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Parker batucava a mão na mesa e mexia o pé no exato ritmo do relógio, ele queria muito que a aula terminasse logo, mas ela havia acabado de começar.
Parecia até que seu sexto sentido estava o avisando de que algo aconteceria, não necessariamente algo ruim, mas algo fora da rotina talvez.
— Boa tarde pessoas, consigo ver no olhar de vocês que estão sem ânimo nenhum para essa aula, vou deixar vocês respondendo os exercícios em paz, mas antes quero apresentar uma aluna nova. — A professora Rivera era gordinha e baixinha, com óculos meia lua e cabelos pintados de laranja mas com uma raiz enorme aparecendo.
Ela aparecia eventualmente para substituir a professora de Espanhol e por mais que tentasse fazer de tudo para se enturmar, suas piadas de tiazona não permitiam.
Dava para ver que muito provavelmente ela também não queria estar ali. Todos olharam, não para professora, mas para a aluna nova ao lado dela.
A garota do lado da professora Rivera tinha os cabelos castanhos claros na altura do peito e os olhos esverdeados. As bochechas eram levemente rosadas e embora parecesse muito bonita e simpática, as olheiras a baixo dos olhos denunciavam que ela não dormia muito. Vestia uma saia preta de cintura alta com uma blusa branca sem estampa, tudo por baixo de um moletom que deveria ser no mínimo uns dois números maior. Usava um all star preto e uma mochila com um chaveiro do baby yoda que chamou a atenção de Peter.
— Essa é Harper Butterfly... Da onde você é mesmo? — A professora falhou em fazer uma apresentação descente logo no início.
— Eu vim de Nebraska. — Ela disse baixo, como se não tivesse certeza da resposta ou como se não quisesse compartilhar informações.
— Que nome ridículo... Quem se chama borboleta? — um garoto moreno do cabelo logo disse fazendo seu grupinho rir. Harper ignorou, e a professora também, aparentemente.
— Seja bem vinda senhorita Harper, tenho certeza de que vai se enturmar rápido. — A professora comentou e a garota assentiu, caminhou até o lugar vago ao lado do Parker e se sentou em silêncio, não colocando muita fé nas palavras positivas da professora.
Não dava para saber se ela era tímida, anti social, ou os dois.
A professora colocou na lousa o número das páginas que continham os exercícios que deveriam ser respondidos e saiu da sala para resolver algo qual não foi especificado. Porém assim que os alunos ficaram sozinhos começaram a conversar e andar pela sala como de costume.
— Não ligue para os comentários do Flash Thompson, não é pessoal, ele é assim mesmo. — Peter se inclinou para o lado e falou para a aluna nova. — Finalmente alguém que gosta de Star Wars. — O Parker disse sorrindo, tentando puxar assunto com Harper.
Ela era de alguma forma familiar, mas por mais que o Parker se esforçasse, não conseguia lembrar de uma vez que tivesse visto ela antes.
A garota não respondeu, só deu um sorriso e uma risadinha baixa, enquanto colocava os fones e abria o livro.
Harper era péssima em espanhol e Peter havia se sentido levemente ignorado.
O sinal finalmente tocou e os alunos esvaziaram a escola em um piscar de olhos, parecia que ninguém mais aguentava ficar lá e ainda precisavam aguentar um ano inteiro.
Harper era nova na cidade e ainda não conhecia nada lá, mas sabia que estava com fome e com pouco dinheiro. Teria que dar uma volta até encontrar algo barato para comer. Mas acabou se distraindo na biblioteca, os livros de lá eram realmente bons e além disso, no momento em que se sentou na frente de um dos computadores acabou ficando por horas tanto que esqueceu até de que estava com fome. E não era apenas porque a internet da escola era extremamente lenta e tornava tudo três vezes mais demorado mas sim porque realmente havia muito o que se pesquisar.
No fim, quando saiu da escola o sol já estava se pondo. Ela andou um pouco até achar uma lanchonete que não parecia tão duvidosa quanto a maioria e que vendia hot dog por três dólares.
Pediu um e se sentou em uma mesa próximo a janela, observava os carros passarem naquela noite quente. Ela gostaria que o inverno chegasse logo, junto com o natal, as decorações natalinas, o frio e a neve era algo que ela realmente ansiava a chegada.
Um barulho forte chamou sua atenção no momento em que deu a última mordida em seu lanche. Nem teve tempo de procurar um guardanapo para limpar as mãos sujas de mostrada pois um grupo composto por três homens armados entrou anunciando um assalto.
— Merda. — Ela queria muito ter a habilidade de pular pela janela de vidro sem se ferir, na verdade mesmo se ferisse parecia uma boa opção.
Ela já estava acostumada a problemas acontecendo a sua volta, as vezes ela sentia como se os atraisse, então não ficou assustada e nem surpresa, só com raiva na verdade.
As pessoas começaram a gritar logo que avistaram armas apontadas para o teto, transformando o lugar em puro caos e pânico.
— Quero todo mundo em silêncio, ou eu vou atirar! — Anunciou um dos homens mascarados. Dois deles apontavam armas para pessoas que tremiam de medo enquanto o terceiro ia até o caixa do estabelecimento.
A arma de um deles vôo para longe e ficou presa na parede com o que parecia uma espécie de teia. Esse olhou assustado e viu o homem aranha entrando em cena.
— Eai galera, o que vocês estão fazendo aqui? — O homem-aranha falou em um tom engraçado, enquanto ia em direção dos bandidos.
A ação foi rápida mas o suficiente para atrair a atenção de todos. Em poucos minutos o homem aranha já havia desarmado os homens, as armas deles haviam ido parar nas paredes cobertas de teias. Um dos homens tentou pegar Peter por trás, apertando seu pescoço.
"Qual é galera, eu tenho muita coisa para fazer hoje, vamos economizar tempo e terminar com isso logo. " O homem-aranha disse enquanto jogava o cara contra a parede. Era engraçado o jeito que ele falava de maneira descontraída ao mesmo tempo que lutava, porém ninguém ali além dele estava descontraído para prestar atenção nesse fato.
Ele prendeu um dos homens na parede e outro deixou grudado no caixa enquanto pedia um celular emprestado para ligar para polícia.
Em algum momento um tiro foi disparado em direção ao teto, todos gritaram. O homem-aranha se virou depressa, e imediatamente reconheceu a garota que estava parada na frente de uma arma.
Harper ia sair de mansinho mas não funcionou conforme o planejado. O homem aranha reconheceu a garota de mais cedo imediatamente. Ele estava pronto para lançar uma teia na arma do homem, mas a garota foi mais rápida, dando-lhe uma rasteira e fazendo que ele caísse no chão, em seguida deu um chute em suas costas e chutou a arma do mesmo para longe, ele tentou agarrar sua perna mas ela desviou numa fração de segundo.
Em seguida o homem-aranha acertou ele com uma, duas, três teias para garantir que estivesse bem preso, parecia até que eles haviam ensaiado a sincronia com qual se movimentaram.
Todos aplaudiram, enquanto alguma pessoa útil foi rápida e chamou a polícia, tanto que as luzes vermelhas e azuis começaram a piscar do lado de fora, entrando pelas janelas junto com o barulho alto das sirenes.
Parker agora podia deixar aquilo com a polícia, não era nada demais afinal e ele já havia feito todo trabalho duro, precisava chegar em casa logo pois realmente tinha muito dever de casa, e quando parava para pensar nisso soava até engraçado.
Ele deu um pulo para trás e lançou sua teia na direção da porta principal que estava entreaberta, mas parou.
— Peter! Espera! — Harper havia chamado seu nome e logo depois tapado a própria boca com a mão, como se não quisesse ter dito aquilo.
O homem-aranha não conseguiu evitar atender pelo nome, logo em seguida até tentou disfarçar lançando a teia novamente e saindo dali. Mas Harper ainda tentava correr em sua direção.
Para sua sorte parecia claro que ninguém havia notado ela chamar seu nome. Todos já estavam eufórico demais e a policia já estava a adentrar o estabelecimento.
Ainda assim ficou perturbado, como ela poderia saber seu nome? Ele nem havia se apresentado na escola, quanto menos dito que era o homem-aranha. Ninguém podia saber, claro que Ned sabia, e o Happy, mas apenas eles e era assim que deveria continuar sendo.
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