
ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟒𝟒
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31 de outubro. 19:20.
A noite estava agradável aos seus olhos, as estrelas brilhavam naquele céu azul escuro, enquanto a lua as fazia companhia e o vento fresco balançava os galhos das árvores de seu jardim, fazendo as folhas caírem pouco a pouco na grana recém cortada. Seus ouvidos capitavam cada som que a natureza trasmitia para ela, causando uma sensação de relaxamento, enquanto tomava uma boa xícara de chá fumegante.
Poderia dizer que aquela noite estava perfeita.
Mas é claro que sua cabeça não parava de lhe atormentar, mesmo diante de todas essas coisas que deveriam apenas lhe proporcionar tranquilidade, por alguma razão, tinha a sensação que seu coração estava saindo pela boca.
Quardou o celular em seu bolso da calça depois de uma ligação com Shoko e engoliu em seco depois de saber sobre uma missão de última hora que os calouros foram convocados, que nem ao menos sabia do que se tratava.
Missão essa que ninguém se preocupou em avisá-la.
Eles estão escondendo alguma coisa. Afirmou para si mesma em pensamento.
Abaixou seu olhar da vidraça de seu escritório para suas mãos que começavam a ficar trêmulas, quase derramando o líquido quente em sua pele.
Não sabia dizer se essa agonia de sentir que algo ruim está pra acontecer era um dom, ou uma maldição.
Era algo bom, poderia sempre estar em alerta para qualquer coisa. Mas não poderia saber quando ou onde isso aconteceria e isso continuaria a tirar sua paz, essa era a parte ruim.
Sentiu alguém tirar a xícara de suas mãos e piscou os olhos atordoada quando percebeu a presença de Satoru ao seu lado. Ele vestia seu uniforme padrão de feiticeiro jujutsu e sua venda que cobria seus olhos.
Escondeu sua feição de desagrado.
Ele mal havia chegado em casa naquela tarde e já estava se preparando para sair novamente. Não é como se essa cena já não tivesse se repetido várias vezes desde que o conheceu.
- Pensei que você teria tempo livre até amanhã.
- Me querem em Shibuya. - Ele respondeu, deixando a xícara sobre a mesa de madeira escura - Parece que todos estão chamando pelo grande e poderoso, Satoru Gojo.
- É mesmo? - O olhou desconfiada - Algum problema?
- Nada que eu não possa resolver. - O Gojo virou a cara para o lado e ela estreitou os olhos, ele fazia exatamente isso quando tentava esconder algo - Só queria dizer que eu só vou voltar amanhã. Vim dar boa noite pra você e pro Fofuxo.
- Shibuya... - Murmurou baixinho - Shoko me ligou agora a pouco e me contou que Megumi e os outros iriam pra Shibuya resolver um probleminha.
- É claro que ela te contou... Shoko sempre te conta tudo, aquela fofoqueira. - Ele resmunga fechando a cara e gesticulou para que ela se sentasse na poltrona em frente da mesa - Mas não é nada de mais, então relaxa essa bunda aí e tira uma soneca.
- Por que você não quer quê eu saiba? Eu não sou burra, Satoru. - Cruzou os braços - Não estava com um bom pressentimento antes mesmo de Shoko me ligar.
- Não...
- Anda, me conta. - Insistiu - Se não é grande coisa, não tem problema se eu souber ou até ir junto com você.
- Haruna...
- Engraçado que eu sempre tenho que te contar tudo, mas quando algo de ruim acontece, você me deixa de fora todas as vezes. - Encolheu os ombros - Você me acha fraca, é isso? Acha que eu não sou mais suficiente para resolver qualquer porcaria agora?
- Quem te disse que algo ruim aconteceu? - Segurou seu ombro dando um leve aperto e sorriu pequeno, tentando fazer ela desviar sua irritação - E você não é fraca, Haruna. Só que é apenas mais um trabalho que os velhotes querem que eu faça, não é novidade pra ninguém.
- Então eu vou ter que ir até Shibuya pra conseguir qualquer informação sozinha? - Deu alguns passos até a porta, mas seu pulso foi segurado, a obrigando a parar.
- Você não vai. - Satoru diz com a voz firme, terminando de confirmar suas suspeitas de que algo realmente estava errado - Eu disse pra você ficar.
- Você não manda em mim.
- Mas eu mando nele. - Apontou para a barriga saliente da esposa com uma feição séria - E eu quero nosso filho em casa, em segurança.
- Enquanto nosso filho estiver dentro de mim, apenas eu mando nele. - Soltou seu pulso do aperto dele de súbito e soltou o ar pelo nariz - Você não vai fazer isso de comigo de novo, não vou ficar de fora como está acontecendo desde o intercâmbio!
- Lembra do que combinamos com a Shoko e o Yaga? - Diz fechando a porta de súbito antes que ela saísse - Você apenas trabalharia com avaliações de cenas e classificações de nível em energia amaldiçoada para as missões dos alunos, e os acompanharia apenas se fossem de até semi-primeiro nível no máximo.
- Eu não sou demente, Satoru. - Diz com deboche - É claro que eu me lembro, mas isso pode ser um problema que envolva a vida deles!
- Eu já disse que não é nada disso, mulher! - Ele bufou pasando a mão na testa - Por que eu mentiria?!
- Você sabe de alguma coisa Satoru Gojo, e vai me contar agora!
Ele suspirou derrotado e coçou sua nuca, com um bico contrariado nos lábios.
Observou a postura firme da mulher, já sabendo que ela não tiraria a ideia de ir até Shibuya, nem que tivesse que ir por conta própria.
Ela é bem inteligente, e muito teimosa. Desde que se conheceram e até mesmo quando começaram um relacionamento, nunca conseguiu fazer essa mulher não se meter em assuntos que ela deduziu que era da sua conta. Quando Haruna coloca algo na cabeça, ninguém a fazia mudar de ideia, era incrível a forma que ela sempre sentia quando algo saia dos eixos.
As vezes deduzia consigo mesmo que só de olhar nos olhos dela, já era o suficiente para a morena descobrir qualquer coisa que se passava em sua mente. Era assustador as vezes.
- Se eu for sozinho, você vai dar um jeito de ir de qualquer maneira, né?
- Mas é óbvio.
- Então tá. - Deu de ombros indiferente.
- Só isso? - Deu um passo para trás desconfiada e cruzou os braços - Você não vai dar um showzinho, bater o pé e soltar qualquer argumento válido para que eu não tenha motivos pra ir?
- Não. Isso não adiantaria. - Negou com a cabeça - Pra que me esforçar se isso não vai valer de nada? Você sempre foi muito teimosa.
- Hum, certo. - Haruna cruzou os braços, ainda não acreditando que ele tenha cedido tão rápido - Então... pode ir na frente, eu vou pegar minhas coisas e daqui a pouco eu te acompanho.
- Tudo bem. - Satoru sorri e apontou para sua bochecha - Nem um beijinho antes?
- Você não está merecendo beijinho nenhum. - Revirou os olhos e suspirou quando ele fez uma carinha de cachorro abandonado - Está bem.
Se aproximou do mais alto que se curvou um pouco para baixo, permitindo que ela desse um beijo em sua bochecha e a morena logo se virou pretes a sair do escritório, mas ele segura seu braço delicadamente, a parando antes que abrisse a porta.
- Até depois então. - Ele sorriu de forma suspeita, enquanto tocava a testa dela com os dois dedos.
- Mas o que...? - Os olhos negros dela pesaram e mal consegui se manter consciente - Filho da put...!
- Olha o palavrão! - Ele brincou enquanto segurava a cintura dela, antes que a mulher apagasse completamente - Só assim pra você não se meter em confusão em, moça bonita?
A carregou até o quarto dos dois e a deitou na cama de forma cuidadosa, se abaixou ficando com o rosto na direção da barriga já inchada da mulher e deixou um beijo longo no local.
- Cuide da sua mãe, Fofuxo. - Se levantou andando em direção da saída - Eu já volto.
Saiu despreocupado pela porta da frente, deixando sua casa quase completamente fazia, apenas com a presença de sua esposa inconsciente e a quase imperceptível presença da energia amaldiçoada de seu filho.
...
Seu corpo estava pesado, bocejou enquanto se espreguiçava se aconchegando nos lençóis macios e cheirosos, precisou de um pouco de esforço para abrir seus olhos pesados que ainda insistiam em permanecer fechados.
Observou o lado de fora de seu quarto silencioso através da grande janela de vidro com um olhar perdido, vendo que ainda era noite.
O relógio sobre seu criado-mudo marcava oito horas, pelo visto não tinha dormido muito tempo. Seus olhos seguiram até o teto branco, enquanto ainda tentava se lembrar como tinha ido parar em sua cama. Estava em seu escritório, conversou com Satoru e depois, apenas o nada.
Se levantou em um salto quando despertou completamente e as memórias voltaram como um trem-bala em sua cabeça.
- Mas que desgraçado! - Tentou se levar e puxou suas pernas para se levatar, mas uma delas não se movia e abaixou o olhar vendo uma algema de aço negro preso em seu tornozelo - Mas que porra é essa?
- Ah, é só uma coisinha.
Se virou de imediato para um canto escuro de seu quarto e forçou sua visão vendo uma silhueta escorada na parede com um sorriso malicioso. Ofegou quando reconheceu o moreno a sua frente.
- Kenji... - Começou a sentir um frio no estômago.
- Esse é o meu nome. - Apontou para seu rosto com diversão - Eu avisei que nos veríamos em breve. É melhor irmos logo, não podemos chegar atrasados.
- Você deve ser bem corajoso pra aparecer aqui. Eu não vou a lugar nenhum com você... - Tocou na algema, mas tirou sua mão rapidamente quando o aço quente quase queimou sua pele.
- Você não pode tirar, ao menos que queira perder as mãos.
- O que você quer?!
- Bom... eu quero te entregar a uma pessoa. - Andou até a ponta da cama - Mas primeiro, tenho que te levar até Shibuya. E depois... dar um fim na sua criaturinha dentro de você.
Haruna arregalou os olhos surpresa, mas rapidamente sua feição se transformou em fúria. Tentou ativar seus olhos, mas soltou um gemido sofrido pela ardência insuportável que os dominou, se forçando a parar sentindo uma fraqueza se alastrar pelo seu corpo.
- Não se esforce ou tente usar sua energia amaldiçoada. Essa corrente foi criada pra você a séculos, eu sempre soube que teria um grande poder, nada melhor do que algo que possa absorver sua força. - Segurou os cabelos negros dela, forçando a olhar em seus olhos - Sem elas você já possuía um poder limitado por causa dessa criança, mas com essas correntes... é tão fraca e inofensiva quanto uma garotinha medrosa. Eu deveria agradecer a Satoru Gojo por ter me facilitado e te deixado desacordada e sozinha em casa.
- Você não vai fazer nada com o meu filho! - Gritou se debatendo, usando a força que restava olhando nos olhos do homem identifico a seu tio - Eu vou te matar antes que tente!
- Veremos. - A puxou para fora da cama e desprendeu a corrente, a levando até a saída da casa, forçando a entrada da mulher em seu carro.
Tirou outras correntes do banco traseiro e segurou os braços dela para trás, que continuava se debatendo em vão e prendeu no outro tornozelo e pulsos vendo a mulher se enfraquecendo lentamente.
- Eu já disse pra parar de tentar usar sua energia amaldiçoada, vai ficar ainda mais fraca. Quer matar o pirralho primeiro que eu?
- Quando eu me livrar dessas porcarias... - Respirou pesadamente, com as pálpebras pesadas - Eu vou te matar bem devagar.
- Tá bom! - Sorriu divertido enquanto dava partida em direção de Shibuya.
Mal conseguia se mecher, seus olhos se fecharam e não possuía forças para abri-los novamente, mesmo estando consciente. Sentia apenas o mais puro ódio e medo, a tempos não os sentia em uma proporção tão alta juntos.
Forçou a si mesma a parar de lutar por um tempo, a cada tentativa de escape das algemas, mais fraca se ficava.
Fraqueza. Era assim que se sentia, não tinha forças pra lutar e muito menos para proteger seu bebê, um ser que dependia totalmente de sua força. Seus olhos insistiam em se encherem de água, mas as segurava, algo maior que sua tristeza era o seu orgulho. Não derramaria uma lágrima pelos feitos desse homem, claro, se ele fosse um humano. Não sabia ao certo como ele era tão idêntico ao seu tio e possuía uma energia quase igual a dele.
- Vamos, levanta. - Sentiu braços a tirando do carro e esforçou-se para se manter de pé com as correntes pesadas.
Kenji a puxava pelas correntes e mal conseguia raciocinar onde estavam, mas gritos estridentes e abafados era escutados. Sua visão estava turva, sentia que sua energia amaldiçoada estava no limite em uma quantidade suficiente para não desmaiar.
Não sabia quanto tempo havia passado, mas tinham andado bastante até ele parar e segurar em seu ombro.
- Onde está, Satoru...? - Murmurou baixinho para si mesma sem nem mesmo perceber, mal sabendo que falou alto o suficiente para ele escutar.
- Está lidando com algumas coisas antes do show começar. Seu marido vai ficar furioso quando souber que te trouxe. - Sorriu maldoso - Mas não se preocupe com ele, nosso assunto é outro.
- Onde estamos? - Olhou ao redor sentindo uma pressão estranha quando passaram para outro andar e mais vozes não tão longe de onde estavam.
- Chegamos no quinto subsolo da estação em Shibuya. - Respondeu a conduzindo até uma sala vazia - Agora vamos começar.
A sentou em uma cadeira bem no centro da sala e a observou se encostar no acento com os olhos apagados e cansados. Andou até uma mesa no canto do cômodo, sendo seguida pelo olhar indiferente da mulher. Haruna engoliu em seco quando viu o moreno tocar em uma lâmina negra com detalhes dourados de tamanho médio que repousava sobre a mesa.
- Você não tem ideia do quanto esperei por esse momento. - Falou empolgado - Foram séculos esperando pela sua chegada!
- Me esqueci que você é bem velho, não é? - Murmurou baixinho exausta por suportar o peso das algemas em seus pulsos - Gente velha como você sempre me atormentam.
- Você é bem engraçadinha. Deveria calar a boca. - Segurou a lâmina com firmeza - Eu sempre gostei de mulheres caladas e obedientes que sabem o seu lugar.
- É uma pena. - Levantou o olhar - Mas eu nunca fui de ficar calada ou abaixar a cabeça pra pessoas insignificantes como você.
Grunhiu quando sentiu ele segurar seus cabelos os puxando e aproximando seus rostos, vendo o olhar irritado que queimava nos olhos dele.
- Você não está em posição de ficar usando essa sua língua afiada. - Falou seriamente - Você consegue ser tão irritante quanto o seu tio insuportável.
- Então vocês tem algo em comum, além da aparência. - Alfinetou - E pra você saber... normalmente sou eu que acuso as pessoas de serem insuportáveis.
- Hum. - Soltou os fios negros da mais nova e levantou a lâmina na altura dos olhos dela com um sorriso malicioso - Vamos ver se vai continuar com essas gracinhas quando eu usar essa maravilha.
- O que vai fazer com isso? - Engoliu em seco nervosamente, mas manteve a feição indiferente. Sua maior preocupação era seu filho, mas se desesperar não ajudaria em nada - Vai me matar?
- Não. Não sou eu quem vai te matar. - Respondeu dando um passo para trás - Primeiramente tenho que acabar com o sanguessuga que está tomando a sua energia amaldiçoada.
- Atualmente é essas suas coisas que estão me enfraquecendo. - Levatou seus braços com esforço mostrando as algemas - E não ouse falar do meu filho assim, o único sanguessuga aqui é você.
- Depois que ele morrer... - Ignorou as palavras sérias dela - Você vai ficar aqui, quietinha, até que meu irmão venha e faça com você o que ele quiser.
- Você não vai encostar um dedo no meu filho! - Gritou e então vacilou quando processou as palavras dele - Irmão...?
- Está surpresa? - Riu - Não é todo mundo que sabe disso. Apenas eu, você... e meu querido irmão mais velho. Ryomen Sukuna.
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