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━━━ 𝘊𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘵𝘩𝘳𝘦𝘦

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Entre suposições e artimanhas

POINT OF VIEW

Bärbel Luxemburgo


O sanduíche de bacon estava absolutamente delicioso. Sempre que terminava de mastigar e beber um considerável gole de cerveja para ajudar a empurrar a comida, elevava os dedos ligeiramente aos lábios e lambia-os discretamente. A culinária inglesa certamente foi um ponto em que custei a adaptar-me, contudo com a presença marcante do bacon e da cerveja no lugar de biscoitos e chá, eu abri uma exceção naquela tarde.

— Ia perguntar se estava gostando mas acho que não vai ser preciso — Ada riu

docemente ao que elevava uma xícara de café quente aos lábios, primeiro soprando

ligeiramente na tentativa de esfriar-lo, em seguida bebericando um rápido gole.

Sorri sem os dentes e assenti em concordância com sua observação.

Minha Großmutter costumava dizer que adorava quando eu comia os pratos que ela preparava, ela falava que não há coisa mais prazerosa e única quando alguém come algo com vontade. — Ada sorriu com os olhos com a minha lembrança — Cozinhar era a vida dela, lembro perfeitamente do seu restaurante em uma das vielas de Munique, era um rua preenchida por vozes altas e risos, assim como todos tipos de cheiros que

escapavam das cozinhas destes estabelecimentos.

A mulher inspirou por um momento e fechou os olhos como se imaginasse lá.

— Você descrevendo desse jeito faz meu estômago roncar mais, como se eu já não

tivesse comido o suficiente. — ela comentou.

— Se um dia você me permitir eu preparo um jantar à culinária alemã da Baviera, com salada de batatas, pretzels, mostarda adocicada e cerveja — disse relembrando de cada prato que eu adorava, certamente Ada iria gostar igualmente, ela era uma pessoa curiosa e com um paladar que deveria ser da mesma forma, deduzi.

Ela concordou com a cabeça e pareceu adorar a ideia.

— Deveríamos marcar um dia e chamarmos James e Andrew, eles iriam gostar muito de vê-la novamente.

Lembrei ligeiramente no homem de mais cedo no qual notei ter algum tipo de vínculo amoroso com Ada, e não me contive em mencioná-lo:

— E se quiser chamar o seu namorado também. — ela fixou os olhos nos meus e

franziu o cenho.

— Meu namorado? — indagou com uma confusão na voz e feição.

Torci a boca de lado estranhando igualmente sua reação e concordei levemente com a cabeça.

— O homem que estava à sua procura na biblioteca mais cedo — especifiquei com clareza e as reações de Ada foram as mais ligeiras e expressivas possíveis, indo da confusão à risada suave com direito a algumas lágrimas brotando do canto de seus olhos.

— Aquele é m-meu irmão, Thomas. — esclareceu enxugando o olho com o dedo indicador.

Um sem-graça e sonoro "Ah!" deixou os meus lábios diante daquela pequena e boba confusão.

— Você não teria como saber de qualquer forma, eu não havia mencionado sobre meus irmãos e minha família. — murmurou ela.

— Mas eu deveria ter deduzido sobre o tal Thomas no primeiro instante — Ada jogou um olhar de incompreensão e logo complementei a frase: — Ele não fazia o seu tipo mesmo.

Os lábios da mulher inglesa abriram-se timidamente mostrando um sorriso limitado ao que suas bochechas adquiriram um leve enrubescimento, o olhar desceu para a palma de suas mãos e depois de alguns instante se reencontraram com os meus:

— E você sabe qual é o meu tipo? — quis saber.

Não consegui identificar a origem daquele fio de acidez que sobressaiu de maneira tão sublinhar da voz da mulher, contudo eu não era uma tola e Ada sabia disso.

— Não precisaria de mais alguns dias de convivência para te dar essa resposta. — contra-ataquei de maneira sutil recebendo um olhar semicerrado da mulher à minha frente.

— Então estou na presença de uma leitora de pessoas — debochou Ada.

Cruzei os braços na altura do peito e dei o sorriso mais convincente que possuía.

— Existe uma diferença entre ser expressiva demais e apenas transparecer aquilo que eu quero, sabia?

— Você acredita nisso? — eu a testei.

— Acredito no quê exatamente? — Ada respirou pesadamente demonstrando estar cansada daquele bate-volta de perguntas.

— Que está no controle do seu próprio corpo?

Aquilo a pegou, pois no momento seguinte Ada apenas deixou algumas notas de dinheiro sobre a mesa, ajustou a bolsa em seu ombro, levantou-se da cadeira de madeira do café e deixou o estabelecimento. Fiquei observando a ação da mulher durante alguns ligeiros segundos e logo a segui refazendo seus movimentos; busquei minha bolsa, tomei mais um gole de cerveja e deslizei pela a cadeira rapidamente tentando acompanhar os passos de Ada na calçada preenchida por outros londrinos.

— O que está fazendo? — perguntei exasperada limpando o entorno da minha boca onde se concentrava espuma de cerveja — Eu não tive a intenção de ofender você.

Ela bufou alto o suficiente e contra isso respondeu:

— Mas ofendeu, Bärbel. Não nos conhecemos o suficiente para você elaborar deduções e análises sobre quem eu sou.

— Você compreendeu errado, Ada.

Tem certeza?

Automaticamente semicerrei o cenho e umedeci os lábios.

— Eu não quis parecer invasiva ou metida. Apenas... queria te conhecer mais.

Ada assim como eu estancou no meio da calçada, permitindo contemplar minha sincera reação arrependida.

— Esse tipo de jogo jamais funcionaria, Bärbel. Eu gosto do modo calmo e real; sem suposições e artimanhas.

— Eu respeito isso, Ada. — declamei medindo-a com o olhar aguardando uma contra-resposta da mulher — Desculpa. — seus olhos baixaram por um breve momento e o vento tocou suavemente suas madeixas movendo-as para o lado, ela era uma mulher encantadora, pensei alto naquele momento.

— Você pode tentar se retratar comigo... — sugeriu baixo, mas não menos firme na voz — No sábado vai haver um jantar beneficente promovido pela a esposa do meu irmão... — ela apontou para o prédio da biblioteca como se quisesse se referir ao irmão que fora visitá-la mais cedo e depois voltou sua atenção para mim: — A fundação de caridade Shelby, e você é minha convidada.

Sorri sem jeito com a proposta, e demorei um pouco a responder.

— Eu vou pensar, Ada.

Ela torceu a boca e balançou a cabeça:

— Não esquece que é sua chance de se retratar... e além disso: é por uma boa causa. — sorriu persuasiva e não tive outra alternativa a não ser concordar com a cabeça.


Por um breve instante me amaldiçoei mentalmente, eu não possuía vestido algum. 


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Nota da autora

Hallo! Como vocês estão? Bem, custei a postar este capítulo, pois eu estava escrevendo e concluindo outra fanfic e além disto a vida fora daqui tá muitooo corrida, mas enfim, aqui está a atualização, espero que vocês curtam o capítulo, o próximo vai ser postado em um intervalo de tempo menor ( na realidade, todos os outros que vinherem depois vão ser).

Espero que estejam gostando da história, o número de leitores têm crescido, portanto já expresso minhas boas-vindas assim como espero que a leitura seja proveitosa e bem apreciada. Qualquer coisa me chamem no privado para comentário de construção ou qualquer coisa do tipo. Tudo bem? Um abraço a todes.

PS: A história vai se passar na 3 temporada.

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