ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟐𝟗
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Esperei do lado de fora Megumi dar os pêsames pela morte de uma das vítimas em Nishi, poucos dias depois da morte do Itadori. Esse garoto podia ser azedo por fora, mas por dentro era bem atencioso. Mas não vou posso dizer isso em voz alta, Megumi não olharia na minha cara.
Mas já era hora dele aparecer. Já estamos atrasados para o treino matinal.
Como os bobões do terceiro ano foram todos suspensos, os calouros precisaram participar do intercâmbio para termos a quantidade certa de participantes da escola de Tóquio para o evento.
- Já podemos ir? - Perguntei encostada no carro quando vi ele sair da casa.
- Sim.
- Já estava na hora. Você está atrasado pro treino. - Entramos no veículo e suspirei ainda sentindo o desconforto entre as minhas pernas a um bom tempo. Satoru realmente não perdoa.
- Você é a Sensei. - Megumi revida, com uma feição indiferente - E também está atrasada.
- Não estamos falando de mim. - Desconversei, bagunçando seus fios negros ainda mais o fazendo fechar a cara - Estamos falando de você, o meu garotinho rebelde.
- Da pra parar de me chamar assim? - Ele faz bico virando a cara.
- Eu li em um livro uma vez que os pais ou responsáveis costumam dar apelidos carinhosos a suas crianças. - Coloca a mão no queicho e sorri levemente pra ele que revirou os olhos - Não?
- Você leu um livro sobre comportamento parental? - Megumi pergunta indignado encarando a mulher que deu de ombros - Isso é ridículo.
- Você está muito chato hoje.
Megumi batucou os dedos na porta nervosamente e franzi os olhos, ele queria perguntar alguma coisa, o conheço a anos, sei todas as suas manias. Mas fiquei em silêncio esperando que ele engolisse o orgulho e tirasse sua dúvida comigo por conta própria, algo que eu li nesse livro também.
Não, não é ridículo, me ajudou em muitos momentos com esse pirralho carrancudo.
- Haruna?
- Sim. - Sorri presunçosa. E eu acertei.
- Como uma Xamã, qual tipo de pessoa você salva?
- Ah... - Não fiquei tão surpresa, ele sempre fazia esse tipo de pergunta difícil que nenhum outro adolescente normal faria - Bom, por mim, eu salvaria todas, o máximo que eu conseguir.
- Entendi. - Ele assentiu se virando novamente para o vidro olhando para a árvores em que passávamos sem dizer mais nada.
- Mas... - Ele me olhou de relance - Não podemos salvar a todos, isso você tem que saber desde cedo, Megumi. Só podemos salvar aqueles que estão dispostos a serem salvos.
Ele voltou a observar a rua, e continuamos em silêncio até chegarmos na escola.
Esperei ele vestir sua roupa de treinamento de verão, e depois fomos até o campo de treinamento, onde os outros já estavam treinando para o intercâmbio. Panda estava praticamente correndo atrás da Kugisaki, que fugia de seus golpes brutos. Enquanto Maki e Toge os observavam, ignorando os pedidos de ajuda da caloura.
- Perdoe-me pelo atraso, eu tive que ajudar uma velhinha a atrasar a rua. - Coloquei as mãos no bolsos e franzi a testa com a forma de treinamento dos alunos mais velhos.
- Mentirosa! - Maki exclama apontando o dedo na meu rosto sem um pingo de respeito, e se vira para o moreno ao meu lado - Você também é muito lerdo, Megumi. O que vocês estavam fazendo?!
- Não importa. - Megumi responde indiferente.
- O quê?!
- Você ouviu.
- Não é hora de entrevista! - Nobara exclama enquanto o Panda a girava - Troca comigo, Fushiguro! Esse uniforme está me enchendo o saco, me deixa ir comprar um casaco bonito!
Logo depois, Panda a joga pra cima, fazendo a ruiva gritar ainda mais alto.
- Que tipo de exercício é esse? - Perguntei indiguinada vendo a Kugisaki bater com tudo no chão - Essa deve ter doído...
- É porque a abordagem deles é fraca. Toma! - Maki olha para Megumi e joga um bastão para ele, que segura com facilidade e o chama com a mão para lutar - Tente me acertar.
- E tente não ser quebrado. - Cutuquei seu ombro.
- Hum. - Megumi resmunga.
Não consegui segurar a risada curta e fiquei assistindo a luta dos dois.
Depois de um tempo, instrui os movimentos de Nobara e treinei o Inumaki que precisava de treinamento físico, já que não poderia depender de sua fala amaldiçoada pra sempre em uma luta real.
- O que foi? - Escutei Maki perguntar para o Fushiguro.
- Não sei, mas fiquei irritado. - Megumi responde com uma cara emburrada.
- Temos um pouco mais de um mês e meio até o intercâmbio. - Maki leva seu bastão até os ombros - Não fique de enrolação.
- Isso mesmo. - Concordei, enquanto segurava Nobara, que foi jogada mais uma vez pelo Panda - Mais cuidado, por favor! Não queremos perder os calouros.
- Acho que me empolguei um pouco. - Panda coça a nuca.
- Você acha?! - Nobara grita puta da vida.
- Maionese de Atum. - Toge diz com uma gota de suor descendo na testa.
- Vençam para eu poder esfregar a vitória dos alunos de Tóquio mais uma vez para o velho diretor rabugento de Kyoto. - Levantei o punho para o alto. Panda e Toge me imitaram já os dois emburrados só observavam - Da mesma forma que fizeram no ano passado.
- Ano passado tínhamos o Yuta. - Panda levanta a mão.
- E esse ano vocês tem o Megumi e a Nobara. - Falei os encorajando - Eu acredito na sede de vitória de todos vocês. Não me decepcionem... ou ficarei muito chateada!
- Ninguém merece isso... - Megumi revira os olhos.
- Ela está muito emocionada. - Nobara estreita os olhos.
- Haruna-Sensei sempre foi competitiva nos intercâmbios. - Panda diz - Ela fica muito empolgada nessa época do ano.
- E quem é esse, Yuta? - A ruiva pergunta.
- Ninguém importante. - Maki bate seu bastão na cabeça do Fushiguro que resmunga - Agora vamos voltar ao treinamento seus molengas!
...
- Vocês fizeram um ótimo trabalho pessoal. - Falei assim que cheguei no campus, depois de fazer Ijichi levar Nobara para comprar um uniforme de verão novo para o treino no distrito comercial - Descansem bastante, porque amanhã terá bem mais.
- É bom mesmo. - Maki se senta na grama encostada em uma árvore - Não podemos relaxar por muito tempo.
- Só seria bem mais fácil em uma luta ter algo pra quardar as armas amaldiçoadas, né Maki? - Panda diz olhando para a Zenin que fingi que não escutou.
- Eu concordo em lutar com armas, mas... não quero estar com as mãos ocupadas quando for usar uma técnica.- Megumi junta as mãos e olha para Maki - Zenin, você geralmente anda com mais de duas por aí, certo? O que você faz com elas?
- Eu faço o Panda carregar. - Ela responde simples.
- Eu não devia ter perguntado. - Megumi frazi os lábios
- Também há alguns Xamãs que mantém espíritos amaldiçoados que podem carregar objetos a vontade. - Panda diz.
- Isso é impossível de ensinar. - Maki vira a cara - E é raro também.
Megumi olha para a Gojo que estava quieta, sentada na escadaria que dá até o campo, apenas observando os alunos se interagirem.
- O quê foi? - Franziu a testa percebendo que atenção deles estavam nela naquele momento - Ah sim, às minhas armas são feitas de energia amaldiçoada através dos meus olhos, então não preciso carregá-las. Mas tenho minhas agulhas com um selo que herdei da minha mãe, e a katana de nível especial do meu tio que carrego até hoje.
- Bem apelão. - Maki sorri.
- Consegui tudo com muita pesquisa, treinamento e esforço. - Fechei os olhos lembrando dos dias exaustivos que tive que passar para chegar ao que sou hoje - Satoru me fazia treinar em dobro quando tinhamos a idade de vocês.
- Ele te fazia treinar? Pensei que ele era o preguiçoso e irresponsável. - Panda diz coçando a cabeça confuso.
- Satoru até pode ser preguiçoso... mas ele é quem é hoje, por mérito próprio. - Respondi com um pequeno sorriso orgulhoso - Quando ele quer alguma coisa, ele não para até conseguir.
Observei Megumi olhar fixamente para o chão e uma feição como se estivesse perdido em pensamentos.
Vi ele colocar a palma da mão no chão onde a sombra dela era criada pelo sol, mas sua mão conseguiu entrar na sombra, como se estivesse se fundindo e meus lábios ficaram entreabertos, surpresa pelo que estava vendo.
Ele finalmente conseguiu.
- Tuna, tuna! - Escutei Toge chamar a atenção dos outros mostrando exatamente o que eu estava vendo.
- Megumi... - Murmurou a Xamã de nivel especial e ele a olhou nos olhos com um sorriso mínimo.
- O que foi? - Maki pergunta sem interesse.
- Zenin, acho que posso conseguir armazenar armas de algum jeito. - Ele diz observando sua mão dentro da sombra dela própria.
- E isso ficou ainda mais interessante. - Murmurei encantada com a técnica do Fushiguro.
...
- Eu estou ferrada, não estou?
Foi a primeira coisa que falei assim que entrei na sala do diretor Yaga. Ele nem me olhou ou respondeu, só continuou a costurar um de seus bichos pelúcia em silêncio.
- Sim, você está. - Ele diz depois de terminar sua costura.
- O que os velhos querem comigo?
- Eles estão furiosos pela sua desobediência, aquilo foi inadmissível na visão deles. - Ele suspirou - E tenha mais respeito, eles são seus superiores.
- Foda-se. Eu simplesmente tentei salvar os meus alunos de algo que eles mesmos causaram de propósito. - O encarei seriamente - O que poderia ter acontecido se eu não tivesse chegado? Não podem me culpar por isso.
- Sim, eles podem, Haruna. - Yaga diz seriamente - Eles estão no topo da sociedade jujutsu, eles deram-lhe uma ordem e você os desobedeceu.
- Isso é um saco. - Revirei os olhos - O que eles querem que eu faça agora?
- Me entregaram um relatório sobre uma energia amaldiçoada suspeita em Musashino. - Ele entrega o relatório com o endereço e informações - Mas não conseguiram distinguir o nível exato. Mas dizem ser uma maldição de alto nível com certeza.
- Entendo. - Assenti - E eles querem que eu vá exorcizar, obviamente.
- Exatamente. - Ele assente - Resolveram deixar passar a sua desobediência dessa vez, então querem que faça esse pequeno favor.
- Tá. - Revirei os olhos - E o que essa maldição causou até agora?
- Absolutamente nada. - Ele me entrega os papéis sobre a estrutura onde a energia da maldição foi sentida por algumas janelas que estavam na área.
- Nada? - Franzi a testa - Não é do feitio de uma maldição como essa não fazer dano algum. Logo uma de classe alta.
- Esse é um dos motivos que querem que você vá, já que é a única apta para isso. - Ele diz - Satoru não deu as caras até agora e os feiticeiros de primeiro nível estão fora nos próximos dias.
- Ah, ele... - Parei quando ele levantou uma sobrancelha curioso e engoli em seco quando quase soltei o que não devia - Está em casa.
- É claro que está de bobeira, aquele moleque. - Bufou - Quis ser professor, e é você que cuida dos alunos dele, junto com os seus.
- Falando nos alunos dele, eu poderia levá-los comigo? - Pedi - Seria uma boa aula prática, o que você acha?
- Não acho que...
- Eu vou estar com eles, essa maldição não vai dar nem pro cheiro. - Garanti.
- Você está ficando tão arrogante quanto o seu marido irresponsável. - Ele suspirou vendo a carranca da antiga aluna.
- Vamos lá, comecei a treiná-los junto do segundo ano a duas semanas, desde o incidente em Nishi. - Juntei as mãos implorando - Vai ser bom pra eles ver uma maldição de verdade.
- Vou confiar em sua palavra. - Suspirou derrotado - Tudo que acontecer será de sua responsabilidade.
...
- É isso aí. - Apontei para o carro depois de fazê-los saírem de seus quartos - Nós vamos para uma aula prática essa noite.
- Mas treinamos a tarde inteira... - Nobara reclama.
- Sem desculpas, mocinha. - Afaguei seus cabelos curtos - Vocês precisam ficar fortes, nada melhor do que observar uma maldição de verdade, nada daquelas de terceiro e quarto nível que mandam vocês exorcizarem.
- Onde está o Gojo-Sensei? Ele não aparece a um tempo. - Megumi cruza os braços desconfiado - Normalmente é ele que nos leva a missões.
- Ele está ocupado, com a chefia.
- E o diretor concordou com isso? - Megumi pergunta.
- É claro que sim. - Franzi os lábios ofendida - Quem você acha que eu sou, Megumi?
Ele revira os olhos e os dois entram no carro e fomos diretamente até uma rua pouco movimentada em Musashino. Assim que parei no endereço onde disseram sentir a energia amaldiçoada, saímos e abaixei a cortina para não sermos vistos pelos Não-Xamãs.
Era uma casa, mas parecida com aqueles camarões antigos ao lado de um cemitério. O lugar era totalmente abandonado, um ótimo lugar pra maldições se esconderem.
- Ai, credo. - Nobara franzi os lábios - Esse lugar é bem caidinho, né não?
- Onde você achava que iríamos? - Megumi pergunta irônico - Um hotel cinco estrelas?
- Seu grosso!
- Olha só. Primeira lição. - Levantei meu indicador - Feiticeiros Jujutsu devem manter a postura e prestar atenção em tudo ao seu redor. Quando estiverem em missão, não discutam bobagens, por favor.
- Foi mal. - A ruiva murmurou corada.
- Tudo bem, digamos que eu também me distraia na idade de vocês, acontece. - Comecei a andar em direção da entrada sentindo seguida pelos dois - Nesse lugar há uma maldição de alto nível, e como tal... obviamente já deve saber que estamos aqui.
- Nível especial? - Megumi pergunta.
- Não me informaram exatamente. - Dei de ombros - No relatório apenas dizia que a energia era variada, não conseguiram distinguir.
- Isso é estranho. - Nobara franzi o nariz.
- Sim. Mas eu quero que vocês observavem, aprendam e ganhem experiência. - Olhei ao redor e fechei os olhos os abrindo novamente com meu Sharingan ativado - Dependendo da força real dessa maldição, eu deixarei que vocês lutem. Mas por enquanto, fiquem perto de mim.
Nobara olhou nos olhos escarlates da Seisei surpresa. Então esse é o lendário Sharingan do clã de Xamãs quase extinto? Pensou.
Haruna continua andando pela casa até sentir uma presença a alguns metros de distância deles e estica o braço na frente dos mais novos os fazendo parar. A energia amaldiçoada era realmente estranha, assim como foi dito no relatório. Era fraca, mas depois ficava densa e logo depois voltava a ser quase imperceptível.
- Por que não aparece de uma vez?! - Grita impaciente - Mas que saco.
- O que é aquilo?! - Nobara exclama apontando para um canto mais escuro do cômodo, onde um par de olhos redondos e brilhantes os observava - Essa é uma das coisas mais feias que eu já vi!
- Kugisaki, não grite. - Megumi pede quando a Gojo fica em frente dos dois, proporcionando o máximo de proteção que poderia dar a seus estudantes.
- Não esperava que você trouxesse dois alunos com você como reforço. - Ele continua os olhando com interesse escondido pela escuridão da sala - Vão acabar te atrapalhando.
- Eles? Ah, não. Eles só vão olhar. E não vai ser problema nenhum pra mim. - A morena deu de ombros entediada escondendo a surpresa de ver que a maldição se comunicava tão bem quanto um ser humano - Afinal de contas... você é fraco.
- Ele é fraco?! - Megumi e Nobara exclamam olhando para a mulher, após sentir a energia que começou a emanar da maldição.
- Jougo disse que você devia ser muito exibida e arrogante, talvez ele estivesse certo nessa parte. - A criatura da alguns passos para mais perto dando uma melhor visão, fazendo a mulher franzir os lábios - Vamos começar pela apresentação. Me chamo, Kenji.
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