023
Harper estava no centro da sala, respirando profundamente, sua mente se esvaziando de tudo que não fosse a Joia da Realidade. O calor da joia em seu peito aumentava, como se uma fogueira estivesse acendendo dentro dela. Ela sentia a energia pulsando, queimando, quase como se estivesse se consumindo de dentro para fora. Mas desta vez, ao invés de lutar contra, ela aceitou a dor, permitindo-se fundir completamente com o poder.
A dor era intensa, como se cada célula de seu corpo estivesse em chamas. Mas Harper, pela primeira vez, estava completamente concentrada, seus pensamentos alinhados com a força da joia. Ela queria reescrever a realidade, mudar tudo que havia dado errado desde que chegara, para que pudesse existir ali sem causar desordem no fluxo das coisas.
Não queria ser a borboleta que desencadearia a teoria do caos.
Enquanto a energia emanava dela, poderosa e vibrante, Harper começou a ter visões. Viu os dois Peters, suas expressões cheias de preocupação e carinho. O coração dela apertou ao ver o olhar deles, uma mistura de amor e medo. Ela queria desesperadamente protegê-los, mas não sabia se conseguiria.
Viu sua mãe, um sorriso triste no rosto, e sentiu uma pontada de saudade e culpa. Viu Lilian, com uma expressão determinada, lembrando-se de como sua amiga sempre esteve ao seu lado. Viu Stephen Strange, severo, mas com uma faísca de esperança em seus olhos, como se acreditasse que ela pudesse fazer o impossível.
De repente, as visões se tornaram abstratas. Harper se viu cercada por milhares de borboletas, suas asas cintilando em um caleidoscópio de cores. Ela correu, tentando escapar da sensação de ser engolfada, mas quanto mais corria, mais as borboletas se multiplicavam. Em um momento de desespero, ela caiu do prédio, o vento uivando em seus ouvidos enquanto despencava de costas e em queda livre.
Ao emergir em um lago, a sensação de estar se afogando a envolveu, mas então uma teia a puxou para cima antes que o ar finalmente faltasse.
O Homem-Aranha a segurava, mas ao tirar a máscara, não era nenhum dos Peters. Era Billy, seu olhar penetrante e cruel. Antes que pudesse reagir, um monstro gigante e medonho surgiu, esmagando Billy com um único golpe e rugindo para ela com fúria.
As borboletas voltaram, cercando-a novamente. Harper caiu, sua visão escurecendo, seu corpo fraco e exausto. Cada respiração era um esforço, cada batida do coração uma agonia. Ela sentia a joia ainda pulsando, mas a dor era insuportável, a deixando à beira da inconsciência.
No meio do turbilhão de caos e dor, uma última imagem se formou em sua mente: a de ela mesma, não mais controlada pela joia, mas em paz com seu poder. Com essa última visão, Harper finalmente sucumbiu à exaustão, desabando no chão enquanto a escuridão a envolvia completamente.
Horas depois, Harper acordou no chão, seu corpo tremendo de frio. Cada movimento doía, como se suas articulações estivessem enferrujadas. Com um murmúrio de dor, ela se forçou a se levantar, sentindo a rigidez e o cansaço pesando em cada passo.
Ao alcançar a janela, ela se espantou com a visão. Estava nevando, grandes flocos brancos caíam silenciosamente, cobrindo tudo com uma camada espessa de neve. Mas não deveria estar nevando; não era época para isso. Uma sensação estranha e inquietante tomou conta dela.
Ela correu para o quarto, pegando um casaco, um par de botas e um cachecol, vestindo tudo enquanto descia rapidamente as escadas do prédio, querendo ver de mais perto o que quer que ela tivesse causado.
Conforme caminhava pelas ruas, viu que as pessoas também estavam surpresas com a neve fora de época. Alguns tiravam fotos, maravilhados com o fenômeno, enquanto outros simplesmente seguiam com suas rotinas diárias, sem deixar que a neve os perturbasse. Harper observou as expressões dos transeuntes, notando que, apesar do espanto inicial, muitos pareciam felizes ou, pelo menos, intrigados de uma maneira positiva.
Ela se aproximou de um pequeno grupo de crianças que brincavam, rindo enquanto faziam bolas de neve e tentavam construir um boneco. Harper sentiu uma leve sensação de alívio ao ver a alegria nos rostos deles. Talvez, de alguma forma, ela tivesse conseguido realizar o que desejava. A neve, embora atípica, parecia ser um símbolo de que as coisas estavam se ajustando, afinal, o universo precisava responder de alguma forma.
Enquanto caminhava pelas ruas cobertas de neve, Harper não pôde deixar de sentir uma estranha mistura de alívio e inquietação. Havia uma serenidade no ambiente que a fazia acreditar que, de alguma forma, ela havia conseguido consertar algumas das coisas que estavam erradas. No entanto, a preocupação persistia: a sensação de que tudo isso era temporário, um frágil equilíbrio que poderia desmoronar a qualquer momento.
O frio penetrante e a visão da neve atípica eram lembranças constantes de que, embora ela tivesse conseguido moldar a realidade de alguma maneira, havia um preço a pagar. O universo tinha uma maneira peculiar de se ajustar e, às vezes, isso significava criar fenômenos inexplicáveis como a neve fora de época.
De repente, um medo repentino tomou conta de Harper. E se, ao tentar corrigir as coisas, ela tivesse apagado algo que não deveria, como Peter? O Peter que estava agora em sua vida não era o que originalmente pertencia ao seu universo. Sentindo um pânico crescente, ela correu de volta para o prédio, subindo as escadas o mais rápido que suas pernas cansadas permitiam.
Chegando à porta do apartamento de Peter, ela bateu freneticamente, o coração acelerado e a respiração entrecortada. A porta se abriu, revelando Peter, que olhou para ela com uma expressão de surpresa e preocupação. Ele estava agasalhado contra o frio, mas, fora isso, parecia normal. O mesmo sorriso acolhedor e os olhos carinhosos que ela conhecia tão bem.
— Harper? — disse ele, ainda surpreso ao vê-la poucas horas depois da última despedida. — O que aconteceu? Está tudo bem?
Harper lançou-se nos braços dele, sentindo um alívio imediato ao perceber que ele estava ali, real e tangível. Ela se afastou um pouco, apenas o suficiente para olhar em seus olhos.
— Eu... eu tive medo de que algo tivesse acontecido com você. — confessou ela, a voz trêmula. — Com essa neve fora de época e tudo mais... eu pensei que talvez, ao tentar corrigir as coisas, eu tivesse apagado você.
Peter acariciou os cabelos dela, dando um beijo suave em sua testa, mas a expressão de confusão não desapareceu de seu rosto.
— O que você quer dizer com "tentar corrigir as coisas"? — perguntou ele, puxando-a gentilmente para dentro do apartamento e fechando a porta atrás deles.
Harper entrou, sentindo o calor do ambiente contrastar com o frio do lado de fora. Ela se sentou no sofá, enquanto Peter se dirigia à cozinha, pegando uma caneca de chocolate quente que já estava pronta.
— Eu usei a joia da realidade para tentar consertar tudo. — explicou ela, a voz baixa e nervosa. — Eu queria reescrever a realidade, mudar tudo de errado que aconteceu desde que eu cheguei aqui. Queria que as coisas parassem de dar errado, que eu não causasse mais desequilíbrio.
Peter voltou com a caneca de chocolate quente, entregando-a para Harper. Ele se sentou ao lado dela, meio chocado, enquanto tentava processar suas palavras.
— Harper, você não deveria ter feito isso. — disse ele, a voz firme, mas sem raiva. — Isso podia ter sido perigoso. Você poderia ter se machucado.
Ela olhou para ele, surpresa com a preocupação em sua voz.
— Eu só queria ajudar... — começou ela, mas ele a interrompeu, ainda segurando sua mão.
— Você deveria ter me contado, contado ao Strange. Pedir ajuda a ele. — Peter olhou diretamente nos olhos dela, a expressão séria. — Eu entendo que você queria corrigir as coisas, mas isso não é algo que você deve fazer sozinha.
Harper sentiu a frustração e a preocupação dele, mas também sentia a necessidade de se defender.
— Peter, eu não queria envolver mais ninguém. Já causei problemas suficientes para todo mundo. Eu precisava tentar... consertar isso sozinha.
Peter suspirou, passando a mão pelos cabelos em um gesto nervoso.
— Eu entendo que você queria ajudar, mas você não está sozinha nisso. Nós estamos juntos, lembra? Eu estou aqui para você, Strange está aqui para você. Você não precisa carregar esse fardo sozinha.
Harper sentiu um nó na garganta, a culpa e o alívio se misturando dentro dela.
— Eu sei, Peter. Eu só... não queria causar mais problemas.
— Harper, você é importante para nós. Para mim. E nós vamos enfrentar isso juntos. Apenas... prometa que não vai fazer algo assim sozinha novamente.
Ela assentiu, segurando-o com força.
— Eu prometo.
Peter se afastou um pouco, olhando para ela com um pequeno sorriso.
— O importante é que funcionou, certo? — ela disse, tentando usufruir de uma positividade à qual não era exatamente acostumada.
— Isso só o tempo dirá. — respondeu ele.
Harper olhou para Peter, a dúvida e a preocupação refletidas em seus olhos.
— Você acha que não deu certo? — perguntou ela, a voz baixa e hesitante.
Peter suspirou, passando a mão pelos cabelos novamente.
— Harper, eu não sei. — respondeu ele com sinceridade. — Eu não entendo de magia ou das Joias do Infinito. Meu conhecimento sobre isso é muito limitado. O que eu sei sobre o multiverso já é complicado o suficiente e uma joia do infinito que veio de outro universo torna tudo ainda mais incerto.
Harper sentiu uma onda de culpa a invadir.
— Isso é culpa minha. — murmurou ela, os olhos fixos no chão.
Peter segurou suas mãos com firmeza.
— Não, Harper. Não é culpa sua. — disse ele com convicção. — Sei que você nunca escolheu nada disso. Você foi arrastada para essa situação sem querer.
Ela balançou a cabeça, lágrimas começando a se formar em seus olhos.
— Mas eu escolhi ficar. — disse ela, a voz tremendo. — Eu deveria ter pedido para voltar para o meu universo assim que conheci Strange. Ele podia ter feito. Ele teria feito se eu tivesse dito que precisava voltar. Eu não tive a capacidade de fazer isso. Eu estava tão assustada e perdida, e quando encontrei todos vocês... eu só não consegui.
Peter apertou suas mãos com mais força, tentando transmitir conforto.
— Harper...
Ela começou a desabafar, a tristeza e o nervosismo transbordando em suas palavras.
— Eu queria ficar aqui porque eu gosto da sensação de ter você, de ter um namorado, uma melhor amiga e até... um pai. No meu universo, eu estava sozinha. Eu estava tão cansada de ficar tanto tempo sozinha e eu não queria ficar sozinha de novo.
As lágrimas agora escorriam livremente pelo rosto de Harper, suas emoções à flor da pele. Ela se sentia vulnerável, exposta, mas também aliviada por finalmente colocar tudo para fora.
— No meu universo, eu não tinha ninguém. Eu só tive o Peter e ele se foi. Eu estava sempre sozinha e isso me destruía por dentro. Quando cheguei aqui, encontrei pessoas que se importam comigo, que me aceitam. E eu queria tanto isso, que me agarrei a essa oportunidade sem pensar nas consequências. Eu só queria ter uma vida normal, uma vida onde eu não estivesse sozinha.
Peter a puxou para mais perto, envolvendo-a em um abraço apertado. Ele sabia que as palavras dele não resolveriam tudo, mas queria que ela soubesse que não estava sozinha.
— Harper, eu entendo. — disse ele suavemente. — Eu não posso imaginar como deve ter sido difícil para você, mas eu estou aqui. Eu vou estar aqui para você, não importa o que aconteça. Nós vamos enfrentar isso juntos, e eu não vou deixar você sozinha.
Harper se aconchegou nos braços dele, sentindo um pouco de conforto e segurança. Ela sabia que o caminho à frente ainda seria difícil, mas pelo menos não estava mais sozinha. E isso, por enquanto, era o suficiente para ela continuar lutando.
— Obrigada, Peter. — sussurrou ela, sua voz abafada contra o peito dele. — Eu só espero que, de alguma forma, tudo isso valha a pena.
Peter beijou o topo da cabeça dela, segurando-a com ternura.
— Vai valer, Harper. Vamos encontrar uma maneira de fazer tudo dar certo. Juntos.
Harper se aconchegou nos braços de Peter, sentindo o calor do corpo dele envolvê-la como um cobertor aconchegante. Ele a segurou com firmeza, seus braços fortes oferecendo um abrigo seguro em meio ao turbilhão de emoções que ela estava enfrentando.
O rosto de Peter roçou suavemente no pescoço de Harper, e ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao sentir a respiração quente dele contra sua pele. Cada exalação dele parecia acalmá-la, aliviando a tensão que se acumulava em seus ombros.
Ela fechou os olhos, tentando gravar aquela sensação, o calor do corpo dele, o toque suave e carinhoso, a segurança que ele transmitia. Harper apertou os braços ao redor dele, como se temesse que ele pudesse desaparecer a qualquer momento.
Peter, percebendo a vulnerabilidade dela, inclinou-se e beijou suavemente o pescoço de Harper. Seus lábios tocaram a pele dela como uma brisa quente, enviando uma onda de calor por todo o corpo dela. Ele continuou a distribuir beijos suaves pelo pescoço e ombro dela, seus lábios traçando um caminho lento e carinhoso.
As mãos de Peter se moveram para baixo, encontrando o caminho por debaixo do casaco e da malha fina de Harper. Ele tocou a barriga dela, a pele macia e quente sob seus dedos. O toque dele era ao mesmo tempo delicado e cheio de desejo, cada movimento desenhando uma trilha de calor crescente.
Harper respirou fundo, sentindo cada toque, cada beijo, como uma corrente elétrica que pulsava através dela. Ela arqueou levemente o corpo, aproximando-se ainda mais de Peter, o calor entre eles se intensificando a cada segundo. O quarto parecia encolher, o mundo lá fora desaparecendo, deixando apenas eles dois, envolvidos em um abraço íntimo e carinhoso.
Os lábios de Peter continuaram a explorar, seus beijos descendo pelo pescoço até o colo de Harper. Ela entreabriu os lábios, uma mistura de suspiros e murmúrios escapando de sua boca enquanto sentia o desejo e a conexão profunda entre eles crescerem.
As mãos de Peter acariciavam a barriga dela, subindo lentamente até suas costelas, cada movimento carregado de uma ternura apaixonada. Harper deslizou as mãos pelos cabelos dele, puxando-o para mais perto, perdida na intensidade do momento.
Mas então, um som alto e repentino vindo da janela os fez parar. O barulho quebrou o feitiço, trazendo-os de volta à realidade. Harper abriu os olhos, seus corações ainda acelerados, a respiração pesada.
Peter olhou para a janela, a expressão de preocupação rapidamente substituindo a ternura em seu rosto. Ele se afastou um pouco, mantendo Harper perto, mas agora atento ao que poderia ter causado o som.
Notas:
Oie, tudo bem?
Passando para agradecer os 10k nessa fic ❤
Estamos muito, muito perto do final dela. Falta realmente muito pouco, então não esqueça de deixar seus feedbacks e teorias ai haha ❤
Eu postei várias fanfics novas no meu perfil, tanto no universo da Marvel, qual já estou habituada, como em outro que comecei a me aventurar (hotd e Harry Potter) se quiserem dar uma olhadinha irei ficar feliz!
Até o próximo capítulo! Acredito que ele não irá demorar :)
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