ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟔𝟔
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Haruna sentiu seu corpo estremecer em um medo diferente de todos os que já havia passado na vida, sua garganta estava seca e suas mãos soaram em nervosismo.
Essa informação fez até que esquecesse por um instante que seu filho havia chutado pela primeira vez, seu bebê se mecheu.
Mas como podia ser tão burra?
Por que isso nunca passou pela sua cabeça?
O Mahoraga.
Simplesmente um dos motivos de Satoru se interessar tanto no treinamento de Megumi, desde que descobriu através da Uchiha que o garoto que carregava o sangue Zenin, possuía em suas mãos a técnica amaldiçoada das Dez Sombras.
Sendo uma das sombras o motivo do antigo portador dessa preciosidade herdada por sangue, ter batido de frente com o Gojo portador dos Seis Olhos, quatro séculos atrás e conseguido lutar contra a nova e misteriosa técnica amaldiçoada dos Uchiha.
Mas é claro que nem todos sabem disso, nem mesmo o Megumi ou os Zenin teriam tantas informações como o clã Gojo e Uchiha sobre isso.
Algo que os Uchiha e os Gojo esconderam a sete chaves, principalmente dos Zenin, a técnica que foi capaz de derrubar um portador dos Seis Olhos e o portador do primeiro Sharingan.
O processo de adaptação de Mahoraga começa analisando um ataque ao recebê-lo inicialmente, com o progresso sendo indicado pelo número de vezes que a roda gira. Depois de um certo tempo, a adaptação é completa. Durante esse tempo, se Mahoraga for acertado pelo mesmo ataque várias vezes, o processo é acelerado cada vez.
Ou seja, essencialmente, em combate, se algum ataque o ferir, a roda em sua cabeça gira e Mahoraga ganha a capacidade de se adaptar a ele. Se o mesmo ataque for usado novamente, Mahoraga será capaz de contra-atacar completamente e de forma eficaz.
Nenhuma técnica é eficaz uma segunda vez.
O Mahoraga precisaria girar mais de uma vez para se adaptar ao mugen, mas ainda sim isse é um poblema gravíssimo.
Fiz o dever de casa como herdeira dos Uchiha. E Satoru também, como herdeiro dos Gojo.
Como herdeiros, era o nosso dever saber de tudo isso. Fui ensinada antes mesmo dos meus pais morrerem, assim que tive idade pra começar a compreenderas coisas, e avisada a esconder essas informações de todos que não possuíam nosso sangue.
Mas também tinha certeza que Kenji e Sukuna sabiam bem de todas essas informações, sendo que apostava que o primeiro mencionado havia assistido essa antiga luta dos três grandes feiticeiros de camarote.
– Ficou preocupada agora? – Kenji alfinetou vendo a postura dela vacilar.
– Cala a boca.
– Cada segundo que passa é crucial para a vida do seu maridinho. – Riu – Será que ele sabe disso?
Haruna prendeu sua atenção com seriedade no rosto pálido de Kenji, que dividia a aparência de seu falecido tio. Ergueu seu rosto e se aproximou em passos lentos na direção do mais velho, que a observava com atenção e cuidado.
Parou a poucos centímetros dele e levou a mão na direção do moreno, que a olhou com curiosidade.
Estava se segurando para não estrangular aquele pescoço branquelo. Sempre que olhava nos olhos dele, via aquele ser desprezível que fez tanto mal a si e seu filho.
Todas aquelas torturas... físicas e mentais, que a atormentaram por horas.
– Você disse que quer lutar contra a minha melhor arma... – Murmurou – Então toque em minha mão, e veremos quem é mais forte.
– O que está aprontando? – Kenji perguntou com um sorriso divertido.
– Nada. – Forçou uma sorriso presunçoso, escondendo sua ansiedade em dar um fim nessa luta – Só quero lhe mostrar a técnica que apenas uma pessoa teve o prazer de ver, e que atualmente está morta. Bom... não totalmente, como deveria.
– Está falando de Katsuo? – Perguntou enquanto escutava os barulhos de explosões.
– Ele mesmo.
– Não é sua expansão de domínio, não é? – Olhou para a mão estendida da mulher – Não seria uma novidade pra mim.
– Não. A minha expansão de domínio, me pertence. – Diz – Mas essa técnica que quero lhe mostrar, foi herdada de Roy Uchiha, o primeiro. Quer conhece-la?
Se encheu de animação quando viu os olhos de Kenji brilharem em curiosidade, sentia que o mais velho não queria enrolação, então não teria problema em mostrar o seu melhor trunfo, algo que não usava a anos, e mais ninguém em vida conhece.
– Uma técnica do Roy?! – Kenji arregalou os olhos, parecendo estar desacreditado – Como você conseguiu uma técnica de alguém que morreu faz quatro séculos?!
– Não é da sua conta. – Respondeu indiferente e levou a atenção dele para sua mão estendida outra vez – Você quer começar ou não?
– Vamos ver o que você escodia todo esse tempo, Uchiha. – Kenji sorriu confiante e segurou a mão dela.
Haruna sorriu levemente, vendo sua mão ser segurada pela do mais velho e levantou sua atenção para o rosto do moreno, que esperava pacientemente pelo que vinha à seguir, olhando exatamente para seus olhos carmesim.
...
Kenji abriu os olhos devagar, quando parou de sentir o toque quente da Uchiha em sua mão.
Piscou seus olhos negros freneticamente, se acostumando com a claridade do sol poente, que batia diretamente em seu rosto pálido. Abaixou sua atenção do céu, para o que estava a sua frente, e logo em seguida seu coração disparou.
Deu um passo para trás e bateu sua mão em sua bochecha, sentindo a ardência na região logo depois, como se não estivesse acreditando no que estava vendo e queira ter uma prova de que não estava sonhando ou morto.
– O que é isso?
– Um lugar que está gravado bem no fundo da sua mente. – Ele se virou, vendo a Uchiha andar até parar ao seu lado – De todos os lugares do mundo, este é o que mais marcou sua vida.
– Aqui era um saco.
– Foi o que eu disse, marcou sua vida.
Kenji voltou a observar o bosque verde a sua frente, onde uma estrada levava diretamente a um imenso Palácio imperial e na direção contrária para a cidade, sendo os dois protegidos por um muro de pedras com mais de quatro metros de altura, ostentando as bandeiras do clã do imperador.
– Então era assim o Japão, mil anos atrás? – Haruna olhou de relance para o mais velho.
– Sim. – Ele engoliu em seco e fechou as mãos em punhos – Não vai me explicar como estamos aqui? Atualmente esse lugar não existe mais, eu e Sukuna fizemos questão de derrubar tudo, até sobrar apenas o pó e cinzas.
– E o que exatamente deveria ser essa propriedade no futuro?
– Tóquio. – Kenji respondeu.
Haruna suspirou andando até se encostar em uma árvore e cruzou os braços, sentindo o olhar penetrante de Kenji em si.
– Kamui.
– O que?
– Estamos aqui graças ao Kamui. – Ela repetiu, vendo ele voltar sua total atenção nela – Assim que te toquei pude te trazer a este lugar, pode parecer real... mas, não é. Tudo foi criado por mim, graças a você que me permitiu usar o Sharingan quando olhou em meus olhos. Vi esse lugar, dentro da sua cabeça.
– Entendi. – Ele se aproximou coçando o queicho – Então é como uma dimensão paralela?
– Posso transferir qualquer massa de um lugar para o outro. Na minha luta contra o meu tio, ele me acertou com uma katana no meu coração, mas antes disso acontecer, transferi essa parte do meu corpo até aqui. – Explicou orgulhosa – Em outro ponto de vista, quando Katsuo percebeu que eu não tinha sofrido nenhum dano, na percepção do meu tio, pareceu até que... eu estava usando... intangibilidade.
– Incrível! – Kenji exclamou – Então você pode criar tudo o que você quiser nesse lugar?! Até pessoas?!
– Posso, tudo o que eu já tiver visto.
– Eu não sei nem o que dizer, uma dimensão apenas sua, pra criar o que quiser... você poderia se passar até como um Deus. – Ele continuou olhando ao redor com admiração, mas logo depois desmanchou seu sorriso e voltou a olhar para o rosto apático da morena – Se você tem tanto poder assim, por que não usou até agora contra o meu irmão? Chances não faltaram.
– A falta de energia amaldiçoada, usar o Kamui consome muita energia. Além disso... – Suspirou – Até mesmo antes de precisar economizar, apenas usei esse lugar três vezes.
– Pra que?
– A primeira vez, usei para descobrir o que essa técnica era capaz de fazer. – Haruna engoliu em seco – Mesmo pra mim, que sou a usuário, esse lugar pode ser... perigoso.
– Perigoso? – Kenji franziu a testa – Como esse lugar pode ser perigoso pra você?
– De primeira ele te mostra apenas o vazio, depois, inconscientemente te mostra exatamente o que seu coração mais deseja.
– E o que você viu? – Kenji perguntou curioso.
Haruna olhou para o homem a sua frente e se desencostou da árvore, ficando a um metro de distância dele.
Logo depois a paisagem mudou, os prédios ao longe começaram a aparecer, e aos pés dos dois presentes a grama bem cuidada surgir e em frente a mansão tradicional japonesa em que a família principal Uchiha vive até hoje.
– Estamos de volta? – Kenji questionou sem entender.
– Não. – Haruna negou – Sei o que estou fazendo agora, mas na minha primeira vez, vi exatamente o que eu mais queria ver. Vi meus pais, meu avô, meus amigos, todos. Estavam todos em paz, felizes.
Kenji a escutou calado e viu o a dor no olhar da mais nova, já entendo o ponto de vista dela. Esse lugar era perigoso, mas não algo que poderia colocar sua vida em risco, e sim, como um tipo de vício. Os vícios menos conhecidos, são os mais perigosos.
– Meus pais falaram comigo, mal acreditei no que eu via, eu nem mesmo lembrava do som das vozes deles, e eu os escutei outra vez. – Haruna riu de escárnio – Eles me receberam em casa como um dia qualquer, voltando da escola jujutsu, alegres em saber da novidade de que me casaria. Meu pai nem tanto...
Soltou uma risada curta observando a propriedade que morava até os dias atuais, onde agora formava sua nova família.
– Pode parecer uma idiotice, mas... – Suspirou.
– Não é idiotice, eu sei bem como se sente. – Kenji quase revirou os olhos com o olhar de desconfiança que ela lhe lançou – Eu estou falando sério, você viu minhas memórias, deve saber do que estou falando. Eu daria tudo o que tenho hoje, para ter o que eu já tive outra vez.
– Você sente falta dela?
Haruna observou o olhar dele vacilar por um segundo.
– Todos os dias, eu faria qualquer coisa para ver minha irmã me recebendo de braços abertos em casa depois de um dia cansativo. – Kenji sorriu fechando os olhos – Até suas broncas e repreensões fazem falta. Mas ela morreu, tudo por culpa do meu pai, e do marido dela que o velhote arranjou.
– O que aconteceu com ela? – Haruna perguntou.
– Morreu... em um parto. – Kenji trincou a mandíbula, viu a mulher ao seu lado engolir em seco e riu irônico – Mesmo depois que matei todos os idiotas do clã do marido da minha irmã, ela já estava esperando um filho no ventre. Meses depois, Kyoko morreu e eu não pude fazer nada, naquela época era algo normal mulheres morrerem ao dar a luz.
– E o bebê?
– Mesmo o odiando, Sukuna me covenceu a não matá-lo... afinal de contas, ele ainda era filho da minha irmã. Mas ainda era a cópia fiel do bastardo do pai, o larguei e deixei que fosse cuidado pelas servas. – Respondeu dando um riso com rancor – Não me importava com o que ele fazia com a vida, até que séculos depois o bastardo do Sukuna escolheu os descendentes do nosso sobrinho pra dividir sua energia amaldiçoada, tudo graças ao sonho que teve com uma mulher desconhecida, com a mesma aura que nosso sobrinho. O bastardo sabia desde o início que aquele bebê o levaria até você um dia.
– Espera... – Haruna estreitou os olhos – Você está dizendo que o clã Uchiha são descendentes da sua irmã?
– Sim. Está feliz, Uchiha? – Kenji sorriu presunçoso – Você tem sangue imperial correndo em suas veias.
– É muita informação. – Haruna balançou a cabeça de um lado para o outro e logo depois parou, e se virou na direção do moreno com fogo nos olhos – Mesmo depois do que aconteceu com a sua irmã, você ainda teve coragem de fazer aquilo comigo?! Você quase matou o meu filho!
– Você pode ter o sangue de Kyoko, mas ao mesmo tempo, possui o sangue daquele homem que me tirou a pessoa que mais amei na vida. – Diz, batendo de frente com a fúria da Uchiha – Olhar pra você, é o mesmo que olhar pra ele e pro bastardinho que ele enfiou na minha irmã, a genética é realmente forte. Instigar Katsuo a matar os seus e assistir tudo, foi muito prazeroso, pode ter certeza.
Ele se aproximou ainda mais, o suficiente para que falasse baixinho e mesmo assim, ela escutasse.
– E quer saber? – Ele sorriu malicioso – Eu faria tudo outra vez.
Haruna sentiu seu corpo esquentar e uma fúria imensa crescer a cada segundo em seu coração.
A paisagem foi sumindo lentamente e quando Kenji foi perceber, estava ao redor de um vazio infinito, pisando em um chão de concreto. Voltou a sua atenção aos olhos da Uchiha, avisa como eu sorriso provocante.
– Vamos lá, Haruna. – Diz – Solte toda essa sua raiva e mágoa pra fora, neste lugar, você que manda.
– Eu sei o que você quer. – Haruna sorriu se distanciando lentamente – Dentro de você existe um vazio ainda mais imenso que o meu Kamui, Kenji. Você quer que eu exploda, que eu te mate, e acabe com o seu sofrimento.
Kenji franziu a testa por alguns segundos e logo depois, soltou uma gargalhada alta. Ele sorriu divertido a cruzou os braços em uma pose confiante.
– E isso que você acha? – Desdenhou – Não seja tola...
– É exatamente isso que está acontecendo, somos muito parecidos, sei como é sentir esse vazio. Mas a nossa diferença, é que eu soube bem preenchê-lo novamente, e agora... eu tenho motivos pra voltar pra casa, tenho pessoas me esperando voltar.
– Eu não me importo...
– Enquanto você, não tem ninguém. – O calou.
Haruna olhou nos olhos do mais velho, vendo ele vacilar sua pose confiante.
– Satoru pretende matar o seu irmão, mas eu não vou ser tão misericordiosa com você. – Diz calmamente – Há coisas piores que a morte, e você vai pagar por tudo que fez. Vai se sentir mil vezes pior que as pessoas que você prejudicou.
– E o que você vai fazer? – Kenji desafiou – Vai me torturar? Arrancar meus olhos? Meus braços? Minhas pernas também? Vai me cortar? Queimar?
– Não. Não seria suficiente. – Se aproximou, deixando bem aparente seu Mangekyo Sharingan amostra – Você vai ficar aqui, preso no Kamui, vendo sua irmã morrer nas suas mãos, bem na sua frente, banhada com o sangue que perdeu ao dar a luz ao seu sobrinho, vai ver a vida sumir dos olhos dela e seu corpo esfriar, uma, duas, três... milhares de vezes.
Kenji vacilou, quando sentiu um frio no estômago e seu coração disparou. Haruna olhava pra cima por ser alguns centímetros mais baixa, mas isso não era um problema se sua intenção era ser intimidadora.
– Vai ficar preso aqui, até que eu morra e leve você comigo.
A frieza de seus olhos de fogo já mostravam o reflexo da pior lembrança que o mais velho possuía, a imagem da única pessoa que já foi preciosa em sua vida, a mais importante, a pureza que faltava em sua alma e seu porto seguro.
A pele pálida, o brilho nos olhos castanhos bondosos desaparecendo, os lábios antes rosados, agora tomando uma coloração arroxeada doentia.
E o pior... os gritos e súplicas.
Chamando seu nome o tempo todo, pedindo para que parassem, e que seu irmãozinho a ajudasse a sair daquela situação.
E o sangue.
A poça de sangue que se formava ao redor do corpo de sua irmã, que desciam como cascata de sua barriga aberta pela cesariana, devido a complicações pelo bebê estar virado, o que levou a serem obrigados a tirar o bebê de outra maneira.
Uma cesariana naquela época, não deixava nenhuma chance para a mãe sobreviver, uma hemorragia era o destino dela, depois de todo o sofrimento que passaria.
Um vive, ou os dois morrem.
E é claro que Sukuna não deixaria o bebê morrer, não por bondade, mas por interesse, sabendo que através dele nasceria a garota que tanto desejou em seus sonhos, que nem sabia se eram reais, naquela época.
– E só pra te deixar informado, o tempo aqui é bem diferente. – Haruna diz agora se distanciando novamente, vendo o mais velho com uma expressão de desespero pela primeira vez – Aqui pode ter se passado alguns minutos, mas lá fora... nem se quer completou um segundo. Divirta-se.
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Feliz ano novo atrasado, minhas ovelhinhas!
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