ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟐𝟑
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JUNHO, 2018.
Sabe quando pensamos que o universo não gosta da gente? Pois bem, parece que ele planejou dificultar minha vida dessa vez. E quando isso acontece, na maioria das vezes me dá aquela vontade absurda de jogar tudo pro alto e sair por qualquer caminho sem rumo, e esquecer das bobeiras que me mandam fazer.
E por acaso, é isso que eu estou sentido agora.
– Eu já disse, essa porcaria não está aqui! – Exclamou bem ao lado de uma pequena clínica hospitalar vazia de uma pequena cidade no interior, em uma ligação com a Ieire – Não tem casinha de passarinho nenhuma, Shoko.
– Tente procurar melhor, Haruna. Talvez não esteja aí fora. – Ela boceja entediada – Você sabe que a chefia quer esse dedo o mais rápido possível.
– Falar e fácil. – Revirou os olhos – A gente se fala depois, tenho que achar essa coisa e voltar pra casa.
– Satoru é um idiota, o que ele estava fazendo de tão importante que não veio com você?
– Disse que estava exausto e atolado em responsabilidades chatas por causa dso velhos. Então dei uma forcinha pra ele.
– Mas ele estava agora a pouco de bobeira aqui me irritando! – Shoko exclama me fazendo meu sangue subir até a cabeça com a irritação que surgiu em mim – Faça alguma coisa com o seu marido!
– Eu não acredito que ele me fez vir até aqui no lugar dele. – Murmurou com uma carranca no rosto – Que droga... o mundo ainda não está preparado pra descobrir o que se passa na cabeça daquela criatura.
– E você se casou com essa criatura incompreensível. – Ela fala em um tom divertido a fazendo soltar uma risada curta – Acho que você se torna ainda mais exótica por isso.
– Mas ele precisa sofrer muito pra parar de ser tão preguiçoso e irresponsável. – Escutou Shoko dar uma risada – E parar de me fazer de idiota.
Senti um movimento repentino a alguns metros e ativei o Sharingan vendo os rastros finos de energia amaldiçoada que se seguia do lado de fora até a entrada do prédio de dois andares.
– Agora eu tenho mesmo que desligar, Shoko.
– Até depois.
Desliguei o celular e o guardei no bolso da jaqueta, andei despreocupadamente seguindo os rastros que com certeza era de apenas uma maldição de segundo nível. Assim que entrei, andei sem fazer barulho vendo a maldição andar entre os acentos da ala de espera.
– Como vai amigo? – Brincou quando ele percebe a presença da feiticeira – Também está procurando o dedo amaldiçoado? Que coincidência, eu também.
Uma criatura dessas em um lugar como esse. O objeto está atraindo maldições, seu selo deve estar bem enfraquecido, e isso pode ser bem perigoso para as pessoas que frequentam essa clínica.
Ele gruniu irritado andando em minha direção abrindo sua boca e mostrando suas duas fileiras de dentes afiados. Levantei minha mão, e assim que ele tentou me morder, encostei minha palma em sua cabeça, fazendo a maldição gritar quando começou a pegar fogo e as chamas negras o consumir lentamente até virar apenas cinzas no chão.
– Que saco... – Fez bico andando até a recepção e olhou ao redor sem ter nenhum sinal da casinha de passarinho.
Revirei os olhos e desci do degrau que dava acesso a recepção. Mas assim que pisei, a madeira fez um barulho estranho, como se estivesse levemente solto, junto com incomum formigamento em meu pé direito, onde pisei na tábua.
Franzi a testa me abaixando e tocando no piso de madeira, vendo que ela realmente estava um pouco solta.
Fiz um pouco de força para levantar e assim que consegui, vi a casinha de passarinho bem escondida abaixo dela e mordi os lábios com tédio. Qualquer um que entrasse nesse lugar e tivesse cérebro poderia achar isso.
Quem foi o idiota que escondeu isso aqui?
– É Satoru, eu ía achar muito fácil essa coisa. – Resmungou sarcástica pegando a casinha e colocando a tábua devolta no lugar – Até que enfim.
Abri a casinha de passarinho vendo uma caixinha de madeira dentro dela e a abri, mostrando um embrulho de papiros com símbolos de selamentos desgastados. Aquela coisa era realmente um objeto de nível especial, estava impregnado de uma forte energia amaldiçoada no dedo, conseguia até sentir o ar mais pesado.
– Que coisa nojenta. – Disse enquando cutucou no dedo, sentindo a mão formigar assim como seu pé antes, quando entrou em contato com a pele podre daquela coisa – Estranho.
Dei de ombros pegando a caixinha e largando a casinha de passarinho no chão, voltando para o carro em frente da pequena clínica. Suspirei aliviada por ter finalmente terminado essa missão ridícula.
Depois de quase três horas dirigindo, cheguei em Tóquio vendo que a madrugada começava. Cheguei em Shinjuku e parei em frente de casa me arrastando até lá dentro, caindo exausta no sofá.
– Cheguei.
– Seja bem vinda! – Escutei uma voz arrastada atrás de mim – Demorou, em.
– Seu mentiroso! – Joguei o dedo podre na cara dele com uma carranca – Eu não acredito que você me fez ir até lá, seu preguiçoso! Você disse que estava cheio de missões por causa dos velhotes e está aí de bobeira sem fazer nada.
– Ah, qual é amor... – Satoru tenta me abraçar mas me esquivei, indo até o nosso quarto – Eu posso te recompensar pelo esforço.
– Despenso. – Neguei fechando a cara – Por que você não vai recompensar a sua mãe, em?
– Essa foi pesada. – Ele põe a mão no peito com uma falsa indignação.
Fechei a porta do banheiro na cara dele o escutando protestar do outro lado, como se achasse que estava certo em alguma coisa, aquele idiota. Soltei uma risada baixa, tirando minha roupa e entrando no chuveiro, tomando um banho relaxante.
Depois de terminar de me lavar e tirar toda aquela camada de suor da minha pele, me enrolei em uma toalha e saí do banheiro vendo o idiota deitado na cama com os braços cruzados e um bico emburrado. O Ignorei indo até o closet, vestindo uma das camisas de moletom dele que chegavam até a metade das minhas coxas.
Fui até a cama, sentindo o Gojo me olhar fixamente, enquanto eu me jogava na cama fechando os olhos pronta pra dormir.
– Ah, não faz isso, Haru! – Ele pede manhoso deslizando sua mão grande pela minha perna e subir até a minha bunda, mas me virei, tirando sua mão de mim e ele faz bico – Por favorzinho.
– Não. Estou cansada demais. – Boceja – Acho que vou ter que descansar por uns... três meses.
– Não fode! – Ele exclama indiguinado – Isso já é tempo demais!
– Que pena pra você. – Murmurou mal humorada, se cobrindo com o lençol e fechando os olhos novamente, escutando os resmungos do mais velho – Tenha uma boa noite, amorzinho.
...
Sinceramente, não fazia ideia de onde eu estava.
Esse lugar era bem estranho, não consigo ver nada além da escuridão ao redor de um tipo de templo bizarro. O chão que estou pisando não passa de uma água vermelha, poderia dizer que é sangue, mas seria loucura. E a minha frente, um trono de mau gosto.
O lugar estava impregnado de energia amaldiçoada, tanto que me sentia levemente sufocada pelo ar pesado.
Será que Roy tem algo haver com isso? Mas nenhum dos sonhos que ele me fez ter no passado, eram tão realistas como este.
Andei alguns passos para mais perto e pude ver uma pessoa me observando minuciosamente, não consegui ver seu rosto com clareza, mas seu sorriso macabro era bem visível. Ele está sentado no trono com uma postura despreocupada, como se sentisse estar no controle da situação, com as pernas cruzadas e os antebraços encostados nos braços do trono.
– Não fique encarando. – Ele murmura – Isso me irrita.
– Quem é você? – Minha voz saiu abafada.
– Chega a ser vergonhoso alguém como você não me conhecer. – Ele diz com um tom sarcástico se enclinando na minha direção – Haruna Uchiha.
Haruna Uchiha.
Haruna...
Meu nome ecoava pelo lugar e o ar faltava em meus pulmões e tudo começou a girar, enquanto escutava a voz grossa e rouca do homem falando palavras inaudíveis que ecoavam na minha cabeça.
– Haruna!
Acordei de súbito, vendo o teto do meu quarto intacto e sem nenhum sinal daquele homem desconhecido. Minha respiração estava ofegante e meu corpo estava todo suado, tanto que eu podia sentir que meu travesseiro e lençol estavam um pouco úmidos.
Os raios solares da manhã batiam em meus olhos pela cortina da varanda aberta, virei o rosto, vendo Satoru ao meu lado, segurando meu ombro com uma feição preocupada.
– Foi mais um pesadelo? – Ele leva sua mão até a bochecha dela – O mesmo?
– Sim. – Forçei um sorriso e levei meus lábios até sua bochecha brevemente – Não se preocupe, não é nada demais. Deve ter sido resultado das idiotices que já disseram pra mim.
– É isso que um psicólogo diria, mas você não é uma psicóloga, e muito menos vive em uma vida normal pra isso ser apenas um resultado das idiotices que te falam. – Ele se levanta deixando a mulher na cama ostentando seu tronco desnudo pra ela – Vou fazer o café da manhã, tente esfriar a cabeça, tá? Temos que ir até a escola mais tarde.
– Você não sabe cozinhar, Satoru. – Franzi os lábios com uma careta – Lembra dos bolinhos de arroz que você tentou fazer?
– Eles estavam deliciosos! – Ele protestou.
– Estavam queimados! – Cruzei os braços vendo um bico adorável se formar em seus lábios rosados – E doces demais.
– Sal, açúcar... como eu vou saber qual é qual? Não responda! – Ele levanta o indicador quando viu que eu iria responder e mostrar o quão burro ele era – Mas eu não vou fazer bolinhos, então relaxa, Haru.
Satoru correu até sair do quarto antes que ela falasse qualquer coisa. Soltou uma risada divertida, negando com a cabeça com as tentativas dele de a agradar e fazê-la esquecer do que havia a deixado irritada.
O que já deve ser óbvio, depois da batalha na Escola Jujutsu há quase dois anos, minha vida melhorou, estava tudo calmo e tranquilo. Cheguei a dizer para mim mesma uma vez, que estava tudo perfeito. Meu casamento, minha relação com Megumi, a escola, tudo estava se saindo perfeitamente bem.
Depois que eu e Satoru nos casamos, nós dois e Megumi estavamos morando juntos desde então. Estáva sendo bem engraçado ver os dois se interagirem.
Sendo o Fushiguro um adolescente sério e introvertido, que sempre fica na dele. Junto de um adulto com uma personalidade totalmente extrovertida e energética, que não sabe o que é privacidade em uma casa.
Digamos que Megumi passou pelo mesmo processo de aceitação que passei quando conheci Satoru. Já que quando ele queria entrar em sua vida, não tinha nada que pudesse impedir, só aceitar, eu sou a prova viva disso.
Neguei tanto a aproximação, e no final, estamos casados.
Mas a algumas semanas, Megumi começou um treinamento junto de Maki, Panda e Toge, para aumentar sua experiência em luta e tentar controlar sua técnica das Dez Sombras. Na minha opinião, era ótimo que ele interaja com adolescentes da sua idade. Então ele se mudou para o Campus da Escola Jujutsu, ficando mais independente, e me largando de vez.
Confesso que Megumi me faz muita falta em casa, eu cuidei desse pirralho por um bom período desde que ele tinha cinco anos. Sentir que Megumi não precisa tanto da minha atenção, era meio frustrante e me trazia um pouco de tristeza.
Mas ele precisa crescer, isso é inevitável. Deve ser isso que uma mãe sente quando um filho demostra já saber se cuidar sozinho e não necessitava mais de meus cuidados.
Andei até o banheiro e tirei o moletom que eu usava, para tomar um banho morno e tentar relaxar meu corpo.
Suspirei.
Como se isso não fosse pouco, um feiticeiro sempre resolve um problema esperando que outro aparecesse por puro costume, e comigo não era diferente.
Há um tempo, não mais que um mês, tenho o mesmo sonho todas as noites, o mesmo lugar, a mesma voz, a mesma frase dita pelo homem desconhecido. E as lembranças das palavras ditas pelo meu tio e Roy sempre martelavam na minha mente depois de acordar.
Desliguei o chuveiro e me enrolei em uma toalha e usei outra para secar meu cabelo. Saí do banheiro e andei até o closet pegando meu novo uniforme da escola, minha jaqueta azul escura, calça jeans da mesma cor e minhas botas.
Quando terminei de me vestir, secar e penter os cabelos, saí do quarto andando até a cozinha, sentindo um cheiro delicioso de café no ar, fazendo minha boca salivar em instantes. Satoru realmente deve ter se superado dessa vez.
Pelo menos eu espero que sim.
– Oi. – Falei vendo ele empilhar panquecas em um prato, algo que ele adora comer, e não parou depois que comemos em um restaurante em vez de almoçar. Como ele dizia, doce é melhor do que salgado, não falei nada, estava com tanta fome naquele dia que qualquer coisa serviria – Estou faminta.
– Que bom que eu estou aqui pra alimentar a minha querida esposa. – Satoru se vira para a mulher e a abraça beijando a testa dela – Ainda está brava?
– O que você acha? – Dei um peteleco em seu nariz arrebitado.
– Então pense como eu sou uma ótima pessoa enquanto aproveita as melhores panquecas que você poderia comer nesse mundo.
– Ah, claro. Sendo que você fez elas. – Respondi sarcástica vendo os olhos azuis dele se estreitarem.
– Não se surpreenda, sou bom em tudo que eu faço. – Ele se gaba com um sorriso malicioso me fazendo revirar os olhos.
– Você gosta mesmo disso. – Apontei para o prato.
– Na minha não tão humilde opinião, doce é bem melhor que salgado. – Ele pisca os olhos – Isso é um fato.
Não disse?
Satoru observava com expectativa a morena dar uma garfada, levando um pedaço da massa até a boca, ela mastigou e um segundo depois congelou e arregalando os olhos, fazendo uma careta. Pegou uma xícara de café dando um gole generoso, logo cuspindo a bebida de um vez.
– Deixa de drama...
– Satoru Gojo! – Ela exclama com um careta – Você quer me matar por acaso?!
– Do que você está falando? – Protestou e apontou para a comida – Isso aqui está uma delícia, não é possível você não gostar.
– Então prove, eu te desafio. – Haruna diz com um sorriso provocativo vendo o mais velho engolir em seco – Vamos, coma.
– Não é pra tanto querida, e... – Mordeu o lábio e olhou para o relógio na parede – Olha como tá tarde, tenho que tomar banho. Não podemos chegar atrasados!
– Desde quando você se preocupa em chegar na hora?
– Eu também te amo!
Ele some da cozinha me deixando sozinha e olhei para as panquecas que pareciam que ele tinha usado um quilo de açúcar pra fazê-las e o café mais forte e amargo que eu já tomei na minha vida. Meus lábios se curvaram e ri.
– Ele é inacreditável.
...
Chegamos na escola e Satoru tinha que ir diretamente para a sala dos velhos anciãos. Mais uma vez ele foi convocado por eles, nesses últimos meses isso vem acontecendo bastante.
Quando me tornei uma Feiticeira de nível especial eles também não me deixam em paz.
Entendi de verdade o que Satoru dizia, o peso do nível especial era grande demais. Principalmente com tantas pessoas que temem o nosso poder e sabem que não podem nos controlar. Se não concordarmos com seus ideais, eles não poderiam fazer nada, isso faz com que eles queiram saber todos os nossos passos.
– O que será que eles querem agora? – Perguntei quando entramos na escola.
– Deve ser aquele probleminha com os objetos amaldiçoados. – Satoru da de ombros – Os selamentos estão enfraquecendo.
– Sim. – Concordei – Será que eles descobriram a localização de outro?
– Que saco, eles vão querer que a gente vá buscar. – Fizemos uma careta quando chegamos na frente do pátio.
– A gente não. – Neguei com um sorriso sarcástico e apontei o dedo indicador no rosto dele – Você!
– Ah... – Ele resmunga.
– Boa sorte com eles. – Beijei sua bochecha e segui até os dormitórios para ver Megumi.
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