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★ 𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝗼𝗻𝗲

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2.330 palavras

ㅤㅤㅤA BRISA SUAVE da tarde deslizava pelos cabelos dourados de Seraphine Montclair, envolvendo-a em uma leveza que contrastava com o peso crescente em seu peito. Ela avançava pela calçada em direção à escola, os passos ritmados como uma canção silenciosa que só ela conseguia ouvir. Nos fones de ouvido, uma melodia fluía suavemente, sua própria criação, entrelaçando notas delicadas que pareciam escapar entre seus dedos antes que pudesse tocá-las com perfeição. Era como se ela estivesse tentando alcançar um sonho distante, uma visão etérea de algo ainda imensurável.

Na mochila, entre cadernos e canetas coloridas, algo mais estava oculto: um nó apertado, firmemente preso à sua garganta. O show de talentos se aproximava e, com ele, o primeiro grande teste. Apresentar sua música diante de uma plateia não era uma simples oportunidade; era um salto no escuro. Seraphine tentava disfarçar sua ansiedade, porém os dedos tamborilando no tecido da saia denunciavam o turbilhão que ela mal conseguia controlar.

Ao cruzar os portões da escola, a sensação de ser observada era quase palpável. Seus passos hesitaram por um instante, como se os olhares alheios a tivessem fisicamente tocado. Alguns curiosos, outros indiferentes, mas todos pareciam ter notado a menina silenciosa que se movia como se estivesse em um mundo à parte. Ela não era popular, mas sua voz tinha se infiltrado de maneira sutil nos corredores, como um acorde suave de piano que ecoava, fugaz, em meio ao burburinho. Em vez de se perder nos murmúrios do pátio, Seraphine se refugiava na calma de seus próprios pensamentos, onde a harmonia fluía sem interrupção.

Chegando à sua cadeira habitual, perto da janela, o olhar de Seraphine se perdeu por um momento na paisagem lá fora. O mundo além do vidro, parecia tão distante quanto seus próprios sonhos, invisíveis aos outros, porém completamente presentes em sua mente. Enquanto a professora falava, suas palavras se diluíam, se tornando meros sons sem sentido. A mente de Seraphine vagava, seguindo os contornos de acordes inacabados e versos que dançavam como sombras no fundo de sua consciência. Eles só ganhavam forma quando ela os sussurrava para si, como se compartilhasse segredos íntimos com a única pessoa capaz de entendê-los: ela mesma.

Ela sempre soubera que possuía esse talento, contudo, nunca como dividi-lo. Alguns elogios chegavam até ela — superficiais, rápidos, vazios — como uma pálida tentativa de reconhecimento. Seraphine sabia que o verdadeiro reconhecimento não viria de palavras vazias. Ele seria conquistado no momento em que sua composição tocasse algo profundo nos outros, algo que os fizesse sentir, e não somente ouvir. Era isso o que ela realmente buscava: um laço, uma conexão. Entretanto, ao mesmo tempo, ela temia que a vulnerabilidade de sua criação musical fosse demasiado grande para ser recebida. E se ninguém a entendesse? E se, ao expor suas emoções, ela perdesse pedaços de si mesma, e esses pedaços nunca mais se recompusessem?

A música sempre foi seu refúgio, o único lugar onde ela se sentia completa. Cada acorde era uma fuga, uma libertação. Ali, ela se deixava ser quem realmente era. Ainda assim, o receio de se expor a fazia vacilar. O dilema era cruel: ela queria ser ouvida, queria que sua melodia tocasse os outros de maneira verdadeira, porém o que faria com o risco da rejeição? Como ela enfrentaria a dor de ver sua própria vulnerabilidade ser ignorada ou, pior, ridicularizada?

Na sala, os ruídos do mundo exterior pareciam cada vez mais distantes. Porém, a canção a levava para longe, para um lugar onde não havia limites, onde ela podia ser quem desejava ser, sem medo. Contudo, a liberdade também trazia a hesitação de ser vista de verdade. E se alguém descobrisse o quão profundamente ela ansiava por ser livre? O que fariam com esse desejo exposto, com essa fragilidade revelada?

O som estridente do sino rasgou o silêncio do corredor, arrancando Seraphine dos pensamentos que dançavam em sua mente como compassos soltos. Ela piscou, como se voltasse de um lugar distante, e seu semblante se voltou para a janela. Lá fora, o céu dourado se rendia lentamente ao azul profundo da noite, tingindo tudo com uma luz suave e melancólica. O sopro carregava o aroma da grama recém-cortada, indiferente à inquietação que borbulhava em seu peito.

A sala ao redor esvaziava-se em um crescendo de passos e murmúrios, mas Seraphine permaneceu imóvel por alguns segundos, os olhos semicerrados, tentando controlar a respiração que insistia em acelerar. Cada batida do coração parecia ecoar nos ouvidos como o compasso de uma melodia prestes a começar.

A jornada até o palco, afinal, começava agora.


O saguão do evento exalava uma energia vibrante. As vozes entrelaçadas se misturavam ao barulho abafado de passos apressados e cadeiras sendo arrastadas, criando uma sinfonia de expectativa. Seraphine cruzou o espaço quase como uma sombra, os olhos presos no palco à frente, iluminado por holofotes que já testavam seu brilho.

A madeira escura reluzia sob a luz quente, e só de olhar, ela sentiu o estômago se contorcer — um frio afiado, como se borboletas com asas de vidro batessem contra suas entranhas.

Ela murmurava para si mesma que era só mais uma apresentação. Só mais uma. Ainda assim, o nó em sua garganta dizia o contrário. Aquilo não era apenas uma música. Era sua verdade. Sua alma.

Desviando do burburinho, Seraphine procurou refúgio em um canto menos iluminado, onde o ar parecia mais fácil de respirar. Encostou-se à parede e, por um instante, tudo ao redor perdeu cor e melodia. Abriu as mãos diante da visão — a leve tremedeira nelas parecia acompanhar o ritmo incerto do seu peito.

“E se eu falhar?”

A dúvida sussurrou, não como um pensamento, mas como uma voz viva que se infiltrava sob a pele. A apreensão de ser esquecida antes mesmo de ser lembrada apertava seu peito como uma fita puxada com força demais.

Entretanto, entre os murmúrios da insegurança, algo brilhou em seu interior — tênue, porém firme. Um calor conhecido. Ela inspirou profundamente e o ar encheu seus pulmões como se a preparasse para cantar. Não se tratava mais de coragem. Tratava-se de verdade. De se colocar inteira, mesmo que imperfeita.

Pois, ali, diante de um palco e de olhos desconhecidos, não era somente uma apresentação. Era um ato de fé. Um voto silencioso de revelar-se.

As entonações ao redor voltaram a se dissolver quando a lembrança chegou, doce e inesperada.

Um quarto com paredes cor-de-rosa. Uma menina com os pés descalços no tapete, cantando baixinho para as bonecas alinhadas na estante. E atrás da porta entreaberta, sua mãe, ouvindo com os olhos marejados.

“Essa voz é linda demais para ficar trancada aí dentro.”

As palavras voltaram como um sussurro, uma melodia antiga escondida na alma. Seraphine fechou os olhos e sorriu, breve. Estava ali por aquela menina de olhos brilhantes e voz tímida. Por aquele desejo quase invisível, mas incansável. Por uma promessa feita sem palavras: a de nunca esconder quem ela era.

O primeiro acorde estava prestes a ser tocado quando a cortina se sacudiu violentamente, os tecidos se agitando como se uma força invisível os puxasse. O eco estrondoso de uma explosão ao longe fez o chão tremer, e Seraphine fechou instintivamente os olhos, tentando ignorar a sensação de que algo estava prestes a virar seu mundo de cabeça para baixo.

Em um piscar de olhos, um clarão vermelho-alaranjado atravessou as janelas, pintando o ambiente com uma cor intensa e alarmante. A plateia, que há poucos segundos vibrava com risos e expectativas, virou um mar de gritos e confusão. A atmosfera, que antes estava densa de antecipação, agora se carregava de pânico, como se o tempo tivesse estancado, deixando apenas o caos.

Seraphine deu um passo atrás, o peito disparado contra as costelas, seu olhar se fixando nas formas metálicas que cruzavam a entrada, sombras ameaçadoras e rígidas, como se o próprio pesadelo estivesse tomando forma diante dela. E então, a risada chegou. Cruel, cortante, um som que parecia impossível naquele lugar, um eco que distorcia tudo ao seu redor.

Alguém havia vindo, mas não para música. Não para arte. Aquela presença não estava ali para admirar, mas para destruir.

O chão tremia sob os passos pesados das máquinas, o som das articulações metálicas, um rugido abafado em meio aos gritos. As cadeiras voavam, algumas se chocando contra as paredes, enquanto professores tentavam, sem sucesso, gritar ordens de fuga.

Seraphine ficou ali, paralisada, não por medo, mas por uma estranha sensação que a atravessava. Algo instintivo, como se, em algum lugar muito profundo, ela soubesse que aquele ainda não era o fim.

De repente, uma das máquinas virou a arma em sua direção, e o ar se cortou com um som agudo. Algo — ou alguém — colidiu contra o robô com uma força imensa, os estilhaços de metal e faíscas voando para todos os lados como uma tempestade de luz.

No centro do caos, a atmosfera parecia se comprimir e então uma rotação de energia azul se formou, como se o próprio tempo estivesse sendo interrompido. Era uma força tão intensa que fazia a sala se calar por um momento, deixando tudo ao redor em uma pausa suspensa.

Hey, Eggman! Você precisa realmente de truques novos — a voz soou firme, a mesma intensidade do brilho azul que agora tomava forma. Ele surgiu dos destroços com um sorriso de canto, sacudindo o ombro como quem se livra de algo insignificante. — Vai continuar mandando sucata... ou tem algo realmente interessante para hoje?

— Insolente como sempre, ouriço irritante! — A voz de Eggman retumbou por entre as chamas e fumaça, surgindo de dentro de sua máquina, ainda fumegante. — Mas desta vez, desta vez, você não escapará! Eu trouxe o que há de mais avançado em tecnologia, e não é qualquer porcaria de ferro-velho, ouviu bem?!

Sem aviso, o azulado disparou, um borrão cintilante que cruzou o palco em um piscar de olhos. O movimento foi tão rápido que parecia desafiar a realidade. Dois robôs foram destruídos antes mesmo de esboçarem qualquer reação, suas carcaças metálicas se despedaçando no ambiente com um impacto retumbante, ecoando como trovões no silêncio que ainda tentava se estabelecer.

Seraphine, com a boca entreaberta, sentiu algo dentro de si despertar com aquele movimento — uma mistura arrebatadora de ansiedade e fascínio. Ela observava, hipnotizada, enquanto o desconhecido tornava-se liberdade em sua forma mais pura. Não era somente uma batalha. Era um ato de transformação.

As últimas faíscas dançaram pelo ar, dissipando lentamente, enquanto o último robô tombava com um baque surdo que reverberava nas paredes.

O silêncio desceu sobre a sala, espesso, denso, como se o próprio mundo estivesse prendendo a respiração. O palco, agora dominado pela poeira e os destroços, parecia ter parado de girar, porém, no centro dele, a figura azul permanecia de pé, respirando calmamente, como se aquela batalha fosse apenas um aquecimento para algo maior.

Seraphine sentiu uma onda de clareza, tão nítida e certeira, que a atravessou como uma lâmina. Ela sabia, sem sombra de dúvida, que nada mais seria como antes.

Lentamente, os sons começaram a retornar, um choro abafado em algum canto distante, um sussurro nervoso no outro. Contudo, Seraphine não conseguia desviar os olhos. Eles estavam fixos no estranho, no azulado que agora ocupava o centro de seu universo.

Ele não parecia pertencer àquele mundo. Isso, ela sabia com uma certeza desconcertante.

Talvez fosse exatamente por isso que ele estava ali.

Na hora exata. No lugar certo.

O barulho da batalha se apagou como uma lâmpada apagada no escuro — abrupto, quase irreal. Eggman recuava, irritado, sua silhueta recortada pelas chamas e destroços, sumindo pelas portas escancaradas da escola como um pesadelo dissolvido ao amanhecer.

O ambiente ainda tremia com a memória do confronto, entretanto, a tensão que pairava sobre todos começava a se desfazer, como neblina lentamente tocada pelo sol. Ainda assim, algo permanecia ali — um peso invisível, algo que não podia ser nomeado, mas que se sentia profundamente.

Seraphine deu um passo à frente, hesitante, como quem pisa num terreno desconhecido. A curiosidade pulsava em seu peito, mais forte que o medo. Seus olhos buscaram o azulado, que agora estava parado entre as sombras do palco, como se pertencesse a outra dimensão.

Quando ele se virou para encará-la, o tempo pareceu desacelerar. Tudo ao redor — vozes, passos, ruídos metálicos — ficou abafado, como se o mundo tivesse perdido o fôlego. Os olhos dele se encontraram e ali havia algo que palavras jamais poderiam traduzir: uma intensidade branda, quase triste, como se carregasse em si a lembrança de mil jornadas.

Ele abriu a boca, como se fosse dizer algo, mas não precisou. Aqueles olhos disseram tudo.

E então ele sorriu. Um sorriso leve, enigmático, como uma promessa sussurrada ao vento. Sem dizer mais nada, girou nos calcanhares e se afastou, o som de seus passos ecoando brevemente antes de se dissolver no silêncio. Ficou somente a impressão, quase palpável, de que algo muito maior havia começado ali.

Seraphine permaneceu onde estava, o coração batendo em um ritmo novo. Seus olhos se fixaram no ponto exato onde ele desaparecera, como se pudesse mantê-lo ali com o olhar, como se parte dele tivesse se enraizado nela — silenciosa, mas viva.

Ao redor, a vida recomeçava. Sussurros tímidos, passos cautelosos, o farfalhar de papel e metal. O mundo tentava se ajustar, como uma orquestra retomando o compasso depois de uma pausa abrupta.

Porém dentro dela… tudo era diferente.

Ela não compreendia o que, exatamente, havia acontecido ali. Não podia explicar. Mas podia sentir.

E isso bastava.

Aquilo que tocara seu peito como um raio silencioso não seria esquecido. Era como se o universo tivesse girado ligeiramente em seu eixo, empurrando-a em uma nova direção.

Uma direção desconhecida. Intensa. Incontrolável.

O mundo lá fora continuava como se nada tivesse acontecido. Contudo, Seraphine não conseguia seguir no mesmo ritmo. Algo dentro dela havia despertado — um lampejo, uma faísca azul.

E, com ela, a promessa silenciosa de que não haveria retorno. Ela seguiria esse novo caminho, mesmo sem mapas, mesmo sem certezas.

E talvez, só talvez, encontrasse a si mesma no trajeto.

© kazzwtora 2025

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