08
Eu olhava cada pote ali e sua descrição no papel para poder separar corretamente na prateleira em minha frente.
Tio Snape estava sentado em sua cadeira escrevendo em um pergaminho, ele levantava os olhos para me encarar a cada 10 minutos.
— O que te perturba tanto? – A pergunta dele foi tão sincera.
Tio Snape poderia ser um homem cruel como falam, severo, chato muita das vezes, mas ele sempre foi um bom padrinho do seu jeito.
Tinha tanta coisa acontecendo, cartas do castelobruxo para eu reafazer a prova de transfiguração que eu tenho que fazer a cada 2 anos, meu tio Sirius que havia fugido de Askaban, minhas aulas que acabaram de começar e eu já levei uma detenção.
— Está acontecendo coisa demais para um período curto. – Sou breve na resposta.
— Eu estava pensando, você nunca conheceu seu tio. – O mais velho fala com desgosto. — Quando você nasceu ele já tinha saído de sua casa e quando você deve uma pequena oportunidade de conhecê-lo, ele foi preso, sabe o que eu notei? – Faço um barulho para ele continuar. — Seu irmão só conhece você da família.
Fico em silêncio, eu ainda separava os potes de ingredientes corretamente.
— Como repetiu de ano duas vezes?
— Meio que já é normal repetir 1 ano no castelobruxo, na verdade é normal repetir o segundo, mesmo com os anos seguinte o segundo ano é o mais difícil, não tem como você acompanhar o ritmo. – Explico calmamente enquanto termino de separar os ingredientes. — Então eu repetir por não ter acompanhado o ritmo, Orion também repetiu. – O mais velho me encara atentamente. — Aí quando eu passei para o terceiro ano, eu repetir por conta de detenção. – Solto uma risada baixa.
Coloco a caixa na dispensa do mais velho e logo estou me afastando dali.
— Já deu seu horário, aqui. – O mais velho me entrega um pedaço de pergaminho assinado com autorização para eu andar até as 00:30 hoje.
Olho para o relógio pendurado na parede, era 22 ainda.
— Coma alguma coisa, vá pegar na cozinha e depois vá para seu quarto.
Apenas agradeço enquanto saio.
Eu estava novamente sentada na torre de astronomia, ainda era 22:40, eu estava com algumas coisas para comer ali enquanto eu lia um livro, eu deveria está em meu dormitório, mas eu ainda estava com fome e queria terminar aquele maldito livro.
— Desculpa, desculpa, eu não sabia que tinha alguém aqui – Levanto meus olhos apenas para ver a amiga do meu irmão ali parada nervosamente envergonhada.
Ela carregava livros demais para o pequeno corpo dela, a garota rapidamente se vira de costas e sai, não tinha motivo algum para eu pará-la, então eu apenas deixei ela ir.
Quando eu ia voltar a ler, a garota estava voltando em passos rápidos, com extremo cuidado a provavelmente mais nova, coloca os livros no chão.
— Você está lendo 1984 de George Orwell? – Faço um som de concordância. — Desculpa, não queria parecer uma louca, mas é que não existe muitos bruxos que leia livros trouxas.
O modo todo nervoso da garota para se explicar era incrível encantador.
— Aliás. Eu não me apresentei, sou Hermione Jean Granger, por Merlin, eu não sei porque eu falei meu nome meio, apenas estou um pouco nervosa, normalmente os bruxos julgam tudo que vem do mundo trouxa e... merda, melhor eu calar a boca, foi bom te conhecer. – A garota já estava pegando os livros para sair quando eu finalmente falei.
— Não gostei do livro, não é meu tipo de leitura favorita, olha que eu já li muita coisa, tipo Romeu e Julieta a reescrita, aliás, Talita no Alya Black, é uma honra conhecer a grande Hermione que os professores elogia tanto. – A garota trava no lugar.
Pela primeira vez eu avalio ela totalmente. Seus olhos castanhos, cabelos da mesma cor, suas bochechas vermelhas. Era ela linda, eu não podia negar, seus olhos castanhos eram profundo, como o mar.
— Bom, se quiser, eu tenho uns livros, melhores que esse. – Sua fala é puro em nervosismo, o que em um dia normal eu acharia fofo, mas por algum motivo até agora desconhecido por mim, eu estou de péssimo humor.
— Orion falou de você e dos seus amigos. – Tento mudar de assunto, para no final esse assunto sobre livros não cair perguntas sobre mim, provavelmente ela iria começar a perguntar o meu livro favorito, o motivo de ser um livro trouxa, sobre meus irmão, sobre minha amizade com Miguel, não estou nem com um pouco de vontade de responder esse assunto.
— Falou?
— Raramente se encontra alguém da Grifinoria que trata uma pessoa da Sonserina como amigo. – Dou de ombros olhando para o livro em minha mão por um tempinho.
— Bom, os Sonserinos também não ajuda. – Sua fala é vaga, sua voz rouca mais com certa firmeza, revelando que ela acreditava nisso que falava.
— Não é como se os Grifinos ajudasse. – Quando eu rebato ela me encara, seus olhos me analisam enquanto coloca os livros que segurava no chão e ja sentava em minha frente.
— Não é exatamente assim...
A mais nova tenta defender sua casa, mas não tinha o que defender, ela sabia. Da mesma forma que o povo da sonserina ataca qualquer um da grifinoria, o povo da grifinoria atacava da sonserina. Mesmo que a pessoa fosse do primeiro ano.
— Não estou julgando, são apenas fatos, mas ainda sim, fico feliz por Orion, é bom ter amizades.
— E você, não fez amizade com ninguém? – Fico em silêncio, apenas observo ela, chegamos em um ponto que eu odeio, falar sobre mim, então, apenas dou uma resposta vaga a sua pergunta.
Minha resposta foi: um simples balançar de ombro com indiferença.
O silêncio reina, não me entenda mal, não é que eu não queira falar com ela, talvez me aproximar dela e de seus amigos já que eles foram tão gentis com Orion, apenas não gosto da ideia de compartilhar sobre mim, minha vida sempre foi algo tão privado, privado ao ponto de nem eu mesma me reconhecer.
Olho para as estrelas apenas por mais um momento, olho para o pergaminho em minha mão e me levanto.
— Tenho horário para voltar pro dormitório, quer ajuda? – Ela nega rapidamente.
Talvez meu silêncio tenha a incomodado, deve ter feito ela achar que eu não queira nada com ela, nenhuma aproximada, o que por partes não é mentira.
— Melhor ir antes que Flint apareça.
Se ela me perguntasse quem era Flint, eu não saberia responder.
— Te vejo pelos corredores. – Falo por fim enquanto vejo a garota pegar os livros.
— É, pelos corredores.
Foi a última coisa que eu ouvi depois de sair dali.
Minha caminhada foi tranquila pelo corredor, o livro que eu tinha deixei em qualquer lugar ali, apenas o colocando em uma simples estátua enquanto continuei andando em direção as masmorras, por algum motivo, até agora desconhecido por mim, Apolo saiu do corujal para me acompanhar.
Essa coruja é louca.
Quando entro no Salão Comunal da Sonserina encontro Orion deitado no pequeno sofá dormindo, acabo abrindo um sorriso e ando até ele, tiro sua franja de frente dos seus olhos o fazendo suspirar.
— O que está fazendo aqui? Você não acha que deveria está no seu dormitório? – O mais novo resmunga.
— Talvez. – Solto uma risada.
— Talvez?
— Eu tava te esperando. – Meus olhos se ilumina por um momento.
— Claro que estava, vá para seu quarto, eu cheguei bem e segura.
Orion resmunga, mas me obedece, ajudo o mais novo levantar e ando com ele até as escadas, deixo o resto para ele, o observo subindo as escadas, quando ele finalmente ele esta no topo da escada eu subo as escadas para meu próprio quarto.
Quando entro no pequeno quarto, um suspiro escapa dos meus lábios, me sento na cama e passo os dedos por meu cabelo, o cansaço do atingindo meus ombros.
— Você está diferente do que a Cuca disse. – Levo um susto quando escuto a voz de Dubledore, o velho bruxo sai da parte mais escura do meu quarto.
— Como... como o senhor. – Aponto para escadas e ele apenas rir.
— Você anda uma garota mais calma do que o esperado, claro, é apenas o começo das aulas e você já levou uma detenção, mas quem pode culpá-la por seu temperamento forte? – Fico em silêncio. — Senhorita Black, como se sente em relação ao seu tio? Ele e Orion são sua família, os últimos.
— Não o conheço para sentir algo. – Rebato rapidamente, não gostando por onde estava indo essa conversa.
— Mas sabe que é sua família, sabe que ele é irmão do seu pai, pai esse que você apenas teve o prazer de ter memórias embaçadas e apenas pequenas fotos. – Sinto minha respiração ficar presa.
— O que faz aqui Professor Dubledore? – Questiono amarga.
— Vim ver como você está Talita, vi você na torre de astronomia, as estrelas te acalma, faz sua vida turbulenta ter algum sentindo enquanto você tenta desvendar os mistérios das constelação. – Minhas sobrancelhas se juntam em confusão. — Talvez, você apenas queira ser como as estrelas, ser admirada e desvendada.
— Professor, o qu-
— Hermione é uma garota muito doce e adora um bom mistério, ele foi atraída por esse seu brilho, você é como uma constelação não desvendada, um mistério ou então uma adivinhação... – O mais velho começa a divagar, fazendo minha confusão ficar maior.
— Professor Dubl-
— A sim, me lembrei, amanhã, sua suspensão será na hora do almoço, você irá cumprir a detenção comigo, tenho que comprar algumas coisa. – Fico ainda mais confusa com o homem não falando nada com nada, mas eu apenas decido concordar.
— Claro professor.
— Até amanhã Srta. Black.
Antes que eu consiga falar um tchau, o mais velho sai pela porta do quarto, escuto a magia das escadas sendo ativa e ainda posso ouvir a voz do mais velho fazendo um "hiiu" enquanto provavelmente desliza pela escada.
Passo a mão com raiva por minha cabeça.
Constelação a ser desvendada? atraída pelo meu brilho? Que brilho? Um mistério? Adivinhação?
Estou achando que esse velho bruxo está chegando a loucura, a única coisa que ele disse que fazia sentindo era sobre a diretora do Castelobruxo, Cuca.
Solto um último suspiro e deixo-me cair na cama cansada, fecho os olhos, deixando o cansaço vencer.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro