
ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟑𝟔
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Em uma montanha, cercada de águas termais, Jougo relaxava sentado em uma rocha, aproveitando o silêncio e a tranquilidade daquele ambiente. Até que escutou passos apressados atrás de si.
– Jougo, aí está você! – Mahito grita, fazendo a maldição dos vulcões o olhar de relance, enquanto o outro pulava dentro da água – Ótimo ver que seu corpo esteja se recuperando normalmente.
– Sim, parece que sim. Aqui é bem confortável e os humanos não vêm pra cá.
– É horrível não ter um corpo físico, não é? – Continuava a nadar descontraído – Nosso processo de cura é lento.
– Mahito, você parece estar bem cansado. – Jougo pergunta enquanto Kenji e Geto se sentavam ao seu lado.
– Teve problemas? – Kenji tombou a cabeça pro lado, observando o vapor da água morna das termais.
– Deu pra perceber? – Mahito pergunta se virando para os três – O Sukuna e seu hospedeiro... acabou que eles eram os piores oponentes que eu poderia ter.
– Que pena. – Kenji riu baixinho – Mas não vou culpá-lo. Sukuna tem uma personalidade terrível, você deve ter percebido.
– Nem me fale. Tudo começou com o meu novo brinquedo que eu tinha conseguido. – Murmurou se lembrando do garoto que conheceu – Mas as coisas tinham que dar errado, né? Apesar de que estava indo tão bem. Talvez eu devesse ter usado um refém para forçar o contrato.
– Esse tipo de contrato não é algo que se possa forçar. – Geto negou – Pelo menos não tão facilmente como você pensa.
– Jougo, eu acho que nós já podemos seguir com o plano. – Mahito sai da água olhando para Jougo que permanecia em silêncio – Entendi as coisas melhor após ter tocado o Sukuna. Ele é extremamente valioso.
– Juntar os dedos e os oferecer ao Sukuna... é só isso. – Ele murmurou e sorriu – Mesmo que todos nós tenhamos que morrer no processo.
– Ah, então você entendeu direitinho, fumacinha. – Kenji brinca vendo chamas de formarem nos olhos da maldição.
– Muito bem. Eu não esperava estar comemorando a vitória daqui a cem anos mesmo. – Ele se forçou a ignorar a alfinetada de Kenji – Enquanto as maldições substituírem os humanos, não preciso de mais nada.
– Então vamos pegar os seis dedos que a Escola Jujutsu toma conta. – Geto diz.
– A gente precisa mesmo? – Jougo coça a cabeça – Os Xamãs não estão cuidando do Yuuji Itadori, para que ele consuma todos os dedos?
– O colégio está medindo as forças do Itadori como hospedeiro.
– Quantos dedos ele consegue consumir sem perder o controle? – Kenji continua a fala do Geto seguindo sua linha de raciocínio – Provavelmente, eles vão preferir juntar todos os dedos restantes e fazê-lo os consumir de uma vez.
– Mas não temos muito tempo, não é? – Geto pergunta para o companheiro ao seu lado que assentiu – No pior dos casos, os superiores podem até ordenar a morte de Yuuji Itadori.
– Então vamos para a toca dos leões, é? – Jougo sorri.
– Está tudo seguindo como o planejado.
– É por isso que deixamos eles pegarem o dedo que estava em nossa pose. – Kenji sorri discretamente – Não vejo a hora da parte mais divertida começar.
...
Yuuji e Nanami haviam chegado da missão que coloquei como responsabilidade do Kento a instruir o mais novo para poder ganhar mais experiência.
E pelo relatório, eles tiveram o prazer de conhecer mais uma maldição de nível especial não registrada, que causou um estrago em uma escola, matando vários alunos e podendo até transfigurar almas humanas com sua técnica amaldiçoada.
E com isso, percebi que depois de tudo, o olhar do Itadori havia mudado um pouco. Mas ele não perdeu a essência de justiça e vontade de poder dar uma morte digna as pessoas.
Com o intercâmbio das escolas irmãs se aproximando, o treinamento dele não foi diminuído, ele está mais forte, não posso negar, mas relaxar não é uma opção. Então mandá-lo em missões difíceis era a maneira mais fácil e rápida pra mim de conseguir sua evolução.
Andei até a árvore de cerejeira favorita de Haruna. Essa árvore estava aqui a muito tempo, bem antes de quando comecei a estudar aqui na escola. No momento possuía poucas flores, mas não deixava de ser bonita.
Direcionei minha atenção para o campus, sabia que ela logo perceberia minha presença e com sorte, pararia de me evitar pelo menos um pouco. Nessa semana depois de nossa conversa em casa, percebi que ela estava estranha, nervosa, ansiosa e quieta.
Confesso que tentei descobrir o que estava acontecendo por conta própria para não pressioná-la. Fui atrás de Nanami, já que aqueles dois sempre mantém contato, mas ele só fez cara feia e virou as costas pra mim, obviamente que eu insisti bem mais e ele perdeu a paciência, acabou que Nanami cedeu e soltou que Haruna foi atrás de Shoko para ajudá-la em algo a alguns dias atrás.
Não pude ficar calmo. Shoko é a médica da escola, ela lida com essas coisas, se Haruna foi atrás dos serviços da Ieire... não quero nem pensar.
Mas se for realmente algum problema de saúde que minha mulher esteja passando, gostaria que ela contasse diretamente pra mim e não me escondesse nada.
Mas mesmo assim fui atrás de Shoko, já que as vezes aquelas duas sempre estão de conversinha fiada também, mas mesmo assim não deu em nada. Tive até que recorrer a suborno, mas Shoko não disse nada relevante, na verdade, ela estava mais nervosa e fechada como se estivesse rezando para que eu fosse embora logo e a deixasse em paz. Nada tão fora do normal.
De longe minha esposa supervisionava o treinamento dos alunos, enquanto Megumi lutava junto de Maki no centro do campo, junto de Nobara, Panda e Toge. E mesmo nessa longa distância, ela direcionou seu olhar atento até mim em poucos segundos, como se tivesse sentido minha atenção em si.
Cruzei os braços, vendo ela falar alguma coisa para Panda, fazendo todos saírem do campo. Ela começa a andar em minha direção com as mãos nos bolsos e uma feição indiferente, algo incomum nesses últimos dias.
Haruna sempre estava irritada demais, ou carinhosa demais como ela nunca foi, e também chorona e preguiçosa. Mas com uma leve inquietude sempre que me aproximo ou pergunto qual o problema, mas não insisto. Ela não era boa em se expressar muito bem, sempre que tentava começar a me contar, hesitava e desistia.
Isso me deixa levemente desapontado, por ela não confiar em mim o suficiente para dividir seja lá o que estiver passando.
– Não sabia que chegaria tão cedo.
– Pois é. Quis ver como estavam as coisas por aqui. – Dei de ombros, percebendo ela apertar o pulso com a outra mão, olhando para o chão e frazi os lábios – Eles estão nervosos?
– Ansiosos seria a palavra certa. – Ela responde, me fazendo soltar um suspiro cansado – Algum problema?
– É isso que eu venho te perguntando faz tempo. – Cruzei os braços – E você sempre responde a mesma coisa. Eu estou bem, não se preocupe.
– Satoru... é a verdade.– Ela finalmente olha nos meus olhos cobertos pela faixa – Eu estou bem, não é mentira.
O vendo fresco desse final de tarde acariciava sua pele alva e suas bochechas levemente rosadas combinavam com as pétalas das flores de cerejeira que começavam a cair aos poucos. Meus olhos não cansavam de admirar a beleza dela, mas agora, não sabia dizer se era impressão, mas Haruna estava ainda mais bonita que antes. Estonteante era pouco pra descrever.
– Satoru?
Sai do meu transe quando escutei sua voz preocupada e trinquei a mandíbula, levando minhas mãos nos bolsos da minha calça do uniforme.
– Não faça isso, por favor. Não fique falando que está tudo bem, não é isso que suas ações estão mostrando pra mim. – Ela fica confusa e engoli em seco – Fala pra aí, e seja verdadeira comigo. Você não confia em mim, é isso?
– Que pergunta idiota. – Ela franzi a testa – É claro que eu confio em você, Satoru.
– Então porque você não me conta de uma vez?! Mal conversamos, não saímos e você mal olha pra mim. – Contei nos dedos o que estava acontecendo desde a semana passada – Não questionei, porque sei que você não gosta quando insistimos em algo que não quer conversar. Mas eu não estou mais aguentando.
Ela abre a boca para negar, mas não diz nada. Apenas abaixa a cabeça e da alguns passos para trás, se sentando no banco de madeira com as mãos apoiadas na cabeça.
– Me desculpa... eu só... – Ela fecha os olhos – Não sei como te dizer o que está acontecendo. É algo bobo, e eu me sinto uma idiota por te tratar assim e não conseguir te contar algo tão simples.
– Você sempre se fecha quando não consegue expressar alguma coisa, eu sei bem. – Me sentei ao seu lado e levei minha mão até a sua, vendo ela estremecer com meu toque – Mas eu não consigo não me preocupar. Deixei esse assunto de lado por você... mas confesso que não resisti e tentei descobrir sozinho, não deu em nada. Você sabe bem esconder alguma coisa quando quer.
– Satoru... eu... – Mordeu os lábios e levantou o olhar – Me desculpa.
– Não precisa se desculpar por tudo.
– E que... a alguns dias... recentemente, eu... – Ela murmura olhando para a grama e aperta minha mão com mais força – Eu também percebi coisas estranhas que estávam acontecendo comigo. Você tinha me dito que eu estava doente, mas eu ignorei.
– Então você está doente? Eu sabia, você está doente! – Exclamei sentindo uma pontada de preocupação em meu peito e se levantei a puxando comigo – Vamos ver a Shoko agora mesmo, agora!
– Satoru! – Ela protesta sendo praticamente arrastada por mim – Eu não estou doente!
– E o que você tem?! – Me virei de súbito pra ela, soltando sua mão – Me diz logo, mulher! Quer me matar de ansiedade?!
– Eu estou grávida! – Haruna solta de uma vez e arregala os olhos, mas não perde a postura – É isso, eu estou grávida e não sabia qual seria a sua reação e isso me deixava muito nervosa. Aí meu Deus, estou taquicardia...
O ar sumiu completamente dos meus pulmões, nesse momento eu poderia dizer que até esqueci como se respira. Ela falava, conseguia ver seus lábios se movendo, mas eu não escutava. A única coisa que ecoava na minha cabeça era...
Grávida.
Meu corpo ficou pesado e leve ao mesmo tempo, meus sentidos que normalmente eram aguçados, pararam de funcionar naquele curto período de tempo, minha visão escureceu e não vi mais nada.
Haruna que até então falava sem parar, ato controlado pelo nervosismo que ajudava a colocar tudo pra fora depois de tanto tempo, se assustou quando viu a figura alta do Gojo cair no chão inconsciente.
– Ele desmaiou... – Ela murmura e depois arregala os olhos – Ele desmaiou!
A morena se abaixa ficando de joelhos ao lado dele e sacode os ombros do platinado, que continua apagado e bufa levando a mão até o rosto dele, dando uma bofetada.
– Acorda, seu idiota! – Diz balançando a cabeça dele e levatou o olhar vendo se tinha alguém por perto – Está me deixando mais nervosa! Acorda, Acorda...
Mas para de se mover, quando sente uma mão subir até sua barriga devagar, subindo sua blusa de tecido fino e colocando a palma que praticamente cobria toda a extensão de seu ventre de forma cuidadosa. Leva seu olhar até a faixa negra no rosto do albino e engoliu em seco, vendo ele suspirar e permanecer em silêncio por alguns torturosos segundos.
– Não precisava me bater, doeu em.
– Funcionou, não foi? – Ela pergunta coma voz rouca.
– Seu método não me agradou, mas foi eficaz sim. – Ele murmurou e levou sua outra mão até sua faixa a retirando de seu rosto, deixando a mostra seus olhos que mantinham a atenção na extensão em que tocava, desde que acordou quando levou o tapa da mulher – Então, é verdade?
– Eu não mentiria sobre isso. – Haruna assentiu vendo a feição neutra de seu marido – Eu sei que não é uma boa hora e... que não planejamos nada disso. Combinamos em não pensar nesse assunto e que isso não deveria acontecer, principalmente com meu avô insistindo...
Foi interrompida quando ele puxa seu rosto para baixo a beijando apaixonadamente, sentindo o corpo tenso dela se relaxar aos poucos enquanto se apoiava em sua ombros. Quando separa seus lábios dos da mulher, não sabia como expressar o que estava sentindo naquele momento, que com certeza não esqueceria nunca mais.
Os sentimentos que encheram seu coração foram muito fortes, tanto que sua pressão deve ter caído, já que até chegou a desmaiar, isso poderia ser bem engraçado no futuro.
– Então eu fui o motivo de você se sentir tão mal assim? – Me levantei do chão junto dela, já me sentindo melhor. Segurei em seus ombros e olhei em seus olhos – Então você pensava que eu não aprovaria?
– Eu... só fiquei com medo das consequências. Ou como você reagiria. – Ela abaixa a cabeça – Me desculpa.
– Medo. Essa palavra não combina com você, Haruna. – Segurei o seu queixo, levantando seu rosto – Você está grávida... nem dá pra acreditar.
– Me senti assim no começo. – Ela sorri fechando os olhos.
– Então eu vou ser, pai.
– E eu vou ser, mãe.
– Vamos ser, pais. – Levo minhas mãos pro alto com um sorriso gigantesco – Eu vou ser pai!
– Sim, nós vamos ser pais. – Ela sorri.
– Um filho! – Segurei seus ombros e gargalhei sentindo a animação começar a se formar em meu corpo, e minha visão começou a ficar embaçada com as lágrimas que se formaram junto do calor em meu peito – Um filho...
– Sim, Satoru. – Haruna concorda também com seus olhos negros brilhando com as lágrimas e com as mãos na barriga – Vamos ter um bebê.
– E-Eu... eu vou ser pai. – Minha garganta se fechou enquanto enxugava meu rosto molhado, já que não consegui segurar as lágrimas que insistiam em encharcar meu rosto, vendo na minha frente a mulher que amo carregando um filho meu, fruto de todo o amor que sentimos – Um bebê.
A puxei para outro beijo, me perdendo no sabor doce de seus lábios enquanto tentava demonstrar todo o amor que estava transbordando dentro de mim, um sentimento mais forte do que tudo que já senti antes. Pensei que o que sentia por Haruna era a coisa mais forte que eu poderia ter dentro do meu peito, mas saber que ela tinha dentro dela um mini humano só nosso, era uma sensação ainda mais forte.
Um bebê, só nosso.
Foda-se Naobito e os velhos. Sinto como se todo aquela hesitação de antes em trazer alguém ao mundo para passar pelas exigências dos superiores tivesse evaporado completamente.
Alguém que carregará a junção de nós dois estava pra chegar em breve. Não consigo pensar em algo tão perfeito quanto isso.
– Quanto tempo?
– Na ultrassom que fiz ontem, mostrou que eu estava na oitava semana.
– Que? – Franzi a testa.
– Dois meses.
– Caramba! Precisamos contar isso pra todo mundo! – Exclamei animado quando nós separamos – Pro Nanami, Shoko, Yaga, pros moleques, pra todo mundo!
– Até pros...
– Está com medo dos velhotes? – Sorriu presunçoso vendo ela franzir os lábios.
– Eu não tenho medo deles.
– Que bom, porque eu não estou nem aí pro que eles pensem ou possam fazer. – Deu de ombros – Eles não podem fazer nada enquanto eu estiver aqui. Eu e você.
– Eu sei. – Ela murmura com um pequeno sorriso.
– Agora vamos contar pro pessoal.
– A Shoko já sabe.
Congelei e franzi a testa perplexo e me virei novamente para ela indignado. Ela coça a nuca sem graça e fiz uma careta.
– Por que ela ficou sabendo primeiro que eu?
– Ela é minha amiga.
– Nada a ver. – Cruzei os braços virando a cara – Eu sou seu marido.
– Ela é mulher e é médica, me senti mais confortável. E ela que fez a ultrassom. – Haruna riu com a feição carrancuda do mais velho com seu nariz levemente avermelhado – Queria ter certeza, a opinião dela foi de muita ajuda.
– Bom, isso não importa. – Sorri novamente a abraço e quase a levantando – Estou sentindo como seu eu pudesse explodir!
– Então não exploda. – Enterrou o rosto na curvatura do pescoço dele sentindo seu cheiro soltando uma risada – Quero que nosso filho conheça o pai.
– Um bebê... nosso bebê. – Murmurei – Vai ser a nossa pequena luz.
– Vai sim. – Cocordou sentindo seus olhos ficarem molhados novamente – A pequena luz que iluminará nossos arredores.
Sorriu sentindo o calor da mão dele permanecer em sua barriga desde que ele a abraçou, como se quisesse sentir ao máximo aquele pequeno milagre que se formava dentro de si.
Depois disso se sentiu ainda mais boba por não ter contado antes. Aqueles sentimentos negativos só existiam na sua cabeça, a reação de Satoru foi de extrema felicidade, e isso aliviava seu coração. Saber que ele já amava a pequena luz que ela gerava.
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