ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟐𝟏
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Outro som de gotas de água.
E dormência.
Era o que eu sentia em meu corpo e ouvia ao meu redor. Como se ele flutuasse no ar, completamente livre de qualquer coisa e suspirei aliviada já não sentindo mais aquela dor física e psicológica de antes.
Apenas a paz e tranquilidade.
Mas aos poucos pude perceber algo macio e úmido abaixo de mim. Forçei meus olhos a se abrirem e ofeguei deslumbrada quando avistei uma bela imensidão azul escura cheia de estrelas. Me levantei vendo o gramado em que eu estava deitada, era tão vasto que mal podia se ver o final dele, apenas o horizonte que separava o gramado do céu infinito.
- Então eu morri mesmo. - Murmurei para mim mesma abaixando a cabeça.
- Não, ainda não pelo menos.
Dei um pulo pelo susto me virando para trás, me deparando com um homem que eu nunca tinha visto em toda a minha vida na minha frente. Mas com uma voz familiar, mas não me recordo de onde já a escutei.
Ele possuía pele pálida, cabelos negros compridos que balançavam com a brisa do vento e olhos igualmente da mesma cor. Usava vestes tradicionais antigas e mantinha um sorriso calmo e tranquilo no rosto. O homem me observava atentamente e a todo momento seus olhos eram mantidos nos meus.
- Olá, Haruna. - Ele acena com sua voz serena.
- Como sabe o meu nome? - Perguntei hesitante.
- Eu venho te observando desde que nasceu, como não saberia? - O desconhecido ri ficando mais perto da moça a sua frente - Mesmo nessa situação, não via a hora de finalmente falar com você.
- Me observando, é? Esquisito. - Franzi os lábios e vi ele fazer uma pose depressiva - Quem é você?
- Sou Roy Uchiha, o primeiro. - Ele responde se recompondo, me deixando em choque quando escutei seu nome - Seu tio já explicou a você sobre mim, o que facilita, né?
- Você é o... o Uchiha lendário que lutou contra o Seis Olhos e o portador das Dez Sombras? - Perguntei surpresa - Só que vocês três se mataram.
- Sim, sou eu. - Roy assentiu com uma feição constrangida - Digamos que não estávamos em um dia muito bom.
- Sei. - Cruzei os braços olhando para o céu estrelado - Aqui é o...?
- Aqui não é o céu, digamos que é o lugar onde separa o paraíso da terra, onde todas as almas passam pra receber sua penitência e encontrar seu caminho. - Ele explica.
- Então eu tenho que esperar pra saber se vou pro céu ou o inferno?
- Não. - Roy soltou uma risada alta como se eu tivesse contado uma piada muito boa - Isso só acontece com os mortos, Haruna. Você não está morta.
- E por que estou aqui?! - Exclamei quebrando a calmaria do lugar.
- Porque eu aproveitei que sua alma estava fragilizada e a trouxe pra cá por um momento.
- Mas... se minha alma não estiver no meu corpo, eu vou morrer de verdade!
- Você não tem muita paciência pra explicações, não me interrompa, por favor. O tempo aqui passa bem diferente da terra, não deve ter se passado nem um minuto. - O Uchiha murmura com uma gota em sua testa vendo a mais nova fazer uma feição contrariada - A séculos mantive minha alma presa nesse lugar, apenas para finalmente poder me desculpar e encontrar a paz de alguma maneira. E pelo que você pode ter perdido, isso faz muito tempo.
- Então a história do meu tio e verdadeira? - Perguntei vendo o homem abaixar a cabeça - Você vendeu sua linhagem por poder?
- Em uma era em que apenas os fortes sobreviviam, por anos vi meus irmãos morrerem pelas maldições. Eu estava desesperado, tanto que estive disposto a entregar minha própria alma para ele... por poder. - Roy diz com a voz agora não mais serena e calma. Era cheia de dor e arrependimento - Quando ganhei o poder que tanto almejava, como nosso clã também dividia o mesmo sangue, pude transferir um pouco dessa energia amaldiçoada para eles também. Mas quando chegou o dia em que eu pagaria a dívida, ele não quis minha vida, mas sim o meu sangue, já que meus descendentes teriam uma maior quantia de poder assim como eu. Diferente dos outros Uchihas que mesmo com esse poder, não o controlavam tão bem quanto eu e meu filho naquela época.
- Ele queria alguém com seu sangue?
- Sim, mais ele queria necessariamente, uma menina.
- Apenas uma menina? - Haruna engoliu em seco vendo o homem assentir - Por que uma menina?
- Ele nunca revelou seu real objetivo comigo. - Roy viu a curiosidade dela aumentar ainda mais e outras perguntas aparecerem na cabeça dela - Por mais que eu tenha insistido.
- Ele quem?
- Infelismente não posso dizer seu nome em um local sagrado como esse, não podemos violar a pureza do lugar. - Ele anda até tocar meu ombro com ternura - Haruna, me escute. A partir do dia em que descobri o resultado da promessa, soube que no dia em que uma mulher nascesse do meu sangue, sua vida estaria perdida, e coisas terríveis resultariam disso. E quando você nasceu naquela noite tempestuosa, quando seu primeiro choro se misturou com o som dos raios e trovões, foi o momento em que a ampulheta do destino de nossa família tinha começado a marcar o tempo em que a dívida deveria ser paga.
- E quando vai ser isso?
- Não vai fazer diferença de souber ou não. Então prefiro não revelar algo que apenas vai atormenta-la. - Franziu os lábios - Apenas uma pessoa pode decidir quando acontecerá. Mas posso lhe dizer que ainda falta um bom tempo.
- Quem? Quem pode decidir o tempo? - Haruna travou a mandíbula - Diga o nome desse desgraçado e se eu sobreviver, vou o destroçar.
- Não se preocupe com isso. - Roy sorriu reconhecendo o temperamento forte que passou para seus filhos e descendentes - Quando chegar a hora, você será a primeira a saber.
- O que vai acontecer comigo? - Senti meus olhos lagrimejarem.
- Isso só você pode decidir. Você é minha primeira filha, a primeira de tantas gerações de feiticeiros excepcionais da minha linhagem, e como tal, não vai ser diferente deles, mas vai ser ainda maior. Então quanto menos souber sobre o erro que cometi, melhor será. - Ele toca minha testa com os dois dedos e me olha nos olhos mostrando seus olhos escarlates - Katsuo está cometendo o mesmo erro que eu quando jovem, está completamente corrompido pela vontade de poder e ferido pela dor, não deixe que esse ciclo de destruição e ódio em nossa família aconteça novamente.
- Mas ele...
- Você possuí a minha Kekkei Genkai, e herdará a minha maldição. E você irá honrar o nosso clã, entendeu bem? - Roy tirou sua mão do meu ombro e precionou seus dedos em seus próprios olhos que sangraram e logo depois tocou seus dedos sujos do líquido viscoso nos meus - Não se preocupe, você é forte, mais forte do que você imagina. E agora, é dona do poder dos meus olhos, e a partir daqui... vou te acompanhar de outro lugar.
- O que...?
- Todos seus sonhos estranhos com uma voz desconhecida? - Ele riu vendo a feição surpresa da mais nova - Foram apenas as minhas falhas tentativas de avisá-la sobre os perigos que se aproximavam.
- Então era você... bem que achei sua voz familiar. - Haruna murmurou.
- Mostre nosso poder por mim, e espero que em algum momento, você me perdoe por tudo que fiz.
- Eu... eu farei o possível para impedir os planos do meu tio, não se preocupe. - Sorri vendo um olhar de esperança nascer em seu rosto - E eu vou honrar nosso clã.
- Nunca se esqueça, Haruna. Você é minha descendente. - Roy se distanciou, dando alguns passos para trás - Você não precisa seguir o que outras pessoas planejaram a tanto tempo. E quando chegar o momento certo, muitas pessoas vão ficar felizes em finalmente te ver novamente. Mas no seu tempo, nunca se prive de viver.
- Obrigada, Roy. - Senti meu corpo começar a ficar leve novamente e olhei nos em seus olhos - O que você fez foi uma grande idiotice, mas foi pelo bem de muitas pessoas, não vou te culpar por tentar proteger sua família.
- Ficarei em paz sabendo que pensa assim. - O moreno sorri vendo o corpo dela desaparecer lentamente - Agora vá, está na hora.
- Mas... qual sua maldição? - A mulher arregalou os olhos - Como posso usá-la se nem sei do que se trata?
- Quando você sentir o poder em suas veias, vai saber exatamente o que fazer sozinha. - Roy cruza os braços quando o corpo dela ficou transparente - Ele vai aparecer tão naturalmente que você nem vai perceber que o usou, assim como ele apareceu pra mim.
- Certo! - Ela desapare completamente.
- E... talvez, você consiga atingir o poder máximo quando entender o real significado de ser um membro da nossa família e... a razão da nossa existência. - Roy murmura observando o local que antes sua descendente estava a instantes atrás - Saberá seu propósito.
...
Katsuo suspirou sentido o corpo da sobrinha parar de respirar, então o colocou no chão com cuidado e se levantou, olhando para o rosto sereno da mais nova e principalmente para os olhos negros sem vida.
- Tudo ficará bem agora, Tatsuo. Terminei o que você e o nosso pai deveriam ter feito. - Levantou o olhar vendo a destruição no local - Ela realmente se tornou alguém muito forte. Precisei até usar o poder de meu olho esquerdo.
Se levantou começando a diminuir as chamas a sua frente que impedia sua passagem e andou até a saída do pátio escutando um estrondo a não muitos metros de distância de onde estava, e de longe pode ver o Okkotsu lutar com Geto arduamente.
- Ah... quase esqueci. - Riu batendo a mão em sua testa - Não poderia sair antes de pegar sua energia.
Mas antes de se virar novamente, uma brisa morna circulava ao redor de seu corpo fazendo o homem transpirar.
Uma onda de energia amaldiçoada ainda mais quente se impregnou no local fazendo o Uchiha estranhar. Escutou um resmungo atrás de si e se virou, piscando os olhos freneticamente tentando ter certeza de que aquilo que estava vendo era real. Haruna que a poucos segundos estava morta em seus braços estava lá, no mesmo lugar que a deixou, se levantando e com uma carranca em seu rosto.
- Como é possível...? - Katsuo murmurou indignado - Eu te matei!
-Você pensa que pode me derrubar tão fácil? -Haruna limpa o canto de seus lábios que estavam manchados de sangue e olhou nos olhos do homem sem medo e logo um sorriso gigantesco pintou em seus lábios - Eu tenho uma personalidade horrível, você não pode de derrotar com algo tão estúpido... e fraco.
O Uchiha travou a mandíbula furioso vendo a mulher debochar de sua pessoa de uma forma tão presunçosa. Ela finalmente consegue se levantar por completo e mantém uma postura ereta e confiante, seu sorriso era tão grande que suas bochechas doiam, mas não ligava, estava se divertindo vendo a fúria do homem a sua frente.
- Você vai morrer de vez! - Katsuo avança mas tem seu punho segurado pela garota que enche sua mão de chamas que queimavam a carne da mão do mais velho que se solta - Amaterasu!
As chamas se espalhavam novamente, não havia mais nada pra queimar, todas as plantas por perto viraram cinzas a uns trinta metros. Katsuo sentia seus olhos arderem como fogo, tentou prender a sobrinha em uma ilusão, mas de alguma forma a Uchiha possuía um tipo de barreira quase transparente ao redor de sua pele, impedindo que a energia de seus olhos pudesse penetra-la.
Ela estava cercada de uma pura energia amaldiçoada.
- Você mata minha família, meu clã... - Haruna começa a uma luta corpo a corpo com ele que defendia com rapidez - ... ameaça tantas vidas inocentes, coloca a segurança dos meus alunos em risco, tenta ter razão sobre a minha vida e acha que vai sair vitorioso?!
Ela acerta um soco no maxilar de Katsuo que grunhiu pelo ataque. Ele segura a mulher pelo braço e faz impulso jogando-a com toda a sua força na direção do chão a atingindo em cheio.
A fumaça criada pelo fogo aumentava, mas isso não dificultava visão de ambos, já que podiam ver o fluxo de energia amaldiçoada de cada um, o que não era difícil para o homem, já que a energia de sua sobrinha parecia que tinha triplicado.
Katsuo aproveitou a queda dela e correu levantando sua katana, perfurando o coração da garota que ofegou, mas logo depois seus lábios se curvaram em um sorriso novamente.
- Sim... eu posso. - Katsuo soltou uma risada divertida ainda ofegante pelo esforço e olha para a garota que mesmo tendo sido gravemente ferida daquela forma, em um golpe fatal, ainda possuía um sorriso presunçoso no rosto - Eu possuo o poder máximo de um Uchiha. A energia do Mangekyou Sharingan que consegui com seu pai, isso me da uma grande vantagem contra você. Já está sentindo sua alma indo para o outro lado? Aposto que sim. Agora... morra de uma vez!
- O p-poder máximo... de um Uchiha. Mas você não leva em consideração sobre a força máxima de um Feiticeiro Jujutsu. - Haruna ri olhando para o mais velho ainda caída no chão vendo a feição séria dele.
Mesmo com uma lâmina enfiada no local de seu coração, não sentia dor alguma. Nem mesmo a sensação do sangue quente apareceu. Levou a mão até a katana a tirando de seu peito como se fosse nada, mostrando que nem mesmo sua roupa tinha sido atingida ou manchada de sangue, enquanto jogava a arma na direção do homem que o segurou com maestria.
- Você pensa que esse é o máximo do poder, mas está enganado. - Gargalha com a mão na cabeça e a outra se apoiando no joelho se curvando pra frente, tentando entender em que momento tinha usado o poder de Roy, bem que ele tinha dito que era algo natural - Nem chegou a me atingir, essa é a minha outra maldição. Ainda estamos só começando!
Levou sua mão até seu coração, concentrando sua energia em seu peito, vendo a palma atravessar como se fosse nada. Era como se essa parte do seu corpo estivesse em outro lugar. Isso é incrível.
Katsuo trincou os dentes vendo que não havia causado dano algum a ela, era como se a garota fosse intocável. Não. Intocável não era a palavra certa, intangível.
- Você não desiste nunca, estou orgulhoso, honrando nosso sangue até o final. - Katsuo diz escondendo sua fúria, ele aperta sua própria katana contrariado por sua sobrinha não cair no seu controle, ela não o obedecia, ela resistia a sua técnica, era impressionante - Isso acaba aqui, Haruna Uchiha.
- Você tinha razão, Roy. Eu entendi, sua técnica é realmente impressionante. Todo esse poder, sua história, sua vontade de se fortalecer para proteger. Nossa força foi criada não através do ódio como dizem, mas sim pelo amor, e a vontade de proteger aqueles que amamos. - Ela murmura com a voz calma, levando a mão até a frente de seu rosto juntando seu dedo médio ao polegar enquanto se levantava e ficava bem em frente do grisalho - É isso que se faz um Uchiha de verdade. Expansão de domínio: Kuro no keimusho. (Prisão negra).
Katsuo arregalou os olhos quando escutou a fala da sobrinha e sentiu seu corpo girar e girar fazendo o lugar começar a mudar completamente. Tentou mover seu corpo, mas algo o prendia como se a gravidade tivesse se amplificado e seu corpo pesasse uma tonelada. Só conseguia ficar no chão, deitado, olhando para o céu que se tornava tão vermelho quanto sangue e tudo ao seu redor paralisou, como se o tempo tivesse parado. O ambiente também perdia a cor, baseado apenas em branco, cinza e preto.
- Não adianta tentar fugir, você só vai sair quando eu quiser. - Haruna aparece sendo a única coisa a sua frente segurando a katana do mais velho.
- Como pode ter uma expansão de domínio?! - Katsuo exclama percebendo pela primeira vez os olhos da sobrinha que tinham mudado de forma - Poucos feiticeiros conseguiram tal feito!
- Esse lugar é bem legal, né? É a minha primeira vez, mas é como se eu soubesse exatamente o que fazer. - Haruna gira a espada perfurando o homem que grita de dor - Vamos fazer isso por apenas dez minutos, não se preocupe.
- É uma ilusão... um genjutsu. - Katsuo murmura para si mesmo.
- Não seja tão otimista e pensar que é tudo uma ilusão. - A Uchiha tira a lâmina e vê o sangue dele escorrer por ela - A dor não é uma ilusão aqui. Essa dor não é totalmente diferente da realidade. Mas pode continuar se assim preferir, talvez a dor diminua.
- Sua pirralha! - Ele exclama quando Haruna o perfura mais um vez fazendo o sangue jorrar em sua boca também.
Ela o perfume outra vez, de novo, e de novo, até o homem desmaiar pela perda de forças.
E quando Katsuo finalmente acorda, ele vê a Uchiha observando o horizonte cinza apoiando sua katana em seu ombro e então, logo depois percebe que ela desvia o olhar para ele novamente e sorri animada.
- Finalmente acordou! - Ela joga o tecido sujo de sangue que some pela escuridão a baixo dos dois - Falta nove minutos e cinquenta e nove segundos.
- Como pode ter passado apenas um segundo?!
- Simples. - Haruna gargalha maldosamente perfurando o estômago do homem mais uma vez - Sou capaz de alterar a percepção do tempo do oponente de uma forma que dias podem se passar em segundos na cabeça da vítima. Isso é bem maneiro, né?
Katsuo arregala os olhos vendo o sorriso dela aumentando ainda mais com seu desespero. Nunca em sua vida tinha sentido tanto pavor como agora.
O olhar dela, estava diferente, a essência dos olhos de Haruna, exalava um poder que ele nunca pensou que uma Uchiha chegaria a possuir.
...
Haruna desfaz sua expansão, vendo uma barreira negra quase transparente ao redor dela de desfazer, fazendo o lugar voltar a sua forma normal, e volta sua atenção para o Uchiha que ainda estava intacto fisicamente, mas seu corpo tremia sem conseguir se sustentar em pé.
- Já chega... - Katsuo murmura apertando a mandíbula - Você não deveria me vencer.
- Uma pena... mas parece que eu ganhei dessa vez. - Haruna responde com a feição indiferente - O que vou fazer com você?
- Me mate de uma vez. - Katsuo diz virando o rosto para o lado com o orgulho ferido mas aceitando a derrota quando sua visão ficava turva - É isso que você quer, é isso que eu quero, acabe logo com isso.
- Sabe Katsuo? Eu deveria te deixar viver sofrendo desse jeito até o último segundo dos seus dias. Você se intitula o mais forte, e diz que conhece o limite do poder do nosso clã... mas não sabe o real potencial dele. - Ela mira sua agulha dourada que pertenceu a seu pai no coração do homem - Você não fez nada além de sujar o nosso nome, mas não se preocupe, eu vou limpá-lo. Não sei se iremos para o mesmo lugar... então adeus, tio.
- Haruna. - Katsuo susurra abrindo os olhos olhando para o rosto dela fixamente - Escute o que eu digo. Você nunca encontrará a paz, nosso sangue... não permite isso. Você perderá tudo... tudo que começamos acaba em sangue.
Haruna frazi os lábios e treme a lâmina pela força que usava em sua em mão.
- Você não pode viver, Haruna. - Katsuo murmura com sua mente um caos - Um dia ele voltará e vai querer sua parte do acordo... se você viver, ninguém vai estar seguro. Vai se arrepender por ter sido tão egoísta.
- Não sei quem ele é, nem o que quer fazer comigo, mas não vou me abalar por algo que foi decidido a tanto tempo. Ninguém decide o meu destino, apenas eu posso fazer isso. - Ela diz perfurando o peito do homem que ofegou - Um acordo como esse não vai definir meu futuro e meu caráter.
Ele observou a feição séria da mais nova e sentiu seus olhos arderem em lágrimas. Tudo que fez, foi pensando no bem estar do mundo jujutsu, queria concluir seus objetivos de uma forma que poderia proporcionar uma vida melhor a todos aqueles que amava. Mas a dor da traição foi forte demais e o rancor nasceu, e quando descobriu sobre a lacuna que seu pai e seu irmão escondiam, não pode simplesmente ignorar.
Mas mesmo assim, a vontade de viver e a força da mulher a sua frente, era admirável.
- V-Você... se parece muito com... seu pai. - Katsuo murmurou com a voz fraca olhando nos olhos vermelhos da sobrinha e uma lágrima solitária desce de um de seus olhos cansados e sorri minimamente deixando a garota confusa.
...
- Irmão!
Haruna ofegou se vendo em outro lugar, era sua casa, e naquela sala pode ver um garotinho extremamente familiar correr até um Katsuo um pouco mais velho que o garotinho no jardim de sua casa.
- Vamos treinar hoje? - O mais novo implorou - Por favor, você prometeu!
- Desculpe-me, Tatsuo. - Ele levou seus dois dedos até a testa de seu irmão mais novo e sorriu levemente - Tenho muito o que estudar essa tarde, talvez na próxima.
- Você sempre diz isso.
...
- O que acha, sobre os Não-Xamãs?
- Eles são inocentes, não sabem sobre o mal que vivem ao redor deles. - Tatsuo responde dando de ombros - Foi o que nosso pai nos ensinou.
- Mas e se não for bem assim? - Katsuo estreitou os olhos vendo o mais novo franzir a testa confuso - Eles são os culpados das maldições os atormentarem, acha justo perdermos nosso tempo nos arriscando para protegê-los?
- Esse é o nosso dever, irmão. - Tatsuo sorri não entendendo o pensamento do mais velho - Somos feiticeiros, devemos protegê-los, nosso poder foi nos dado para isso. Saber que no fim do dia, talvez uma criança ou até um adulto poderá descansar em segurança, porque o monstro dentro do armário ou debaixo da cama foi eliminado por nós. Isso é algo que me motiva a ficar mais forte.
Katsuo observou a feição determinada de seu amado irmão mais novo com os lábios entreabertos e abaixou a cabeça.
- Entendo.
...
- Vai sair?
- Vou em uma missão... isso é um saco. - Katsuo revirou os olhos.
- E só não ir.
- Sabe como nosso pai é Tatsuo. - Resmungou olhando para o adolescente a sua frente - Ele nos criou para sermos feiticeiros e como ele sempre diz "É isso que Feiticeiros Jujutsu fazem".
- Você é forte, e sempre diz que quer evoluir ainda mais, lutar nas missões ganhamos mais experiência. - O mais novo cruzou os braços - Se você não quer fazer isso, me pergunto quais são seus objetivos, irmão.
- Ah, Tatsuo... - Katsuo riu levemente baguncando os fios negros e compridos do mais novo - Eu passaria dias dentro dessa biblioteca, lendo todos esses livros, obtendo conhecimento e aumentando minhas habilidades a partir deles.
- Mas por qual motivo? - Tatsuo sorri curioso - Não ter uma razão pra isso é perda de tempo.
Katsuo desmanchou o pequeno sorriso de seu rosto e suspirou terminando de quardar seus pergaminhos.
- Tenho que ir agora.
- Sabe, Katsuo? - Tatsuo diz vendo o olhar pensativo do irmão - Ninguém pode decidir o nosso destino, só nos mesmos podemos fazê-lo. Se você não quer fazer isso, não faça, mas lembre-se, eu sempre estarei com você, não importa se os seu caminho vai ser diferentes do meu, somos irmãos afinal.
O mais velho escutava as palavras carinhosas do irmão mais novo com uma sensação de sufocamento, como se sua garganta estivesse com um caroço se formando lá dentro. Então sentiu um lágrima quente molhar sua bochecha e logo tratou de enxuga-la, finalmente se virando e olhando nos olhos de Tatsuo.
- Eu sei, Tatsuo. - Katsuo forçou um sorriso - Digo o mesmo pra você.
...
- Tatsuo estaria orgulhoso. - Katsuo olhava para o céu soltando um suspiro - Meu irmãozinho. Ele viveu para proteger todos os que amava até o seu último segundo. - Travou a mandíbula e sua respiração ficou acelerada - Ele foi o único que cheguei a amar... e eu o matei, pois estava cego de ódio.
Haruna sentiu seus lábios tremerem e piscou os olhos sentindo as lágrimas se formarem neles.
- Me perdoe, Haruna... eu falhei com todos vocês para seguir o que achei ser o certo. Matei minha própria mãe... para conseguir seguir com meus objetivos, você não a conheceu por minha causa. Me perdoe por isso também. - Ele piscou os olhos sentindo sua garganta se fechando - Quando soube sobre você, eu fiquei possesso de ódio, por Tatsuo e Raijin não tomarem as devidas medidas. Tudo o que eu acreditava, poderia ser destruído com sua existência, eu sabia disso.
- Você só fala isso, que minha existência pode ser uma ameaça, mas não diz exatamente sobre o motivo disso. - Haruna diz olhando nos olhos dele - Quem é esse ser que Roy vendeu sua linhagem, quem ele é?
- Você... saberá em b-breve. Há pessoas, que tentarão tomar nosso poder por isso... não permita... e-então... - Katsuo murmurou perdendo as forças e levantou a mão esquerda levando até seus olhos - Tome minha energia, não deixe ela em meu corpo, não confie e-em... em... ele d-deseja acabar com...
- Não se esforce tanto. - Haruna franziu a testa não entendendo o que ele dizia com sua voz baixa e rouca.
- M-Minha energia... pegue, apenas pegue. - Katsuo murmurou dando um sorriso quase imperceptível - Boa sorte.
Haruna o observou engolir em seco e precionou seus lábios vendo o olhar de paz que nunca tinha presenciado no rosto do homem antes. Ele suspirou pela última vez e seus olhos vermelhos se apagaram voltando ao negro natural e ela abaixou o olhar por alguns segundos. Tocou os dedos nos olhos do homem e com isso, a energia dos olhos de Sharingan de seu tio foram sugados e misturados em sua mão, levou sua palma até seu rosto e a energia amaldiçoada se seguiu até seus olhos se fundindo em suas pupilas escarlates.
Se levantou sentindo seu corpo protestar e implorar por descanso, completamente desnorteada com as novas memórias dadas por seu tio e sobre as novas perguntas sem resposta que possuía.
O gosto metálico do sangue em sua boca diminuia aos poucos e a dor em seu abdômen não era mais sentida.
Satoru que observava o final daquela despedida de longe, corre em direção da destruição de chamas do Amaterasu que reconheceu que pertencem a Haruna depois de alguns treinos com a mulher.
Ele congela sentindo a intensidade da energia amaldiçoada que emanava ao redor de Haruna, junto de um homem desconhecido que ela olhava fixamente, ele estava caído e imóvel aos seus pés.
- Haruna. - Satoru chama a atenção dela, e se surpreende completamente quando vê a mulher derramar lágrimas em seu rosto ensanguentado - Você está horrível. Por que se suja de sangue em todas as suas lutas assim?
- Cala a boca. - Haruna diz coma voz baixa e rouca, sem nem mesmo perceber já estava segurando o rosto do Gojo olhando para seus olhos livres da faixa, quase desesperada e com seus lábios tremendo - Eu pensei que nunca mais te veria novamente...
- Do que está falando? Você não perderia, você é forte. - Satoru pergunta com um sorriso orgulhoso.
- Eu quase morri.
- O que?! - Ele exclama abaixando o olhar para o corpo dela, procurando qualquer ferimento grave.
- E a primeira coisa que eu pensei enquanto perdia a consciência foi em você, Megumi e os outros. E a última vez que eu te veria seria te tratando daquela maneira ignorante. - Solucou levando seus braços ao redor do corpo do Gojo, surpreendendo o mais velho com seu gesto - Me desculpa, por favor.
- Por que está se desculpando? - Riu segurando o queicho dela a fazendo olhar em seus olhos tristes - Você nunca foi de ser muito carinhosa assim, e soltar uma daquelas frases ignorantes é tão... você.
- Eu deveria me sentir ofendida? - Fungou voltando a enterrar o rosto no peito dele.
- Não. Você fica mais gostosa toda séria daquele jeito. - Gargalha quando ela o empurra com uma carranca - Viu?
- Tenha mais respeito. - Ela segura o sorriso enxugando as lágrimas.
- Mas é verdade! - Satoru sorri vendo que finalmente tinha conseguido tirar aquela feição de tristeza do belo rosto da Uchiha e olha para o homem a centímetros deles - Quem é esse cara mesmo?
- Ele... é meu tio, Katsuo Uchiha. - Ela responde desmanchando a feição de irritação, com a voz rouca depois de sentir a adrenalina diminuir aos poucos - Suguro estava ao lado dele o tempo todo.
- Suguro não é mais um problema. Yuta acabou com ele, e eu... terminei o trabalho. - Seus lábios tremem levemente e depois sente sua mão ser apertada pela Uchiha - Acabou.
- Então... Suguro também está morto? - Haruna engoliu em seco vendo o homem assentir - Eu sinto muito, Satoru.
- Tudo bem.
- Não está nada bem... - Haruna sentiu seus olhos se enchendo de lágrimas novamente - Eu pensei... eu pensei que depois que eu o matasse, essa angústia passaria. Mas agora eu sinto... o nada.
- Não diga isso, você vingou o seu clã e a sua família.
- Do que adianta se eles estão todos mortos. - Haruna enxugou as lágrimas coma voz rouca - A vontade de vingança alimentou esse vazio por anos, me motivou a continuar. Eu me sinto tão idiota... por pensar que matá-lo resolveria tudo.
- Vem cá. - Ele a puxou para um abraço de lado segurando sua cintura fina, a protegendo com seu infinito desejando tirar todos os sentimentos ruins que ela sentia nesse momento - Você tem a mim, Megumi e todos os outros, você não está sozinha, lembra? E você tem sim uma motivação, melhorar a cada dia, fortalecer a nova geração para que eles possam griar um mundo melhor. Não foi isso que você queria? Que nos queríamos?
Haruna engoliu em seco abaixando o olhar.
- O que eu faria sem você, seu imbecil?
- E ela voltou. - Satoru suspirou mais aliviado.
Os dois se olharam com sorrisos tristes um para o outro antes de começarem a sair do pedaço de inferno que era o lugar onde os dois Uchihas usaram como campo de batalha.
- Vocês detonaram o lugar, Yaga vai ficar uma fera com você. - Satoru brinca tentando descontraír vendo a feição cansada da mulher - Você ficou ainda mais forte, conseguiu chegar no poder máximo, não poderia estar mais orgulhoso.
- Obrigada. Mas o sentimento de ir dessa pra melhor não foi uma experiência confortável. - Ela murmura vendo o sorriso dele desmanchar em um bico curioso.
- Mas como você...?
- Katsuo pensou que eu tinha morrido, mas a minha alma só deixou o meu corpo por alguns segundos na terra.
- Sua alma deixou...?! - Ela tampou a boca dele com a mão.
- Isso é história pra outra dia, querido. - Haruna riu vendo a cara surpresa dele e selou seus lábios em um rápido beijo - Agora temos que ver os meninos.
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