmente, isso não será possível, meu jovem. — Pogo disse, sua voz tão calma que parecia uma sentença de morte. — O seu sangue é mais compatível com o meu.

O rosto do loiro caiu imediatamente, os ombros curvados como se ele tivesse levado um soco no estômago. Ele olhou para Allison, o desespero evidente.

— Tá, não se preocupa. Eu faço isso, gigante. — Klaus disse, sem nem mesmo olhar para ele. Esticou o braço, aparentemente sem se importar com o que estava por vir.

O chimpanzé fez uma pausa, parecendo estudar a situação, e então, com um ar hesitante, respondeu:

— Sr. Klaus, o seu sangue é... — Ele parecia procurar palavras. — Como posso dizer? Muito poluído.

— Sai. — Diego não perdeu tempo. Ele empurrou Número 4 de lado com a mão e se aproximou de Grace.

— Isso, vai lá, Diego. — Luther incentivou, já meio que resignado com a situação.

O latino ficou com o rosto tenso, quase determinado, mas quando a robô preparou a agulha, ele olhou para o tamanho da seringa e, com uma expressão de pavor absoluto, desmaiou na hora. Não foi bonito.

Alaska observou tudo em silêncio. Ela não tinha tempo para esperar que Diego se recuperasse ou que alguém se disponibilizasse. Se fosse preciso, ela faria. E não hesitou.

— Eu faço isso. — Sua voz estava firme e direta, mais do que qualquer um ali esperava. Ela se aproximou, o braço já estendido.



Diego estava quase furioso, andando de um lado para o outro como um tigre enjaulado, sem saber o que fazer. Cinco, estava encostado em uma cadeira, parecendo completamente ansioso, enquanto Klaus e Alaska estavam jogados no sofá, o que, honestamente, parecia ser a melhor opção do momento.

— O desgraçado que quase matou a nossa irmã ainda tá por aí com a Vanya. A gente tem que achar ele. — Diego falou, como se fosse óbvio.

Cinco se distanciou da cadeira com um suspiro, mancando ligeiramente enquanto se aproximava de seus irmãos.

— A Vanya não importa. — Ele falou com aquela calma quase assustadora que sempre acompanhava suas palavras.

O latino o encarou, com os olhos se estreitando. Não estava acreditando no que estava ouvindo.

— Aí, é a sua irmã. Foi cruel até pra você, Cinco. — Retrucou, mais irritado com a indiferença de Cinco do que com qualquer coisa.

— Não tô dizendo que não me importo com ela, mas, se o apocalipse acontecer hoje, ela morre junto com sete bilhões de pessoas.

Alaska, por sua vez, suspirou e virou a cabeça para Diego, sem conseguir esconder a frustração. Ela não queria ser a voz da razão, mas às vezes, alguém precisava ser.

— Cinco tem razão — ela disse, cruzando os braços. Sua voz soou mais calma do que ela se sentia. — Não adianta salvar a Vanya se o mundo vai acabar. E eu sei que ela é importante, mas... se não pararmos o apocalipse, ela vai morrer de qualquer jeito. E não é só ela, são bilhões de pessoas.

Cinco observou tudo, com aquele olhar de quem já sabia que tudo o que ela disse era verdade. Ele assentiu levemente, quase imperceptível.

— Harold Jenkins é a nossa prioridade. — O jovem falou, o olhar fixo em Diego, sua cabeça um pouco inclinada pela diferença de altura.

— Concordo. Vamos. — Diego respondeu com mais calma agora, já refletindo nas palavras de seus irmãos. O que eles disseram fazia sentido. O apocalipse era a prioridade.

— É, me deixem de fora. Assim, não é ofensa nem nada, é que... eu tô achando que é muita pressão na minha cabeça, acabei de ficar sóbrio, entendeu? — Klaus disse, deitado no sofá, parecendo completamente alheio à seriedade da situação. Todos o olharam incrédulos, como se esperassem que ele fosse sério, mas não era a primeira vez que Klaus fazia uma dessas.

— Você vem. — O latino disse, a paciência começando a se esgotar.

Número 4 ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços, claramente se recusando.

— Não, não. Acho que todo mundo concorda, os meus poderes... — Ele fez um gesto desajeitado com as mãos. — São basicamente inúteis. Eu só ia servir pra atrasar vocês, de verdade.

Cinco deu um suspiro, claramente sem paciência para mais desculpas.

— Klaus, levanta. — Ele disse, soando exausto.

O mesmo olhou para ele com um sorriso largo e desafiador.

— Você não pode me obrigar.

Diego, porém, não estava disposto a continuar esperando. Ele puxou uma faca da cintura e a lançou, certeira, entre as pernas de Klaus, cravando-a no sofá com um estalo abafado.

Ele olhou para a faca e depois para Diego, claramente sem mais palavras. Suspirou e se levantou, ajeitando a roupa.

— Se bem que fazer um exerciciozinho ia ser bom, né? — ele murmurou, começando a se mover. — É, é bom.

Klaus olhou para os outros com uma careta, mas sabia que não tinha escolha.





☂︎




Eles chegaram à cabana de Harold, mas o que encontraram lá não era nem um pouco o que esperavam. O corpo dele estava espalhado pelo chão, atravessado por dezenas de objetos cortantes, como se tivesse sido alvo de um massacre. E o pior: não havia sinal de Vanya.

— Que nojo. — Alaska resmungou, olhando para o corpo com uma expressão de nojo.

— É, não era bem o que eu esperava, né? — Klaus disse, olhando para o corpo, claramente desconfortável com a cena.

— Um eufemismo e tanto. — Cinco comentou com um sorriso sarcástico.

— Nem sinal da Vanya. — Número 4 disse, seu tom de voz mais sério agora. A frustração era evidente.

— Vamos, antes que a polícia chegue. — Diego falou, já virando para a porta. Mas Cinco não estava tão apressado. Ele ficou parado, observando o corpo de Harold com uma intensidade inquietante.

— Só um minuto. — Disse, ajoelhando-se ao lado do corpo e tirando algo do bolso. Os outros o olharam em silêncio, sem entender o que ele estava fazendo.

Cinco segurou uma prótese de olho nas mãos e, com calma, retirou o tapa-olho de Harold. Ele observou por um momento, como se estivesse pensando em algo. Os outros estavam claramente desconfortáveis com aquilo, mas o jovem parecia completamente focado.

— O que tá fazendo? — O latino perguntou, com uma careta de nojo, sem conseguir esconder a repulsa pela cena.

O menino não respondeu de imediato. Ele simplesmente colocou a prótese no olho de Harold, testando algo, com uma calma estranha.

Alaska assistiu, com a expressão torcida de repulsa, enquanto Cinco enfiava a prótese no olho de Harold. Ela deu um passo para trás, como se afastar fisicamente do nojo que parecia tomar conta do seu estômago. Era uma cena grotesca, e ela não queria fazer parte disso.

— Gente... — Klaus falou, a surpresa evidente em sua voz, como se ele fosse o único que não estava esperando aquilo.

Diego estava com o rosto pálido, fazendo sons abafados, claramente tentando segurar o impulso de vomitar.

— Mesma cor de olho, mesmo tamanho de pupila... gente, é isso. — O garoto olhou fixamente para a prótese, um misto de fascínio e certeza na voz. Ele a ergueu parecendo um achado arqueológico. — O olho que eu carrego há décadas... ele...

— É dele... — A menina completou, a ficha finalmente caindo, o arrepio percorrendo sua espinha. Era tudo o que ela precisava saber.

O moreno retirou a prótese do corpo com uma facilidade, como se isso fosse algo que ele já estava acostumado a fazer.

— O cara que tínhamos que matar pra impedir o apocalipse. — O latino murmurou, tentando conectar todas as peças. Sua voz tinha um tom de conclusão.

Número 4, sem conseguir mais lidar com a situação, tentou apressar tudo. — Aê! Vambora. — Ele disse baixinho, forçando um entusiasmo que não convenceu ninguém. Ele foi em direção à saída, mas Diego o parou com um puxão.

— Não, não, espera, espera! Não pode ser tão fácil assim. — Cinco falou, com o olhar fixo em Klaus, acabando de perceber que ainda havia mais na história.

O jovem fez uma pausa, então puxou um pedaço de papel do bolso. Ele o balançou na frente deles, sem muita cerimônia. — Olha, esse é o bilhete que eu peguei da Comissão. O que diz pra proteger Harold Jenkins, que é o Leonard Peabody.

Diego olhou para ele e assentiu, concordando com a informação. — É.

— Mas quem matou ele? Quem fez isso? — Cinco perguntou, as palavras pairando no ar. Ele ainda estava processando a falta de respostas.

Foi Klaus quem teve um estalo. — Tive uma ideia louca, tá? Louca. Mas por que a gente não acha a Vanya e pergunta o que aconteceu?

O menino, sem dizer mais nada, se teletransportou. Um piscar de olhos e ele não estava mais lá, deixando os outros para trás.

— Se a Vanya escapou desse imbecil, pode estar voltando pra academia. — O latino disse, sua voz mais baixa agora.

— Vamos atrás da Vanya então. Se ela souber o que aconteceu, talvez finalmente a gente consiga entender essa bagunça toda. — Alaska concluiu.

Com a possibilidade de Vanya estar na academia, eles foram direto para lá. Claro, Cinco já tinha chegado antes. Enquanto Klaus e Alaska vasculhavam o andar de baixo, Diego verificava os quartos no andar de cima.

— Nada da Vanya. — Cinco anunciou, surgindo no corredor onde Diego estava.

— Ela não tá em nenhum quarto. — Diego respondeu, sem diminuir o passo.

— Lá embaixo ela também não tá. — Klaus comentou enquanto subia as escadas, Alaska logo atrás.

— Vou sair. — O latino declarou abruptamente, interrompendo a conversa.

— Peraí. — Número 4 ergueu uma sobrancelha.

— Assim, do nada? — A garota perguntou, a curiosidade evidente no tom, enquanto cruzava os braços.

— Aonde você vai? — Klaus perguntou, tentando entender a decisão repentina.

— A Vanya ainda tá lá fora. E Hazel e Cha-Cha também. — O garoto argumentou, como se fosse óbvio.

— Eu sei. — Diego respondeu, já começando a descer os degraus. — Vou pegar minhas coisas e sair. Tenho contas a acertar com aqueles babacas.

— E você acha que fazer isso sozinho é uma boa ideia? — A jovem questionou calmamente, inclinando a cabeça.

O moreno a ignorou e desapareceu no andar de baixo.

— Não é possível. — Alaska resmunga encostando-se na grade ao lado do irmão.

— Ai, o papai disse alguma coisa sobre o apocalipse quando falou com ele? — Cinco perguntou, virando-se para Klaus, que estava parado encostado no meio da grade. — Alguma pista de como vai acontecer?

— Não, nenhuma pista. A barba ficou excelente. — Comentou casualmente, referindo-se à estranha interação com Reginald no pós-vida.

— Mas nenhuma pista. — Deu de ombros.

O menino soltou um suspiro longo e começou a descer as escadas. Klaus, no entanto, pareceu ter um momento de epifania e o seguiu rapidamente. Número 0 o acompanhou, com as mãos nos bolsos.

— Pensando bem... — Klaus começou enquanto desciam. — Ele falou alguma coisa sobre o meu potencial e como eu não tinha nem chegado perto do meu verdadeiro...

— Como ele sabia sobre o apocalipse? — O garoto o interrompeu, franzindo a testa, mais para si mesmo do que para Klaus.

— Não sei. — Deu de ombros novamente. — Mas, olha, esse negócio seu de ficar saltando no tempo, como é que... como é que você soube como fazer isso?

Ele parou na frente de Cinco no final das escadas, bloqueando o caminho. O mesmo o encarou, impaciente.

— Não soube. — Cinco respondeu, claramente frustrado. — Você perceberia isso se estivesse realmente sóbrio. 

Alaska, que vinha logo atrás, lançou um olhar para Klaus. O silêncio que seguiu foi mais pesado do que qualquer bronca que ela poderia dar.. 

Ela cruzou os braços, desapontada. Klaus sabia o porquê. A luta dele com a dependência química era um ciclo que já havia machucado todos eles, mas especialmente Alaska, que sempre sentia que ele estava colocando a própria vida em risco. 

— Klaus... — ela começou, num tom que não era de bronca nem de julgamento, mas de preocupação genuína. 

Ele ergueu as mãos no ar, defensivo. 

— Peraí, eu tô sóbrio, tá? Eu tô sóbrio há dois... há quase dois dias agora.

— É, Dois dias. — O Cinco repetiu, com falsa surpresa. 

— Parecem 45 anos. — Klaus murmurou, visivelmente incomodado. 

— Olha, quem você acha que tá enganando? — Rebateu. — Você tá impaciente o dia todo. 

— Acho que nós dois estamos lutando contra o vício, né? — Retrucou, lançando um olhar desafiador.

— Eu não sou viciado. —  Cinco respondeu, seco. 

— É, sim. — Klaus insistiu com um sorriso provocador. 

— Viciado em uma droga chamada "O Apocalipse"

Por um momento, Alaska soltou uma risada curta e abafada. Cinco a encarou, indignado. 

— Sério? — Ele perguntou, exasperado. 

— Desculpa. — Ela disse, tentando não rir mais, mas claramente se divertindo.

— Tá errado. — Diz a Klaus.

— Ele não tá errado, Cinco.

— Negação. — Afirmou, levantando uma mão como se estivesse num grupo de apoio. — Primeiro sinal. — Apontou casualmente enquanto se virava de costas. 

Antes que pudesse continuar, Cinco se teletransportou para frente dele, interrompendo-o de forma brusca. 

— Você e eu não somos iguais em nada. — Rebateu, esbravejando e apontando um dedo acusador no rosto do irmão. 

Klaus, é claro, apenas deu uma risadinha tranquila, como se estivesse lidando com uma criança irritada. 

— Eu já vi esse olhar nos olhos de alguém. — Ele começou, o tom mais sério agora. — Que não sabe mais quem é... sem estar chapado.

O jovem estreitou os olhos, confuso e levemente irritado, mas Número 4 continuou, abaixando o tom da voz, quase como se estivesse confidenciando algo. 

— Confie em mim. — Ele inclinou levemente a cabeça, gesticulando com as mãos. — Você só tem que mandar isso pra longe.

Cinco estreitou os olhos, sem paciência. Em um movimento repentino, pegou a prótese e a lançou contra a parede com força. O som do impacto ecoou pelo cômodo, e a prótese quebrou no chão com um ruído seco. 

A menina arqueou uma sobrancelha, surpresa, mas não disse nada. Apenas deu meia-volta e foi até a mesa do bar. Ela nunca foi muito de beber, mas considerando que o mundo provavelmente acabaria em poucas horas, pensou: Por que não?

— Era no sentido figurado, mas... serve também. — Klaus murmurou, com um meio sorriso, observando enquanto Cinco, ainda furioso, caminhava na direção da mesa do bar. 

Alaska já estava ali, olhando as opções disponíveis, e lançou um olhar de canto para Cinco quando ele se aproximou. 

Ele, agora com um brilho estranho nos olhos, pegou uma garrafa e fez algo que parecia mais uma mistura química do que uma bebida comum. Quando terminou, Olhou para a menina com um sorriso torto.

— Sabe, isso deve ser o que eu chamo de "fim do mundo em forma líquida". — Ele entregou a bebida, que tinha uma cor verde brilhante, quase sobrenatural.

Alaska pegou a taça, observando a cor esquisita com curiosidade. Ela deu uma pequena risada.

— Nunca pensei que meu primeiro e último drink fosse ser tão... suspeito.

A bebida passou um gosto amargo na boca da jovem, mas ela não se importou. Afinal, o mundo poderia estar indo embora mesmo. Ela tomou um gole, olhando Cinco com um sorriso.

O garoto riu, um som curto e cínico, mas que também carregava um pouco de tristeza.

Enquanto colocava o copo na mesa, algo na estante ao lado chamou sua atenção. Um quadrinho do Homem-Aranha, velho e meio gasto, encostado em um canto entre livros empoeirados.

— Não acredito nisso. — Alaska riu ao pegar o quadrinho. — Lembra disso, Cinco? Quando éramos crianças, eu era viciada nessas histórias.

Cinco, que estava ocupado mexendo na mistura verde, ergueu os olhos.

— Como esquecer? Eu passava o dia te irritando, dizendo o quanto era idiota. Um garoto que ganha poderes de aranha... sério? — Ele revirou os olhos teatralmente.

— Não era só sobre isso, e você sabe. — Retrucou, abraçando o quadrinho como se fosse um tesouro. — Era sobre responsabilidade, sobre como lidar com poderes maiores do que você pode controlar. E ele era um adolescente normal, como a gente um dia foi.

— Se é que podemos nos chamar de "normais". — Comentou, agora mais sério, voltando o olhar para o copo na mão.

Alaska o encarou, tentando decifrar aquela expressão que misturava ironia e uma pontinha de algo que ela não via com frequência: arrependimento.

— Admito que... talvez eu tenha julgado mal. Eu encontrei uma cópia no apocalipse, dei uma lida. — Cinco finalmente disse, dando de ombros.

Alaska sorriu, surpresa com a confissão.

— Não acredito que você acabou admitindo que elas são boas.

Ele revirou os olhos, desviando o olhar.

— Eu disse que são melhores do que eu lembrava, não que são boas. Não exagera.

— Onde você achou isso? — Perguntou lembrando do que ele tinha dito, levantando o quadrinho meio desgastado.

Cinco olhou para ela, sua expressão mudando para algo mais sério, quase melancólico. Ele apoiou o cotovelo no balcão e cruzou os braços.

— Achei em uma loja destruída. Provavelmente era de alguém que não teve a mesma sorte que eu... se é que dá pra chamar de sorte. — disse simplesmente, como se fosse algo casual, mas o peso na voz entregava outra coisa.

Alaska ficou em silêncio, observando-o com atenção enquanto ele continuava.

— Quando você vive no fim do mundo, a última coisa que espera encontrar é algo familiar. Mas quando vi isso, me lembrei de você. Do quanto você amava essas histórias idiotas. — Ele deu um meio sorriso. — Confesso que senti saudade.

Alaska piscou, surpresa com a confissão. Cinco não era do tipo que demonstrava emoções tão abertamente.

Você? sentiu saudade? — ela perguntou, quase sem acreditar.

O menino bufou, desviando o olhar como se estivesse arrependido de ter deixado escapar.

— É, mas não deixa isso subir à cabeça. — Ele fez uma pausa, olhando para o copo na mão, a expressão distante. — A vida lá... era outra coisa, Alaska. Não tinha garantias de nada. Um dia você comia, no outro, passava fome. Tudo era instável. Você aprendia a se virar com o que encontrava.

Ele deu um gole na bebida verde, como se precisasse de algo para empurrar as lembranças para longe.

— Não era só sobreviver. Era saber que, a qualquer momento, poderia ser o fim, de verdade. Não tinha ninguém pra confiar. Ninguém pra compartilhar. Só... silêncio.

Alaska olhou para o quadrinho em suas mãos, os dedos deslizando pela capa.

— Parece horrível.

— E era. — Admitiu, mas então lançou um olhar para o quadrinho. — Esse negócio me lembrou que existia algo além daquela bagunça toda. Mesmo que fosse só uma lembrança idiota de você lendo essas histórias e discutindo comigo porque eu dizia que era um lixo.

Ela deu uma risada baixa, balançando a cabeça.

— Acho que o apocalipse até deixou você mais sentimental, Cinco.

— Ou talvez tenha me feito perceber que mesmo quando tudo está um caos, ainda dá pra encontrar algo que vale a pena lembrar.

Mas o silêncio que seguiu entregava que talvez fosse mais do que isso, para ambos.

Um tempo se passou e Cinco estava mexendo na bebida verde, observando o líquido girar lentamente no copo, tentando entender alguma coisa ali. Ele estava quieto, como se a pergunta que ele queria fazer estivesse o incomodando mais do que ele gostaria de admitir.

Alaska observava a cena com um leve sorriso, ainda segurando seu próprio copo, mas sabia que algo estava pesado no ar. Cinco era bom em esconder seus pensamentos, mas ela conhecia o suficiente, viveram 13 insuportáveis anos juntos.

— Você acha que a gente conseguiu impedir o apocalipse? — Ele perguntou de repente, quebrando o silêncio. A voz dele estava mais suave do que o habitual, como se estivesse tentando não se importar tanto com a resposta.

A garota olhou para ele por um momento, seu olhar pensativo. Ela deu um gole na bebida antes de responder.

— Quem sabe? — Ela deu de ombros, um sorriso tranquilo no rosto. — A gente fez o que podia. O resto... bem, é meio fora das nossas mãos agora.

O jovem bufou, largando o copo na mesa. Ele parecia irritado consigo mesmo, como se tivesse falhado de alguma forma, mas não sabia como.

— E depois disso? — Ele perguntou, sua voz baixa e cheia de dúvida. — O apocalipse pode até não ter acontecido, mas... não tenho ideia do que fazer depois.

— Alguma sugestão?

Alaska se recostou na cadeira, observando o copo vazio na sua mão por um momento. Quando ela olhou para Cinco, sua expressão estava mais suave.

— Por que não aproveitar? — Ela falou, com uma leve risada. — Sei lá, a vida tem tanta coisa, e você fica tão fixado no que deu errado ou não deu. Por que não sair por aí?

O garoto levantou uma sobrancelha, claramente intrigado.

— Isso é um conselho, ou você tá me zoando? — Ele perguntou, mais sério, mas com um toque de humor na voz.

A menina deu um sorriso mais amplo, relaxada.

— Acredite, esse é um conselho. E, olha, se você precisar de um plano de vida, você pode sempre começar por uma banda. — Ela riu, sabendo que a ideia provavelmente não seria bem recebida. — Ou quem sabe, viajar sem rumo. Não acho que goste muito de ficar parado.

Cinco pensou por um momento, o rosto um pouco mais leve agora.

— Uma banda? — Ele riu baixinho, mas parecia considerar a ideia de verdade. — Não é o pior plano, eu acho.

O garoto a observou por um momento, claramente ponderando as ideias dela. A música de jazz continuava ao fundo, as notas suaves preenchendo o espaço enquanto ele refletia.

Cinco olhou para a menina de canto, hesitando por um momento antes de finalmente falar: 

— Ei, só queria dizer... foi mal por ter te chamado de inútil antes. 

A jovem arqueou as sobrancelhas, surpresa. Ele raramente pedia desculpas, então isso definitivamente era um evento digno de nota. 

— Uau, isso veio do coração ou você só bebeu demais? — ela provocou, sorrindo. 

Cinco revirou os olhos, mas continuou, o tom sincero. 

— Sério. Entre todos nessa família maluca, percebi que você é a menos pior. 

Alaska soltou uma risada curta. 

— Nossa, obrigada. Isso foi... um elogio? 

— Foi o mais próximo que você vai conseguir de mim. Aproveite. 

Ela balançou a cabeça, rindo. 

— Certo, então... obrigada, eu acho. — Ela o olhou com um sorriso tranquilo. — E, olha, você também não é tão ruim... Corrigindo, você é um pé no saco a maior parte do tempo, mas pelo menos sabe o que tá fazendo, ou ao menos sabia. Isso é mais do que posso dizer do resto da gente. 

O garoto bufou, mas havia um traço de um sorriso no rosto dele. 

— Bom saber que eu sou minimamente funcional aos seus olhos. 

A menina ergueu o copo. 

— À funcionalidade duvidosa e ao fim do mundo, e o nosso maravilhoso jeito de lidar com isso.

Ele completa a fala dela e ergue o copo também, batendo de leve no dela. 

— E ao fato de que, por algum milagre, conseguimos ser um pouco menos desastrosos juntos. 

— Saúde. — Alaska disse com um sorriso, e os dois brindaram, o jazz continuando ao fundo.

As batidas na porta interromperam o momento, quebrando o ritmo leve da conversa.

Cinco suspirou como se já soubesse que lidar com o que estava do outro lado da porta seria mais uma inconveniência do que um perigo real. Ele se levantou, ainda segurando o copo, com a postura relaxada.

— Vou atender. — anunciou casualmente, caminhando até a porta sem pressa.

A garota ficou sentada, brincando com o próprio copo na mão, mas seu corpo enrijeceu no instante em que Hazel entrou, armado, ao lado do jovem.

— Veio me matar? — Cinco perguntou sem levar a sério.

O mais alto estava com a arma levemente erguida, o rosto impassível, mas sem dizer uma palavra.

Antes que ele pudesse pensar em fazer qualquer coisa, Alaska se levantou. O ar ao redor dela pareceu ficar mais denso, quase vibrando com a intensidade da raiva. Com um movimento firme de mão, o homem alto foi jogado contra a parede como um boneco de pano, sua arma caindo no chão com um som seco. Ele tentou se mexer, mas não conseguiu — Ela o prendeu no lugar, apertando o ar ao redor de sua garganta.

— Alaska, solta ele. — O menino disse tomando um gole de sua bebida.

— Tá brincando, né? — A morena retrucou sem nem olhar para ele. — O cara entrou aqui armado, Cinco! Tentou matar a gente. Sequestrou o Klaus, lembra? E agora aparece que nem vizinho pedindo uma xícara de açúcar? 

— Se ele veio até aqui sozinho, armado, sabendo que a gente podia acabar com ele em segundos, é porque tem algo pra dizer. — Cinco continuou, cruzando os braços apresentando uma tese irrefutável. — Ou ele tá desesperado, ou é mais idiota do que parece. 

Hazel ergueu as mãos, ainda preso, tentando indicar que concordava com a lógica de Cinco. 

— Sabe, você tá gastando mais energia do que ele merece. — O garoto acrescentou com um suspiro. — Solta ele, Alaska. Se ele fizer besteira, aí você pode fazer o que quiser. 

— Melhor ter um motivo muito bom pra vir até aqui. — Número 0 avisou, os olhos ainda fixos nele.

Com um suspiro pesado, a garota abriu a mão, liberando-o, que caiu no chão, tossindo e massageando o pescoço.

— Isso foi intenso, hein? — Conseguiu dizer, a voz rouca.

Alaska cruzou os braços, ainda encarando-o como um predador observando sua presa.

— Vai ser mais intenso se tentar alguma coisa.

Ele ergueu as mãos em rendição. — Anotado.

Olhou para Cinco, que ainda estava encostado na parede, parecendo mais interessado na própria bebida do que em toda a situação.

— Você não tem medo dela, não? — O homem forte perguntou, uma brincadeira com tom de seriedade.

Deu de ombros, caminhando de volta para o bar e sentando na cadeira, a menina o acompanhando.

— Medo? — Ele ergueu o copo, olhando para Alaska antes de continuar. — Um pouco.

A mesma cruzou os braços, arqueando uma sobrancelha enquanto olhava para Cinco.

— Um pouco? — repetiu, fingindo estar ofendida. — Achei que você fosse mais corajoso, Cinco.

— Não é covardia. É sobrevivência. — Respondeu, com um leve sorriso no canto da boca. — Eu vi oque ele acabou de passar. Você tem um talento especial pra enforcar as pessoas quando fica irritada.

— E você tem um talento especial pra me irritar. Então toma cuidado. — Alaska ameaçou, mas havia um traço de diversão em sua voz.

Hazel, ainda massageando o pescoço, olhou de um para o outro e murmurou:

— Bom saber que não sou o único a pensar assim.

A garota lançou um olhar afiado para o maior, e ele imediatamente levantou as mãos em rendição novamente.

— Tô brincando! — disse rapidamente.

Cinco observava a cena, divertido, antes de voltar a olhar para Alaska.

Hazel suspirou, ajeitando a postura, como se estivesse prestes a recitar uma confissão dramática. 

— Eu até entendo por que vocês se sentem assim. — Ele disse, olhando de Cinco para Alaska. 

— Você atacou a nossa casa, tentou matar a minha família e sequestrou o meu irmão. — O menino disse óbvio, levantando o copo.

— Eu também não posso mudar meu passado, não esqueça que não sou o único matador dessa sala. Você tem o seu passado sangrento também — Ele lançou um olhar significativo para o garoto.

O moreno estreitou os olhos, mas Hazel continuou, mudando o tom para algo quase... admirado. 

— Falando nisso, aquele serviço que você fez em Calhoun foi épico. Eu nem acredito que eu tô aqui, falando com você depois desses...

A garota levantou uma mão e balançou a cabeça, interrompendo. — Tá bom, já deu! A gente já entendeu. Você é o fã número um do Cinco. Quer um autógrafo ou vai finalmente falar por que está aqui?

Hazel piscou, meio sem graça, como se tivesse sido pego ensaiando para o "Clube dos Admiradores do Cinco". 

— Bom, eu... — Ele pigarreou.

Mas antes que ele pudesse continuar, Diego entrou na sala, os punhos cerrados e o rosto marcado por fúria. Sem hesitar, ele acertou Hazel com um chute certeiro.

— Diego, para com isso! — Cinco exclamou de saco cheio. Mas sua voz não tinha o mesmo tom de autoridade. Ele não estava realmente preocupado.

Ignorando o aviso, começou a bater no homem grande sem piedade. Os socos e golpes eram rápidos, e ele mal teve tempo de reagir.

— Diego, antes de matar ele, seria bom ouvir o que ele tem pra dizer. — O moreno falou, sem entusiasmo, tomando um gole de sua bebida.

Hazel, forçando-se a se recuperar do golpe, empurrou Diego, que caiu para trás, dando-lhe a chance de se recompor.

— Vou matar ele pelo que fez com a Patch. — O latino disse, retirando uma faca da jaqueta.

Hazel abriu a boca, tentando se defender, mas Diego não o deu nem um segundo de paz. Ele já estava partindo para o ataque novamente.

— Então mata e vê no que dá. — Disse, com um suspiro exasperado, antes de se recostar na cadeira e beber mais um gole de sua bebida.

Ela olhou para Cinco, meio óbvio que a última coisa que ela queria era ver Hazel saindo impune.

— Só não demora muito, Diego. Eu já tô cansada dessa história. — Soltou.

— Manda ver! — Hazel gritou, e Diego não perdeu tempo, cravando a faca na coxa dele. A cena fez Alaska e Cinco se contorcerem de dor, embora nenhum dos dois realmente se importasse com o rapaz.

— Essa deve ter doído. — O menino comentou, arqueando a sobrancelha.

A jovem observou a cena com um sorriso torto.

— É, eu acho que dor é só o preço de ser um babaca, né? — ela disse, sem tentar esconder o tom sarcástico que escapava naturalmente.

A briga estava ficando cada vez mais violenta. Diego, em um momento de pura raiva, mordeu a orelha de Hazel com tanta força que parecia não querer largar. O maior gritou, tentando se desvencilhar, mas o latino não dava sinais de que iria soltar tão cedo.

Cinco, já cansado da cena, largou a bebida na mesa. Com um movimento rápido, ele se teletransportou e, sem pensar duas vezes, atirou um vaso de vidro na cabeça do irmão. O impacto foi certeiro, e Diego caiu desacordado no chão.

Alaska, que observava tudo com uma expressão preocupada, caminhou até o corpo de Diego, usando seus poderes para remover os cacos de vidro do seu corpo. Com um suspiro, ela o colocou cuidadosamente no sofá, afastando os pedaços de vidro restantes.

— Precisava, Cinco? — ela perguntou, levantando uma sobrancelha enquanto olhava para ele.

— Morder já é demais, né? — O garoto se defendeu, com um leve sorriso no rosto.

Hazel resmungou de dor, tentando se recompor enquanto Cinco caminhava até o bar e Alaska pegava um pano para limpar o sangue que escorria dos cacos de vidro. O ambiente parecia ter caído em um silêncio tenso, com a briga momentaneamente interrompida.

— Hazel, o que quer que tenha pra dizer, sugiro que diga rápido. Antes que ele acorde. — Cinco falou de forma casual, apontando com a cabeça para Diego, que ainda estava desacordado no sofá.

Hazel suspirou, a dor evidente em seu rosto, mas ele ainda assim parecia determinado a falar.

— Larguei minha parceira, saí da Comissão e vim me oferecer como voluntário.

O jovem deu uma risada abafada enquanto pegava seu copo, bebendo um gole, sem tirar os olhos do atirador.

— Eu posso saber o que eu falei de tão engraçado? — Disse, indignado, a irritação transparecendo em sua voz.

— Antes de responder isso, por que quer ajudar a gente? — Perguntou, se recostando na cadeira com um sorriso curioso.

Hazel deu de ombros, tentando ignorar a dor na perna.

— Digamos que eu tenha um interesse pessoal numa loja de donuts.

Deu uma risada baixa e cínica, virando o copo com a bebida para baixo, agora mais interessado na conversa.

— Sinto muito em te dizer isso, amigo, mas chegou um pouquinho atrasado. — Ele fez uma pausa dramática, olhando para Hazel. — O fato de você estar aqui significa, agora, sem sombra de dúvidas, que o apocalipse acabou.

Olhou para ele, um pouco confuso.

— É? Como sabe? — perguntou, uma sobrancelha erguida, claramente cético.

Cinco sorriu de canto, olhando para Alaska, que estava agora cuidando de Diego com uma expressão que misturava cuidado e irritação.

— O alvo tá morto. Achamos ele de manhã. — Disse, a certeza na sua voz. — Você era a única incógnita conhecida que sobrou na equação.

— Merda! Sério? — Hazel perguntou, cético, ainda processando a informação.

— Uhum. E, se você saiu, os cavaleiros do apocalipse já eram. — Respondeu com um sorriso de quem sabia exatamente o que estava dizendo.

Soltou uma risada baixa, como se a situação tivesse finalmente começado a fazer sentido, mesmo que de maneira bizarra.

— Legal. — Ele riu.

Enquanto isso, Alaska observava a cena, uma expressão cansada tomando conta de seu rosto. Ela suspirou profundamente antes de se levantar, decidindo finalmente sair do local.

— Onde vai? — Cinco perguntou, curioso, sem desviar o olhar da conversa com Hazel.

— Já que ninguém vai morrer amanhã, vou organizar o que vou fazer nos próximos meses. Talvez viajar pra longe daqui. — Alaska respondeu com um sorriso sutil. Estava cansada da bagunça, e uma mudança parecia ser exatamente o que ela precisava.



Alaska ia em direção a sala médica, esperando ver Allison em boas condições, mas o que ela ouviu de Luther antes de chegar deixou o chão sumir debaixo de seus pés. A notícia de que Vanya tinha poderes, e ainda por cima instáveis, a atingiu como um soco no estômago. Vanya... seu irmãzinho, o garoto que ela sempre protegia, que tinha medo até de machucar uma mosca? Como isso poderia ser possível? Ela sempre acreditou que o mesmo fosse o único entre os irmãos sem habilidades especiais.

Ainda tentando processar, a jovem foi interrompida pela chegada em uma sala que nunca tinham visto. Vanya foi levado para uma sala secreta escura e fria, feita para manter alguém perigoso sob controle. Parecia ter sido feito especialmente para ele. Mas, quando acordou, foi como se o ar dentro da sala tivesse ficado ainda mais pesado. Ele se levantou, os olhos cheios de pânico, e começou a bater na porta com desesperada insistência.

— Você prendeu a nossa irmã porque acha que ela tem poderes? — Diego perguntou, o tom acusatório pesado, enquanto ele olhava Vanya através da porta, claramente frustrado.

— Não, eu sei que ela tem. — Luther respondeu, a voz firme, mas com um toque de exasperação. — Pogo me disse. Ele sempre soube, e o papai também

Alaska bufou, o olhar de reprovação fixo em Luther.

— A gente tem que soltar a Vanya — ela disse, o tom carregado de raiva. — Sempre menosprezaram ela, acharam que ela não era importante o suficiente, e agora, quando finalmente a nossa irmã começa a entender o que tá acontecendo, a primeira coisa que você faz é prendê-la? Em vez de tentar conversar, como qualquer pessoa normal faria?

Ela balançou a cabeça, claramente frustrada.

— Isso não é o certo, Luther. Isso é simplesmente... desumano.

— Não sabemos até onde os poderes dela podem ir, e eu não vou arriscar que ela machuque alguém, nem que seja sem querer.

Ele deu um passo em direção a ela, o rosto sério.

— Eu não prendi ela porque queria, eu prendi porque não vi outra opção.

Alaska resmungou, passando as mãos pelo rosto com frustração.

— Eu só quero saber oque você vai fazer agora. Não tem mais como ignorar que isso tudo virou uma bagunça.

O ambiente ficou pesado, a tensão palpável. Ninguém dizia uma palavra por um tempo, até que Diego finalmente quebrou o silêncio.

— Por que esconderiam isso da gente? Sou o único que não sabia da existência desse lugar? — O latino pergunta diversas coisas, ainda confuso.

— Ele escondeu tanta coisa de nós. — Klaus murmurou, ainda incrédulo.

— Ele escondeu porque tinha medo. Dela. — Luther disse, olhando para Vanya, que ainda estava ali, gritando, tentando ser ouvido.

— Ah, isso é ridículo! — Número 4 balançou a cabeça, negando. — Não faz sentido.

— Ah, é? — O loiro ergueu uma sobrancelha. — Papai mentiu sobre todo o resto, por que isso seria tão difícil de acreditar?

Diego, com um olhar mais sombrio, concluiu:

— Se for assim, talvez ela tenha matado o Peabody.

— E cortou a garganta da Allison. — Luther completou, como se estivesse apenas listando fatos.

— Não. Peraí! Peraí! — Klaus com um tom de frustração. — Vamos voltar um pouquinho só? É da Vanya que estamos falando, nossa irmã! Aquela que chorava quando pisava em uma formiga quando era criança.

— Não, não faz sentido. Como é que ela seria capaz de fazer algo assim? — A garota soltou um suspiro exasperado. — Eu não consigo acreditar nisso.

A menina observou tudo em silêncio, com o coração apertado. Como algo que parecia tão improvável havia acontecido? Como Vanya havia chegado até ali, capaz de fazer tanto mal sem nem saber? Ela não sabia o que pensar, mas sentia que estava presa entre o desejo de ajudar o irmão e a realidade de que, talvez, ele fosse muito mais perigoso do que todos imaginavam. Como pôde ele, que nunca quis fazer mal a ninguém, ser capaz de algo tão horrível? Isso não tem como ser verdade.

— É, eu sei. Sei que é difícil de acreditar. — Luther falou, com uma expressão de quem tentava se fazer entender.

— Não, não é difícil de aceitar, é impossível de aceitar! — Número 4 retrucou, nervoso, a voz tremendo com a frustração.

— Não, eles têm razão. Ela não pode ficar presa sem provas. — Diego disse, dirigindo-se diretamente ao loiro, com um olhar sério.

— De que outras provas precisam? — Perguntou, como se fosse óbvio que tudo já estava ali, diante deles.

— Por que a gente não abre essa porta e pergunta? — Klaus sugeriu, indo em direção à porta. Alaska concordando com sua conclusão.

Mas antes que pudesse chegar perto, seu braço foi puxado com força por Luther.

— Não, ela não vai a lugar nenhum. — Afirmou, a voz tensa.

Klaus o encarou, os olhos brilhando com raiva e confusão. "Isso não está certo", pensou, mas sabia que não conseguiria fazer Luther mudar de ideia tão facilmente.

— Ainda que seja verdade, ela precisa da nossa ajuda, e não podemos ajudar se estiver trancada numa jaula! — Diego esbravejou, os olhos intensos de indignação.

— É, e até onde a gente sabe, ela pode estar tendo alguma dificuldade com esse novo poder. Deve ser horrível isso. Assustador. Você um dia descobrir que consegue fazer uma coisa que nunca achou que pudesse fazer. — Número 4 completou, a voz mais suave, como se tentasse entender o dilema do irmão.

A jovem cruzou os braços, sua postura tensa e irritada. Ela olhou para Luther, as palavras saindo com um tom de frustração.

— Ela veio até nós, procurou ajuda. Confiou na gente. E o que você fez? Trancou ela, como se fosse um animal. — Ela disse, o tom cortante, quase como se pudesse cortar a tensão no ar. — Ela não merece isso.

— Se metade do que o Pogo me contou for verdade, ela não é só um perigo pra nós. — Luther fala com um tom frustrado.

Os passos de Allison ecoaram pelo corredor, e Alaska se virou rapidamente, aliviada ao vê-la bem. Era como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros, mesmo que o silêncio de Allison ainda fosse uma lembrança do quanto era complicado. A visão de sua irmã viva, sem as marcas de ferimentos graves, foi um consolo inesperado.

— Allison, o que tá fazendo aqui embaixo? Você devia estar na cama. — O loiro falou, preocupado, seus olhos se estreitando ao vê-la ali, com o caderninho na mão.

A garota observou enquanto a cacheada escrevia com pressa, as palavras surgindo na folha de papel. O caderninho era o único meio que ela tinha de se comunicar desde o que acontecera com a garganta. E a mensagem que ela escreveu fez o coração da menina apertar.

Ela quer que soltem Vanya.

Luther olhou para a folha, seus olhos carregados de desconfiança.

— Não posso soltá-la. Ela te machucou. — Disse, com um tom de negação firme.

Allison, sem hesitar, pegou o caderninho novamente, escrevendo mais rápido. A letra tremida, mas clara.

Era minha culpa.

Alaska sentiu um nó na garganta, mas manteve-se firme. Ela sabia que, em algum nível, A cacheada se culpava. Sempre se culpava. Mas ela estava certa, isso não mudava o fato de que Vanya, por mais que estivesse descontrolado, ainda era parte da família deles.

— Sinto muito, mas ela vai ficar aí. Até descobrirmos com o que estamos lidando. — Afirmou, a decisão em sua voz.

Alaska bufou, frustrada, mas não disse nada. Não agora.

Luther podia não entender, mas ela sabia o que Vanya estava passando. O medo de ser quem ele era, o peso dos poderes despertando. E o fato de Vanya confiar neles para pedir ajuda e acabar sendo trancado numa sala escura, sem saber o que fazer... isso a cortava de dentro para fora.

Klaus caminhou até ela, seu olhar confuso, mas o mesmo entendimento nos olhos. Juntos, eles subiram para o andar de cima, seguidos por Diego, que ainda parecia com uma expressão de quem não sabia o que pensar, mas estava claramente ao lado da família.

( ☕ ) — favoritem e comentem pra ajudar, bjos e até o próximo capítulo!

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