018
Harper ficou bem abalada. Peter notou imediatamente; a expressão dela havia mudado drasticamente.
Ela estava travada, incapaz de formular uma resposta. As palavras de Billy não estavam em primeiro plano; tudo o que conseguia pensar era na figura ameaçadora que agora ocupava a frente da sala. Quando finalmente conseguiu recuperar os sentidos, virou-se para Peter, sua voz tremendo levemente.
— O quão você se importa com sua ficha escolar?
— O quê? — Peter franziu a testa, ainda mais confuso. Ele procurava entender o que estava se passando pela mente de Harper, mas tudo parecia um grande enigma. A presença ameaçadora, a urgência na voz dela, tudo era um borrão de preocupações e sentimentos conflitantes.
— Me beija. — Harper pediu, a urgência em sua voz evidente. As palavras saíram apressadas, quase como um sussurro desesperado. Ela precisava de uma distração, algo que mudasse a dinâmica, que desviasse a atenção da ameaça que sentia.
— Tá maluca? No meio da aula? Vamos ser expulsos da sala. — Peter olhou ao redor, tentando entender se ela estava falando sério.
— Exatamente. Preciso sair daqui. — Ela disse, a determinação em seus olhos era inegável.
O beijo foi rápido, mas intenso o suficiente para chamar a atenção de todos na sala. Murmúrios e risadinhas se espalharam rapidamente, e o professor interrompeu sua apresentação.
— O que está acontecendo aqui? — Billy perguntou, sua voz carregada de autoridade.
Peter e Harper se separaram, ambos olhando para o professor com expressões desafiadoras.
— Desculpe, professor. Não conseguimos nos controlar. — Peter disse, segurando a mão de Harper firmemente.
Billy parecia furioso, mas antes que pudesse dizer algo, o diretor interveio.
— Vocês dois, para a diretoria. Agora. — ordenou o diretor, olhando severamente para Peter e Harper.
Harper sentiu um alívio imediato. Enquanto eles saíam da sala, ela apertou a mão de Peter, agradecida por ele ter entendido a gravidade da situação sem questionar mais. Ao saírem, ela respirou fundo, sentindo-se um pouco mais segura longe da presença ameaçadora de Billy.
Assim que saíram da sala, Peter sussurrou para Harper.
— Agora você vai me dizer o que aconteceu?
Harper respirou fundo, tentando controlar a ansiedade que ainda a dominava.
— Aquele homem... Ele é o padrasto de quem eu te falei, Peter. A versão do padrasto desse universo. Eu não sei o que ele está fazendo aqui. Ele me reconheceu, tenho certeza. Ele me encarou, e ele não deveria me reconhecer porque, teoricamente, eu estou morta nesse universo.
Peter notou a agitação e ansiedade na voz dela. Ele a puxou para mais perto, colocando um braço ao redor dela enquanto eles andavam em direção à diretoria.
— Ei, calma. Lembra da minha promessa? Eu não vou deixar ninguém te machucar. — Ele disse, sua voz firme e reconfortante.
Harper olhou para ele, sentindo um pouco do pânico começar a diminuir.
— Obrigada, Peter. E obrigada por me beijar. — Ela adicionou, com um leve sorriso.
Peter riu suavemente, tentando aliviar a tensão.
— Bem, apesar das circunstâncias, não foi tão difícil. — Peter respondeu, piscando para ela.
Harper sorriu de volta, sentindo-se um pouco mais leve com o apoio de Peter. Juntos, eles seguiram em direção à diretoria, prontos para enfrentar qualquer consequência que viesse.
Ao chegarem na sala da diretoria, o diretor fechou a porta, visivelmente decepcionado. Ele olhou para os dois com um misto de desapontamento e frustração.
— Eu realmente esperava mais de vocês, especialmente de você, Peter. — Ele começou, sua voz grave ecoando pela sala. — Vocês são bons alunos. Harper, teve aquele incidente com o Flash, mas fora isso, nada além de boas notas e comportamento exemplar. E agora, isso? No meio da aula?
Harper e Peter permaneceram em silêncio, evitando o olhar do diretor.
— Vocês não vão embora até que seus responsáveis venham buscá-los. — O diretor decretou, antes de sair da sala e deixá-los sozinhos. — Liguem para eles imediatamente.
Assim que a porta se fechou, Harper sentiu o peso da situação cair sobre seus ombros. Ela teve um flashback de uma briga na escola, onde acabou apanhando e não tinha para quem ligar, pois morava no orfanato. Agora, a situação não era muito diferente. Ela não podia revelar ao diretor sua verdadeira situação sem comprometer seu disfarce.
Peter, percebendo o estado dela, se aproximou e sussurrou:
— Harper, você está bem?
— Sim, só estou pensando. — Ela respondeu, tentando disfarçar o turbilhão de emoções.
Peter, conhecendo bem a situação dela, perguntou suavemente:
— Quer que eu peça para a May falar com o diretor e dizer que também está responsável por você?
Harper sorriu agradecida, mas balançou a cabeça.
— Obrigada, Peter, mas isso seria estranho. Eu vou resolver. — Ela disse, pegando o celular.
Ela discou um número e esperou. Depois de muitos toques, Strange atendeu, mesmo após a briga que tiveram e ela ter saído correndo sem deixá-lo explicar.
— Harper? — A voz de Strange soou do outro lado, surpresa e um pouco preocupada.
— Strange, eu... eu sei que vacilei com você. — Harper começou, sua voz tremendo levemente. — Eu surtei e deveria ter deixado você se explicar. Eu sinto muito.
Ela estava visivelmente chateada enquanto falava mas Harper nunca foi orgulhosa demais para pedir desculpas. Só tinha dificuldade em se expressar.
— Está tudo bem, Harper. — Strange respondeu, sua voz mais calma e compreensiva.
— Não, não está. — Harper insistiu. — E não pense que esse é o único motivo pelo qual estou pedindo desculpas. Mas eu preciso muito, muito de um favor.
Strange ficou em silêncio por um momento antes de responder.
— Diga-me do que você precisa, Harper. Estou aqui para ajudar.
Harper respirou fundo, sentindo o peso da situação.
— O diretor está exigindo que um responsável venha me buscar, e eu... eu preciso que você venha e finja ser meu guardião.
Peter apertou a mão dela suavemente, indicando que estava ali para ela enquanto aguardavam a resposta de Strange.
Strange hesitou, e Harper pôde quase sentir o conflito interno dele através do telefone. Ele nunca foi o tipo de pessoa que fazia favores, muito menos alguém que se colocaria no papel de um pai. No entanto, teoricamente, ele podia considerar Harper sua filha, visto que ela era uma variante da filha que ele nunca conheceu.
— Estou chegando — Ele respondeu finalmente, sua voz firme mas com uma ponta de relutância.
— Obrigada — Harper disse, sentindo um alívio imediato.
Ela desligou o telefone e voltou a sentar ao lado de Peter, que acabava de falar com May. Ele olhou para ela com uma mistura de curiosidade e preocupação.
— Tudo certo? — Parker perguntou.
— Sim — Harper respondeu, tentando sorrir. — Strange está vindo.
Peter assentiu, oferecendo um sorriso encorajador. Harper suspirou, sentindo o peso da situação diminuir um pouco.
— Eu sei que não é fácil — Peter começou, sua voz baixa para que apenas ela pudesse ouvir. — Mas você é forte, Harper. E não está sozinha.
Ela olhou para ele, seus olhos encontrando os dele. Havia tanta sinceridade e apoio ali que ela sentiu um nó na garganta. Ela nunca se sentiu tão compreendida e acolhida.
— Obrigada, Peter. Eu realmente precisava ouvir isso — Harper disse, sua voz suave e cheia de gratidão.
O diretor entrou na sala novamente, a expressão séria no rosto. Ele os observou por um momento antes de falar.
— Algum de vocês já ligou para um responsável? — Ele perguntou, a voz autoritária.
— Sim, senhor — Peter respondeu. — Minha tia May está a caminho.
— E o seu responsável, Harper? — O diretor perguntou, voltando-se para ela.
— Está a caminho também — Harper respondeu, tentando manter a calma. O diretor assentiu, parecendo um pouco mais satisfeito.
— Muito bem. Vocês vão esperar aqui até que eles cheguem — Ele disse, antes de sair novamente.
Peter segurou a mão de Harper, entrelaçando os dedos nos dela. Ele podia sentir a tensão e a ansiedade ainda presentes nela.
Eles ficaram sentados em silêncio por um tempo, apenas aproveitando a companhia um do outro. Harper sentiu-se um pouco mais tranquila, sabendo que Strange estava a caminho e que Peter estava ao seu lado. Mesmo com toda a confusão e incerteza, havia um consolo na presença daqueles que se importavam com ela.
Finalmente, ouviram passos no corredor e o som de vozes se aproximando. A porta se abriu e May entrou, seguida de Strange. A presença dele era imponente, e Harper sentiu uma mistura de alívio e apreensão.
— May! — Peter exclamou, levantando-se para abraçá-la.
— Ah, Peter, o que vocês aprontaram agora? — May perguntou, olhando para os dois com uma expressão mista de preocupação e exasperação.
— Foi minha culpa, tia May — Harper começou, mas Strange interrompeu.
— Estamos aqui para resolver isso. — A voz de Strange era firme, mas havia um toque de suavidade ao olhar para Harper. — Vamos conversar com o diretor e esclarecer tudo.
Os quatro entraram no escritório, com Strange à frente, vestindo roupas sociais impecáveis e bem apresentáveis. Quando ele entrou, notou imediatamente a presença do padrasto de Harper ao lado do diretor. O olhar de Strange endureceu, reconhecendo o homem de quando fez o feitiço para ver o passado de Harper.
Ele rapidamente assumiu uma postura protetora, a aura de autoridade e poder emanando de sua presença. Caminhou até o diretor, estendendo a mão firme e olhando diretamente para o padrasto de Harper antes de se apresentar.
— Stephen Strange, pai de Harper — Disse ele, sua voz fria e precisa. — Estou aqui para esclarecer qualquer mal-entendido e garantir o bem-estar da minha filha.
O diretor, um pouco surpreso com a presença imponente de Strange, apertou sua mão e assentiu. O padrasto de Harper, por outro lado, ficou visivelmente desconfortável, seus olhos se estreitando.
— Sr. Strange — O diretor começou, tentando manter a compostura. — Entendo que houve um incidente na sala de aula que precisa ser resolvido.
— Sim, e estamos aqui para resolver isso de maneira adequada — Strange respondeu, sua voz cortante. — Harper está passando por um momento difícil e eu gostaria de solicitar que ela tenha um pouco de espaço e compreensão durante esse período.
Billy interrompeu, com um tom de voz carregado de desdém:
— Senhor Strange, a sua filha e o sobrinho da senhora Parker se beijaram no meio da aula. Isso é inaceitável.
May imediatamente assumiu uma postura defensiva, colocando uma mão reconfortante no ombro de Peter.
— Harper e Peter são adolescentes. Eles podem ter cometido um erro, mas isso não justifica essa reação extrema.
Strange, ainda mantendo sua postura firme, olhou diretamente para Billy, seus olhos cheios de determinação.
— O comportamento deles pode não ter sido apropriado para a sala de aula mas há claramente mais nessa história do que um simples beijo. Eu sugiro que lidemos com isso de forma apropriada, considerando o bem-estar de todos os envolvidos.
Harper e Peter trocaram olhares rápidos, ambos decididos a não admitir que precisavam sair da sala por causa da presença perturbadora de Billy. Harper sabia que revelar a verdade agora poderia complicar ainda mais as coisas, especialmente com Billy ali.
O diretor, percebendo a tensão na sala, tentou mediar a situação.
— Sr. Strange, Sra. May, entendo que essa situação é complicada. Vamos focar em garantir que todos possam continuar seus estudos sem mais interrupções.
May assentiu, ainda mantendo uma expressão firme.
— Nós só queremos garantir que Harper e Peter estejam bem. E se isso significa supervisionar de perto suas atividades, então faremos isso.
Billy cruzou os braços, tentando manter a compostura, mas era evidente que a situação o incomodava.
— Espero que isso não se repita — Disse ele, sua voz fria.
Strange ignorou o tom de Billy e voltou sua atenção ao diretor.
— Garanto que trabalharemos para evitar qualquer incidente futuro. Mas também peço que Harper tenha o suporte necessário para lidar com o que está enfrentando.
O diretor assentiu, parecendo aliviado por conseguir algum consenso.
Stephen olhou para o diretor com uma expressão severa.
— Eu darei a punição que achar necessária para minha filha e garantirei que isso não volte a acontecer — disse firmemente, não abrindo espaço para discussão.
O diretor, percebendo que não haveria mais argumentos, assentiu.
— Muito bem, Sr. Strange. Vou confiar no seu julgamento. Estão dispensados.
Peter e May começaram a sair, mas Billy chamou Harper.
— Senhorita Harper, poderia ficar um momento? — Disse Billy, tentando disfarçar sua curiosidade com uma expressão de preocupação profissional. Ele queria checar mais de perto o rosto dela, a semelhança perturbadora com sua enteada.
Antes que Harper pudesse responder, Strange se colocou à frente dela, sua presença imponente bloqueando o caminho de Billy.
— Tem algo mais a dizer? — Perguntou Strange, sua voz fria e afiada. Billy hesitou por um momento, mas sua curiosidade o levou a perguntar:
— A quanto tempo o senhor é pai de Harper?
Strange bufou, irritado com a pergunta insinuante.
— O que quer dizer com isso? — Perguntou ele, sua paciência esgotando-se rapidamente. — Obviamente, eu sou pai da minha filha desde que ela nasceu.
A tensão no ar era palpável. Billy, ainda encarando Harper por cima do ombro de Strange, parecia querer falar mais, mas se conteve.
— Nada, apenas queria ter certeza de que ela estava em boas mãos. — Disse Billy, tentando esconder sua suspeita.
Strange apenas assentiu brevemente, ainda mantendo Harper protegida atrás dele.
— Pode ter certeza disso — Respondeu ele, com uma voz finalizadora. Ele então guiou Harper para fora da sala, onde May e Peter estavam esperando.
— Vamos para casa — disse Strange suavemente para Harper, mas com firmeza. — Temos muito a conversar.
Enquanto caminhavam pelo corredor, Harper sentia um misto de alívio e ansiedade. Ela sabia que aquela não seria a última vez que encontraria Billy, mas pelo menos, por agora, estava cercada por pessoas que a protegiam.
Quando Harper e Strange chegaram à frente da escola, ela viu Stephen apontar para um carro estacionado ali perto. Harper não pôde evitar uma risada.
— Sério? — Ela disse, arqueando uma sobrancelha. — Você dirige? Achei que ia abrir um portal.
Strange riu, um som leve e quase incomum vindo dele.
— Cozinhar, dirigir... Você se impressiona com coisas bem mundanas. E no fim, você que pediu para eu bancar o pai — respondeu ele, com um sorriso. — Então, entrei no papel.
Harper sentiu um alívio imediato ao ouvir isso. Saber que ele não estava com raiva a confortava mais do que ela esperava. Enquanto caminhavam até o carro, ela lançou um olhar para Peter e May, que acenaram de volta com expressões de apoio e compreensão e caminharam em direção a casa deles.
May provavelmente estava confusa de ver Harper entrando no carro do homem e ele a levando para outro lugar senão o prédio que ela morava. Harper apenas esperava que Peter conseguisse inventar uma boa desculpa. E que não tivesse problemas, ficasse de castigo ou coisa parecida.
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