━━━ 𝘊𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘵𝘸𝘰
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O sensível e arrogante
PONTO DE VISTA
Bärbel Luxemburgo
Mats era um homem que não permitia que sua atenção fosse mais além que seus interesses, quando eu era apenas uma criança o enxergava como uma espécie de figura inatingível e sublime, suas opiniões e conduta me fascinavam. Quando se é criança, você enxerga o mundo a sua volta como um lugar perfeito e povoado por adultos adultos e de opiniões lapidadas, sem a possibilidade de erros cometer. Bem, eu já não era mais criança e não o admirava mais.
— Uma biblioteca? — perguntou novamente ao que acendia o cigarro bem colocado entre seus dentes - E o que vai fazer em uma biblioteca?
Usei minha visão periférica para observar a maneira em que ele desprezava a oportunidade que Ada Thorne, a mulher do pub me propusera.
— Você realmente quer que eu responda à pergunta? Se você apresentar bem antes de formular ela, é a mais imbecil que você já fez.
Ele suspirou baixo e rolou os olhos:
— Nós não saímos da Alemanha para arranjarmos um emprego qualquer.
Contra essa constatação, eu rebati no mesmo instante:
— E muito menos a deixámos para recusá-los esse tipo de oportunidade. O orgulho que você destila ainda vai te matar engasgado enquanto dorme, Mats. — o homem abriu a boca apenas para soprar a fumaça de maneira escarnecedora e no instante seguinte virei meu corpo em direção ao fogão onde estava preparando o café.
Era uma manhã cinzenta em uma Londres de céu sem graça e nuvens tímidas. Nada era melhor do que um café forte e quente para amuar Mats e a mim. Na noite anterior, havia pedido o telefonema de Ada Thorne em resposta à possível indicação de emprego na biblioteca onde ela trabalhava, em um primeiro momento a estranheza de uma voz desconhecida soando do telefone me fez franzir o cenho, mas quando a mulher inglesa se apresentou , um interesse repentino sobressaiu-se do meu íntimo; sem dúvidas o som suave e direto das palavras proferidas por Ada foi mais do que esclarecedor.
Antes de agradecer novamente pelo o grande favor que ela estava fazendo para - literalmente —, uma desconhecida e colocar o telefone no gancho, encerrando a curta conversa, fui interrompida pela voz ressaltada dela:
— Você ... Err ... Voltou bem naquele dia? Sabe, muda um pouco alterado, todos nós ... — para cada pausa Ada soltava um áspero e retraído pigarreio, poderia quase imagina-la balançando a cabeça e xingando-se mentalmente por aquela falha tentativa de puxar conversa.
Lembro de ter colocado um sorriso no rosto e respondido:
— Precisaria de muito mais para ficar realmente alterada, Ada — gargalhei baixo escudo um riso deixar a boca dela de maneira harmoniosa, após isto o silêncio embaraçoso se instaurou ali; tão indesejável e ao mesmo desejável, o termo meio existia quando o assunto era aquela mulher inglesa ... Sua voz me confortava, assim como sua respiração desregulada combinada com chiado do telefone. Por fim, ela desligou, sem se despedir ou qualquer coisa do tipo.
Uma chaleira apitou, eu alcance-a e passei o café em uma xícara para Mats e eu. Caminhei em direção à ele estava: sentado em uma das poltronas com a postura ereta e permitindo-se tragar uma última vez a fumaça do cigarro após apagá-lo completamente em um cinzeiro, ele piscou com o olho indiquei o líquido preto e quente em na xícara de porcelana já desgastada:
— Obrigada, irmã. — eu sorri sem os dentes e descanse na poltrona ao lado do homem, depositei meu café na mesinha de centro, puxei um cigarro da discreta cigarreira de metal e acendi-o após encaixa-lo entre meus lábios. Tragando e expelindo pacientemente aquela sujeira junto da minha ansiedade, pude notar Mats me olhar com curiosidade: — Você está me lembrando muito nossa mãe.
Suspirei baixo e umedeci os lábios com a língua antes de trazer o cigarro novamente. Os nossos pais, a Alemanha ... Nossa vida antes de vir à Inglaterra, era um assunto delicado e sempre quando era gravado deveria ser comentado com extremo cuidado, Esteiras tocava naquele ponto pouquíssimas vezes por ser o idiota sensível e arrogante que era. Ele só o trazia à tona para enterrá-lo novamente mais fundo e de forma rancorosa.
— Sente saudades? — quis saber sonsamente, sabia que aquilo estava fora de consideração.
O rosto dele murchou e seus lábios se crisparam quase que instantaneamente.
— Se eu sinto saudades dos meus pais cuspindo toda aquela merda comunista? — trovejou Mats — Acha que sinto falta disso? Por causa do envolvimento deles com o Partido que precisa vir para cá como se fôssemos fugitivos da polícia, vivendo de empregos medíocres, sendo olhados de cima a baixo por esses ingleses canalhas que se acham os donos do mundo ...
— Não se esqueça que os responsáveis por nos trazerem em segurança dos membros do Partido — lembrei-o com a voz carregada de raiva por seu desprezo e falta de consideração — Os tais comunistas de merda que você enche a boca para falar com tanto nojo.
— Não sou grato a eles — prontificou-se levantando-se da poltrona e prestes a deixar a sala.
— Então por que não os poupou do trabalho de facilitar sua travessia para cá? Você teria sua garganta cortada na cela de uma prisão em Berlim e não precisaria passa o resto de seus dias lambendo suas feridas feito uma criança.
— Você nunca vai aprender, Bärbel. Acha que está mais livre porquê está em outro país, sem perseguições, com seu emprego que não conseguirá pagar o suficiente e viver uma vida sem ambições? Está enganada. Você é uma escrava dessa mentira ilusória.
— E você um tolo escravo da ganância e de sua própria mentira ilusória. A diferença entre nós é que eu escolhi essa liberdade e minha maneira de viver, já você não, sempre vai dançar conforme a música orquestrada por homens maiores e menos estúpidos. Estes sim são seus mestres, sempre servindo ao dinheiro e ao poder. — soltei uma fumaça em sua direção e apaguei o cigarro no cinzeiro, após isto saboreei o café dando um longo gole.
Ele virou-se resmungando mais alguma coisa inaudível, depois buscou o casaco no guarda-casacos próximo a porta de entrada e vestiu-o por cima da sua camisa de linho bem passado.
— O que vai fazer o resto do dia? — questionou Mats já na porta.
— Vou para uma entrevista no emprego mal pago e infeliz. —respondi com um sorriso brincalhão no canto dos lábios.
Quase pûde visualizar um outro sorriso atravessar o rosto do meu irmão, mas logo ele o escondeu:
— Bom espero que você não seja contratada, assim pode considerar mais um pouco e procurar algo melhor.
Rolei os olhos com impaciência e suspirei alto.
— Espero que quando eu for contratada você não me encha atrás de dinheiro para sair com suas putas. — falei por fim colocando um ponto final naquela pequena discussão, escutei Mats ralhar uma última vez e bater à porta.
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— Foi um grande prazer, senhorita Luxemburgo, se você se sentir à vontade pode conhecer uma biblioteca, os outros funcionários, como funciona a rotina por aqui — informou o homem baixinho e de aparência simpática — No momento precisarei retornar para entrevistar os outros candidatos, mas desejo-lhe um bom passeio por nossa biblioteca.
— Obrigada senhor Evans. — dei um sorriso e caminhei por entre os incontáveis corredores preenchidos por estantes cheias de livros, todos bem separados por divididos, de romances a enciclopédias. O local era enorme assim como bem frequentado, muitos estudantes e intelectuais encontravam-se no ambiente para estudos, pesquisas e afins. Fui voluntária Munique durantes meses em uma biblioteca em Munique, tal experiência possuía um enorme diferencial para a vaga de auxiliar da biblioteca por ali, mas ainda assim não poderia estar 100% confiante, meu perfil poderia preencher todos os requisitos, ainda assim havia havia um enorme obstáculo , este único que fizera com que eu perdesse outras oportunidades, o fato de ser estrangeiro em um local no qual a germanofobia predominava.
Admirei uma seção de estudo individual por um rápido instante para que minha presença ou observação não incomodasse nada ali, até que caminhei onde se encontravam os livros de história e admirei-os por um instante, havia dos mais variados assuntos: revolução francesa, era napoleônica , iluminismo ... Todo aquele conteúdo era como alimento para minha alma.
Pensei em buscar algum para ler algumas páginas ali mesmo, contudo quando minha visão captou uma silhueta familiar, logo mudei de ideia:
— Ada — chamei baixinho observando-uma virar o corpo em minha direção no segundo em que estava prestes a virar a curva de uma das fontes, ao que empurrava um carrinho para transporte de livros.
Sua primeira reação foi surpresa, depois ela a substituiu por uma levemente envergonhada, deduzi que fosse por conta da ligação há umas noites.
— Oi, como foi a entrevista? — ela caminhou até a mim e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha.
— Foi ótima, mas também surgido outros candidatos muito bons então ... Não sei. — respondi categoricamente. — E você como está?
Ela varreu a biblioteca com o olhar e suspirou levemente.
— Um pouco atarefada, estes dias têm sido bem movimentados e como está havendo essa troca de funcionários, o trabalho fica um pouco mais pesado. — seu olhar fixou-se no meu e ela perguntou: — E você já deu uma olhada por aí?
Sorri com a indagação e assenti suavemente.
— Não perdi tempo. A biblioteca é muito bem conservada assim como os livros. Estava prestes a ler algum antes de voltar para casa.
Ada mordeu o lábio inferior e considerou sobre algo no seu interior, pude ler perfeitamente em seu olhar expressivo. Ela não era difícil de se decifrar.
Contudo algo interrompeu sua fala arrependinamente, uma voz masculina soando alta e que se aproximava a passo largos: Um homem alto e chamativo prontificou-se ao nosso lado com o olhar limitado, ele vestia-se bem e destacava-se com facilidade até em uma multidão:
— Preciso de um livro sobre revolução a russa. — sua voz pediu em um tom mediano e alheio às reclamações vindas dos estudantes.
— Você perdeu a educação por acaso? — Ada reclamou baixo, porém não menos irritada.
A julgar pela forma como os dois conversavam e sua interação, deduzi que aquele fosse algum namorado ou afim da mulher inglesa, estranhei o fato de Ada não o ter levado ao pub no outro dia.
— Tsc ... Eu já vou indo, Ada. — complementari me desculpando com o olhar pela interrupção entre o casal.
— Espere! — ela exclamou baixo tocando gentilmente meu braço — Errr ... Daqui a dez minutos é o meu intervalo, espera um pouco e podemos beber e comer algo juntas?
Olhei rapidamente para o homem dos olhos azuis penetrantes ligeiramente e ele me avaliou igualmente com menos curiosidade.
— Claro, espero você lá fora. — concordei sorrindo rapidamente para os dois e observando atenciosamente.
— Quem é ? — foi a última coisa que escutei antes de me virar para sair dali, uma frase pronunciada através dos rígidos daquele homem inglês, amigo, namorado ou o que fosse de Ada.
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nota da autora:
quem seria esse gentil e educado homem ?? sksksksk
desde já agradeço aos comentários e votos do capítulo anterior, um abraço e um beijo.
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