
ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟒𝟖
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Um clarão o obrigou a fechar seus olhos e os cobriu com o braço, enquanto se apoiava na parede.
Sua respiração estava ofegante e lentamente, pode sentir o frio diminuir. Suas pálpebras se abriram de súbito e trincou a mandíbula quando viu a mesa metálica vazia, sem nem um único sinal dela, junto das correntes de aço que agora não mais prendiam os pulsos e tornozelos da Uchiha.
Estavam soltas e sem mais nenhuma utilidade.
- Droga! - Socou a parede, criando uma rachadura na mesma.
Chutou a mesa, a fazendo bater contra a parede a sua frente e se virou até a porta, saindo da sala, fechando com força causando um estrondo.
Seus passos eram pesados, capazes de fazer qualquer pessoa por perto escutá-lo. Suas mãos permaneciam fechadas em punhos que tremiam com a raiva que crescia em seu peito. Estava tudo sob controle, até que de um segundo para o outro, sua dominância na situação foi para o ralo.
Essa foi a segunda vez que a criança escapou da morte naquela noite, conseguiu se proteger apenas seguindo o medo que emanava na mãe. Era admirável, mas agora seus planos foram impedidos de serem compridos como planejou. Pretendia acabar com o sanguessuga e depois, ficaria de olho na Uchiha até que finalmente pudesse entregá-la a seu irmão, assim que ele tomasse o controle do corpo de Yuuji Itadori.
Mas acabou deixando sua curiosidade incessante o cegar por um curto período. Ao invés de acabar com o problema de uma vez, resolveu desafiar aquele serzinho que se mostrou ser tão talentoso ao ponto de se proteger de uma arma de nível especial, antes mesmo de nascer.
Com seu plano, seria uma boa forma de liberar Sukuna do controle que o pirralho de cabelo rosa tinha.
Pra falar a verdade, essa era a sua vontade, mas não fazia muita ideia do real desejo de seu irmão. Ele desejava a energia e técnica amaldiçoada de Haruna Uchiha a séculos, isso era óbvio. E estava ciente do interesse de Sukuna com Megumi Fushiguro, mas ainda não conseguiu decifrar o que se passava na cabeça perturbada dele.
O garoto possuía uma técnica amaldiçoada forte, e com um bom treinamento Fushiguro seria um feiticeiro jujutsu de alto nível, então seja lá o que seu irmão queria com o pupilo de Haruna Uchiha, não era apenas pra perder tempo.
- Que chatice. - Resmungou levando seu pulso a vista, vendo seu relógio marcar quase meia-noite, faltava dezesseis minutos pra ser exato - Só mais trabalho, agora eu vou ter que esperar a Uchiha não aguentar a vontade de me matar e vir até mim sem que eu precise me esforçar. É... gostei do plano.
Sorriu vendo o estrago em que Shibuya se encontrava assim que vê a cratera gigante bem na sua frente, enquanto os prédios destruídos ao redor combinavam completamente com o desastre. As energias amaldiçoadas familiares circulavam pelo ambiente e suspirou colocando as mãos nos bolsos.
- Então Jougo serviu pra alguma coisa, Sukuna deve ter se divertido bastante. - Fez bico vendo a enorme espera de rocha e lava - Demorei demais, quando eu fico empolgado isso sempre acontece.
- Falando sozinho?
Se virou quando escutou uma voz calma e serena, vendo o monge de cabelos curtos e brancos com sua feição indiferente como de costume atrás de si com os braços cruzados.
- Uraume. - Comprimentou com um aceno de cabeça - E aí? Você viu o meu irmão?
- Yuuji Itadori já tomou o controle do corpo assim que Ryomen Sukuna terminou de derrotar um dos Shikigamis de Megumi Fushiguro. - Ele viu o interesse brilhar nos olhos negros do mais velho - O Mahoraga. Toda essa destruição foi o que restou dos feitos do Mestre Sukuna.
- Shikigami de Megumi Fushiguro... - Franziu os lábios com um olhar pensativo - O Mahoraga, é? Esse é um Shikigami muito poderoso, na verdade é o mais forte que um usuário das Dez Sombras pode ter, já ouvi histórias de séculos atrás e...
Parou se súbito e arregalou os olhos surpreso com uma feição de choque. Levou uma de suas mãos até seus cabelos curtos e os bagunça, enquanto seus lábios finos subiam se transformando em um sorriso gigantesco.
- Ryomen Sukuna, seu filho da puta... - Gargalhou cobrindo os olhos com a mão - Se me contasse seus planos, faríamos tudo mais rápido, mais ele não pensa!
- Fico feliz que o senhor esteja se divertindo.
- Ah, Uraume... mesmo que meu plano desse certo, ele não aceitaria voltar nesse momento. - Controlou seu riso, respirando fundo - Agora eu entendo o que ele tanto queria com o filho de Toji Fushiguro. Agora tudo faz sentido, ele tem sorte de que eu seja inteligente o suficiente pra entender.
- E o que o senhor vai fazer agora?
- Eu? Bom... - Estalou o pescoço preguiçosamente e se virou, voltando a olhar para a destruição a sua frente - Eu gostaria de achar uma nova diversão. Talvez procurar o Kenjaku. Tudo o que eu poderia ter feito hoje... eu já fiz.
Assim que se virou para o monge novamente, não estava mais lá.
- Uraume realmente não me respeita. - Riu se virando na direção em que a energia amaldiçoada de Geto se encontrava.
Kenji andou calmamente por alguns minutos até os destroços de uma delegacia de polícia de Shibuya.
Sons de gritos e conversas já podiam ser escutadas e acenou quando viu Geto junto de Yuuji Itadori, que estava bem ferrado. E eles não estavam sozinhos, além de Uraume já estar lá também.
Geto e Uraume estavam protegidos por uma pequena barreira de gelo ao redor deles, enquanto os outros permaneciam presos no gelo.
- Geto, cheguei! - Acenou com a mão chamando a atenção de todos - Você nunca chama ninguém pra brincadeira, tive que te procurar. Ei, Uraume! Você não presta mesmo, me deixou sozinho.
- O senhor disse que gostaria de procurar, Suguro Geto. - Respondeu - Não quis estragar a brincadeira que planejou.
- E não poderia me ajudar e ter me trazido junto?
- Kenji? - Geto franziu a testa mas sorriu - Pensei que você estivesse bem ocupado.
- Pois, é. Tive uns probleminhas que eu estou com muita preguiça de resolver. Mas... olha só, deixa eu analisar aqui. - Ficou ao lado do Geto e olhou para os outros - Vejamos... os professores... o herdeiro do clã Kamo, uma das gêmeas Zenin, o bichinho de estimação do diretor. A de cabelinho azul e a da vassoura eu não conheço.
- Quem é você?! - Utahime exclama.
- O seu senso de humor está afiado. - Os dois morenos a ignoraram.
- Digamos que eu descobri algo que me deixou feliz. - Tocou o ombro do Geto e susurrou para apenas ele ouvir - Você nem imagina.
- É mesmo?
- Pois é! - Riu e depois franziu a testa - Ei, Geto! Cadê o Mahito e os outros?
- Absorvi o Mahito depois da luta contra Yuuji Itadori. E Jougo... já era. - Deu de ombros - Os outros também.
- Ah... que pena.
- Você é surdo por acaso?! - Yuuji exclama - Ela perguntou quem é você!
- Ele... - O Xamã de primeiro nível Kusakabe, arregalou os olhos surpreso - Eu já o vi antes... ele é... Katsuo Uchiha.
- O que?! - Kamo se virou para o professor surpreso.
- Impossível, ele está morto! - Utahime nega - Haruna o matou. Todo mundo sabe disso.
- Katsuo Uchiha? Uchiha? - Yuuji coçou a cabeça confuso - Ele é parente da Haruna-Sensei?
- Ele foi o tio dela, responsável pela morte de quase todos os membros do clã Uchiha. - Kamo explicou - Você realmente não sabe de nada?
- Ninguém nunca me contou.
- Bom, pensei que Haruna já tivesse falado sobre mim e explicado a situação. - Kenji sorriu.
- Falando na Uchiha... cadê ela? - Geto pergunta fazendo a atenção de Yuuji se voltar para os dois de imediato.
- Esse é o problema.
- Então foi você que a trouxe até Shibuya! - Yuuji exclama furioso.
- Correto, garoto. - Assentiu e sorriu - Ela não falou muito sobre mim, não é? Então vou ter que fazer isso sozinho... eu não sou, Katsuo Uchiha.
- Então quem é você?!
- Me chamo, Kenji. Meio irmão caçula de Ryomen Sukuna.
O silêncio permaneceu no lugar enquanto Kenji se deliciava com as expressões de surpresa e indignação de todos os presentes. Já Geto, abaixava a cabeça, escondendo o sorriso divertindo e Uraume permanecia indiferente a tudo.
- Ah, Choso, você por aqui? Não tinha te visto ainda. - Diz assim que percebeu a presença do moreno, preso igualmente peso pela técnicade Uraume - Por que ele está preso também?
- Ele não está mais do nosso lado, Kenji. - Geto explica.
- Ah, é? - Estreitou os olhos sorrindo divertido pra o mais novo que o encarou seriamente - Não gostava dele mesmo...
...
MINUTOS ANTES.
Quase tropeçou nos destroços do asfalto e tossiu, sentindo sua garganta seca arder. Se apoiou em uma parede cheia de rachaduras e ofegou quando levantou o olhar, vendo bem na sua frente uma enorme rocha em forma de esfera, tão quente que era capaz de ver as fendas de lava que jaziam na parede de cima.
Sua respiração estava fraca e a poeira junto da fumaça não ajudava em sua situação. Fechou os olhos e encostou suas costas na parede e escorregou até o chão se sentando, suspirou aliviada de estar finalmente livre das garras de Kenji.
Abriu os olhos de súbito, levando as mãos até sua barriga saliente com os lábios entreabertos.
Sua mente começava a vagar com o que tinha acabado de acontecer. Tudo o que mais desejava era sair daquele lugar escuro e frio. E quando menos percebeu, de um segundo para o outro, realmente tinha conseguido.
- Minha nossa... olha só o que eu achei.
Haruna virou a cabeça para o lado e viu uma silhueta andar pela fumaça, segundos depois pode reconhecer a cabeleira loira. Em toda a sua vida, nunca esperou ficar tão feliz em vê-la.
- Yuki...
- Todos estão loucos a sua procura, sabia disso? - A loira andou até ficar poucos centímetros de distância da mais nova e se agachou, ficando na mesma altura dela - Satoru Gojo está selado e durante esse tempo com o seu sumiço, alguns até pensaram que já estaria morta. Mas é claro que os feiticeiros de Tóquio acreditam que você nunca se deixaria chegar nessa situação... e vejo que estavam certos.
- O-Onde estão... onde estão todos? - Se forçou a se levantar, mas escorregou se sentando novamente e soltando um gemido de dor - Merda!
- Aconteceu bastante coisa. Sukuna se libertou e causou um grande alvoroço. Megumi Fushiguro já está sobe os cuidados de Shoko Ieire se você quer saber. - Diz virando o olhar dela brilhar em preocupação - Ele já está melhor, ele se meteu em uma grande encrenca.
- Mas...!
- Cheguei a pouco tempo e isso é assunto para outra hora. Você está precisando de cuidados, principalmente estando grávida, me adimira que não esteja em piores condições. - Tirou uma pequena garrafinha de água e uma barrinha de cereais de sua bolsa e entregou para a morena que aceitou de bom grado - Onde você estava todo esse tempo? E como escapou?
Desviou do olhar curioso dos olhos castanhos da loira e observou os destroços a sua frente com uma feição abatida. Suas mãos tremeram e abaixou o olhar para seu colo, engolindo em seco.
- Sukuna... ele tem um meio irmão.
- Sukuna tem um irmão?! - Trincou a mandíbula sendo pega de surpresa.
- Ele aproveitou que eu estava vulnerável e me prendeu a correntes que selaram boa parte da minha energia amaldiçoada, me deixando completamente sem chances de lutar. - Bebeu alguns goles de água e respirou fundo, enquanto a mais velha usava sua reversão para curar alguns de seus ferimentos, já sentindo sua fadiga excessiva melhorar um pouco - Kenji estava esperando a hora certa para me entregar ao irmão, e antes disso... tentou matar meu filho. E-Eu mal pude fazer alguma coisa... escapei por pura sorte.
- Por essa eu não esperava. - Passpu as mãos pelos seus fios loiros - O cara estava planejando isso a séculos... e ele quer te entregar de bandeja para o irmão.
- Eu sei. Também não quis acreditar na hora, mas até que eles são parecidos em certos quesitos, são dois sádicos idiotas.
Yuki escutava apreensiva a mais nova falar, os lábios pálidos tremiam vês ou outra e os olhos negros antes brilhosos como a conheceu anos antes, estavam opacos e quase sem vida. Não poderia imaginar o que Haruna possa ter passado, sozinha e incapaz e usar sua própria força.
Se aliviou quando viu as bochechas pálidas dela ficarem levemente coradas e os lábios um pouco rosados.
- Se você não podia usar sua energia, como escapou?
- Toya. - Os olhos opacos voltaram a brilhar em um olhar amoroso que a loira nunca tinha visto em Haruna antes - Ele salvou minha vida.
- Quem? - Perguntou confusa e viu as mãos dela seguirem até sua barriga e franziu a testa - O bebê?
- Ele é mais forte do que você imagina. - Acariciou a região de seu ventre - Sua energia amaldiçoada transbordou e de um segundo para o outro aparecemos aqui fora. Ele me tirou de lá.
- Viagem através do espaço tempo? - Riu - Parece que alguém puxou os dons do papai.
- Bem mais que isso. - Abaixou olhar e acariciou a região de seu ventre, se lembrando do rapaz tão parecido com Satoru em sua frente.
- Bom, vamos parar de falar sobre isso. Você tem que encontrar um lugar seguro e descansar, sua energia está muito fraca. - A feição indiferente da Uchiha se desmancha em uma carranca e nega com a cabeça freneticamente. - Vai acabar morrendo se continuar se esforçando mais.
- De jeito nenhum... você não sabe, mas estou melhor do que estivesse desde que tudo isso começou. - Consegiu se levantar e sentiu o calor se sua energia amaldiçoada começar a circular lentamente pelo seu corpo outra vez - Sem aquelas algemas, consigo produzir energia. Antes eu mal conseguia andar e agora tenho força o suficiente pra lutar, posso olhar nos olhos daqueles que estão ameaçando a minha família e a todas essas vidas inocentes.
- Continua tão teimosa quanto antes, mas você sabe que não é assim. Mesmo que esteja se sentindo melhor, ainda não pode lutar como antes. - Yuki diz e depois ri, vendo a morena dar de ombros e andar devagar pelos destroços, passos que ficavam cada vez mais firmes a cada segundo - Se algo acontecer com você e essa criança e Satoru Gojo descobrir que eu estava em sua companhia durante esse tempo, ele vai me matar.
- Você me ofereceu comida e água, curou meus ferimentos e agora, me dará informações. Ele não vai te matar. - Se virou para trás vendo a loira ficar ao seu lado - Me conte o que sabe sobre o que aconteceu por aqui enquanto estive presa, agora.
- Você é mesmo bem durona em Uchiha?! - Sorriu animada a passou o braço pelos ombros da mais nova que franziu os lábios com a aproximação repentina - Eu disse que nos daríamos bem. Mesmo estando grávida e toda acabada quer ir pra linha de frente!
- Eu não estou acabada! - Protesta ofendida.
- Então é melhor nos apresarmos, não queremos nos atrasar pra festa, não é mesmo?
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