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me sentindo perdido, mas eu gosto disso.

'quarto
🚓 ▊ ' shirt ━ 🇪🇸

barcelona, Espanha
2023, hoje

Claro que policiais tinham folga. Tiravam quando podiam depois de turnos cansativos. Mas Raquel preferia folgar aos domingos, então esse não era seu caso. Acordou cedo sexta-feira de manhã e não hesitou em ir diretamente para a delegacia de polícia.

Quando chegou lá, foi perguntando para todos policiais se tinham o número de Toji. Sim, queria que ele investigasse com ela. Afinal, os inspetores líderes eram os que mais deveriam tentar conseguir informações sobre o caso.

Discou o número e esperou. O primeiro toque foi ignorado, assim como o segundo e o terceiro. Raquel podia apostar que Fushiguro estava xingando de onde quer que estivesse, mas atendeu no quarto.

- Quem é? - Como o número estava desconhecido, perguntou.

- Raquel.

- O que você quer essa hora da manhã, mulher?

- Saia da cama e esteja aqui às 9.

- Você tá maluca? Hoje eu tenho folga.

- Já avisei Arnaldo que você terá sua folga domingo. Vamos, levante.

- Porra, Raquel. - Ao mesmo tempo que estava furioso, tinha uma leve malícia na fala. Gostava do seu jeito atrevido. - Me traga um café pelo menos, não é? Se quer me fuder, me agrade. É o mínimo.

- O ditado é "se quer me fuder, me beije", em primeiro lugar. Segundo: devo querer, sim. Ande logo. Seu tempo está correndo.

- Acho que prefiro ficar deitado aqui, ouvindo sua maravilhosa voz. - Sua fala era pura ironia. Se virou para o outro lado da cama.

- É melhor não chegar fedendo a bebida. Já disse que odeio vagabundo.

- Você não parece odiar seu amiguinho. Aquele coreano.

- Isso é ciúmes, Inspetor Toji?

A mulher tinha mais o que fazer, mas pelo jeito que Toji bufou do outro lado da linha, não poderia parar naquela altura do campeonato. Essa era a primeira vez que sentia raiva na sua voz sempre tão debochada. Não ia perder a chance de irritá-lo.

- Eu? Com ciúme de você? Nem se fosse minha esposa de verdade.

- Não foi o que pareceu. Você também quer um abraço meu? - Fez biquinho mesmo que ele não visse, enquanto separava as papeladas na mesa.

- Só se você estiver pelad...

Desligou o telefone. Raiva a consumiu ao pensar que com ele não havia meios de ganhar um daqueles estúpidos joguinhos. Então, digitou o que desejava e desligou o celular.

Você: Esteja aqui às 8.
Você tem meia hora. Se atrasar um minuto sequer, te tiro do caso.

Quando a tela de bloqueio fez barulho, uma voz soou atrás dela:

- Com quem estava falando?

- Ninguém da sua conta. - Raquel olhou para cima com um pequeno sorriso no rosto e encontrar a feição sorridente e empolgada de Martina. - O que você está fazendo aqui? Era seu dia de folga.

- Pensei em te entregar esse laudo hoje e já ficar livre. E você não consegue mentir pra mim, Raquel. Eu ouvi tudo.

- Ótimo, deixe-me ver.

A morena pegou o bolo de papéis e puxou uma cadeira para se sentar. Folheou por cima para ver se achava algo que lhe despertasse a atenção, mas aquilo deveria ser feito com calma.

- Já passou isso pro Oliver? Ele está encarregado disso também.

- Já, mas ele aceitou a folga de hoje. Amanhã ele estará de volta para ver. Enfim, você tem um ouvido bem seletivo.

- Que?

- Você só escuta o que quer. Eu perguntei quem era.

- Você já sabe a resposta, não sabe?

- Sei. - Ela apoiou os braços na mesa e deu um sorriso de criança sapeca. - Ele é muito gato.

- Não acho.

- Acha sim.

- Não acho. Ele é bem feio, na verdade.

- Aí você está forçando. É um pecado chamar aquele homem de feio.

- Se eu falar que ele é feio você não acredita, se eu falar que não tenho opinião você não aceita. Quer que eu fale o que? Que ele é um deus grego? - Raquel largou os papéis e a encarou com as mãos cruzadas na mesa.

- Sim! Ele é um deus grego. Admita de verdade, Raquel.

Ela pensou antes de falar qualquer coisa. Olhou em volta para ver se ninguém estava por perto e coçou a nuca ao dizer:

- Tá, ele até que dá pro gasto.

- Dá pro gasto? Se ele dá pro gasto eu sirvo pra que? Varrer o chão?

- Você, sim, é bonita.

- Você está falando isso só porque está implicando com ele.

- Não é, não.

- Ele está super na sua.

- Você tá maluca?

- Raquel, acho que você é muito boba. Com todo respeito. Você é inteligente pra tudo, menos pra isso. Ele te olhou ontem a noite toda.

- Ele olha pra todo mundo. É observador.

- Está vendo? Você também olhou pra ele!

- Claro, né. Não confio nele.

- Você sabe que não foi só por isso. Não tem como não reparar nele. Quando ele entra em algum lugar já dá pra sentir sua presença. Nossa, se ele desse bola pra mim...

- Deus me livre. Eu tenho mais o que fazer.

- Só estou dizendo! - Levantou as mãos na altura da cabeça como se quisesse se defender. - Aparentemente ele gostou da sua bunda. Até eu gostaria, né. Olha o tamanho disso.

- Martina. - A morena deu uma risada que se transformou numa gargalhada quando a amiga virou e ficou de lado para Raquel ver sua bunda quase inexistente. - Para com isso.

- Dê uma chance. Só uma.

- Tá, tá. - Tentou encerrar o assunto. - Pode tirar o dia hoje e amanhã.

- Sério?

- Sim. Vou cuidar das coisas por aqui. Obrigada pela ajuda.

- Tem certeza? Eu posso ficar hoje...

- Ela quer um minuto a sós comigo, Martina. - Uma voz mais rouca e grave estralou o ouvido de Raquel.

Raquel revirou os olhos. Realmente sua presença dizia mais do que qualquer palavra. No entanto, o que dizia era extremamente irritante. Irritante o suficiente para fazê-la pedir para Martina se retirar apenas com a cabeça - e ainda ver o sorriso da amiga de formar no rosto - e largar os papéis em cima da mesa, empurrando-os na direção do homem.

Ele estava com a vestimenta padrão. Calça estilo social, sapato da mesma categoria, um coldre axilar e uma blusa social branca com os primeiros botões abertos. Não conseguiu deixar de reparar naquilo. Como só havia lhe visto com camisas escuras, quase teve um infarto.

Seus músculos ficavam dez vezes mais marcados nessa cor e só de pensar que se uma gota d'água caísse nele e molhasse sua camisa tudo ficaria transparente, roçou as pernas umas nas outras. Tentou afastar o pensamento assim que ele limpou a garganta, olhou o relógio de pulso e disse:

- Sete e cinquenta e seis.

- Não fez mais que sua obrigação. Venha, vamos ler isso daqui. E feche essa camisa. Não estamos no bar.

- Deu para perceber. - Ele deu um sorriso de lado ao olhar para a blusa nada decotada de Raquel. Ontem, como tinha tirado todo armamento e roupa apropriada, estava somente de regata e calça jeans. - O problema é que eu não sei colocar essa gravata.

Raquel espremeu os olhos. Teve uma ideia que poderia irritá-lo e não perdeu tempo de executá-la. Arrancou a gravata de suas mãos e rodeou o pescoço dele com ela. Sem atravessar a mesa, já que ele estava do lado oposto dela, se curvou sobre ela e puxou o homem mais para perto.

- Sabe, aprendi a dar nós em gravata desde cedo. Aos meus dezessete anos comecei a fazer e nunca parei mais.

Fushiguro não entendeu nada. Tentou, só, focar os olhos na boca ou no olhar dela e não mudar de local, mesmo que a tentação de encarar sua bunda empinada fosse gigante.

- Antes de entrar para a polícia, Oliver sempre tinha reuniões executivas. Eu o ajudava todas as manhãs a fechar sua camisa e dar nós nas suas gravatas. Coitado, ele nunca aprendeu.

Ela pôde ver o maxilar do mais alto cerrando. Deu um quase imperceptível sorriso quando viu aquilo, mas manteve a compostura. Ao invés de amarrar e arrumar a gravata da forma certa, deu um nó bem forçado e o apertou. Apertou bastante até que Toji estivesse com a cabeça abaixo da dela, forçado a olhar para cima, bem próximo do seu corpo.

Seu olhar teimoso ainda tentava subir e descer para ver a respiração dela de perto, mas não teve coragem de desfazer o contato visual. Segurou a gravata como um pedido para que ela soltasse, mas antes Raquel sussurrou em seu ouvido:

- Mas você vai aprender que eu não faço favores pra qualquer um. Nem gravata, nem café.

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Depois do laudo analisado, eles descobriram algo a mais. Não pelo laudo, mas por um fator externo. Havia uma floresta perto da região e um turista alegou ter visto muitas manchas vermelhas no tronco das árvores.

Então ambos policiais marcharam para lá. Já passava das duas da tarde quando se perderam. Apesar da bússola, o sinal de celular não funciona muito bem e metade do departamento estava de folga. A tentativa de contato foi frustrada assim que alguns pingos de chuva começaram a cair.

Não sabiam ao certo o que encontrariam. Só foram a fundo no caso. Raquel ligara sua lanterna há tempos, mas Toji permanecia apenas com sua visão natural.

- Pelo que ela disse, as marcas estariam mais ou menos aqui.

- Droga. Quem viria para uma floresta como essa?

- Psicopatas.

- Estamos na floresta, Toji. Fale por si só.

- Bem, se eu fosse você, eu estaria com medo.

- Felizmente eu já tive mais a temer. Continue olhando pro seu lado, se acharmos algo...

Ela parou imediatamente. Estralou um dos dedos para chamar atenção do moreno, o qual parou e se virou na direção dela. Girou a cabeça assim como Raquel fez ao ver a raiz de uma árvore envolta em um líquido vermelho espesso.

Parecia um tanto quanto fresco, mas não o suficiente para ter sido há menos de 1 hora e meia. Na mesma hora ela tirou um frasco da mochila que carregava e foi o mais cuidadosa possível ao pegar a amostra.

Aquilo era pura evidência. Podia ser o sangue da vítima, do assassino, de um animal ou um novo alvo. Quem sabe poderia ser de alguém próximo. Ou alguém distante. Não fazia ideia e naquele ponto, não sabia se queria saber.

- Não parece velho. - A mulher apontou o frasco para cima na esperança de ver alguma coisa diferente.

- Deve ter sido de hoje. Umas três horas atrás.

- Talvez possamos encontrar pegadas.

- Nada além das nossas até agora. Nem para norte, nem para sul.

- Porra, talvez essa merda de chuva pare em algum momento. Martina vai me matar em saber que recolhi sangue misturado com isso.

- Não importa, temos que ir logo se não...

Um trovão passou do lado deles. Raquel se encolheu de susto, mas não fez a típica feição de horror. Olhou para Toji e se apressou em mostrar a necessidade que tinham de chegar no lugar mais próximo possível.

No silêncio opressivo da floresta, apenas o farfalhar das folhas e o canto distante dos grilos quebravam a monotonia da noite, além dos passos dos dois. Avançavam com cautela, suas lanternas cortando a escuridão densa - pois a noite já começara a cair. Eles haviam seguido uma pista até aquela região remota, mas a tensão entre os dois era palpável, muito além do simples desconforto do caso que estavam investigando.

Toda vez que Fushiguro pousava os olhos em Raquel, sentia uma espécie de ansiedade e culpa. Bastava uma respiração para ele ficar perplexo. A mulher não parecia do tipo cuidadosa. Não tomaria cuidado para não machucar alguém, principalmente ele. Mas Toji Fushiguro era um homem insistente.

Não desistia até conseguir o que queria. E naquele instante queria irritá-la. Tirá-la do sério até que explodisse e seu peito começasse a subir e descer rapidamente.

Por sorte, depois de vinte e cinco minutos de caminhada - em ritmo lento já que tentavam não escorregar nos barrancos - avistaram uma casinha de madeira. Toda iluminada e enfeitada por adornos coloridos. Apesar de desgastada pelo tempo, estava de pé. A placa na frente, mal iluminada pela luz da lua, indicava que era um antigo hotel, talvez usado por caçadores ou excursionistas.

Empoderada, mas marcante. Eles assentiram em ficar uma noite lá, já que a floresta trazia perigos severos e empurraram a porta, que rangeu em protesto. Assim que entraram no pequeno espaço, uma senhora estava sentada atrás do balcão lendo algo de perto com as lentes em formatos de garrafas nos olhos. Olhou para cima com lentidão, abrindo um sorriso assim que os viu.

Uma lareira deixa o ambiente confortável. Algumas cadeiras rústicas envolvendo uma mesa também de madeira e alguns sofás com o estofado intacto pelo tempo.

- Sejam bem-vindos!

- Boa tarde. Queremos dois quartos. - Raquel cortou o papo furado.

- Como vão vocês?

- Bem. Dois quartos, por favor. - Fushiguro também não teve simpatia. Respondeu brevemente.

- Ah, queridos, temo que para o casal, só reste um quarto.

- Não tem outro? - Raquel quase se pendurou no balcão.

- Não, querida.

Ela se voltou para o colega de trabalho e debochou, esboçando um sorriso:

- Você dorme lá fora hoje. Espero que uma onça te devore no caminho.

- Ah, você sonha, esposa. - Ele deu a risada mais sedutora que Raquel já ouviu na vida. - Queremos o quarto, vovó.

- O que? Você ficou maluco?

- Apenas deixe comigo. - Ele sussurrou perto do ouvido dela. - Quantos euros?

- São 48 euros para o casal.

- Não, não. Vamos embora.

- Ah, meu bem, eu sei que você está acostumada com dois quartos, mas nossos filhos não estão conosco hoje. Podemos nos divertir um pouco...

Sem que Raquel esperasse, ele deu um beijo na sua bochecha. Ela voltou o olhar para ele com todo ódio do mundo, mas não disse nada assim que olhou para a idosa do outro lado do balcão e a viu com um olhar tão pidão quanto o de um cachorro implorando por carinho. Mesmo não gostando daquilo, se esforçou para não fazer careta.

- Tem certeza? - Ela engasgou com as próprias palavras.

- Absoluta, linda.

De alguma maneira, as palavras dele pareciam fluir direto da sua língua para a boca dela. Direto da boca para o estômago, causando uma sensação esquisita. E para Raquel aquilo era loucura. Não era muito conhecida por ficar sem palavras com frequência, mas ficou. Não disse mais nada.

Ele parecia ter dito "linda" com tanta naturalidade. Quer dizer, era algo que ela não costumava ouvir saindo da boca dele. Mesmo assim, tentou manter a calma enquanto ele continuava a sorrir para convencer a velha a dar um desconto para eles.

Se perguntou se alguma vez na vida ele já chamou alguém de linda. Se perguntou se ele realmente achava ela linda ou se era mentira ou pura encenação. Tentou se contentar com o fato de não poder olhar diretamente para sua camisa transparente e engoliu seco.

O plano acabou funcionando e o que era 48 euros lhes custou bem menos. Porém, ambos não pareciam felizes com a escolha. Quando abriram a porta do quarto e se depararam com uma cama de casal, um sofá minúsculo, uma mesa de canto com duas cadeiras, mini cozinha e uma varanda menor que dois metros quadrados, Raquel já começou:

- Você vai dormir no sofá.

- Puta merda, nem ferrando.

- Seja cavalheiro uma vez na vida!

- Eu não acredito nisso.

- Não acredita em que? Cavalheirismo? Meu deus do céu. Que tipo de homem você é?

- Raquel, você pode dormir na cama também.

- Muito obrigada. Eu passo essa oportunidade incrível que você está me oferecendo!

Raquel acendeu a lareira lá dentro, o crepitar das chamas preenchendo o ambiente com uma luz acolhedora. Eles se sentaram em silêncio, cada um perdido em seus pensamentos e pedindo perdão para as entidades superiores por terem que viver um pesadelo daqueles.

- Vá tomar banho. Eu quero tomar o meu.

- Sim, senhora esposa.

Ele deu uma daquelas risadas debochadas - mas linda - e foi. A chuva torrencial lá fora batia contra as janelas do hotel, ecoando pelo quarto pequeno e modesto que Raquel e Toji foram obrigados a dividir. Ela se distraiu por um tempo, sentada na beirada da cama, tentando se concentrar em pensar no que já havia evoluído com o caso.

Ela não podia evitar a tensão que sempre surgia quando estava perto de Toji. Eles trabalhavam juntos há pouco tempo, mas o fato de estarem confinados a um único quarto fazia a situação parecer ainda mais carregada de significados que ela não queria explorar.

O som da água parando no banheiro chamou sua atenção, e meia hora depois, Raquel sentiu uma pontada de nervosismo. A porta do banheiro se abriu, liberando uma nuvem de vapor e esquentando a salinha. Toji saiu de lá, usando apenas uma toalha em volta da cintura. Gotas de água ainda escorriam por seu peito malhado e abdômen definido.

Raquel esqueceu como respirar. O queixo quase foi para o chão assim que levantou os olhos lentamente, tentando manter a compostura. Começou a trair os próprios pensamentos, percorrendo cada linha do corpo de Toji. Os músculos bem definidos, a pele pouco bronzeada e a aura de confiança que ele exalava a deixavam desconcertada.

Ele passou a mão pelos cabelos molhados, afastando-os do rosto, e sorriu de forma despreocupada e soberba, sabendo que estava extremamente lindo. Esse era o maior poder dele. Saber que, de qualquer maneira, tinha charme e beleza excessivos.

- Desculpe a bagunça. Achei que você gostaria da vista.

Raquel engoliu seco e tentou se concentrar nas anotações à sua frente. Juntando o laudo e as descobertas da tarde da floresta, ela não pensava em nada além do que estava à sua frente. Quem queria enganar? Aquelas entradas embaixo do seu abdômen traçavam um caminho para o paraíso.

- Sabe do que eu gosto mais?

- De mim sem a toalha? - Deu de ombros e direcionou sua mão a barra do tecido em torno da cintura. - Para você eu faço de graça.

- Cala a boca ou eu te ensino a não ser moleque.

Realmente se cansou da brincadeira. Não era legal agir como um idiota ou um prostituto de plantão quando se estava em um cargo tão alto e sério dentro da delegacia. Ele tinha que aprender a separar uma coisa da outra. Naquele momento eles eram, nada mais, nada menos, que colegas de trabalho.

Toji deu um meio sorriso, notando a tentativa dela de não olhar diretamente para ele.

- Claro. Só estava te avisando que o banheiro tá livre.

Raquel assentiu, grata por ele ter mudado de assunto. No entanto, não conseguiu deixar de lançar mais um olhar furioso enquanto ele se vestia de costas para ela. A forma como os músculos dele se moviam debaixo da pele a deixou mais intrigada do que gostaria de admitir.

Ela sacudiu a cabeça, tentando afastar os pensamentos indesejados. Não era o momento nem o lugar para esse tipo de distração. Correu para o banheiro com sorte de ter deixado um par de roupas na pequena mochila que levou caso as coisas dessem errado.

Era um top estilo de academia - fechado para dar sustentação nos seios - e infelizmente, um shorts do tamanho PP que achou no fundo da sua gaveta. Era preto e tinha estilo de legging, bem curto e apertado para ficar embaixo de roupas com comprimento menor.

Por se tratar da única roupa que tinha para ficar e também porque queria provocar o mais velho, decidiu usá-la com confiança. Saiu do banheiro de cabeça erguida, já esperando alguma reação. Contudo, o moreno estava com o peito subindo e descendo tão fundo que Raquel até bufou.

- Filho da puta.

Ele não parecia ter um sono tão leve. De qualquer forma, se deitou no sofá e em poucos segundos, dormiu. Mal esperava ela que Toji sabia do seu orgulho enorme e por isso, só fingia dormir. Sabia que não ia nunca admitir que queria dormir na cama. E além disso, nunca deixaria uma mulher como Raquel dormir em um sofá.

Mesmo com relutância, se levantou da cama. Somente sua respiração era possível escutar. Além da cara fechada de sempre e a impaciência estampada no rosto. Observou por um instante a mulher que parecia estar exausta. Finalmente o cansaço vencendo sua teimosia.

Estalou o pescoço para os dois lados e alongou os braços antes de fazer impulso, abaixar na altura do móvel e pegar a morena pelas pernas e tronco. Hesitou por um momento, mas tentou fazer com gentileza - algo que lhe faltava no cotidiano.

A mulher resmungou algumas palavras, mas não acordou. Assim que caiu na cama, o grande casaco policial que usava pra se cobrir caiu, deixando-a amostra. Fushiguro tentou desviar o olhar, mas aquela cena implorava atenção.

Havia algo hipnotizante na maneira como ela dormia, entregue de verdade ao sono. Seus cabelos espalhados sobre o travesseiro, e a expressão em seu rosto era de uma calma profunda que ele raramente via quando ela estava acordada.

- Por que sempre brigamos, Inspetora? - Sua voz era um pouco mais suave.

O sono pesado de ambos fez efeito e até a manhã seguinte, nenhum deles acordou. Porém, quando Raquel abriu os olhos, quase teve um infarto. Fez isso de maneira devagar e ainda sonolenta, sentindo um calor familiar ao seu redor. Seu corpo estava envolto em um abraço apertado, e a respiração ritmada de Toji batia suavemente contra seu pescoço. A confusão inicial deu lugar a uma onda de surpresa ao perceber onde estava.

Arregalou os olhos e tentou enxergar ao redor, mas o corpo dele a impedia. Quem os visse de longe podia jurar que era um casal de verdade.

Pura ironia do destino Raquel ter dado um "abraço" nele ainda melhor do que tinha dado em Oliver.

Olhou o relógio e viu que já passava das onze e vinte. Levantou em um solavanco brusco, já chacoalhando o homem ao seu lado. Porra, ele continua bonito até dormindo, pensou.

- Toji, acorda.

O outro policial abriu os olhos devagar, ainda meio adormecido. Quando seus olhares se encontraram, um misto de choque e tensão preencheu o espaço entre eles.

- Hum?

Sua voz estava rouca, carregada de surpresa e um resquício de ternura que ele não conseguia esconder.

A realidade de sua situação caindo sobre eles como um balde de água fria. Raquel sentou-se mais para a ponta da cama, puxando o cobertor ao redor de si, como se isso pudesse protegê-la da confusão de sentimentos que a invadia.

Toji se sentou também, passando a mão pelos cabelos desarrumados.

- Bom dia pra você tambem.

Ela olhou para Toji, vendo-o não apenas o colega de trabalho e alguém que poderia considerar rival, mas também uma incógnita complexa. O silêncio se instalou entre eles, carregado de possibilidades não ditas e não resolvidas, enquanto a dupla tentava entender o que aquela manhã significava para seu futuro.

- Isso nunca aconteceu.

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pessoal, a partir de hoje as atualizações da fic do nanami e do toji serão mais lentas! estamos focadas em acabar a fanfic do gojo e do geto ( que já já entra em reta final. )

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