
02 ──── nariz estragado.
A MANHÃ ESTAVA NUBLADA quando Juniper saiu de casa para ir à escola. Por mais incrível que fosse, Leah se dispôs a ir deixar os irmãos mais novos na escola.
O caminho foi silencioso, os três Clearwater permaneceram calados. Quando chegaram na frente da escola, os mais novos beijaram a bochecha e Leah e saíram do carro. Juniper apertou a alça da mochila, indo de encontro aos amigos. Quil e Embry conversavam animadamente.
— Bom dia, encrenqueira. – Embry brincou, dando um empurrãozinho no ombro dela.
— Bom dia, dupla de idiotas.
Quil jogou o braço sobre os ombros da mais baixa, reclamando da atividade de química que estava fritando seus neurônios. Os três foram para seus armários, pegar os livros para o dia de aula. Quando se encontraram novamente, Jacob se juntou ao grupo. O nariz dele ainda estava inchado, uma belo hematoma roxo espalhado pela área. O estômago de Juniper gelou, o arrependimento correndo em suas veias de uma forma paralisante.
Ela odiava quando isso acontece. Quando perdia o controle de seus sentimentos e acabava dizendo ou fazendo algo de que se arrependia depois. Infelizmente para Jacob, ele acabava sendo o alvo desses explosões, na maioria das vezes. Juniper mastigou os lábios, se fechando em seu próprio casulo de arrependimento, se martirizando por deixar um hematoma no rosto de seu amigo.
Enquanto eles andavam pelo corredor, cada uma seguindo para sua primeira aula, Black esbarrou levemente o ombro no dela, chamando atenção.
— Tudo bem?
— Por que não estaria? – Ela deu de ombros.
— Você está quieta. Muito calada para o meu gosto. – Jake respondeu.
— Deveria agradecer que não estou enchendo seu saco, garoto. – Juniper tentou usar um tom brincalhão, mas acabou soando meio amargo. — Te vejo na detenção.
Ela saiu antes que Jacob pudesse dizer alguma, ele ficou parado, observando enquanto June se distanciava.
— 🐺 —
Logo após as aulas, Jake e Juniper foram diretamente para a sala de Sr. Flynn. Chegaram com alguns minutos de antecedência, conhecendo bem a aversão que o mais velho tinha com atrasos. Surpreendentemente, Lyonell apenas passou algumas páginas de atividades e eles estariam livres. Não antes de ouvirem um discurso sobre agressividade escolar e prezar pela integridade da propriedade escola.
Durante toda a detenção, Juniper permaneceu calada, concentrando-se apenas no livro didático à sua frente, suspirando algumas vezes. Jacob estava ligeiramente incomodado em como ela parecia ignorar totalmente sua presença. Eles já estiveram nessa posição antes e a garota sempre arranjava um jeito de fazer piada, ou puxar assunto. Não desta vez, e isso o enlouquecia.
E não se engane, ele tentou chamar sua atenção mas foi em vão. Clearwater permaneceu com foco total na lista de atividades, deixando o amigo frustrado.
Assim que foram liberados, ela juntou seus materiais e saiu de sala, Jacob em seu encalço. O rapaz agarrou seu pulso com delicadeza, fazendo com que Juniper parasse de andar.
— Está tudo bem? – Ela apenas acenou com a cabeça, evitando contato visual. — June... Por favor, fala comigo.
— Eu quem deveria perguntar se está tudo bem, Jacob. – Seus olhares se encontraram e o garoto imediatamente percebeu o remorso brilhando em seus olhos castanhos. — Estraguei a droga do seu nariz.
— É por isso? – Ele soltou um risinho pela boca. — Já estou acostumado com isso e você sabe.
— Por isso mesmo! – Juniper arrancou o pulso do toque de Black. Ela sentia repulsa de si mesma. Como ele poderia sequer encostar nela quando ela era o motivo daquele hematoma ridículo? — Não deveria se acostumar com um comportamento como esse, é ridículo. Eu errei e você está quase me pedindo desculpas.
Jacob se incomodou com a forma que ela criou uma distância entre eles, então deu um passo à frente.
— Então me peça desculpas, Juniper. Apenas se desculpe e volte a me tratar como sempre.
— Tá falando sério? – Ela riu com desdém. — Quase quebrei o seu nariz.
— E eu coloquei um ninho de esquilos no seu armário, e daí? Se isso te incomoda tanto, me peça desculpas. – Juniper ficou parada, o encarando desacreditada. Ele não estava com raiva? Como poderia não estar? — Vai pedir desculpas ou não?
— Desculpa, Jake... – O tom de voz dela não foi nada mais que um mero sussurro.
— Ótimo, está desculpada. – Jacob deu de ombros, como se não fosse nada. Clearwater o observava com curiosidade, tentando decifrar o que passava pela cabeça dele. — Agora vamos.
Black a puxou para a saída da escola.
— Para onde?
— Vou te deixar na lanchonete. – Jake murmurou enquanto caminhava até o carro.
— Ah... Eu já tenho carona. – Juniper parou, fazendo com que o garoto parasse também. Ele franziu as sobrancelhas, inclinando a cabeça em uma pergunta silenciosa. — Tyler vem me buscar.
— Tyler? – Black deixou um riso escapar, quase que de escárnio. — Tyler Crowley?
— Algum problema com isso? – A voz do garoto citado soou atrás de Jacob, os dois viraram para ele.
O rapaz de cabelos longos estreitou os olhos, o observando de cima a baixo. O aperto em volta do pulso de Juniper apertou de forma inconsciente.
— É melhor eu ir... – A jovem disse, por algum motivo se sentia extremamente constrangida. — Não quero me atrasar. Tchau, Jake.
— Vê se não vai muito rápido, tá? – Jacob disse entredentes, o olhar fixo em Tyler. — A June fica meio enjoada se o carro estiver indo muito rápido.
— Deixa comigo, amigão. – Crowley respondeu, ironia pingando em seu tom de voz. — Ela tá segura comigo.
— Tchau, June. – Jacob deixou um selar na têmpora da garota e saiu.
Ela travou. Ficou parada ali, observando ele se afastar. Até que Tyler pigarreou, chamando sua atenção.
— Bem, vamos, né? – Clearwater disse, sem graça.
— Claro, meu bem. – O rapaz deixou um selar nos lábios dela.
— 🐺 —
O movimento na lanchonete estava mais tranquilo, considerando que era meio de semana, o lugar ficava bastante vazio. Juniper estava limpando uma mesa quando o sino da porta fez barulho.
— Bem-vindo ao Macy's. – Ela disse, levantando o olhar. — Ah, olá, Charlie.
O homem sorriu para ela, indo para a mesa de sempre.
— Olá, Junie. Pode me trazer um sanduíche bem caprichado?
— Claro. – Ela sorriu levemente. — Queijo e molho extra, certo?
Charlie assentiu e ela saiu. Minutos depois, Juniper voltou com uma badeja e o pedido do mais velho.
— Posso te pedir um favor? – Swan disse com cautela, parecia até meio envergonhado. Ela assentiu. — Bem... Bella está voltando para Forks este fim de semana. A mãe dela vai se mudar com Phil e ela vem morar aqui durante um tempo e eu estava pensando se...
— Tudo bem.
— Mas eu nem...
— Tudo bem, Charlie. – Ela riu levemente. — Posso levar ela para umas lojinhas legais no centro daqui.
— Sério? Obrigada mesmo, June.
— Não há de quê. Minha mãe sempre disse que deveríamos ajudar o idosos.
— E quem é idoso aqui, sua fedelha?! – Charlie disse com falsa indignação e a garota gargalhou. — Você passa tempo demais com Billy Black, ele é má influência.
Clearwater deu dois tapinhas no ombro dele.
— Aproveite seu lanche, velhinho.
Juniper continuou o turno normalmente. Era uma daquelas tardes lentas com poucos clientes, as mais entediantes na opinião dela. Justo quando faltavam 15 minutos para seu turno acabar, o barulho do sino ecoou pela lanchonete e ela bufou, virando-se para atender o cliente.
— Jake? O que faz aqui?
— Fiquei com vontade de comer as panquecas daqui. – Ele deu de ombros, escolhendo uma mesa. — Uma porção normal, por favor.
Assim que June chegou com as panquecas, Jacob as atacou, fazendo a garota rir.
— Parece um bicho, comendo desse jeito. – Ela riu novamente quando o garoto tentou da um sorriso, as bochecha estufadas com panquecas. — Idiota. Meu turno está quase acabando, vou me trocar, então se precisar de alguma coisa, chame Vienna.
Black assentiu, assistindo Juniper virar as costas e sumir pelo corredor estreito que levava até a área dos poucos funcionários que a lanchonete tinha. Quando ela voltou, usando a mesma roupa que tinha ido para a escola e com a mochila no ombro, Jake se levantou.
— Eu terminei as panquecas. – Ele constatou. — Já que o seu turno acabou, podemos voltar juntos, que tal? Se você não tiver carona.
— Não tenho. – June balançou a cabeça e Black mordeu a parte interna da bochecha para reprimir um sorriso.
— Certo, tudo bem, então. Okay. – Ele assentiu lentamente, parado.
— Vamos?
— Ah, sim! É, vamos. – Jacob pareceu acordar de um transe, arrancando uma risadinha da garota, que causou uma sensação inquietante no pé do estômago dele.
Os dois foram até o carro, calados. Assim que entraram, Juniper notou o CD, arregalando os olhos.
— Nirvana! – Ela sorriu. —Tinham levado o último quando eu fui comprar no sebo.
— É... Acho que o Embry deve ter esquecido aqui. – Jacob disse, passando a mão no pescoço. — Pode colocar para tocar, se quiser.
— Mas e se o Embry ficar chateado?
— Ele não vai. Apenas toque o CD, June.
Ela trocou um olhar com Jacob, colocando o CD para tocar. A melodia de 'Serve the Servants' logo ecoou pelo carro, o sorriso de Juniper crescendo.
— Teenage angst has payed off well... – Ela cantarolou, Jacob sorria enquanto mantinha os olhos na estrada.
Juniper passou o caminho inteiro cantando. Jacob gostava de ouvir ela cantar, sempre tinha gostado. Quando parou na frente da casa dos Clearwater, ele colocou disco de volta na capinha.
— Toma. – A garota franziu o cenho em confusão. — É melhor se você guardar. Vai ficar mais seguro com você, de qualquer jeito.
— E se o Embry ficar bravo?
— Ele não vai, Junie. Apenas pegue o CD.
Ela mordeu os lábios, relutantemente pegando-o da mão de Jake. Antes de sair, lembrou do beijo na têmpora que recebeu dele antes de sair da escola. Clearwater parou por um segundo ou dois.
— Tchau, Jake. Obrigada pela carona. — Ela beijou a bochecha dele. — Te vejo amanhã na escola.
Black piscou, vendo ela sair do carro, ele baixou o vidro.
— Tchauzinho, June! Até amanhã. – Ele sorriu quando a garota se virou para acenar antes de entrar em casa.
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