
★ 𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝘁𝗵𝗿𝗲𝗲
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3.229 palavras
ㅤㅤㅤSERAPHINE abriu os olhos devagar, os cílios pesados ainda grudados pelo sono. A luz suave da manhã filtrava pelas cortinas, pintando listras douradas nas paredes do quarto. Por um instante, tudo parecia comum — o cheiro familiar dos lençóis, o silêncio confortável da casa.
Até ser rasgado por uma voz alta e terrivelmente desafinada vindo do banheiro:
— “Ele é veloz... Sonic, o ouriço! Já foi, já passou por nós... Sonic, o ouriço...”
Ela lamentou como quem leva um travesseiro na cara, enterrando o rosto no próprio com a esperança de que aquilo fosse alucinação.
— Não... isso não ‘tá acontecendo.
— Hey, lady! — exclamou Sonic, surgindo na moldura da porta como se fosse o astro principal de um musical matinal. Uma toalha pendia desalinhada na cabeça, e ele parecia particularmente satisfeito com a própria apresentação.
Caminhava com a despreocupação de quem já se sentia em casa, o olhar dançando por cada canto do quarto. Passou os olhos pelos pôsteres coloridos, os livros empilhados de forma caótica, as pelúcias perfeitamente alinhadas na estante.
— Esse aqui é fofo — disse ele, pegando uma raposinha de pelúcia entre as mãos. Seu olhar suavizou por um segundo, nostálgico. — Me lembra um dos meus amigos.
— Deixa minhas coisas em paz — resmungou Seraphine, a voz abafada pelo travesseiro.
— Oh, calma aí, estou só conhecendo o território. Sou um hóspede educadíssimo, sabia?
Ela se ergueu devagar, sentando-se na cama e espreguiçando os braços como uma gata preguiçosa.
— E como se chama esse seu amigo fofo?
— Tails. Um gênio da tecnologia... e também canta no chuveiro. Mas, diferente de mim, ele tem talento.
— Bom, não deve ser tão difícil superar você nesse quesito — ela disse, arqueando uma sobrancelha com um sorrisinho malicioso. — E esses seus amigos… são todos falantes como você?
— Yeah, tem uma ouriça obcecada por mim, um equidna com sérios problemas de raiva e um cientista maluco tentando nos eliminar.
— Uau. E eu achando que meu grupo de estudos era disfuncional.
— E você? Qual é a sua história, senhorita?
Ela se deitou de lado, apoiando o queixo na mão como quem está prestes a contar um segredo.
— Cantora em potencial, sonhadora de palco, amante de pudim e fugitiva de provas de exatas.
— Wow, você é praticamente uma rebelde interdimensional.
Ela riu, jogando o cabelo para trás com leveza.
— É, só que minha “rebeldia” é mais voltada para cantar no chuveiro do que salvar o mundo.
Sonic a observava com a cabeça levemente inclinada, os olhos vivos brilhando de curiosidade.
— Então, se eu me esconder debaixo do chuveiro, posso te ouvir cantar?
Seraphine soltou um riso abafado.
— Bem, só se você não se importar com o canto desafinado e a falta de público.
— Estou mais interessado na performance. Quem precisa de perfeição ao ter talento natural, não é?
Ela desviou o olhar, sorrindo sem jeito, mas não sem encanto. Como se fosse raro alguém falar com tanta confiança sobre algo tão pequeno.
— Se a escola não tivesse sido destruída por um vilão maluco, talvez eu estivesse lá agora, cantando no palco.
O clima mudou sutilmente. Sonic parou de andar, sua expressão suavizou, e o brilho divertido nas íris deu lugar a algo mais atento, quase protetor.
— Ah, o Dr. Eggman, né? — ele murmurou, a voz mais baixa, carregada de memória. — Não me surpreende. Esse cabeça de ovo não perde a chance de arruinar a diversão.
Antes que Seraphine pudesse abrir a boca para responder, um som de batidas firmes e impacientes ecoou na porta.
— Seraphine? Você está acordada? — A voz do pai ressoou do outro lado, carregada de uma desconfiança que era difícil de ignorar.
Ela congelou, os olhos se arregalaram e uma onda de pânico a atravessou.
— Ah, não.
Sonic também piscou, visivelmente alarmado, e uma expressão de preocupação surgiu em seu rosto.
— Isso soa como “problema chegando”, né?
— Armário! — sussurrou Seraphine, apontando freneticamente para o canto.
— Muito óbvio! — Sonic rebateu, sua cabeça virando de um lado para o outro enquanto ele avaliava as opções. Seus olhos brilharam com um brilho travesso e nervoso. — Eu tenho espinhos, lembra?
— Debaixo da cama?
— Muito apertado!
— Banheiro?
— Minha voz vai dar eco, vou me entregar na hora!
As batidas na porta ficaram mais insistentes, a maçaneta se mexendo levemente com cada batida, como se o pai estivesse a ponto de fazer a entrada triunfal.
— Seraphine? Está tudo bem aí dentro?
Seraphine não teve tempo para pensar. Sem hesitar, empurrou Sonic na direção do armário, sua mão empurrando-o com força.
— Para o armário, agora! — ela ordenou com urgência, sentindo a adrenalina já subindo.
Ela fechou a porta do quarto com um clique seco, o som da maçaneta girando uma última vez antes de tudo ficar em silêncio.
— Oi, pai! — ela cumprimentou, forçando uma voz animada que mal disfarçava o nervosismo.
— Vim te chamar para o café. Fiz panquecas.
Seraphine forçou um sorriso, a tensão visível nas suas mãos que ainda tremiam levemente.
— Sério? Panquecas? Aquelas com gotinhas de chocolate? — Ela tentou soar natural, mas as palavras saíram apressadas, como se fosse mais uma questão de sobreviver ao momento do que realmente saborear o que estava sendo dito.
— Com frutas.
— Hum... nutritivo. Legal. — Seraphine fingiu empolgação, engolindo as palavras enquanto sua mente corria a mil.
De repente, um som abafado veio do armário, um som estranho, como algo caindo ou batendo levemente contra as prateleiras.
O pai franziu o cenho, os olhos estreitando-se enquanto ele tentava processar o som.
— O que foi isso?
Seraphine quase perdeu o controle. Seu cérebro deu um salto. Preciso sair dessa.
— Ah! — ela se apressou a inventar. — É... o som da juventude! Uma trend nova! Barulho ambiente, sabe? Viral no TikTok. Super popular!
Outro som veio do armário, um espirro contido. Ela olhou rapidamente para o armário, o pânico crescendo.
Seraphine, com a expressão de quem estava improvisando uma apresentação de teatro, começou a bater palmas e dar tapinhas nas pernas, criando um ritmo falso, como se estivesse fazendo parte de uma batida viral.
— É-É parte da trend! Uma batida com sons aleatórios! Tipo: atchim, clap clap, ratimbum!
O pai a observou por um longo momento, uma sobrancelha arqueada, como se estivesse tentando decifrar a explicação cada vez mais ridícula.
— Você definitivamente anda muito tempo no TikTok.
Ele suspirou profundamente, massageando as têmporas com um gesto cansado, como se já tivesse desistido de tentar acompanhar o mundo de sua filha.
— Ok. Não vou nem tentar entender.
Ele virou-se para sair, mas antes de sair pela porta, olhou de volta, lançando um último comentário:
— Só… sem gravar dancinhas com fantasmas no armário, por favor.
Seraphine forçou uma risada nervosa, quase histérica.
— Fantasmas? Claro que não! Imagina... totalmente coisa da sua cabeça! — Ela se encolheu ao sentir a tensão começar a dissipar.
Quando o homem finalmente se afastou, ela encostou a testa na porta e deixou escapar um suspiro longo de alívio.
— Isso foi por pouco...
Porém, um segundo depois, mais batidas vieram.
— Ah, e sem TikTok durante o café da manhã! — A voz do pai ressoou do corredor, com um tom de advertência.
— ‘TÁ BOM, PAI! — ela respondeu, a paciência se evaporando, sua voz saindo mais irritada do que ela gostaria.
De dentro do armário, uma voz suprimida, quase cínica, ecoou.
— Esse cara tem radar ou o quê?
Seraphine destrancou a porta do guarda-roupa com um movimento rápido e Sonic saiu de lá como se estivesse escapando de uma missão impossível, sua expressão dramática de quem sobreviveu a uma batalha épica.
— Sobrevivi. Por pouco, mas sobrevivi. — Sonic se espreguiçou exageradamente, fazendo um movimento de heroísmo.
Seraphine cruzou os braços, com um sorriso irônico se formando.
— Bem-vindo ao meu cotidiano caótico.
Sonic se endireitou, seus olhos brilhando com diversão.
— Eu estava começando a me perguntar quando ele ia me chamar de “fantasma”. Se você me perguntar, até teria sido uma ideia divertida.
Seraphine forçou um sorriso, tentando esconder o nervosismo que ainda estava fresco em seu peito.
— Não me surpreenderia se ele começasse a falar sobre assombrações. Você pode ser rápido, mas não é exatamente fácil de esconder.
Antes que ela pudesse protestar, Sonic já disparou para o canto do quarto, empurrando almofadas para todos os lados com uma empolgação absurda.
— Já sei! Vou me esconder aqui. Vou ser o travesseiro! Vai ser super convincente!
Seraphine revirou os olhos, mas não conseguiu segurar um riso.
— Isso só pode dar errado, mas tudo bem, vai lá.
O pai de Seraphine entrou no cômodo novamente, sem perceber o disfarce óbvio de Sonic, que estava agora literalmente deitado em uma pilha de almofadas, tentando manter a compostura como um travesseiro.
— O café vai esfriar, você vai ou não?
Ele deu uma olhada rápida ao redor, sem notar a bagunça das almofadas ou o “travesseiro” tentando se fazer passar por parte da decoração do quarto.
Seraphine fez um gesto discreto com a cabeça para Sonic, com um olhar que dizia “fica quieto”.
— Claro, só... me arrumando. Já vou!
O pai a encarou por um instante, um pouco confuso, porém aceitando aparentemente a explicação sem questionar mais.
— Hum, tá. Só não demore.
Seraphine soltou um suspiro profundo, deixando o corpo cair contra a cadeira da escrivaninha, como se tivesse sido sugada por um vórtice de tensão. A gravidade pareceu aumentar, seu corpo pesado, como se o alívio de ter escapado de uma situação de vida ou morte fosse demais para suportar de uma vez só.
— Isso foi mais perto da morte do que qualquer filme de terror — ela murmurou, a voz saindo arrastada, ainda tentando se recuperar da adrenalina.
Sonic, por sua vez, se espreguiçou com a descontração de quem acorda de uma soneca deliciosa. Os braços se esticaram como molas, e ele bocejou alto, sem pressa de se preocupar com o caos em torno deles.
— Se eu consigo escapar de robôs assassinos, acho que aguento seu pai. — Ele se endireitou na cadeira, o tom descomplicado contrastando com a tensão de antes.
Seraphine não conseguiu segurar o riso. O som veio fácil, leve e, pela primeira vez naquela manhã, a gargalhada parecia um alívio genuíno. Algo que ela não sabia que precisava até aquele instante.
— Sabe… — Ela começou, as palavras saindo lentamente, quase como se tivesse medo de quebrar o momento. — Você podia simplesmente ter corrido. Sumido. Mas ficou.
A expressão de Sonic se suavizou. Ele a olhou com um olhar sério, algo mais profundo por trás de suas íris brilhantes, que, por um momento, pareciam abandonar a diversão usual.
— E deixar você sozinha nessa? Nem que o mundo acabasse.
Seraphine sentiu um leve choque no peito, como se tivesse sido tocada por algo invisível. Aquelas palavras, simples, porém fortes, mexeram com ela de uma maneira que não conseguia explicar. Algo dentro de si reconheceu uma verdade silenciosa.
Sem pensar, ela esticou a mão e tocou a dele, num gesto leve, quase tímido. A pele quente de Sonic parecia transmitir uma calma inesperada.
— Obrigada… de verdade. — As palavras saíram baixas, quase um suspiro, e ela não soube se estava agradecendo por ele ficar, por tudo o que ele representava ou simplesmente pelo momento em si.
Sonic olhou para a mão dela por um segundo antes de encontrar seus olhos, um sorriso suave se formando no canto de seus lábios. Era diferente — mais tranquilo, mas ainda assim com a confiança característica.
— 'Tamo junto, Seraphine. Até o fim da linha.
Seraphine deu um riso breve, mas sincero. O coração deu um pulo, um pequeno salto de reconhecimento, como se aquelas palavras realmente significassem algo mais. Algo importante.
— Se meu pai descobrir, vai pensar que eu ‘tô escondendo um namorado alienígena ou algo assim.
Sonic colocou a mão no peito, exagerando na dramatização, e ela não pôde deixar de rir.
— Alienígena? Essa doeu na minha honra de ouriço!
— Tá bom, namorado ouriço superveloz. Melhor assim? — Ela brincou, arqueando a sobrancelha, se divertindo com o tom exagerado.
Sonic fez uma pose de vitória, inclinando a cabeça em um gesto teatral.
— Agora sim. Muito melhor.
Seraphine o encarou por um instante, os olhos brilhando com uma mistura de diversão e cumplicidade. Então, ela não resistiu.
— Aposto que você não aguenta mais um dia sem arrumar uma encrenca — ela provocou, seus lábios se curvando em um sorriso desafiador.
Sonic sorriu de volta, a expressão travessa voltando a brilhar.
— E aposto que você vai estar bem no meio disso comigo.
Seraphine cruzou os braços, tentando esconder o sorriso que ameaçava escapar.
— Infelizmente, acho que você tem razão.
Eles se encararam, o silêncio que se seguiu não precisou de mais palavras. Era uma quietude carregada de compreensão, uma troca silenciosa de promessas que não precisavam ser ditas em voz alta. Então, com um movimento suave, Sonic estendeu a mão e a tocou, dessa vez com uma firmeza inesperada, como se fosse um selo em algo muito maior do que somente aquele momento.
— Então, estamos juntos nessa.
Seraphine sentiu uma onda de calor se espalhando por ela, como se a confiança dele estivesse se infiltrando dentro dela, como uma chama silenciosa e reconfortante. Ela sorriu de volta, os olhos suaves, mas com uma força nova.
— Você está certo. Estamos juntos nessa, não importa o que aconteça.
Sonic assentiu, o olhar firme e determinado, como se aquela simples troca de palavras fosse uma promessa silenciosa, uma aliança invisível que não precisava de mais explicações.
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Em um lugar distante…
No laboratório improvisado de Tails, um som incessante agudo cortava o silêncio, como um martelo batendo contra um metal frio. O pequeno dispositivo em sua frente exibia uma série de números e gráficos em constante movimento, porém nenhum deles parecia ser a resposta que ele tanto buscava. Seus olhos, fixos na tela, estavam carregados de tensão, e suas mãos tremiam ligeiramente ao ajustar os controles.
— Onde você está, Sonic? — Tails murmurou, sua voz baixa e abafada pela frustração. Parecia que o aparelho não tinha mais nada a oferecer, e, mesmo assim, ele não conseguia afastar o sentimento de que havia algo ali, algo que ele ainda não havia notado.
Amy entrou apressada, a porta do laboratório se abrindo com um estrondo. Ela se deteve por um momento no limiar da entrada, o semblante irritado, mas o tom de sua voz traía a preocupação que ela tentava esconder.
— Tails, quanto tempo mais você vai ficar aqui? — Sua voz estava tingida de uma ansiedade que ela não conseguia disfarçar, e os olhos fixados em Tails estavam longe de serem duros. Ela queria mais do que qualquer coisa ver a situação resolvida, entretanto, não sabia mais como esperar.
Knuckles apareceu logo atrás de Amy, a postura rígida, os braços cruzados sobre o peito e os olhos lançando faíscas de impaciência.
— Se esse maluco não aparecer logo, vou atrás dele e procurar com minhas próprias mãos — ele falou com uma determinação que mal disfarçava a raiva crescente, a energia a ponto de explodir.
Tails não parecia ouvir direito. Seus olhos continuavam fixos na tela do dispositivo, os dedos ágeis, mas inseguros, tentando ajustar as configurações. O fraco som parecia reverberar no fundo de sua mente, tornando cada segundo mais pesado, e o medo começava a se infiltrar em seu peito.
— Ele tem que estar por aqui... — Tails murmurou, a voz quase inaudível, carregada de uma angústia crescente. Ele apertou os olhos, como se isso pudesse ajudar a clarear os números na tela, mas não havia nada ali que sugerisse uma resposta. A culpa o consumia. Como ele pôde não ter percebido? Como não conseguiu proteger o amigo antes que fosse tarde demais?
Amy olhou para o relógio na parede, depois para o dispositivo, e a irritação em seu rosto se transformou em algo mais sombrio. Ela sabia que todos estavam à beira de um limite.
— Tails, isso está levando tempo demais. O que mais podemos fazer? — Sua voz estava agora entre o desespero e o exasperado, porém ainda tentava manter a calma. Eles precisavam de uma solução, e ela não sabia o quanto mais podia aguentar a espera.
Knuckles, incapaz de ficar mais um segundo no lugar, deu um passo à frente, quase avançando para o dispositivo, com a expressão de quem estava prestes a perder o controle.
— Chega de esperar. Ele vai me ouvir, e vai ser agora. — Sua voz era carregada de uma energia ameaçadora, e seus músculos se tensionaram como se estivessem prontos para a ação.
Tails, sentindo-se encurralado, levantou-se de repente, como se algo o tivesse empurrado para fora de seu estado de paralisia. A urgência na sua voz era inconfundível, as palavras saindo rápidas, como se ele estivesse tentando segurar algo que estava prestes a escapar.
— Espera! Você nem sabe onde ele está!
Knuckles parou abruptamente, os olhos se estreitando e a testa franzida. Ele se virou para Tails com um olhar que queimava, a fúria agora misturada com impaciência.
— Então me dá um palpite, gênio. Porque ficar aqui parado não vai trazer o Sonic de volta. — As palavras saíram quase como um rosnado, sua postura desafiadora, porém havia um fundo de frustração no tom, algo mais humano do que ele gostaria de admitir.
Amy, que até aquele momento estava em silêncio, olhou de um para o outro, sentindo a tensão crescer entre os dois como uma tempestade prestes a explodir. Ela respirou fundo, deixando as palavras saírem com a força de quem já estava cansada de segurar tudo dentro.
— Chega! Vamos juntos. A última coisa que precisamos agora é nos perder uns dos outros também. — Sua voz, embora firme, carregava a suavidade de alguém tentando unir o que estava prestes a se partir.
Tails hesitou, os olhos se desviando para o chão por um momento. A dúvida ainda se agarrava a ele, mas a voz saiu fraca, quase como um sussurro, um pensamento não dito há muito tempo.
— E se ele… não quiser ser encontrado?
Knuckles parou, o movimento foi tão abrupto que a tensão no ar se tornou palpável. Ele virou lentamente para encará-lo, e o olhar fixo nos olhos de Tails transmitia uma clareza de propósito.
— Não me importa. Se for preciso, eu arrasto aquele teimoso de volta. — Ele falou com uma determinação inquebrantável, as palavras duras como aço, sem espaço para dúvidas.
Amy, já ao lado de Tails, colocou uma mão em seu ombro, o gesto suave, mas repleto de convicção. Ela o encarou com olhos firmes, as palavras pesando com a sinceridade de quem não tinha mais tempo a perder.
— Não vamos abandoná-lo, Tails. Não agora. Não quando ele mais precisa da gente. — Sua voz era tranquila, mas havia uma força ali que parecia abraçar cada um deles.
Knuckles não perdeu tempo. Ele já estava passando por eles, parando na porta e virando-se para lançar um olhar decidido para os outros.
— Vamos buscar o nosso amigo. Com ou sem o consentimento dele.
Amy se virou para Tails mais uma vez, e seu olhar, embora cheio de urgência, também carregava algo mais: confiança. Ela sabia o que estavam prestes a enfrentar, mas não havia dúvida em seu coração.
— E vamos trazê-lo de volta. Porque é isso que uma família faz.
Tails ficou parado por um momento, os olhos fixos na tela do monitor, que continuava piscando. O som parecia agora mais distante, como se já não fosse importante. Algo dentro dele apertava seu peito, uma sensação de inquietação que ele não conseguia mais ignorar.
“Sonic… por favor, que ainda haja tempo.”
Enquanto Tails se afastava, o monitor piscou mais uma vez. Um sinal fraco, quase despercebido. No canto da tela, uma mensagem apareceu, tímida, quase tentando se esconder:
Latitude desconhecida. Planeta: [Terra].
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