14 | CLARICE.
Eu não tive a mínima reação. Meus neurônios gritavam pra eu sair correndo dali, pois eu não estava entendendo absolutamente nada. O cara me inferniza toda vez que me vê, e agora tá dizendo que quer transar comigo? Eu deveria socar a cara dele.
Eu abri e fechei a boca diversas vezes pra tentar falar algo, mas não saía absolutamente nada. Enquanto isso, Nathan continuava me encarando enquanto bebia do seu copo sem se preocupar. Quando ele notou o leve avermelhado em minhas bochechas, o desgraçado caiu na risada, me deixando com um ponto de interrogação enorme no meio da testa.
— Eu tô brincando, latina. — Ele passou a ponta do seu dedo em meu nariz. — Acha mesmo que eu ia querer fazer algo com você? Não é por nada, mas não faz meu tipo.
Se fosse algum outro garoto que eu tivesse um certo grau de intimidade, provavelmente eu me sentiria ofendida, mas não era o caso. Arqueei uma sobrancelha pra ele em forma de deboche.
— Isso era pra me ofender? Falhou miseravelmente. — Peguei o copo de sua mão e Nathan me olhou com as sobrancelhas levantadas.
— Não sabia que você bebia. — Ele cruzou os braços.
— Eu não bebo. — Dei um sorriso cínico antes de jogar o resto de uísque que havia naquele copo em seu rosto.
Nathan fechou os olhos e todos ao redor olharam a cena chocados. Gilinsky e Johnson, em perfeita sincronia, disseram um "caralho" apenas mexendo os lábios. Larguei o copo em cima da mesa e saí desfilando de perto dele, agarrando o braço de Lox a fazendo me olhar.
— Clarice, que porra? — Ela olhou pra Nathan que secava seu rosto com o maxilar travado, visivelmente com ódio.
— Vamos dar uma volta. Esse cheiro de maconha tá impregnando no meu cabelo.
Lox apenas negou com a cabeça com seus olhos arregalados antes de me puxar pra fora da área VIP. Ela entrelaçou sua mão na minha e começamos a dar uma volta pela boate, até que a eletrônica que tremia aquele lugar, foi bruscamente e surpreendentemente trocada por um funk do Kevin O Chris. A boate inteira gritou e eu não perdi tempo, dando um grito de animação também. A inicial melodia calma da música Ela É Do Tipo iniciou e eu dançava sensualmente, jogando meus cabelos enquanto Lox fazia o mesmo do meu lado. Alguns caras passavam e falavam alguma gracinha, mas eu e a ruiva não dávamos bola. Só queríamos nos divertir sem esquentar a cabeça com nada.
Eu estava me soltando e logo não sentia mais aquela sensação de vergonha e pé atrás. Lox e eu descíamos até o chão sem se importar com quem parava atrás de nós ou falava algo. Quando eu digo que não estávamos ligando, literalmente era isso. Um cara muito do gostoso estava parado atrás de Lox, agarrando sua cintura enquanto ela dançava pra ele. Já comigo, eu dançava sozinha, mas surpreendentemente com um copo de alguma mistura alcoólica na mão. Já via as coisas rodarem e minha garganta pegava fogo, mas precisava admitir que era uma sensação do caralho.
Logo senti uma presença atrás de mim mas não liguei, apenas continuei dançando. Joguei meu cabelo e dei uma leve olhada pra trás, deixando um sorriso crescer em meus lábios quando vi Samuel com as suas mãos grandes apertarem minha cintura. Não demorou muito pra ele puxar meu cabelo pra trás e colar os nossos corpos, mordendo o lóbulo da minha orelha e fazendo eu sentir o seu volume crescer na sua calça.
— Tu é um pecado, morena. — Sammy disse em meu ouvido e eu mordi meu lábio inferior em meio um sorriso, continuando a mexer meu quadril no ritmo do agora Reggaeton que tocava.
Meu fogo estava incontrolável por conta do álcool, então não demorei muito para me virar e puxar a boca de Sammy para mim. Sua mão invadiu o meu cabelo, formando um bolo na mesma e puxando, enquanto sua outra mão apertava a minha bunda com força. Samuel tinha um beijo de arrancar o fôlego e uma puta pegada, o que acendeu mais ainda a minha chama.
Já não fazia a mínima ideia de onde Lox estava, pois ela havia sumido e me deixado sozinha. Provavelmente estaria fodendo em algum canto com aquele carinha que ela dançava e apenas resolvi não incomoda-la, já que eu também estava aproveitando bastante.
Sammy desgrudou seus lábios dos meus e deixou um rastro de beijos pelo meu pescoço, fazendo meus pelos se arrepiarem. Logo nós separamos aquele abençoado beijo e continuei dançando pra ele, agora comigo de quatro e Samuel puxando meu cabelo. Confesso que aquele momento estava sendo bom pra caralho, mas ainda bêbada, me toquei que minha vida não era um morango. Parei de dançar com Samuel e logo senti ele me puxando pra si, mas coloquei minhas mãos em seu peito, o empurrando de leve pra trás e puxando meu celular pra ver a hora. Meu coração quase pulou da garganta quando percebi que já passava das três.
— Qual é, Clarice? — Samuel perguntou quando percebeu minha cara de desespero.
— Tá muito tarde. — Passei a mão no rosto. — A Lox sumiu e eu tenho que ir pra casa. A Kami vai me matar.
— Qualquer coisa, eu e Nate ajudamos à inventar uma desculpa. — Ele disse me puxando pela cintura. — Quer dizer, se eu conseguir o convencer, já que ele quer raspar a sua cabeça depois que você jogou uísque na cara dele.
— Eu tô pouco me fodendo pro Nathan, Samuel. — Eu fiz um coque desgrenhado em meu cabelo. — Eu preciso ir pra casa. A noite foi ótima mas preciso procurar a Lox. Um beijo. — Fui sair andando, mas Sammy me segurou pelo braço.
— Tu não sabe nem pra onde tu tá indo, mina. — Ele disse rindo fraco. — A Mahogany saiu com o Jacob. Ela não vai voltar tão cedo.
Eu bufei enquanto massageava minhas têmporas. Precisava pensar rápido, mesmo estando extremamente puta pela Mahogany ter me deixado sozinha.
— Se quiser, eu posso te levar pra casa. — Um sorriso malicioso cresceu no canto da boca de Sammy e eu revirei os olhos.
— Eu não vou dar pra você, Samuel do caralho. — Eu disse tentando sair dali e tropeçando.
— Que isso, morena. Tu tá mal demais. — Ele riu. — Vou mandar o Nathan te levar em casa.
— Eu não quero ficar no mesmo carro que aquele maconheiro. É capaz de ele me jogar pra fora e me atropelar depois. — Eu cruzei os braços sentindo meus olhos marejarem. Só queria ir pra casa.
— Sem condições de eu te botar dentro de um Uber, morena. Esses malucos tão doidos atrás de umas minas bêbadas essa hora da madrugada igual a você. — Ele rodeou seu pescoço com meu braço e começou a andar, pedindo licença para as pessoas.
Diria que ele estava sendo extremamente fofo se não tivesse com uma puta vontade de vomitar toda vez que eu abrisse a boca.
Logo chegamos à área VIP e Sammy me colocou sentada, pegando uma garrafa d'água pra mim e me dando. Pude ver Samuel chamando os meninos no canto e trocando algumas palavras com os mesmos, logo sentindo seus olhares sobre mim. Nathan me encarava com um olhar de deboche. Eu queria enfiar essa garrafa de água na garganta dele.
Depois de alguns minutos eu senti todo meu corpo queimar e alguém me levantar da cadeira, rodeando os braços ao redor da minha cintura.
— Me solta, caralho! — Comecei a me debater nos braços fortes do tal sujeito. — Eu posso te denunciar por tocar em mim sem meu consentimento, sabia?
— Cala a porra da boca, Clarice. — A voz de Nate invadiu meus ouvidos de uma forma grossa e foi o suficiente pra eu me emburrar e ficar em silêncio.
Enquanto íamos em direção à saída da boate, senti todo o meu estômago se revirar. Senti o ar faltando em meus pulmões e dei alguns tapas fracos nos braços de Nathan, que bufou sem paciência.
— Se tu encostar na porra do meu braço de novo, eu te jogo na porra desse chão.
— Eu vou vomitar, Nathan. — Ele parou de andar. — É sério.
Ele revirou os olhos e me levou até um canto, tirando seus braços de volta de mim e se afastando. Abaixei minha cabeça, ainda sentindo tudo rodar e colocando o dedo na minha garganta, colocando tudo pra fora. Logo depois que acabei de vomitar, notei que Maloley estava com uma garrafa de água na mão e eu a peguei, tomando alguns goles. Respirei fundo ainda embriagada e fiz um joinha com a mão pra Nate, que me encarou sem expressão e me levou pra fora da boate.
Nathan abriu seu carro com a chave e me colocou no banco do carona, dando a volta no carro e se sentando ao meu lado. O caminho de volta pra casa foi um silêncio. Eu fechei meus olhos, sentindo minha garganta apertar e a vontade de chorar me invadindo por inteiro.
— Não conta pra sua mãe, por favor. — Eu falei com a voz embargada.
— Quem tem que se resolver com ela é tu, Clarice. Não eu. Arca com as tuas consequências.
— Ela não sabe de nada. Deve estar dormindo à essa hora. Então, eu espero que você não abra a boca. — Eu respirei fundo e me olhei na tela do celular. Boa parte da minha maquiagem já havia ido pro beleléu e embaixo dos meus olhos havia uma risca de rímel.
Nathan deu uma risada irônica e não respondeu mais nada. Quando chegamos em casa, ele parou o carro e eu suspirei, abrindo a porta do veículo e a batendo. Estava preparada pra entrar quando aquela maldita voz me parou.
— Não vou ganhar um obrigada? — Ele me olhou com deboche.
— Eu tô bêbada, caralho. — Resmunguei.
— Não sabia que álcool era sinônimo de falta de educação.
Revirei os olhos.
— Boa noite, irmãozinho. — Eu dei um sorriso forçado.
— Tá me devendo duas. — Ele passou a língua nos lábios. — Não esqueci que posso escolher o que eu quiser.
Levantei o dedo médio pra ele e andei até a porta da casa, abrindo lentamente para não fazer barulho. Entrei e fui direto pro banheiro, tirando minha maquiagem e tomando um banho longo. Me enrolei na toalha e me direcionei pro meu quarto, colocando um pijama leve e me deitando, não demorando muito pra apagar.
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