ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟒𝟏
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Permaneceu deitada a manhã e a tarde inteira. Apenas olhando para o teto branco com uma feição indiferente.
Sua mão repousava em sua barriga a todo momento como uma forma de conforto, tanto para seu bebê, quanto para si mesma. Seu coração doia, era quase insuportável, mas não estar completamente sozinha fazia que tudo fosse suportável de alguma forma.
Depois de horas, levou o olhar até a grande janela de vidro ao lado da cama e viu que já estava no final da tarde pela posição do sol e a cor do céu que já escurecia.
Seu estômago roncou mais uma vez e não aguentou mais segurar a fome. Estava comendo por dois, então ficar tanto tempo sem se alimentar não seria bom para seu filho nem pra si mesma.
Resolveu se levantar, de forma lenta andou até a cozinha e abriu a geladeira pegando uma jarra com suco de morango e depois preparou um sanduíche rapidamente. Mesmo com a fome, a comida não queria descer, mas se forçou a comer pelo menos a metade e satisfazer os desejos que estava tendo naquele momento.
Assim que terminou sua refeição, começou a andar até seu quarto novamente e voltar a dormir quantas horas fossem necessárias para tirar aquela sensação de cansaço que estava sentindo. Quando deu o primeiro passo para subir as escadas a campainha foi tocada e gemeu em frustração. Não queria ver ninguém.
Mas quem quer que esteja do lado de fora, não parava de apertar a campainha, fazendo seus ouvidos inplorarem para esse barulho cessar.
Se rendeu, andando até a porta a abrindo e dando de cara com a última pessoa do planeta que gostaria de ver.
– Você está horrível. – Naobito diz com uma feição entediada.
– É uma pena, mas a sua opinião não é relevante pra mim. – Resmungou ainda na frente da porta, vendo mais alguns homens juntos do avô, que segurava uma caixa retangular de cor verde musgo – O que você quer?
– Parabenizar a minha querida neta pelo grande feito. – Nem mesmo espera algum convite para entrar, já se colocou na entrada do hall, segurando os ombros da neta para conseguir entrar e andou até a sala principal com um enorme sorriso – Sinceramente, pensei que demoraria mais algum tempo, mas estava enganado.
– Não lhe dei permissão para entrar. – Haruna fechou a cara com desgosto – Só fale o que veio fazer e vá embora de uma vez, não estou com cabeça pra aguentar seus caprichos.
– O que foi? Problemas no paraíso? – Alfinetou se sentando no sofá ainda com a caixa em mãos.
– Minha vida pessoal não é da sua conta.
– Não se estresse, não faz bem para o meu bisneto. – Sorriu vendo a neta suspirar e se sentar no outro sofá, em uma distância segura do mais velho – De qualquer forma, vim deixar o presente do futuro novo membro da família principal do clã Zenin.
– Presente? – Ela riu levemente não acreditando que ele só havia aparecido pra isso.
– Mas é claro. A propósito... onde está o seu marido? – Enrrugou o nariz – Não acho apropriado minha neta ficar sozinha em casa nessas condições.
– Não venha com essa, eu não sou uma inválida pra ter alguém o tempo todo comigo. – Se mexe desconfortável no sofá e leva o olhar para o lado contrário – Ele está na escola. Diferente de você, Satoru tem muitas coisas pra fazer. Normalmente chega tarde em casa.
– Entendo. – Franziu os lábios finos e estendeu a caixa para a neta que observou desconfiada – Como diz a tradição, o novo membro dos Zenin ainda não nascido deve receber sua primeira arma amaldiçoada, para que no futuro se torne um Feiticeiro Jujutsu de grande talento e poder.
– Arma amaldiçoada? Ele nem nasceu e você já quer transformá-lo em algum tipo de soldado? – Haruna exclama se levatando de súbito, sentindo seu sangue ferver vendo o mais velho suspirar impaciente e deixou a caixa na mesa de centro novamente – Por que sempre que nos vemos temos que terminar em discussão? Que tradição idiota...
Sua visão ficou turva por uns segundos e voltou a se sentar respirando fundo e soltando o ar devagar, fazendo de tudo para que Naobito não percebesse seu mal estar.
– Bom, a minha obrigação já está feita. – Deixou a caixa sobre a mesinha de centro e se levantou – Nós vemos em breve, Haruna. Esses próximos meses serão de grande expectativa.
– Não me diga.
Naobito bufou com a falta de interesse da mais nova e revirou os olhos vendo ela cruzar os braços com uma feição séria, seus olhos negros opacos não demonstravam absolutamente nada ao seu ver.
– Vai continuar me olhando como se eu fosse um animal exótico ou vai embora logo? Quero dormir cedo hoje. – Diz com a voz irritadiça.
– Diga ao Gojo que eu adoraria que ele desse as caras.
– Entre na fila e pegue a ficha. Muita gente quer isso. – Batucou os dedos em sua perna – E torça para que ele queira falar com você, Satoru tem mania de enrolar em seus compromissos indesejados.
– Hum. – Naobito estreita os olhos vendo a feição cansada da neta, mas ignora indo até a saída sem dizer mais nada.
Haruna suspira aliviada quando se vê sozinha novamente, sem a presença do Zenin para deixar seu dia ainda pior do que já estava. Sua atenção volta para a caixa que repousava na mesa de centro e bufa revirando os olhos e se levanta, voltando para seu quarto, sem um pingo de vontade de ver o presente que seu avô fez questão de entregar pessoalmente para seu filho ainda não nascido.
Se deitou na cama novamente e fechou os olhos sentindo mais uma lágrima quente descer em sua bochecha e leva a mão até sua barriga a acariciando com cuidado.
...
Estava hesitante, não se lembrava de estar tão nervoso como agora em toda a sua vida. Se deve o fato de não estar no controle da situação, já que todo esse estresse foi causado por ele mesmo, apenas pelo medo que as marcas do passado lhe causaram.
A casa estava silenciosa, como se não tivesse nenhuma alma viva lá dentro, mas sabia que ela estava lá, podia vê-la com seus olhos. Além de alguns restos de energia amaldiçoada que circulava a casa.
Sentiu uma pontada de preocupação por causa disso.
Abriu a porta da entrada devagar e a fechou logo depois. Andou na direção dos quartos e assim que passou pela sala se deparou com uma caixa sobre a mesa de vidro no centro da sala. Franziu a testa curioso e seguiu em passos silenciosos até lá, pegando a caixa e a abrindo.
Seus lábios ficaram entreabertos quando viu uma belíssima Wakazashi lá dentro. Sua lâmina parecia ser feita de puro aço e seu cabo vermelho vinho deixava a arma ainda mais elegante, combinando com sua bainha da mesma cor, além de ser leve e de fácil manuseio.
– Quem deixou isso aqui? – Colocou a arma devolta na caixa e mordeu o lábio inferior voltando a olhar para as escadas onde levavam para o andar de cima.
Engoliu em seco quando chegou no segundo andar, seguindo pelo corredor e abriu a porta de seu quarto devagar, vendo que a única luz que iluminava o cômodo, era o abajur ao lado da cama, onde ela estava deitada encolhida em seu lado onde costumava dormir.
Trincou a mandíbula e andou devagar até a mulher, com medo de acordá-la e ter que enfrentar a imensidão negra dos olhos que tanto amava, estes que na última vez o olhavam com dor, desespero e desapontamento.
Se agachou ao lado da cama e observou o rosto dela, seus lábios antes rosados, estavam pálidos e seus olhos estavam inchados. Alguns fios negros estavam grudados em sua bochecha como se a alguns momentos atrás estivessem incharcados e mesmo em sua posição desconfortável, sua mão ainda repousava na região onde ficava seu ventre, como se quisesse protegê-lo mesmo estando inconsciente.
De forma lenta, levou sua mão até a dela, retirando-a e colocando a sua no lugar onde a dela estava.
– Me desculpe. – Murmurou de uma forma tão baixa que quase não escutou a si mesmo – Me desculpe garotão... ou garotinha, eu fui um fracote. Deixei que os pensamentos negativos me controlassem, e resolvi te culpar pela minha frustração e virei as costas para a sua mãe.
Fechou os olhos sentindo o calor que emanava da pele lisa e macia da mulher, onde seu bebê se desenvolvia. Pra falar a verdade, essa era a primeira vez que falava com seu filho desde que descobriu que seria pai, se sentiu ainda pior pela primeira vez ser nessas condições.
– Pensei que com ela seria diferente, que isso não aconteceria com vocês dois. Temi pela vida da sua mãe e não consegui lidar com isso. – Murmurou, movendo seu polegar em círculos, tentando sentir o máximo que conseguia – Principalmente quando ela disse que não se importava de se sacrifícar por você, sem hesitar. Mas ela é forte e sei que não vai desistir de te conhecer ou te ver crescer tão facilmente. Haruna vai viver, eu vou estar ao lado de vocês e em breve, nos dois vamos poder te segurar em nossos braços... minha luz.
Abriu os olhos novamente quando sentiu sua mão ser segurada com força e levanta o olhar, vendo sua esposa o observando com uma feição abatida. Seus olhos se encharcam em arrependimento, quando a imensidão negra se choca com o azul infinito.
– Haruna, eu...
– Por favor... não diga nada. – Ela murmura com a viz rouca enquanto se sentava, ainda fazendo o toque da mão dele continuar em sua barriga – Pensei que não voltaria. Você disse muito bem que não queria me ver nessas condições.
– Me perdoe.
– Todos fazemos coisas sem pensar quando estamos com medo... por mais babaca que você tenha sido. – Virou o rosto para o lado contrário e suspirou – Nunca te vi agir daquele jeito comigo.
– O que eu fiz com você foi imperdoável... como eu posso ser o mais forte, se eu não consigo lidar com isso? – Sua voz saiu levemente rouca.
– Você estava de cabeça quente, está tudo bem. – Haruna segura sua nuca, fazendo a cabeça dele se apoiar em seu ombro enquanto ele se deitava ao seu lado – A raiva é um sentimento que nem todo mundo consegue controlar por muito tempo.
– Não fale que está tudo bem. Eu virei as costas pra você e para o nosso filho, da mesma forma que meu pai fez comigo e com a minha mãe. Nunca pensei em ser pai, nem sei se poderei ser um bom exemplo para criar uma criança. – Soltou de forma inconsciente, fazendo a mulher franzir a testa – Mas quando você me disse que estava grávida de um filho meu, não senti nada mais que felicidade. Tentei fazer o certo, e tentei não estragar tudo e na primeira dificuldade... eu faço isso.
– Você nunca me contou sobre isso. – Haruna murmurou acariciando os fios brancos dele – Sobre como se sentia, e sobre a sua família.
– Não queria encher sua cabeça de bobagens.
– É a sua vida, nunca seria bobagem pra mim, Satoru. Além disso... você já me encheu de bobagens o suficiente.
– Eu nunca vou me esquecer disso. – Engoliu em seco.
– Só esqueça, por favor. Eu não quero que se sinta mal apenas por soltar pra fora algo que aguentava por tanto tempo.
– E eu acabei soltando tudo em cima de você... – Suspirou envergonhado – E mesmo assim você tenta ver o meu lado, que nem mesmo eu enxergo. Não consigo entender...
– Eu sou a sua companheira, não é? Esse também é o meu dever, entendr o que você está sentindo. – Ele passa seus braço ao redor da cintura dela e respira fundo, sentindo o cheiro doce do perfume dela – Eu só quero entender o motivo...
– Minha mãe morreu quando eu nasci, porque eu fiz com ela o mesmo que nosso filho está fazendo com você.
Haruna parou os movimentos de sua mão nos cabelos dele quando escutou a confissão, sentindo o nervosismo aflorar em seu corpo novamente.
Satoru nunca havia contado sobre sua família antes, sempre desconversava quando tentava começar falar sobre o passado dele. Mesmo assim as vezes perguntava sobre a dele, mas sentia que ele não queria, então não insistia no assunto.
– Ela carregava o novo portador dos Seis Olhos, negar a gestação era como uma traição ao próprio clã. Então ela não teve escolha, mesmo que sentisse que isso poderia ter consequências a si mesma. Ela ficou muito fraca e não resistiu ao parto, logo quando eu nasci ela faleceu.– Suspirou voltando a sentir o carinho da morena em seus cabelos – Meu pai foi vangloriado depois do meu nascimento por todos, ele também estava satisfeito. Mas a morte da minha mãe não estava em seus planos. Pra falar a verdade, ele nunca foi presente em minha vida.
– Eu... sinto muito. – Haruna murmurou com pesar.
– Não sinta. Eu era muito jovem, nem mesmo me lembro de seu rosto, muito menos o da minha mãe, obviamente. Então nunca me importei com eles. – Levantou o olhar para o rosto dela e levou sua outra mão até sua bochecha pálida – Eu me arrependo amargamente de ter dito tudo aquilo pra você, Haruna. Acabei espelhando o que aconteceu com meus pais e só pensei no pior. Mas você não é a minha mãe, e com certeza é mais forte que ela. A mulher mais forte que eu conheço.
– Satoru... – Uma lágrima solitária desliza pela pele dela, que é rapidamente enxugada pelo polegar do mais velho, que aproxima seus rostos e deixa um leve selar em sua testa – Eu realmente pensei que... tudo acabaria naquele momento. Eu pensei que você se distânciaria...
– Não diga isso nem em pensamentos. Eu prometo que serei um bom pai e marido a partir de hoje, isso nunca mais vai se repetir. – Ele murmura voltando a abraçá-la – Aquele cara que te magoou tanto não existe mais. Nunca mais vou deixar vocês sozinhos, eu prometo.
– Não faça promessas, por favor. – Abaixou o olhar – Sabe que eu não gosto...
– Eu sou o mais forte. Quem tentar me fazer quebrar essa promessa, vai perder a cabeça. – Ele sorri quando escuta a risada levemente aguda dela e volta a olhá-la – É assim que eu gosto de te ver, sorrindo.
Haruna sente seu peito esquentar em alívio quando a sensação de dor e agonia se foi, finalmente seu corpo se permitiu relaxar. Seus olhos começaram a ficar úmidos, dessa vez não mais de tristeza.
– Eu te amo. – Ela diz segurando o rosto angelical do mais velho com as duas mãos.
– Eu te amo, muito mais. – Ele beija a testa dela novamente e depois deixa várias beijos em toda a extensão do rosto dela a fazendo rir, e depois se abaixa, deixando um longo beijo em seu ventre – Não vejo a hora da sua barriga crescer.
– Vai demorar um pouquinho. – Ela riu com a sensação de cócegas.
– Vê se não demora muito, Fofuxo.
– Fofuxo? – Haruna franzi o nariz.
– Mas é claro. Aposto que ele vai ser tão fofo quanto eu. – Satoru ri com a careta dela – Não podemos ficar só chamando ele de bebê.
– Mas e se pegar? – Negou com a cabeça – Ele vai sofrer com esse apelido ridículo.
– Tarde demais, né Fofuxo? – Ele volta a olhar para a barriga dela dando outro beijo a fazendo se contorcer e soltar um resmungo com as cócegas que sentia no lugar – Sua mãe não sabe de nada.
– Não, esse apelido é horrível!
Ele volta a deixar vários beijos no lugar, e Haruna tentava se soltar enquanto ria e ele sobe até o rosto da esposa espalhando mais e mais, adorando escutar o som da risada dela, com certeza era a sua melodia favorita.
Como foi ridículo. Passariam por isso e logo, os dois poderiam segurar seu filho nos braços, juntos. Sem sombra de dúvidas, tinha certeza disso.
...
Moveu uma das peças do tabuleiro de xadrez, vendo a testa de Mahito franzir levemente e apoiar os cotovelos nas pernas. Geto observava com um pequeno sorriso a armadilha que Kenji tinha preparado para a maldição no jogo.
– Ah, isso é uma chatice... – Jougo resmunga – Não tem nada mais importante pra fazer não, feiticeirinho?
– Fica quieto. – Kenji manda com uma carranca – Sua voz irritante me desconcentra.
– Que pena pra você.
– Vai pro...
– Ei, Kenji. – Mahito faz beicinho sem saber o que fazer no jogo – Sobre o plano, por que você precisa daquelas algemas?
– Eu ainda não contei?
– Não.
– Ah, bom... já é bem óbvio, essa é a minha parte. – Ele tira sua atenção do tabuleiro – Dá mesma forma que precisamos selar o Gojo, precisamos prender a Uchiha.
– E como você pretende fazer isso?
– Eu vou selar a energia amaldiçoada dela e acabar com o sanguessuga que está atrapalhando o desenvolvimento do poder dela. – Deu de ombros com uma feição séria – Eu bem que estava achando fácil demais, obviamente que ela dificultaria criando um obstáculo. Não aguentau manter as pernas fechadas e acabou ficando grávida do Gojo.
– Aquela criança vai ser um perigo. – Hanami diz – Imagine uma prole de Satoru Gojo e Haruna Uchiha, esse bebê vai ser praticamente um monstro quando crescer.
– Mas ainda é apenas um bebezinho em desenvolvimento na barriga da mãe, completamente indefeso. – Keji riu – E fácil de matar.
– Mas a mulher não vai permitir tão facilmente. – Jougo diz com um olhar indiferente.
– Depois que eu prendê-la, já era. Além disso, talvez possamos até facilitar o trabalho e usar como uma ótima forma de irritar o Gojo um pouquinho é distraí-lo. – Moveu sua última peça – E então será xeque mate.
– Ah, não... – Mahito resmunga emburrado vendo que tinha perdido – Melhor de três?
– Pode ser.
– E então finalmente venceremos. – Geto murmurou para eles que sorriram ansiosos.
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Bom dia, boa tarde ou boa noite pra vocês!
Capítulo ruinzinho, mas dá pro gasto, kkk.
Arco de Shibuya chegando, estão preparados? Eu não.
Até a próxima! <3
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